USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E EFEITOS ADVERSOS: DISTÚRBIOS DECORRENTES DO USO DE ÁLCOOL, CAFEÍNA, CANNABIS, COCAÍNA E NICOTINA.

USE OF PSYCHOACTIVE SUBSTANCES AND ADVERSE EFFECTS: DISORDERS RESULTING FROM THE USE OF ALCOHOL, CAFFEINE, CANNABIS, COCAINE AND NICOTINE.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202408201015


Edinéia Emiliano1
Luiz Fabrício Navroski2
Me. Raphaella Horst Massuqueto3


Resumo

Introdução: O uso frequente de substâncias psicoativas causa prejuízos à saúde e qualidade de vida dos usuários, em virtude da ativação do sistema de recompensa do cérebro por tais drogas. Objetivo: Identificar quais os efeitos adversos provocados pelo uso das seguintes substâncias: álcool, cafeína, cannabis, crack e nicotina. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com estudos publicados entre os anos de 2017 e 2023, nos idiomas Português e Inglês. Resultados e Discussão: Foram selecionados 30 artigos que abordaram os efeitos decorrentes do uso das cinco substâncias estudadas, sendo verificado diversos prejuízos ao corpo humano com o consumo contínuo dessas substâncias. Diversas reações adversas foram identificadas, havendo a recorrência dos efeitos entre as diferentes substâncias. Encontrou-se presença de distúrbios em sete sistemas corporais distintos , e os sistemas mais afetados são os sistemas nervoso, vascular, cardíaco, gastrointestinal e respiratório, além de distúrbios na pele e distúrbios gestacionais. Considerações Finais: O estudo permitiu ampliar o conhecimento sobre o tema, compreender os efeitos adversos decorrentes do uso de substâncias psicoativas e como esse entendimento é de grande auxílio aos profissionais de enfermagem, visto que possuem contato próximo com os pacientes e conseguem identificar os sintomas precocemente.

Palavras-chave: Efeitos adversos. Abuso de substâncias. Psicoativos.

Abstract

Introduction: Introduction: The frequent use of psychoactive substances causes harm to the health and quality of life of users, due to the activation of the brain’s reward system by such drugs. Objective: Identify the adverse effects caused by the use of the following substances: alcohol, caffeine, cannabis, crack and nicotine. Methodology: This is an integrative review of the literature, with studies published between 2017 and 2023, in Portuguese and English. Results and Discussion: Thirty articles were selected that addressed the effects resulting from the use of the five substances studied, and several damages to the human body were verified with the continuous consumption of these substances. Several adverse reactions were identified, with recurrence of the effects between the different substances. The presence of disorders was found in seven different body systems, and the most affected systems are the nervous, vascular, cardiac, gastrointestinal and respiratory systems, in addition to skin disorders and gestational disorders. Final Considerations: The study made it possible to expand knowledge on the subject, understand the adverse effects resulting from the use of psychoactive substances and how this understanding is of great help to nursing professionals, since they have close contact with patients and can identify symptoms early.

Keywords: Addictive disorders; Adverse effects; Substance use; Alcohol; Caffeine; Cannabis; Crack; Nicotine.

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas (2021), divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), cerca de 275 milhões de pessoas usaram drogas no mundo no ano de 2020. Verificou-se também um aumento do número usuários de narcóticos em aproximadamente 22%, entre os anos de 2010 e 2019, com projeções sugerindo um acréscimo de 11% no número de usuários de drogas espalhados pelo globo até 2030.

As drogas quando consumidas agem diretamente no sistema nervoso central (SNC), gerando a ativação do sistema de recompensa do cérebro de forma direta, usualmente causando o efeito temporário de bem-estar, prazer e felicidade. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022). Porém, o uso frequente tem como reais consequências diversos prejuízos à saúde, em virtude, de que as sensações provocadas pelo sistema de recompensa podem ser tão intensas ao ponto de afetar radicalmente a saúde e qualidade de vida dos usuários , provocando mudanças comportamentais, transtornos de humor, consciência e percepção, e negligência das atividades laborais e de cotidiano.

No Relatório Mundial sobre Drogas de 2018, consta que entre 2000 e 2015, ocorreu um aumento global de 60% das mortes geradas diretamente pelo uso de drogas, e que aproximadamente 31 milhões de usuários sofrem de transtornos provindos do uso de substâncias psicoativas, demonstrando o quão prejudicial é o uso excessivo (UNODC, 2018).

Nesse contexto, o uso recorrente e excessivo de substâncias psicoativas tornou-se um problema de saúde pública, diante do número crescente de usuários de substâncias psicoativas existentes na sociedade atual, e dos inúmeros prejuízos ocasionados pelo uso do álcool e outras drogas no organismo do usuário, assim como, em prejuízos à saúde mental e de ordem social do indivíduo.

