USO DE SIMULAÇÕES REALÍSTICAS NAS PRÁTICAS DE ENSINO NA ÁREA DA SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501141047


Marco Antonio Lima Gomes1
Isabela Soares de Arruda2
Ana Luiza Almeida Espíndola Lima3
Maria Fernanda Araújo Pêgo Ceratti4
Rhayla Fernandes Santos5
Gabriel Wilson Hammer Pereira6
José Alexandre Oliveira Araújo7
Kathyely Alves Amorim8
Jordanna Oliveira Godinho9
Claudia Martins de Freitas10
Marcelo Moraes dos Santos11


RESUMO– Este artigo examina o papel das simulações realísticas no ensino das profissões de saúde, destacando sua relevância como abordagem pedagógica inovadora. O objetivo é explorar como essa metodologia contribui para o desenvolvimento de competências técnicas, emocionais e éticas nos futuros profissionais da área. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica abrangente, analisando estudos que investigam a eficácia das simulações em contextos acadêmicos e clínicos, com foco em seu impacto na formação prática e teórica. Os resultados da análise apontam que as simulações realísticas oferecem um ambiente de aprendizagem seguro, no qual os estudantes podem aprimorar suas habilidades técnicas e de comunicação sem colocar em risco a segurança dos pacientes. Essa abordagem prática permite aos alunos vivenciarem situações clínicas que simulam a realidade, possibilitando a aquisição de competências essenciais para o cuidado à saúde. Além disso, o uso de simulações realísticas estimula o desenvolvimento da confiança dos estudantes, preparando-os para lidar com a complexidade e as demandas emocionais envolvidas no exercício profissional.Outro ponto destacado no estudo é a contribuição das simulações para a humanização dos cuidados de saúde. Ao simular interações com pacientes em um ambiente controlado, os futuros profissionais são incentivados a desenvolver empatia, comunicação eficaz e resolução ética de dilemas clínicos. Essa preparação reflete diretamente na melhoria da qualidade e segurança da assistência à saúde, beneficiando tanto os pacientes quanto o sistema de saúde como um todo. Por outro lado, o artigo também aborda os desafios associados à implementação dessa metodologia, incluindo os altos custos dos equipamentos e a necessidade de treinamento especializado para os instrutores. Apesar dessas dificuldades, conclui-se que as simulações realísticas são uma ferramenta indispensável na formação de profissionais mais capacitados e preparados para os desafios do ambiente clínico. Ao integrar essa abordagem no ensino das profissões de saúde, é possível alcançar um equilíbrio entre a excelência técnica e a humanização do cuidado, promovendo uma assistência mais segura e de maior qualidade para os pacientes.

PALAVRASCHAVE: Simulações. Ensino. Saúde.

INTRODUÇÃO

Na área da saúde, o processo de formação vai além do conhecimento teórico, exigindo dos estudantes a prática contínua de habilidades clínicas, comportamentais e éticas que se tornarão essenciais na atuação profissional. Ambientes hospitalares e clínicas representam um cenário desafiador, complexo e imprevisível, onde o preparo dos futuros profissionais deve, além de espelhar essa realidade, proporcionar uma plataforma segura para o desenvolvimento de habilidades e a prática da tomada de decisão em tempo real. Nesse contexto, as simulações realísticas têm se estabelecido como um método pedagógico inovador e cada vez mais essencial, permitindo ao aluno não apenas observar, mas experimentar e vivenciar situações de alta fidelidade ao que enfrentará na prática profissional.

Realizadas em laboratórios especialmente estruturados para recriar cenários clínicos, as simulações oferecem a oportunidade de desenvolver habilidades técnicas, como procedimentos invasivos, e competências emocionais, como o gerenciamento do estresse e a comunicação eficaz. Além disso, elas criam um espaço seguro para que os estudantes possam cometer erros e aprender com eles, sem risco para pacientes reais, mas com o mesmo rigor ético e profissional que os ambientes clínicos demandam. Esse processo promove, assim, uma educação prática e centrada na resolução de problemas, na construção da autoconfiança e no aprimoramento das tomadas de decisão.

Outro ponto relevante é o impacto desse tipo de aprendizado na formação ética e emocional dos futuros profissionais. A simulação, por possibilitar um contato mais próximo e empático com a realidade do paciente, favorece o desenvolvimento de uma postura humanizada e ética. Esses laboratórios de simulação incentivam também a reflexão e a correção de condutas, permitindo que os alunos identifiquem e aprimorem suas atitudes e competências interpessoais. Dessa forma, a simulação realística não apenas contribui para o desenvolvimento de habilidades técnicas, mas também desempenha um papel crucial na construção da identidade profissional dos alunos e na promoção de um cuidado de saúde mais seguro, ético e compassivo.

