REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411252327
Málac Rodrigues de Sousa¹
Nicole Ayumi Murakami dos Santos²
Amanda Kzam Rezende Soares3
Daniele Cristina Cordeiro Ferreira da Silva4
Hellen Ribeiro da Costa Silva5
Josinete Brito da Costa Rodrigues6
Laércio Andrade Demostenes7
Maria Cristina Costa dos Santos8
Michelle Portal da Silva9
Rafaela Pinheiro Rodrigues10
Roseli Silva Santos12
Rosy Meiry Dornelas Barradas13
Willamy Breno da Costa Cardoso Ferreira14
Orientadora: Profa. Me. Sabrina do Socorro Marques de Araújo de Almeida15
Coorientadora: Enfa. Erica Cristina da Silva Cabral16
RESUMO
As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) são abordagens terapêuticas que complementam os tratamentos convencionais, promovendo o cuidado holístico e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Esse estudo tem como objetivo analisar as evidências científicas sobre o uso de PICs por enfermeiros em pacientes com câncer de mama. Este trabalho trata-se uma revisão integrativa da literatura, com artigos publicados entre 2015 e 2023, selecionados em bases de dados como BDENF, LILACS e MEDLINE, aplicando critérios de inclusão e exclusão especificamente para obter 9 artigos analisados. Os principais achados dos estudos indicaram que práticas como acupuntura, fitoterapia, relaxamento guiado, Reiki e musicoterapia apresentam efeitos positivos na redução de sintomas como dor, fadiga e ansiedade. Essas intervenções complementares também favorecem a relação enfermeiro-paciente e promovem uma maior adesão ao tratamento. O estudo reforçou a importância das PICs no cuidado oncológico, destacando a necessidade de mais estudos e formação de enfermeiros para aplicação dessas práticas, garantindo um atendimento mais humanizado e eficaz para os pacientes com câncer de mama. Palavras-chave: Enfermagem, Práticas Integrativas e Complementares, Câncer de Mama, Oncologia.
ABSTRACT
Integrative and Complementary Practices (PICs) are therapeutic approaches that complement conventional treatments, promoting holistic care and improving patients’ quality of life. This study aims to analyze the scientific evidence on the use of PICs by nurses in patients with breast cancer. This work is an integrative review of the literature, with articles published between 2015 and 2023, selected from databases such as BDENF, LILACS and MEDLINE, applying inclusion and exclusion criteria specifically to obtain 9 articles analyzed. The main findings of the studies indicated that practices such as acupuncture, herbal medicine, guided relaxation, Reiki and music therapy have positive effects in reducing symptoms such as pain, fatigue and anxiety. These complementary interventions also favor the nurse-patient relationship and promote greater adherence to treatment. The study reinforced the importance of PICs in cancer care, highlighting the need for more studies and training of nurses to apply these practices, ensuring more humanized and effective care for patients with breast cancer. Keywords: Nursing, Integrative and Complementary Practices, Breast Cancer, Oncology.
INTRODUÇÃO
O câncer é definido como o crescimento anormal e desregulado de células que conforme a sua evolução e disseminação invadem tecidos e órgãos. De acordo com seu poder de se disseminar rapidamente, essas células tornam-se mais agressivas formando tumores que se espalham para diferentes partes do corpo (INCA, 2022).
No câncer de mama, ocorre esse mesmo processo anteriormente descrito, porém o local de ocorrência aborda as células mamárias, tendo crescimento irregular e formando o respectivo tumor. Essa patologia pode evoluir de diversas maneiras, logo que se tem não só um caso, mas existem vários tipos desse câncer de mama. O público masculino também é afetado, porém não na mesma proporção do feminino, apenas cerca de 1% é acometido (INCA, 2023).
Diante das várias abordagens para tratamento do câncer, como a quimioterapia e a radioterapia, existe também as Práticas Integrativas e Complementares (PICs). Essa modalidade corresponde a um conjunto de ações destinadas à saúde com bases não alopáticas, atendendo o usuário de forma holística e na construção de uma relação interpessoal com finalidades terapêuticas entre o indivíduo e o usuário (SOARES et al, 2021).