Sendo assim, o trabalho abordará um importante tema da saúde mental e saúde pública, relacionando diversos estudos acerca dos transtornos desenvolvidos em virtude do uso de álcool e outras drogas, e tem como objetivo, identificar os efeitos adversos semelhantes e divergentes provenientes do uso de substâncias psicoativas específicas – álcool, cafeína, cannabis, crack e nicotina.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com busca nas bases de dados PUBMED, LILACS, BDENF, e banco de dados eletrônicos do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Os critérios de inclusão foram artigos publicados entre os anos 2017 e 2023, nos idiomas português e inglês. Os critérios de exclusão foram, os artigos que não condizem com a temática do trabalho, e publicados anteriormente a 2017.

Esse modelo de trabalho permitiu ter contato com diferentes estudos e resultados, proporcionando a síntese de diversos artigos publicados. O modelo também permitiu a ampliação do conhecimento acerca do tema, através da verificação de diferentes estudos e pesquisas a respeito dos transtornos decorrentes do uso de álcool e outras substâncias, contribuindo para aumentar o conhecimento e responder à pergunta norteadora efetivamente.

Durante a pesquisa foram encontrados 210 artigos, e destes, 170 descartados por não se encaixarem nos critérios definidos Para análise dos dados, 40 artigos foram pré selecionados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a análise e interpretação dos dados, os resultados foram organizados em tabelas, com apresentação descritiva   dos diferentes efeitos adversos, e posteriormente será realizada a discussão acerca do assunto.

Com base nos artigos selecionados foram construídas 5 tabelas, 1 para cada substância abordada, onde estão demonstrados os seguintes itens: classe sistêmica afetada, efeitos adversos, autores/ano de publicação. Por fim, foram elegidos 30 artigos relacionados ao tema de estudo, onde 6 artigos discutem sobre o álcool, 5 artigos discutem sobre a cafeína, 8 artigos sobre cannabis, 6 artigos sobre cocaína e 5 artigos abordam os efeitos da nicotina.

3.1  Álcool

Quadro 1- Efeitos adversos gerados pelo uso de álcool

Classe sistêmicaReação adversaReferência
Distúrbios de sistema nervosoTranstornos e humor, ansiedade, transtornos de personalidade, demência de início precoce, danos cerebrais, delírio, psicose, disfunção sexual e transtorno do sono-vigília.J. MacKillop, et. al. (2022), J. Rehmn, et al; (2021), B. John, et. al; (2019) e M. Nityanandam (2023).
Distúrbios na pele e tecidos subcutâneosLesões intencionais e não intencionais.J. MacKillop, et. al. (2022), J. Rehmn, et al; (2021) e M. Nityanandam (2023).
Distúrbios no sistema imunológicoDoenças sexualmente transmissíveis (HIV).J. MacKillop, et. al. (2022), J. Rehmn, et al; (2021) e B. John, et. al; (2019).
Distúrbios vascularesAcidente vascular cerebral isquêmico e resistência vascular periférica.J. MacKillop, et. al. (2022), J. Rehmn, et al; (2021), M. Nityanandam (2023) e Mukharjee, S. & Maiti, S. (2020).
Distúrbios cardíacosdoença cardíaca isquêmica e aumento da pressão arterial.J. Rehmn, et al; (2021) e Mukharjee, S. & Maiti, S. (2020).
Distúrbios respiratórios e pulmonarInfecções respiratórias inferiores e tuberculose.J. MacKillop, et. al. (2022).
Distúrbios gastrointestinaisCirrose, pancreatite, diabetes e hemocromatose, obesidade, neoplasia de boca e orofaringe, fígado gorduroso, danos nos tecidos do estômago, danos nas células epiteliais do intestino e do fígado.J. MacKillop, et. al. (2022), J. Rehmn, et al; (2021), B. John, et. al; (2019), M. Nityanandam (2023), Baucham R. (2020) e Mukharjee, S. & Maiti, S. (2020).

De acordo com MacKillop et al (2022), o álcool está entre as drogas psicoativas mais consumidas do mundo, sendo responsável por causar inúmeras morbidades agudas e crônicas. Entre os principais transtornos adversos causados pelo uso de álcool estão uma série de transtornos psiquiátricos, transtornos de humor, ansiedade, transtornos de personalidade, lesões intencionais e não intencionais, como por exemplo acidentes de carro e queda, também ocorrem com frequência entre os usuários de álcool. O consumo de álcool também está ligado à incidência e evolução de diversas doenças infecciosas, incluindo infecções respiratórias inferiores, infecções sexualmente transmissíveis e tuberculose. Os riscos médicos crônicos do uso de álcool incluem ainda doenças gastrointestinais, doenças cardiovasculares e câncer. Doenças hepáticas (principalmente cirrose) e pancreatite estão principalmente associadas ao consumo excessivo de álcool por um longo período de tempo. Doenças neurológicas e danos cerebrais também são listados pelos autores.

