USO DE REMDESIVIR NO TRATAMENTO DA SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE POR COVID – 19 (SARSCOV-2)

THE USE OF REMDESIVIR IN THE TREATMENT OF RESPIRATORY SYNDROME SERIOUS ACUTE BY COVID-19 (SARSCOV-2)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7872774


Isabela Sant’ana Souza e Silva¹
Miuryel Esperanza Honorato Diaz Molero¹
Renata Maria de Souza Côrtes¹
André Luiz Ferreira²


RESUMO

Considerando as implicações negativas da Covid-19, este trabalho tem por objetivo compreender a eficácia e os possíveis efeitos adversos quando do uso do medicamento Remdesivir para tratar a covid-19. Para concretizá-lo, realizar-se-á uma revisão de literatura em bases de dados científicas, por meio de publicações realizadas entre abril de 2022 a abril de 2023, para que se possa apresentar a temática:   tratamento com Remdesivir   em pacientes internados com Covid-19, atualizada. Esta pesquisa justifica-se pela importância de seus temas e por ter como finalidade maior contribuir com mais conhecimentos para a ciência e a sociedade.

Palavras chave: Covid-19.  Pandemia.  Remdesivir

1 INTRODUÇÃO

Entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS), recebeu a notificação que havia um grupo de pessoas internadas com pneumonia de causa desconhecida, na cidade de Wuhan, província de Hubei, China. Tratava-se de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos. A doença de coronavírus 2019 (COVID-19) é uma síndrome respiratória causada pela infecção ocasionada pelo novo SARS-CoV-2, pertencente ao Coronavírus, gênero betacoronavírus. Este, é um vírus envelopado de RNA de fita simples de sentido positivo (ssRNA) com um tamanho de genoma de 29,9 kb (WANG et al., 2020) 

Nos coronavírus, o RNA genômico está associado a múltiplas cópias de nucleoproteína, formando um nucleocapsídeo helicoidal, que pode ser liberado por tratamento com detergente. O envelope que envolve o nucleocapsídeo é formado por uma bicamada lipídica, na qual estão ancoradas as proteínas de espícula, membrana e envelope. O novo SARS-CoV-2 tem alta similaridade filogenética com o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV) e com o coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV). No entanto, o SARS-CoV-2 tem uma afinidade 10 a 20 vezes maior para seu alvo nas células hospedeiras humanas, exceto por se replicar 3 vezes mais que o SARS-CoV (GREIN et al., 2020)

Um dos grandes problemas envolvido no caos em razão deste vírus, é o fato dos pacientes assintomáticos circularem normalmente fazendo a disseminação dele, que é capaz de sobreviver até 72 horas em algumas superfícies (como plástico e alumínio). De tal modo, tornou-se imprescindível as medidas de limpeza, porém, somente esses cuidados não foram suficientes para conter o avanço da pandemia. De forma que foram adotadas outras estratégias e meios para combater o surto de covid-19, mas ainda assim, até 6 de novembro de 2020, foram registrados 48.534.508 casos confirmados e 1.231.017 mortes em todo o mundo (WHO, 2020).

Goldman e colaboradores (2020), explicam que, apesar da maioria das infecções serem autolimitadas, cerca de 15% dos adultos infectados desenvolvem pneumonia grave. E isto requer tratamento com oxigênio suplementar, e 5% adicionais progridem para doença crítica com insuficiência respiratória hipoxêmica, síndrome da angústia respiratória aguda, e falha de vários órgãos, além de necessitarem   de suporte ventilatório, geralmente, por várias semanas.

 Atualmente não há terapias antivirais de eficácia comprovada no tratamento de pacientes com covid-19 gravemente doentes. Todavia, a atividade antiviral do medicamento Remdesivir, parece ser uma grande ameaça ao vírus de RNA, pois seu mecanismo de ação parece intervir na fusão da RNA polimerase viral, resultando no retrocesso quanto a terminação da cadeia e, consequentemente, na redução da produção de RNA viral (SHEAHAN et al.,2020).

Em março de 2021, passou-se a utilizar o remdesivir, em pacientes hospitalizados com Covid-19. Em maio do ano de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a indicação do medicamento Veklury, cuja substância ativa é o Remdesivir, para o tratamento da Covid-19, uma esperança para o combate ao novo coronavírus (BRAGA et al., 2021). 