A evolução da saúde vem apresentando novos recursos tecnológicos para os diagnósticos e tratamentos precoces, tendo como exemplo os usos das PICs sob os cuidados oncológicos, servindo como uma das demais abordagens desta revisão. Tendo em consideração, o papel fundamental dos cuidadores no processo terapêutico, em foco, os profissionais de enfermagem que devem reconhecer a importância do saber para o exercício da autonomia. Exigindo uma equipe multiprofissional preparada, tendo um nível qualificado de conhecimento sobre pacientes oncológicos, os seus devidos cuidados de enfermagem e os usos dessas práticas (CHAVES et.al, 2021).
É possível observar um amplo campo de atuação da enfermagem utilizando terapias complementares nos setores de cuidados oncológicos, devido a essência de sua formação que se baseia na arte do cuidar. Entretanto, apesar das práticas serem recomendadas pelo ministério da saúde (MS), pouco é o quantitativo da sua utilização e conhecimento pela enfermagem, desta forma, o presente trabalho visa contribuir agregando conhecimento e informações atualizadas sobre o uso das PICs.
JUSTIFICATIVA
A escolha deste tema originou-se do interesse pela oncologia e pela exploração de tratamentos holísticos para pacientes com câncer. Dado que esses pacientes enfrentam fragilidade tanto física quanto psicológica, é crucial investigar e promover práticas integrativas e complementares. A intenção é ampliar o conhecimento sobre essas abordagens entre estudantes e profissionais da saúde, e também fornecer informações valiosas para os pacientes, uma vez que há uma notável falta de conhecimento sobre esses métodos de tratamento. A pesquisa visa preencher essa lacuna e oferecer suporte adicional o que justifica a importância de aprofundar e compartilhar esse conhecimento.
Segundo o MS, junto com o Instituto nacional de câncer (INCA), em 2019, supondo as queixas dos pacientes em estágio de quimioterapia e a gravidade do crescimento de doenças crônicas com a estimativa de um aumento no ano de 2020 a 2022 com mais de 625 mil casos de câncer no Brasil. Houve a busca de qual maneira é a ideal para a enfermagem aplicar as PICs, objetivando o alívio dos pacientes de forma holística, sem o uso excessivo de abordagens farmacológicas (INCA, 2019).
O número estimado de casos novos de câncer de mama no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 73.610 casos, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminina é o mais incidente no país e em todas as Regiões brasileiras (INCA, 2022).
Os pacientes oncológicos costumam entrar em um ciclo vicioso de perda de massa muscular, redução de níveis de atividade física, resultando em fraqueza generalizada e sintomas debilitantes. Desse modo, pode ocorrer uma redução significante na capacidade funcional e psicossocial, limitando a realização de atividades diárias e capacidade de trabalho, e diminuindo a qualidade de vida do paciente com câncer (SANTOS et al, 2022).
A perspectiva da integralidade fundamenta-se na visão holística do homem fundamentada no seu modelo biopsicossocial, abrangendo diferente saberes, incluindo abordagens não farmacológicas. Além disso, as PICs contribuem com os efeitos dos tratamentos sem o uso de fármacos e nos sintomas físicos de indivíduos com câncer envolvendo todas as suas dimensões, crenças e espiritualidade, com um leque de opções que abrangem arte terapia, yoga, meditação, musicoterapia, quiropraxia, osteopatia, Reiki, aromaterapia, bioenergética, entre outros, somando na melhora dos sintomas físicos do indivíduo com o câncer já avançado (SANTOS et al, 2022).