Em seu estudo, Rehmn et al (2021), afirma que o uso de álcool está ligado a diversas condições de doenças e lesões. Entre os diversas categorias se destacam as doenças crônicas como o câncer, doenças gastrointestinais, doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral isquêmico, diabetes. Também apontam grande incidência de demência, em particular demência de início precoce. Doenças infecciosas em geral, e todas as doenças sexualmente transmissíveis, incluindo HIV/AIDS. Também destaca-se a cirrose hepática vinculada ao longo tempo de uso, e os acidentes rodoviários e lesões não intencionais e intencionais.

Também são relatados transtornos adversos decorrentes do uso do álcool no, onde é evidenciado que a intoxicação alcoólica e a abstinência de álcool são distúrbios clínicos comuns e causas de muita morbidade e mortalidade, afetando a saúde dos usuários em diferentes hábitos. Quanto à saúde mental são evidenciados diversos transtornos induzidos por álcool, sendo eles o delírio induzido pelo álcool, transtorno psicótico, transtorno do humor, ansiedade, disfunção sexual e transtorno do sono-vigília. Além disso, existem dois distúrbios neurocognitivos, o transtorno amnésico induzido pelo álcool e a demência com surgimento precoce. Se tratando da saúde física, os distúrbios induzidos pelo álcool se destacam a cirrose hepática alcoólica, a hepatite C crônica, obesidade, diabetes e hemocromatose. Além desses diversos outros distúrbios físicos podem ser relacionados dependendo das doses de consumo e o tempo de uso de cada dependente (JOHN, et al 2019).

Já no estudo feito por Nityanandam (2023), foi constatado mais de ⅓ dos usuários apresentavam transtornos de humor, outros ⅓ apresentavam esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, no restante dos usuários observados foram observados outros transtornos psiquiátricos e ansiedade. Quanto aos sintomas físicos, parte dos participantes desenvolveram neoplasia de boca e orofaringe. No mesmo estudo, ainda foram observados acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos e doenças cardíacas isquêmicas em participantes do estudo. Além dos problemas de saúde anteriormente mencionados, a cirrose hepática foi relatada em grande parte dos consumidores de álcool. Outros números notáveis são os de acidentes automobilísticos sendo observados em 20% dos indivíduos.

Para Baucham (2020), o consumo em excesso de álcool pode levar a uma variedade de doenças hepáticas, incluindo esteatose hepática, fibrose, cirrose compensada , cirrose descompensada, carcinoma hepatocelular e hepatite alcoólica. Para o mesmo autor a esteatose, popularmente conhecida como “fígado gorduroso” é um achado extremamente comum em pessoas que bebem álcool, e o acúmulo de gordura no fígado pode ocorrer após apenas alguns dias de consumo de álcool. Além disso, a progressão do estágio da doença hepática aumenta com consumo de álcool, por outro lado, a taxa de progressão é reduzida pela abstinência do uso de álcool.

Para finalizar os resultados encontrados para transtornos decorrentes do uso de álcool, de acordo com Mukharjee & Maiti (2020), o uso recorrente de álcool tem como resultado a cetoacidose. Ademais, a produção o consumo de etanol resulta em danos nos tecidos do estômago, das células epiteliais do intestino e do fígado. E o aumento do estresse oxidativo causa disfunção vascular, resistência vascular periférica e aumento da pressão arterial. O uso frequente de álcool gera também danos diretos às células pancreáticas, causando resistência à insulina, o que leva a quadros de hiperglicemia crônica e acumulação anormal de gordura.

Ao fazer a síntese dos diferentes resultados apresentados pelos artigos acima, detectou-se a repetição de certos efeitos adversos, sobretudo os sintomas psiquiátricos e hepáticos, com ênfase em casos de cirrose hepática, que esteve presente em todos os artigos selecionados para a pesquisa referentes ao álcool, destacando o grande número de dependentes de álcool a longo prazo acometidos por esse problema.

Ademais, dentre os estudos selecionados, todos os autores exaltaram os efeitos no sistema gastrointestinal, sendo a única classe sistêmica afetada em todos os estudos selecionados na pesquisa. Logo após estão os distúrbios de sistema nervoso e distúrbios de

sistema vascular, que dentro dos estudos escolhidos foram situados em quatro estudos cada. Distúrbios na pele e distúrbios do sistema imunológico foram citados em três artigos. Distúrbios cardíacos foram presentes em dois dos estudos sobre os efeitos colaterais do álcool. A classe sistêmica contendo menor números de citações foi o sistema respiratório e pulmonar sendo citado em um dos estudos. E sem nenhuma citação presente dentro dos estudos selecionados estão os distúrbios do tecido musculoesquelético e distúrbios gestacionais.