Em nota emitida pelo Conselho Federal de Farmácia – CFF (2022, p. 1), tem-se que a Anvisa aprovou, em 23 de maio de 2022, o remédio Veklury (remdesivir) para tratar a Covid-19. Registrado no Brasil para tratar a Covid-19, esta terapêutica deveria ser indicada “apenas em pacientes adultos e adolescentes (com idade igual ou superior a 12 anos e com peso corporal de, pelo menos, 40 kg) com pneumonia que requeiram administração suplementar de oxigênio (oxigênio de baixo ou alto fluxo, ou outra ventilação não invasiva no início do tratamento)”.

A nota publicada pelo CFF, informa ainda que deve-se iniciar a referida terapêutica com remdesivir, o quanto antes após o paciente ser diagnosticado com Covid-19 e/ou dentro de sete dias após a manifestação sintomática. A permanência do tratamento precisa ser igual a três dias.

Recomenda-se “a dose única de 200 mg de remdesivir no primeiro dia, administrada por infusão intravenosa, e 100 mg nos dias seguintes, uma vez por dia, também por infusão intravenosa. Deverão ser mantidas as mesmas condições de segurança para a administração do medicamento em ambiente ambulatorial” (CFF, 2022, p. 2). Sendo estas condições estabelecidas na bula do Veklury. 

Compete destacar que a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos – FDA (2020), alerta que, a prescrição do Remdesivir deve ser feita com cautela em pacientes com taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) menor que 30, sendo que diversos estudos relatam risco de eventos adversos renais. 

Acerca da historicidade do fármaco Remdesivir, Guimarães et al (2021), explicam que as primeiras pesquisas que resultaram nesse medicamento, foram desenvolvidas entre os anos de 2013 e 2016, na África Ocidental, em meio às epidemias de Ebola. Em seguida, foi examinada sua eficácia in-vitro tanto para os vírus Marburg, como para as linhagens dos filovírus, pneumovírus, paramixovírus e coronavírus. Por representar um análogo de adenosina parenteral, o Remdesivir age inibindo a RNA polimerase (enzimas responsáveis pela composição de RNA a partir de sequências de DNA ou RNA), dependente da RNA viral, retendo a multiplicação do genoma virótico.  

Considera-se importante destacar a função essencial que os análogos de nucleotídeos vêm cumprindo nos tratamentos antivirais, desde de a admissão da primeira droga antiviral, denominada idoxuridina, em 1963, objetivando o tratamento do vírus herpes simplex. A partir de então, achados de pesquisas sobre diversos análogos nucleosídeos foram aprovados para o tratamento de infecções causadas por uma diversidade de vírus com potencialidade patogênica, como os agentes da hepatite C e o citomegalovírus. As investigações por novas moléculas dessa classe, foram intensificadas frente ao surgimento de origens morbíficas com alto poder de transmissão, sobretudo vírus da espécie “Betacoronavirus, como os responsáveis pela síndrome respiratória aguda grave (do inglês SARS, em 2002), a síndrome respiratória do Oriente Médio (do inglês MERS, em 2012) e, mais recente, do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19” (BRAGA et al., 2022, p. 53). 

Em dezembro de 2019, frente ao surgimento de uma nova enfermidade relacionada ao coronavírus, denominada Sars Cov-2 (COVID-19), na china, a comunidade científica se ocupou de pesquisas quanto à várias terapêuticas que pudessem agir significativamente nos organismos de indivíduos acometidos pela covid-19, a fim de reduzir: o número de mortes, a incidência relativa da doença, o período de hospitalização e ainda atuar na redução de tempo para a eliminação do vírus (WHO, 2020). 

Em nosso país, no primeiro semestre de 2021, foi iniciada a imunização da população contra a covid-19. Na mesma época, aconteceram novas manifestações de variantes dessa doença, como também a ampliação de casos e mortes em função dela. Esse triste cenário contribuiu para que novas terapias fossem inseridas na luta contra essa enfermidade, de forma que elas ganharam protagonismo, mesmo em circunstâncias que ainda requerem mais evidências. Nesse sentido, há indícios de que o Remdesivir seja indicado, sobretudo, para pacientes hospitalizados com apoio de oxigênio de baixo fluxo (GUIMARÃES et al., 2021). 

A contaminação pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda (SARS-Cov 2), chamada COVID-19, constitui uma enfermidade heterogênea, cujo manejo clínico é desafiador. Portanto, as descobertas e aprovações de medicamentos para combater ou amenizar os efeitos dessa doença, são acontecimentos importantíssimos. Nesse sentido, o fármaco Remdesivir, apesar de envolto por dúvidas quanto à dosagem a ser utilizada e o tempo de tratamento, com as devidas cautelas, pode ser um aliado na luta contra a covid-19. Apesar das diferentes e inúmeras formas de sofrimentos em função dessa enfermidade, o fato do campo de tratamento dela evoluir constantemente, possibilita e, ao mesmo tempo, demanda a publicação de estudos, visto que novas terapêuticas vão sendo descobertas, abrindo assim mais espaço para a pesquisa científica acadêmica (BARBOSA; ARAÚJO, 2022). 