METODOLOGIA
TIPO DE ESTUDO
Se trata de um estudo descritivo, realizado por meio de uma revisão integrativa de literatura (RIL). Consiste em um meio de informação acerca de publicações teóricas e metódicas sobre o uso de práticas complementares pelo enfermeiro em pacientes com câncer de mama. A revisão integrativa é um método de pesquisa que reúne e analisa criticamente estudos sobre um tema, seguindo etapas sistemáticas de formulação, busca, seleção avaliação dos estudos e síntese dos resultados (Dorsa, 2020).
FONTE DE INFORMAÇÃO
A coleta de dados se deu através do levantamento das literaturas que se relacionam com o objetivo de estudos, entre os anos 2015 e 2023. A escolha do período para a pesquisa justifica-se pela maior quantidade de artigos disponíveis, encontrados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Isso permite uma análise mais ampla e atualizada do tema sendo utilizada a base de dados (BDENF, LILACS e MEDLINE), utilizando modelo de revisão integrativa e os descritores selecionados sendo: “enfermagem”, “neoplasia mamária” e “terapias integrativas”. A combinação foi realizada por meio do operador booleano “AND” e “OR”. Foi elaborada uma planilha no programa Microsoft Office Excel, com as seguintes variáveis: artigo, objetivo da pesquisa e achados da pesquisa com a análise de conteúdo de Bardin.
TÉCNICA DE COLETA DE DADOS
Foram combinados os descritores (DeCS) e incluídas as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Posteriormente, aplicamos os critérios de inclusão e exclusão, revisamos os artigos selecionados e extraímos os dados, resultando em um total de 09 artigos.
TÉCNICA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO
A análise de dados é um processo sistemático e objetivo para descrever o conteúdo textual, buscando identificar padrões e temas importantes. Inicia-se com a identificação de unidades de significado, que são organizadas em categorias temáticas. Seguindo uma abordagem rigorosa, como sugerido por Bardin (2011), essa análise garante uma interpretação precisa e confiável dos dados, assegurando a validade dos resultados.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Foram considerados como critérios de inclusão: artigos científicos, publicados entre 2015 e 2023 em periódicos nos idiomas português, inglês e espanhol, disponíveis online gratuitamente e texto na íntegra considerando a relevância do tema.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos artigos duplicados nas bases de dados, aqueles sem relação com o tema do estudo e literaturas cinzentas, como teses e monografias.
ASPECTOS ÉTICOS
Este estudo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, ele não exige a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). No entanto, todas as diretrizes éticas aplicáveis serão rigorosamente seguidas, garantindo a integridade e a confiabilidade das informações utilizadas. O trabalho prioriza a responsabilidade na seleção e análise das fontes, assegurando que as normas éticas sejam respeitadas ao longo de todo o processo, preservando a legitimidade e credibilidade dos dados.
RISCOS E BENEFÍCIOS
Riscos da Pesquisa
A pesquisa sendo uma Revisão Integrativa de Literatura (RIL), os riscos associados são geralmente baixos. Contudo, há a possibilidade de que ocorram trocas inadequadas de informações, o que pode resultar em interpretações incorretas ou no uso inadequado de frases e textos. Para minimizar esses riscos, os autores comprometem-se a garantir a precisão e a integridade dos resultados da pesquisa.
Asseguram que as informações apresentadas sejam representadas de forma fiel e empregadas corretamente, de modo a manter a validade e a confiabilidade dos achados. Assim, a análise é realizada com rigor, garantindo que os resultados reflitam com precisão a literatura revisada.
Benefícios da Pesquisa
Tendo como benefício a pesquisa proporciona informações valiosas para a sociedade e aumenta a conscientização sobre alternativas terapêuticas e o uso de práticas integrativas e complementares (PICS) em pacientes com câncer de mama. Para os profissionais de saúde, melhora as práticas clínicas ao integrar PICS de forma segura e eficaz.
Para os acadêmicos, fornece dados que incentivam novos estudos e o desenvolvimento de estratégias de intervenção baseadas em evidências. Em suma, a pesquisa promove práticas mais informadas e éticas no tratamento do câncer de mama.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A seguir, o Quadro 1 ilustra de forma clara e sistemática as informações relevantes extraídas da revisão da literatura.