3.2  Cafeína

Quadro 2 – Efeitos adversos gerados pelo uso de cafeína

Classe sistêmicaReação adversaReferência
Distúrbios de sistema nervosoAnsiedade, alterações de humor, agitação, sonolência, cefaleias, confusão mental, convulsões, dependência, diminuição do estado de alerta, distúrbios no sono, falta de concentração, insônia, irritabilidade, hiperatividade, efeitos neuroestimulantes e nervosismo.Kumar, V; et. al. (2018), Wellington J., et. al. (2021), Wikoff, D. et. al. (2017), Fischer, E. F., et. al. (2019) e Soós, E., et. al. (2021).
Distúrbios vascularesVasodilatação.Kumar, V; et. al. (2018).
Distúrbios cardíacosAumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, fibrilação atrial, arritmia cardíaca, infartos agudos do miocárdio e acidente vascular cerebral.Kumar, V; et. al. (2018), Wellington J., et. al. (2021), Wikoff, D. et. al. (2017), Fischer, E. F., et. al. (2019) e Soós, E., et. al. (2021).
Distúrbios gastrointestinaisAnemia, dificuldade para absorção de nutrientes, diarreia, dor abdominal, gastrite, hipocalemia (baixo teor de potássio, náuseas e vômitos.Kumar, V; et. al. (2018), Wellington J., et. al. (2021), Wikoff, D. et. al. (2017), Fischer, E. F., et. al. (2019) e Soós, E., et. al. (2021).
Distúrbios de tecido musculoesquelético e conjuntivoOsteoporose, Diminuição da absorção de cálcio, rabdomiólise.Kumar, V; et. al. (2018) e Wikoff, D. et. al. (2017).
Distúrbios gestacionaisAborto espontâneo, restrição de crescimento fetal, malformações congênitas, infertilidade, natimorto, nascimento prematuro, câncer infantil, marcadores de estresse materno, hipertensão induzida pela gravidez e pré- eclâmpsia.Wellington J., et. al. (2021) e Wikoff, D. et. al. (2017).

A cafeína é uma substância amplamente utilizada por seus efeitos estimulantes, além de trazer inúmeros benefícios à saúde humana, porém, também é responsável por diversos efeitos adversos, seu consumo está ligado ao risco de desenvolver uma série de doenças, que incluem osteoporose, gastrite, anemia, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, vasodilatação, convulsões, insônia, cefaleias e alterações comportamentais. Usuários que fazem consumo excessivo de cafeína por um longo período de tempo apresentam diversos efeitos nocivos à saúde, entre tais efeitos estão presentes, a dependência, aumento do risco de doenças cardiovasculares, ansiedade e a dificuldade para absorção de nutrientes, também diminui a absorção do cálcio intestino o que está relacionado diretamente com a diminuição da densidade dos ossos. O estudo aponta que em usuários consumidores frequentes de cafeína, quando interrompem o uso de forma abrupta resultam em várias mudanças desconfortáveis no organismo, como o aumento da ocorrência de cefaleias, aumento da sonolência, diminuição do estado de alerta e fadiga (KUMAR, et al, 2018).

Em outro estudo escrito por Wellington et al(2021), continuam a serem levantados diversos impactos adversos à saúde oriundos do uso de cafeína incluindo efeitos no sistema nervoso, com destaque para distúrbios no sono, nervosismo e irritabilidade, altos efeitos neuroestimulantes, cefaleias e dificuldade para concentração, além de aumentar o risco para desenvolver doenças neurodegenerativas. Se tratando do sistema cardiovascular, o uso de cafeína pode acarretar em aumento da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, fibrilação atrial, arritmia cardíaca e doenças coronarianas. No estudo ainda é demonstrado que o uso de mais de 400mg por dia de cafeína pode gerar prejuízos ao sistema gastrointestinal causando náuseas, vômitos, dores abdominais e diarreia. E durante a gravidez, estudos investigaram a associação da ingestão de altas doses de cafeína (>500 mg/dia) com as complicações subjacentes ao desenvolvimento fetal, indicando uma incidência de aborto espontâneo, restrição de crescimento fetal, malformações congênitas mental, bem como bebês com baixo peso ao nascer.

A   ingestão de mais de 400mg/dia de cafeína, está relacionado ao desenvolvimento da diminuição da densidade de cálcio em algumas partes do corpo, morbidades cardiovasculares como por exemplo, infartos agudos do miocárdio e fibrilação atrial, e também mortalidade decorrentes de doença coronariana e acidente vascular cerebral. Outros efeitos abordados no mesmo estudo foram as alterações de humor, sono, abstinência e dor de cabeça. Os efeitos de sistema reprodutor também são destaque, constando distúrbios de infertilidade, aborto espontâneo, natimorto, nascimento prematuro, crescimento fetal, câncer infantil, marcadores de estresse materno, hipertensão induzida pela gravidez e pré-eclâmpsia. Ainda é apontado os efeitos mais graves resultantes da intoxicação, que podem incluir dor abdominal, convulsões, hipocalemia (baixo teor de potássio), rabdomiólise (destruição muscular), arritmias e isquemia miocárdica (WIKOFF, et al, 2017).

Já no estudo de Fischer,, et. al. (2019), os efeitos adversos oriundos do uso de cafeína, chamam atenção pois as primeiras pesquisas foram concentradas nos efeitos gerados no diâmetro arterial e na frequência cardíaca, e no sistema gastrointestinal. No estudo, é demonstrado que em pesquisas mais recentes também foram evidenciados que a dosagem e a frequência da ingestão de café podem influenciar os riscos de hipertensão, doenças coronárias e acidente vascular cerebral.