Neste sentido, o estudo de Rezende e colaboradores (2022) aponta que, frente a síndrome respiratória aguda grave em humanos, causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), o fármaco Remdesivir apresenta potencialidade terapêutica para tratá-la, considerando que seu uso demonstrou resultados favoráveis na evolução clínica e possibilitou alta hospitalar de determinados pacientes. Assim sendo, apesar de determinadas imprecisões que o envolvem, esse medicamento pode ser um aliado na luta contra a covid-19, pois constitui esperança, em se tratando de recuperação e diminuição do tempo para evolução clínica. 

Considerando que a medicação ainda está sob análise considera-se necessário apresentar o estudo de Tanni  e colaboradores (2022), voltado aos resultados divergentes do remdesivir na terapêutica de pacientes internados por conta da infecção da COVID-19, avaliando que apesar desses autores reconhecerem melhorias clínicas e recuperação da doença graças a utilização do remdesivir nesses pacientes , sinalizaram a necessidade de levar em conta a existência de pesquisas que empregaram diferentes escalas para avaliar o agravamento dessa enfermidade e que esse fato, inevitavelmente, produz diferentes resultados. O que abre espaço inclusive para o questionamento se realmente o fármaco em questão possibilita a melhoria clínica desses enfermos. 

Em contrapartida, destacam que a literatura a que tiveram acesso e avaliaram corrobora firmemente que houve redução dos episódios antagônicos graves em função do uso remdesivir em indivíduos infectados pelas diferentes formas do coronavírus e colaboradores (TANNI   et al., 2022). 

O exposto por meio da literatura, revela benefícios e divergências acerca do fármaco Remdesivir para o tratamento da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS CoV-2) e outras manifestações do coronavírus. 

Portanto, estudos como este, possuem relevância por objetivar a avaliação da eficácia do medicamento remdesivir no tratamento da covid-19, assim como seus efeitos antagônicos, através de dados científicos literários ainda mais recentes, com a finalidade de novas descobertas sobre a temática. Posto isto, confia-se que a publicação do presente artigo, propiciará conhecimentos sobre a temática aqui discutida para a Medicina, e outras ciências. Outra possível forma de contribuição consiste na possibilidade   do presente texto servir de base científica para a elaboração de outras pesquisas. Acredita-se ainda que elucidações como as propostas nesta investigação, poderão ser úteis à população em geral, em se tratando de mais informação sobre a Covid-19, e sobre a terapêutica aqui apresentada. 

Assim, este trabalho tem por objetivo geral: Compreender a eficácia e os possíveis efeitos adversos quando do uso do medicamento Remdesivir para tratar a covid-19. Dessa maneira, pretende-se: Avaliar o uso do medicamento Remdesivir em pacientes testados positivo para covid-19; Descrever a segurança do medicamento para o tratamento da covid-19; Relatar o prognóstico dos pacientes que fizeram o uso do medicamento e Identificar efeitos adversos causados pelo uso do medicamento. 

A fim de alcançar esses objetivos, realizar-se-á uma revisão de literatura em bases de dados digitais científicas por meio da análise de artigos publicados no período entre abril de 2022 a abril de 2023, para que se possa apresentar a temática:   tratamento com Remdesivir   em pacientes internados com Covid-19, atualizada.

REFERÊNCIAS

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farmacológico para covid-19: revisão narrativa da evidência atual e potenciais estratégias terapêuticas. Revista HMJMA, [S.l.], v. 3, n. 01, p. 42-49, 2022. Disponível em: http://revista.hmjma.ce.gov.br/index.php/revistahmjma/article/view/5/11. Acesso em 17 jun. 2022.

BRAGA, Taniris Castro et al. avanços recentes na síntese do remdesivir, molnupiravir (eidd2801) e tenofovir: moléculas promissoras no tratamento da covid-19. Quim. Nova, [S. l.], vol. 45, n. 1, pp. 53-73, 2022.  DOI: https://doi.org/10.21577/01004042.20170803.

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¹Acadêmicas do Curso de Medicina – Faculdade Metropolitana (UNNESA) – Porto Velho/RO.
²Professor no Curso de Medicina – Faculdade Metropolitana (UNNESA) – Porto Velho/RO.