Quadro 1. Síntese dos artigos selecionados, quanto a procedência, objetivo, métodos/nível de evidência e resultados.
N° | PROCEDÊNCIA/AUTOR/TÍTULO | OBJETIVO | MÉTODO/NÍVEL DE EVIDÊNCIA |
A1 | NIH – National Library of Medicine KLAFKE, N.; et al The effects of an integrated supportive care intervention on quality of life outcomes in outpatients with breast and gynecologic cancer undergoing chemotherapy: Results from a randomized controlled trial. 2019. | Investigar os efeitos de uma intervenção complexa de cuidados de suporte, liderada por enfermeiros, usando Medicina Complementar e Integrativa (CIM) na qualidade de vida (QV) dos pacientes. | Estudo prospectivo e randomizado realizado com 126 mulheres de um hospital universitário. Nível III |
A2 | Cogitare Enfermagem GURDEL, I. O.; et al Prevalência de práticas integrativas e complementares em pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica. 2019. | Analisar a prevalência das práticas integrativas e complementares em pacientes que realizam quimioterapia antineoplásica. | Estudo quantitativo, observacional, transversal, realizado em um Ambulatório de Quimioterapia de um hospital universitário. Nível IV |
A3 | Revista Escola de Enfermagem – USP TONETI, B.F.; et al O significado de uma terapia integrativa de relaxamento guiado para mulheres com câncer de mama. 2019. | Compreender o significado do relaxamento com imaginação guiada para mulheres com câncer de mama. | Estudo de natureza qualitativa, com abordagem fenomenológica, desenvolvido no ambulatório de radioterapia clínica de um hospital público. Nível IV |
A4 | Oncology Nursing Society BEN-ARYE, E., et al Integrative Palliative Care: Complementary Medicine in Oncology. 2017. | Avaliar a colaboração de profissionais de medicina complementar e integrativa no cuidado oncológico e seus efeitos na redução de sintomas e na qualidade de vida dos pacientes. | Estudo exploratório, descritivo realizado em dois pacientes com câncer, com a abordagem da terapia integrativa e complementar. Nível II |
A5 | Internal Medicine Journal BUTT, S., et al Complementary and alternative medicine: conventional solution to an unconventional problem. 2017. | Analisar o manejo de pacientes com câncer de mama que rejeitam tratamentos convencionais e optam por terapias alternativas, discutindo os desafios clínicos envolvidos. | Estudo exploratório, descritivo realizado em uma mulher de 54 anos, sendo utilizado como melhora a práticas integrativas para processo de saúde-doença. Nível II |
A6 | Journal Holistic Nurse HENNEGHAN, A.; et al Complementary and alternative medicine therapies as symptom management strategies for the late effects of breast cancer treatment. 2015. | Revisar sintomas em sobreviventes de câncer de mama e apresentar tratamentos convencionais e complementares para orientar enfermeiros nas recomendações de cuidados. | Estudo quantitativo, descritivo explorando a sintomatologia e prevalência dos efeitos tardios do câncer. Nível IV |
A7 | Journal of Cardiovascular Translation Research KLAFKE, N., et al A complex nursing intervention of complementary and alternative medicine (CAM) to increase quality of life in patients with breast and gynecologic cancer undergoing chemotherapy: study protocol for a partially randomized patient preference trial. 2015. | Avaliar a eficácia de uma intervenção complexa de cuidados de enfermagem de CAM para aumentar a QVRS em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. | Estudo prospectivo de preferência de paciente parcialmente randomizado, com mulheres CA com cuidados de enfermagem. Nível III |
A8 | Breast Cancer SHIAO, L., et al Assessment of integrative non-pharmacological interventions and quality of life in breast cancer patients using real-world data. | Avaliar as mudanças longitudinais na qualidade de vida autorrelatada de pacientes com câncer de mama recebendo um programa de medicina integrativa consistindo de NPIs hospitalares e tratamentos oncológicos padrão. | Estudo observacional longitudinal, baseado em “dados do mundo real” coletados de um registro clínico de oncologia. Nível IV |
A9 | Escola de Enfermagem Anna Nery CUNHA, N., et al Experiências de mulheres em quimioterapia no manejo da fadiga: estratégias de autocuidado. 2019. | Compreender as experiências de mulheres com câncer de mama no manejo da fadiga secundária à quimioterapia com utilização de estratégias não farmacológica. | Estudo explicativo, qualitativo, com referencial teórico da antropologia médica e recursos do método etnográfico para coleta de dados, em que participaram quatro mulheres. Nível IV |
Fonte: Elaborado pelas autoras (2024).