Soós et al (2021), continua a descrever os efeitos advindos de diferentes dosagens de cafeína, evidenciando que a ingestão de cafeína em grandes doses (10-13 mg/kg) podem gerar efeitos adversos no sistema gastrointestinal, nervosismo, confusão mental e problemas de concentração, enquanto em doses mais baixas(7-10 mg/kg) produziu calafrios, rubor, náusea, cefaleias, palpitações e tremores. No estudo são apontados também os efeitos gerados para certas doses de ingestão de cafeína ao dia, onde em dosagens de cafeína de 200mg ou mais, efeitos de intoxicação puderam ser observados, resultando em insônia, problemas de digestão e irritabilidade. Doses ainda mais altas de cafeína cerca de 1.000 mg/dia causaram sintomas tóxicos, cefaleias, náuseas, tonturas, tremores e hiperatividade. E para consumos de cafeína em doses em torno de 2.000mg ao dia, geraram hospitalização, sintomas cardiovasculares, gastrointestinais, psicológicos, neurológicos e metabólicos.

A cafeína e os produtos com cafeína, como por exemplo bebidas energéticas, bebidas à base de cola e chocolates são populares por todo o mundo e são constantemente utilizados pela população em geral, gerando efeitos benefícios quanto malefícios à saúde. (FISHER et al, 2019).

Os principais efeitos adversos estão relacionados a distúrbios cardíacos, gastrointestinais e afetam o sistema nervoso, sendo que em todos os artigos selecionados com a temática da cafeína estão presentes efeitos colaterais destas classes sistêmicas. Logo em seguida estão os distúrbios de tecidos musculoesqueléticos e distúrbios gestacionais.

3.3  Cannabis

Quadro 3- Efeitos adversos gerados pelo uso de cannabis

Classe sistêmicaReação adversaReferência
Distúrbios de sistema nervosoCefaleia, convulsões, agressividade, depressão paranoia, prejuízos à memória e ao estado de alerta, psicose, alterações cerebrais, agitação, alucinações, risco para suicídio, transtornos de humor e comportamentais.Putze, G. B; et al. (2022), National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine, (2017), Urits, et al, (2021), Crocker, C. E; et. al, (2021), Lowe, D. J. E; et. al; (2019), Roberts B. A. (2019),
Distúrbios cardiacosDor torácica, hipertensão e palpitações.Putze, G. B; et al. (2022).
Distúrbios respiratórios e pulmonarTuberculose.Lowe, D. J; et. al; (2019).
Distúrbios gastrointestinaisDor abdominal intensa, pancreatite, náuseas e vômitos.Putze, G. B; et al. (2022), Roberts B. A. (2019) e Nasser, Y., Woo, M. & Andrews, C.N; (2020).

A cannabis é uma das substâncias psicoativas mais consumidas em todo o mundo, tanto por seus efeitos recreativos quanto seus efeitos medicinais (NASEM, 2017), porém, o uso de cannabis também traz malefícios à saúde, como os expostos no estudo feito por Putze, et al (2022), onde entre os consumidores de cannabis foram identificando uma série de efeitos adversos, incluindo sintomas psiquiátricos, entre eles cefaleia, convulsões, agressividade, ansiedade, psicose e alucinações. Sintomas cardiovasculares como dor torácica, hipertensão sintomática e palpitações, e também sintomas digestivos que incluem vômitos.

A intoxicação por cannabis aumenta o risco para acidentes rodoviários, além dos consumidores serem acometidos por uma série de transtornos psiquiátricos que incluem paranoia, alucinações e ansiedade (NASEM, 2017).

Durante a intoxicação provocada pelo uso de cannabis, existem prejuízos na memória e na atenção do usuário, também ocorrendo um aumento de impulsividade e agitação. O uso a longo prazo também tem impactos negativos na memória verbal (URITS, et al, 2021).

Ademais, os malefícios causados pelo uso de cannabis também estão presentes em usuários com 50 anos ou mais, apontado quadros e disfunção erétil, transtornos psicóticos, transtornos de humor e comportamentais, assim como quadros de ansiedade, agitação e agressividade (CROCKER, et al, 2021).

No estudo de Lowe, et al (2019), levanta dados sobre a associação do uso de cannabis ao aumento do risco de psicose, onde os usuários regulares de cannabis tem duas ou quatro vezes mais chances de desenvolver psicoses do que os não usuários. Nesse mesmo estudo, é abordado o tema sobre como os usuários de cannabis tem sido associado ao maior risco de tuberculose ou do agravamento dos sintomas de tuberculose, além de associar o uso de cannabis por longos períodos de tempo com potencial risco de suicídio.