Objetivo Geral:

Este artigo tem como objetivo explorar o uso das simulações realísticas como uma metodologia de ensino inovadora, com impacto significativo na formação de profissionais da saúde. Por meio de uma análise abrangente, busca-se compreender os benefícios dessa abordagem na capacitação de estudantes e profissionais, especialmente no desenvolvimento de competências clínicas, comportamentais e éticas fundamentais para o exercício qualificado e humanizado da prática em saúde. Além disso, este estudo examina os principais desafios envolvidos na implementação de simulações realísticas em ambientes acadêmicos e profissionais, incluindo questões de infraestrutura, custos e capacitação de instrutores. Também são abordadas as metodologias utilizadas para maximizar a eficácia do aprendizado, desde o uso de manequins de alta fidelidade até tecnologias emergentes, como realidade virtual (VR) e inteligência artificial (IA). A pesquisa visa, assim, contribuir para o avanço do ensino em saúde, propondo caminhos e estratégias para aprimorar a aplicação de simulações, visando à formação de profissionais mais bem preparados para enfrentar a complexidade dos cenários clínicos e oferecer cuidados de qualidade e segurança para os pacientes.

Objetivos Específicos:

  1. Identificar os benefícios das simulações realísticas no ensino de saúde, destacando seu impacto no desenvolvimento das habilidades técnicas, emocionais e éticas dos alunos.
  2. Analisar as metodologias e recursos mais eficazes utilizados em simulações realísticas, como o uso de manequins de alta fidelidade, realidade virtual (VR) e inteligência artificial (IA), além de ambientes laboratoriais estruturados para simulação.
  3. Investigar os principais desafios enfrentados na implementação de simulações realísticas, incluindo custos, necessidades de treinamento dos instrutores e requisitos de infraestrutura.
  4. Discutir o impacto das simulações na formação de profissionais de saúde mais preparados e humanizados, examinando sua contribuição para a segurança dos pacientes e a melhoria da qualidade dos cuidados.
  5. Propor diretrizes e recomendações para a aplicação eficaz de simulações realísticas em instituições de ensino, visando maximizar seus benefícios e minimizar os desafios.

Desenvolvimento

A simulação realística é uma técnica pedagógica que reproduz ambientes e situações de atendimento, proporcionando uma experiência prática que se aproxima da realidade vivida em hospitais e clínicas. O treinamento em simulação permite que os alunos pratiquem suas habilidades em um contexto seguro, onde podem errar, corrigir e desenvolver-se sem riscos aos pacientes reais. As simulações possibilitam o desenvolvimento de competências fundamentais para a prática clínica, como:

  1. Habilidades Técnicas: Simulações permitem que os alunos treinem habilidades específicas, como técnicas de punção, ressuscitação, administração de medicamentos, entre outros procedimentos.
  2. Tomada de Decisão e Raciocínio Clínico: Situações simuladas exigem que os estudantes desenvolvam um raciocínio rápido e lógico, fundamental para a tomada de decisão clínica.
  3. Desenvolvimento de Habilidades Interpessoais e Éticas: Além do treinamento técnico, a simulação promove a prática de habilidades relacionais, fundamentais para o atendimento humanizado e ético, como a comunicação com o paciente e com a equipe.

Estudos revelam que estudantes submetidos a cenários simulados desenvolvem maior confiança e menor ansiedade ao lidar com situações reais. Além disso, a simulação diminui significativamente o risco de erros durante o atendimento, proporcionando uma formação mais segura e completa.

Existem três principais níveis de simulação utilizados no ensino de saúde: Simulação de Baixa Fidelidade: Usa manequins ou modelos anatômicos que não respondem automaticamente, indicados para o aprendizado de procedimentos básicos, como a aplicação de injeções. Simulação de Média Fidelidade: Utiliza manequins que possuem respostas automáticas, como batimentos cardíacos e sons respiratórios, sendo ideal para práticas mais complexas. Simulação de Alta Fidelidade: Usa manequins sofisticados, com resposta fisiológica a intervenções clínicas, possibilitando a simulação de cenários críticos como parada cardiorrespiratória. Cada tipo de simulação tem uma aplicabilidade específica, e o uso do tipo adequado depende da complexidade da competência a ser desenvolvida e dos objetivos pedagógicos de cada disciplina.

Para uma aplicação eficaz das simulações realísticas, é necessária a presença de instrutores qualificados que orientem e forneçam feedback construtivo, auxiliando o aluno a refletir sobre suas ações. No entanto, a implementação enfrenta desafios práticos, como: Alto Custo de Equipamentos e Manutenção: Manequins de alta fidelidade e outros dispositivos têm um custo elevado e demandam manutenção constante, o que representa um obstáculo para instituições de ensino. Treinamento de Instrutores: A formação de instrutores é essencial para que compreendam o conteúdo clínico e as técnicas pedagógicas relacionadas à simulação. Necessidade de Infraestrutura e Tempo Adequados: A simulação requer espaço físico, tempo para preparação e uma logística que pode limitar o número de sessões para cada aluno. Apesar desses desafios, o uso de simulações tem mostrado grande aceitação e altos índices de satisfação entre estudantes e instrutores, o que reafirma sua importância no processo formativo.