Os principais achados apresentados no Quadro 2 evidenciam a relevância do conhecimento sobre os desafios e incertezas associados ao uso das Práticas Integrativas e Complementares (PICS), especialmente em relação aos aspectos biopsicossociais, tradições culturais, espiritualidade, dor, receios, entre outros. Esses dados indicam uma falta de informação e orientação adequadas aos pacientes sobre o tratamento com PICS e ressaltam a importância de qualificar os profissionais de saúde, inclusive enfermeiros, para que possam oferecer um atendimento mais acolhedor, humanizado e personalizado, proporcionando uma experiência de cuidado mais completa e enriquecedora para o paciente.
Quadro 2: Síntese dos principais achados dos estudos selecionados.
N° | PRINCIPAIS RESULTADOS E EVIDÊNCIAS |
A1 | O artigo visa, analisar aplicações medicina complementar e a qualidade de vida após o regime de quimioterapia em mulheres que foram ao tratamento como intervenção de suporte para resultados positivos em sua qualidade de vida. |
A2 | Neste artigo analisou, os cânceres predominantes e prevalência de utilização de práticas integrativas, sendo a espiritualidade a mais utilizada. Trazendo os benefícios da PICS e a utilização dela indicada pela enfermagem. |
A3 | O artigo identifica a participação de nove mulheres com câncer de mama, destacando três temas principais: o estigma do câncer, o enfrentamento da doença e os benefícios do relaxamento com imaginação guiada como essa prática ajuda as pacientes a lidar com a doença e reforça a importância de os enfermeiros oferecerem essa terapia no cuidado. |
A4 | O artigo relata a colaboração de dois profissionais de medicina complementar e integrativa no cuidado de três pacientes com câncer, destacando os desafios dessa integração. Os resultados mostram que a abordagem combinada reduziu sintomas e melhorou a qualidade de vida dos pacientes. |
A5 | O artigo apresenta o caso de uma mulher com câncer de mama bilateral, que, apesar da oferta de tratamento convencional, escolheu uma terapia alternativa natural. Artigo destaca questões sobre a eficácia das terapias alternativas e como lidar com pacientes que optam por essas abordagens. |
A6 | O artigo aborda os avanços no tratamento do câncer de mama e das melhores taxas de sobrevivência. As terapias de medicina complementar e alternativa (CAM) podem ajudar a reduzir esses sintomas com poucos efeitos colaterais, as evidências sobre a eficácia das terapias CAM são inconclusivas, mas sua integração no cuidado das sobreviventes é relevante. |
A7 | O estudo avaliou o impacto de terapias complementares (CAM) em pacientes com câncer durante a quimioterapia. Os principais achados indicam que o uso de CAM melhorou a qualidade de vida e reduziu sintomas como náusea e ansiedade. |
A8 | O artigo avalia o impacto de intervenções não farmacológicas integrativas (NPIs) em pacientes com câncer de mama, mostrando melhorias significativas na qualidade de vida, especialmente na saúde global e redução de sintomas como fadiga e insônia. Intervenções como compressas de enfermagem, musicoterapia e euritmia foram as mais eficazes |
A9 | O artigo analisa como mulheres com câncer de mama utilizam descanso, alimentação e religiosidade para lidar com a fadiga da quimioterapia, ajudando-as a se sentirem mais confiantes. Destaca a importância de integrar essas práticas culturais no cuidado de enfermagem. |
Fonte: Elaborada pelas autoras (2024).