Estudos associam o uso de cannabis com o desenvolvimento esquizofrenia e outras psicoses, além de gerar depressão, ansiedade e tentativas de suicídio. Causando também mudanças estruturais, funcionais e químicas no cérebro. E o uso prolongado de cannabis em grandes quantidades pode provocar náuseas, vômitos e dor abdominal intensa. Outro efeito relacionado ao uso de cannabis são as colisões de veículos motorizados (ROBERTS, 2019).

Eu seu estudo, Nasser & Andrews (2020) afirma que o uso de cannabis 4 ou mais vezes durante a semana por período igual ou superior a um ano, está relacionada a sintomas clínicos de vômitos frequentes e ao risco de desenvolvimento de pancreatite.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime de 2023, produtos com base de cannabis são ofertados em ampla variedade, onde estão incluídos também os de uso farmacológico liberados para a comercialização. Além disso, podem ser consumidos de diferentes formas, o que facilita a sua utilização, acarretando assim em um amplo número de usuários espalhados pelo globo (UNODC, 2023).

3.4  Cocaína/ Crack

Quadro 4- Efeitos adversos gerados pelo uso de cocaína/crack

Classe sistêmicaReação adversaReferência
Distúrbios de sistema nervosoDanos cerebrais que afetam a cognição e o funcionamento mental, diversas comorbidades psiquiátricas, transtorno bipolar e agressividade.Rawson, R. A., & McCann, M. J. (2017), Caffino, L. et al (2021), Cardoso, T. A; et. al. (2020) e Butler, A. J; et. al. (2017).
Distúrbios no sistema imunológicoHIV.Butler, A. J; et. al. (2017).
Distúrbios vascularesAneurismas da artéria coronária.Pergolizzi, J. V, et al, (2021).
Distúrbios cardíacosAtaques cardíacos, alterações estruturais no coração, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, doença arterial coronariana e doenças cardíacas valvulares.Rawson, R. A., & McCann, M. J. (2017), Pergolizzi, J. V; et. al.(2021) e Alzghoul, B. N; (2020).
Distúrbios respiratórios e pulmonarBronquite, enfisema pulmonar e aumento do risco de hipertensão pulmonar.Rawson, R. A., & McCann, M. J. (2017) e Alzghoul, B. N; (2020).
Distúrbios gastrointestinaisHepatite C.Butler, A. J; et. al. (2017).

Os impactos do crack e da cocaína, substâncias altamente viciantes e potentes, estão associados a uma série de efeitos adversos para a saúde. Seus efeitos estimulantes de curta duração podem causar euforia intensa, seguida por uma “queda” que pode levar a sentimentos de depressão e ansiedade, e esta montanha-russa emocional é um dos principais fatores que contribuem para a sua natureza viciante e compulsiva. Além dos efeitos imediatos, o uso prolongado de crack está associado a uma série de problemas de saúde graves, entre eles, destacam-se os danos cardiovasculares, pulmonares e neurológicos. Esses danos podem se manifestar de várias maneiras, incluindo ataques cardíacos, problemas respiratórios, como bronquite e enfisema, e danos cerebrais que afetam a cognição e o funcionamento mental (RAWSON & MCCANN, 2017).

Para Caffino et al (2021), alterações induzidas pela cocaína podem provocar alterações mínimas porém prejudiciais, pelo menos em parte, a homeostase cerebral e a neuroplasticidade, fornecendo assim a base para diferentes comorbidades psiquiátricas. Além disso, durante a abstinência o estado emocional negativo pode interferir na deterioração cognitiva induzida pela cocaína, agravando ainda mais o quadro das patologias pré-existentes.

Em seu estudo de Cardoso et al (2020), demonstra importantes dados sobre as evidências de estudos que os transtornos de humor podem seguir uma trajetória mais complicada quando o paciente é exposto ao uso de cocaína, o estudo também sugere que estressores, episódios de oscilação de humor e crises de uso de cocaína induzem a sensibilização cruzada, dessa forma contribui para a progressão do transtorno bipolar. Nesse sentido, os autores consideram que o uso de cocaína está associado ao desenvolvimento quanto a piora do quadro de transtorno bipolar.

Alterações estruturais no coração podem ser resultado do uso prolongado de cocaína. Isso está ligado à reação fisiológica decorrente da hipertensão associada à cocaína, aumentando dessa forma a resistência vascular e fazendo que o miocárdio, especificamente o ventrículo esquerdo, aumente sua massa como mecanismo compensatório. Sendo assim, entre as consequência do uso crônico de cocaína está o aumento do peso cardíaco. Ademais, é apresentado neste mesmo estudo que usuários de cocaína por longos períodos de tempo apresentam alto risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca e aneurismas da artéria coronária quando comparados aos não usuários de cocaína (PERGOLIZZI, et al, 2021).

Para Alzghoul (2020), existe uma associação entre uso de cocaína e as dimensões da câmara ventricular direita e a prevalência de doenças cardíacas valvulares. O aumento do átrio direito e da VCI e, consequentemente, maior pressão de enchimento atrial direito foi mais evidente nos usuários de cocaína. A fibrilação atrial, aumento do risco de hipertensão pulmonar e doença arterial coronariana, também foram mais significativas nos usuários de cocaína.