As simulações têm um impacto positivo na formação dos alunos, possibilitando uma transição mais tranquila e confiante entre o aprendizado teórico e a prática clínica. Em especial, permite que os estudantes desenvolvam habilidades críticas de resolução de problemas, trabalho em equipe e comunicação interpessoal. A prática em ambiente controlado também contribui para que os futuros profissionais de saúde enfrentem os primeiros desafios reais de forma mais calma e eficiente, o que se reflete diretamente na segurança e bem-estar dos pacientes. Além disso, as simulações garantem que os alunos cheguem aos estágios e à prática profissional com uma preparação mais sólida e menos sujeita a erros graves, dado que tiveram a oportunidade de praticar e revisar suas habilidades em ambiente controlado. Esse tipo de treinamento é especialmente relevante para emergências, onde a rapidez e a precisão são cruciais. O avanço das tecnologias, como a realidade virtual (VR) e a inteligência artificial (IA), tem expandido ainda mais as possibilidades de simulação realística na área da saúde. Com o uso de VR, é possível criar cenários clínicos ainda mais imersivos e personalizados, adaptando-se ao nível de experiência de cada estudante e aumentando o realismo da experiência. Por outro lado, a IA permite o desenvolvimento de cenários mais complexos e dinâmicos, que respondem às ações dos alunos em tempo real, simulando respostas fisiológicas detalhadas.

Estas tecnologias emergentes trazem novos desafios, mas, ao mesmo tempo, aumentam significativamente a capacidade dos alunos de aprender e reter conhecimento prático. Instituições que investem em simulação realística com o uso de VR e IA tendem a melhorar a qualidade da formação e aumentar a segurança nos cuidados à saúde, resultando em profissionais de saúde mais bem preparados e capazes de prestar uma assistência de alta qualidade.

Conclusão

As simulações realísticas representam uma metodologia inovadora e transformadora para a formação de profissionais de saúde, possibilitando o desenvolvimento prático de habilidades técnicas, emocionais e éticas em um ambiente seguro e controlado. Por meio dessas simulações, os alunos podem vivenciar e administrar situações complexas sem risco direto para os pacientes, o que favorece tanto o domínio técnico quanto a segurança emocional necessária ao atendimento de qualidade. Ainda que existam desafios de implementação, como custos elevados, tempo de capacitação dos instrutores e a necessidade de infraestrutura apropriada, os benefícios para a segurança do paciente e para a eficiência dos cuidados clínicos justificam esses investimentos.

Com os avanços rápidos nas tecnologias de realidade virtual (VR) e inteligência artificial (IA), o futuro da simulação realística é altamente promissor. Esses avanços tecnológicos permitem criar experiências ainda mais imersivas e precisas, aproximando os alunos de cenários que replicam, com realismo inédito, os desafios e as complexidades do ambiente de saúde. A tendência é que essa prática se integre cada vez mais ao ensino em saúde, promovendo uma formação que vai além do aprendizado teórico e da execução técnica, estendendo-se à construção de uma postura humanizada e de uma cultura de segurança e qualidade no atendimento.

Assim, as simulações realísticas contribuem significativamente para a formação de profissionais de saúde mais bem preparados, confiantes e empáticos, capacitados a enfrentar os desafios e a oferecer o melhor cuidado possível, priorizando sempre o bem-estar e a segurança dos pacientes. Dessa maneira, esse método de ensino se consolida como um pilar fundamental na educação em saúde, proporcionando uma formação completa que acompanha as demandas de um sistema de saúde moderno e cada vez mais voltado para a humanização e a excelência no atendimento.

Referências

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LEFLANC, V. R., & CHAMBERS, E. Simulation in Health Care Education and Research. Journal of Healthcare Simulation, 2020.

HANSEN, M., & BRUCH, L. Impact of High-Fidelity Simulation on Clinical Outcomes in Healthcare. Nursing Education Today, 45: 25-30, 2016.

COOK, D. A., & WEST, C. P. Advanced Simulations in Healthcare Education.Medical Education, 50: 45-53, 2019.


1 Professor do Centro Universitário UNITOP marcogllima@hotmail.com

2 Acadêmica de enfermagem Centro Universitário UNITOP soaresdearruda@gmail.com

3 Acadêmica de enfermagem do Centro Universitário UNITOP analualmeida1909@gmail.com

4 Acadêmica de enfermagem do Centro Universitário UNITOP cerattifernanda@gmail.com

5 Acadêmica de enfermagem do Centro Universitário UNITOP rhaylafernandessantos@gmail.com

6 Acadêmico de enfermagem do Centro Universitário UNITOP gabrielwilsonh@gmail.com

7 Acadêmico de enfermagem do Centro Universitário UNITOP josealelexandre512@gmail.com

8 Acadêmica de enfermagem Centro Universitário UNITOP/CESUP kathyelya@gmail.com

9 Acadêmica de enfermagem Centro Universitário UNITOP/CESUP jordannaalves32@gmail.com

10 Acadêmica de enfermagem do Centro Universitário UNITOP adaomartins504s@gmail.com

11 Acadêmico de Fonoaudiologia UNIFATECIE
marcelomoraes0055@gmail.com