Há ainda expressas evidências entre a associação do uso de crack e doenças sexualmente transmissíveis, como HIV e o vírus da hepatite C, entre outras. Nesse mesmo estudo é expresso evidências entre a associação do uso do crack a episódios de violência e agressividade dos usuários (BUTLER, 2017).

Dessa maneira, é notório após a análises dos estudos selecionados que o crack/cocaína é uma substância psicoativa com alto potencial de causar dependência através de seus efeitos estimulantes, ocasionando também diversos efeitos adversos à saúde.

Dessa maneira, é notório após a análises dos estudos selecionados que o crack/cocaína é uma substância psicoativa com alto potencial de causar dependência através de seus efeitos estimulantes, ocasionando também diversos efeitos adversos à saúde.

3.5  Nicotina

Quadro 5 – Efeitos adversos gerados pelo uso de nicotina

Classe sistêmicaReação adversaReferência
Distúrbios de sistema nervosoDepressão, tendências suicidas, distúrbios alimentares, TDAH, impulsividade, ansiedade e estresse pós-traumático.Becker, T. D; et. al; (2021).
Distúrbios na pele e tecidos subcutâneosComprometimento endotelial.Kondo, T; Nakano, Y; Adachi, S; Murohara, T; (2019).
Distúrbios vascularesAcidente vascular cerebral, formação de trombos e doenças arteriais periféricas.Kondo, T; Nakano, Y; Adachi, S; Murohara, T; (2019) e Le Foll, B; et. al. (2022).
Distúrbios cardíacosAtaque cardíaco, aumento da frequência cardíaca, aumento da contractilidade miocárdica,morte cardíaca súbita e arteriosclerose.Kondo, T; Nakano, Y; Adachi, S; Murohara, T; (2019) e Le Foll, B; et. al. (2022).
Distúrbios respiratórios e pulmonarCâncer de pulmão, enfisema pulmonar, câncer de vias aéreas digestiva superior, tuberculose e restrição do crescimento pulmonar em adolescentes.Sharon, A; et. al; (2020) e Le Foll, B; et. al. (2022).
Distúrbios gastrointestinaisCâncer de várias aec digestiva superiores, síndrome metabólica (SM) e diabetes mellitus.Kondo, T; Nakano, Y; Adachi, S; Murohara, T; (2019) e Le Foll, B; et. al. (2022).
Distúrbios gestacionaisDefeitos congênitos, restrição de crescimento intra uterino, síndrome da morte súbita em recém-nascidos.Sharon, A; et. al; (2020).

A nicotina é uma substância psicoativa de amplo acesso em todo o mundo, estando presente no tabaco, cigarros e cigarros eletrônicos (TIWARI, et al, 2020). Nesse contexto, seu fácil acesso e alto consumo causam prejuízos de diversos aspectos à saúde humana.

Recentemente, houve um aumento significativo no uso de produtos não combustíveis que contêm nicotina, como por exemplo os populares cigarros eletrônicos, que são cada vez mais populares, e tem capacidade de fornecer altas doses de nicotina em curtos períodos de tempo (SHARON, 2020). Fazendo assim com que os efeitos adversos provocados pelo consumo de nicotina sejam ainda mais preocupantes.

Além disso, o tabagismo pode ser o primeiro passo para má qualidade de vida e propensão a problemas de saúde. O tabagismo, tanto ativo como passivo, provoca o aumento da incidência de aterosclerose, aumento da frequência cardíaca e da contratilidade miocárdica, causando também o comprometimento endotelial e formação de trombos. O consumo da nicotina ao longo do tempo aumenta a resistência à insulina e está associado ao acúmulo central de gordura, levando ao desenvolvimento de síndrome metabólica e diabetes mellitus. Ademais, a exposição à fumaça aumenta o risco de ruptura da placa coronariana, promovendo assim a formação de trombos na lesão, e levando ao início súbito de síndrome coronariana aguda, incluindo morte cardíaca súbita. O tabagismo também é apontado como um fator de risco para acidente vascular cerebral, e as doenças arteriais periféricas associadas ao tabagismo incluem arteriosclerose obliterante (ASO) e doença de Buerger. Sendo ASO uma doença arterial oclusiva que afeta a aorta abdominal e as artérias de pequeno e médio calibre das extremidades inferiores, sendo cerca de 3 vezes mais comum entre fumantes do que entre não fumantes e a doença de Buerger é uma doença rara das artérias e veias dos membros inferiores e superiores (KONDO, et al, 2019).

No estudo de Becker, et al (2021), o uso do cigarro eletrônico foi associado ao aumento de sintomas depressivos ao longo do tempo, também sendo relacionado a comportamentos prejudiciais à saúde no controle de peso, incluindo dieta de um só alimento, jejum e uso de pílulas dietéticas. No mesmo estudo, o uso de cigarro eletrônico é associado a tendências suicidas, distúrbios alimentares, TDAH, transtorno de conduta, impulsividade, ansiedade, psicose, estresse pós-traumático e vários transtornos de personalidade.

A exposição à nicotina pode afetar negativamente os sistemas respiratório, imunitário e cardiovascular, resultando em dependência e abstinência. Ainda é demonstrado que fumar durante o primeiro trimestre gestacional aumentou a probabilidade de defeitos congênitos, entre eles a redução de membros, gastrosquise e fissuras orais. Ainda é indicado que o tabagismo materno durante a gravidez é um fator de risco para a síndrome da morte súbita em RN e está associado à restrição do crescimento intrauterino. As exposições ambientais à nicotina que ocorrem entre o nascimento e a adolescência também têm o potencial de afetar o crescimento pulmonar (SHARON, et al, 2020).

Le Foll, et al (2022), em estudos epidemiológicos realizados em diversos países, estimou o consumo de tabaco como responsável por 7,7 milhões de mortes a nível mundial em 2020. Sendo essas mortes causadas principalmente em decorrência de câncer de pulmão, enfisema pulmonar, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e câncer das áreas aerodigestivas superiores, quando observado os países de alta renda. Porém, em países com a renda um pouco menor o cenário muda um pouco, tendo a tuberculose como um dos principais fatores de mortalidade relacionado ao tabaco, em virtude que a tuberculose é resistente ao tratamento em fumantes.

Tiwari, et al (2020), relata que a exposição à nicotina aumenta a atividade do sistema dopaminérgico, a sua libertação conduz ao efeito de desejo e abstinência, ocasionando assim dependência é um grande número de usuários. E os fumadores de longo prazo enfrentam diversos prejuízos à saúde e a atividades cotidianas provocadas pelo uso da nicotina, entre tais prejuízos os mais presentes entre os estudos selecionados estão os distúrbios gastrointestinais, distúrbios respiratórios, distúrbios cardíacos e distúrbios vasculares, com cada um aparecendo em dois artigos.

Também foram encontrados efeitos adversos em outras quatro classes sistêmicas, com um artigo dos selecionados relatando tais efeitos, sendo esses distúrbios os de sistema nervoso, distúrbios na e pele tecido subcutâneo, distúrbios do tecido músculo esquelético e distúrbio gestacionais.

Em somente uma das classes sistêmicas não foram encontradas reações adversas dentre dos estudos selecionados nesta pesquisa, não sendo associado ao uso de nicotina os distúrbios do sistema imunológico.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciou-se que há recorrência significativa dos efeitos entre as diferentes substâncias psicoativas, e que os principais distúrbios, são notados nos sistemas nervoso, cardíaco e gastrointestinal, sendo relatados diferentes efeitos para cada substância, mas essas classes sistêmicas são as mais afetadas por cada um dos narcóticos abordados na pesquisa.

Destacam-se também prejuízos gestacionais e ao sistema imune, sendo o primeiro afetado pelo uso de álcool e cocaína e o segundo sofrendo em decorrência do consumo de cafeína e nicotina. Além desses, os sistemas com menor incidência de efeitos adversos são os distúrbios na pele e distúrbios de tecido musculoesquelético, os quais estão relatados como sequelas do uso de apenas uma substância cada, sendo elas respectivamente a nicotina e a cafeína.

A nicotina também foi a substância com maior número de classes sistêmicas afetadas por seu consumo, afetando sete sistemas do corpo humano. Logo após estão as substâncias psicoativas álcool, cafeína e cocaína identificadas como causadoras de prejuízos seis classes sistêmicas. E a cannabis foi identificada como causante de efeitos em quatro classes distintas, sendo o menor número de sistemas afetados pelas substâncias do estudo.

Nesse contexto, o presente trabalho mostra-se como relevante para a área da enfermagem, que desde sua origem no desenvolvimento do cuidar, possui um importante papel tanto na conscientização e educação em saúde, quanto na prevenção e intervenção. Para isso, a identificação de sintomas relacionados ao uso de substâncias é essencial, visto que os enfermeiros possuem contato mais próximo e frequente com os pacientes. Desse modo, o entendimento sobre os efeitos adversos decorrentes do uso de substâncias será de grande auxílio na identificação de sinais precoces, gerando a possibilidade de intervenção antes que o quadro do usuário se agrave.

Assim , faz-se necessário promover estratégias que atinjam a população e principalmente os usuários a respeito dos prejuízo a qualidade de vida e os malefícios à saúde que os de narcóticos podem trazer, esclarecendo também as dúvidas e quais locais procurar ajuda, na busca de garantir uma maior qualidade de tratamento e uma integralidade do cuida dos usuários de substâncias químicas.

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1Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário Campo Real, enf-edineiaemiliano@camporeal.edu.br
2Acadêmico de Enfermagem do Centro Universitário Campo Real, enf-luiznavroski@camporeal.edu.br
3Docente do Curso Enfermeira Mestre, docente de Enfermagem do Centro Universitário Campo Real, prof_raphaellarosa@camporeal.edu.br