A revisão dos artigos selecionados mostra que a maioria dos estudos foram publicados entre 2015 e 2019, com predominância de publicações em inglês e seis delas provenientes de jornais/revistas dos Estados Unidos. Os tipos de estudo mais comuns foram os estudos quantitativos e exploratório, além de ensaios clínicos, tanto planejados quanto não planejados. A amostra dos estudos incluiu, em sua maioria, mulheres com câncer de mama, aplicação da PICs, cuidados de enfermagem. No que se refere ao nível de evidência, cinco estudos alcançaram a classificação de nível IV, o que sugere uma evidência ampla nas investigações verificadas.
De acordo com a metodologia de análise do conteúdo abordado por Bardin, foram elencadas 03 categorias principais: Integração das Práticas Complementares na Assistência ao Paciente com CA de mama, Percepções e Experiências dos Enfermeiros no Uso de PICs, Impacto das PICs na Relação Enfermeiro-Paciente.
Integração das Práticas Complementares na Assistência ao Paciente com CA de mama
A incorporação das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) na assistência ao paciente com câncer de mama pelos enfermeiros não apenas amplia o escopo dos cuidados, mas também promove uma abordagem mais holística, voltada para o bem-estar físico, emocional e espiritual do paciente. As PICS, que incluem terapias como acupuntura, fitoterapia, meditação, entre outras, têm demonstrado ser eficazes na redução de sintomas adversos do tratamento oncológico, como dor, náusea, ansiedade e fadiga (Marques et al., 2020).
No entanto, para que essas práticas sejam incorporadas de maneira segura e eficaz no ambiente hospitalar, é essencial que os enfermeiros possuam uma formação adequada que os capacite a aplicar essas terapias com base em evidências científicas, respeitando protocolos estabelecidos.
A implementação das PICS na rotina dos cuidados de enfermagem também exige a criação de diretrizes claras e a colaboração entre os diversos profissionais de saúde. Segundo Ben-Arye et al. (2017), a medicina integrativa, quando incorporada ao cuidado oncológico, não apenas melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também facilita o manejo de sintomas que muitas vezes não são completamente controlados pelos tratamentos convencionais.
Além disso, a capacitação contínua dos enfermeiros é fundamental para que eles se mantenham atualizados em relação às novas práticas e evidências no campo das PICS, garantindo que essas intervenções sejam aplicadas de forma ética, segura e em consonância com as necessidades dos pacientes (HENNEGHAN et al., 2015).
Gurdel et al. (2019), investigaram a prevalência do uso de PICS em pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica e observaram que a espiritualidade foi uma das práticas mais utilizadas. A pesquisa revelou que o uso de práticas espirituais, como oração e meditação, desempenhou um papel crucial no suporte emocional das pacientes, ajudando-as a lidar melhor com o estresse e os desafios do tratamento.
Além disso, Toneti et al. (2019) exploraram o impacto do relaxamento e da imaginação guiada em mulheres com câncer de mama. A pesquisa qualitativa revelou que essas práticas ajudaram as pacientes a lidar com o estigma do câncer e a reduzir os níveis de estresse. As participantes relataram que o relaxamento guiado foi uma ferramenta poderosa para enfrentar a doença, proporcionando momentos de tranquilidade e favorecendo o enfrentamento emocional.
Esse estudo é semelhante às descobertas de Pinheiro et al. (2024), que também mostraram que práticas de autocuidado, como descanso e alimentação adequada, foram essenciais para o manejo da fadiga durante o tratamento quimioterápico.
Verificou-se em 5 artigos os casos em que pacientes com câncer de mama optaram por rejeitar o tratamento convencional em favor de terapias alternativas. Esse estudo trouxe à tona desafios éticos e clínicos, mas também reforçou a necessidade de integrar as terapias complementares no cuidado oncológico, respeitando as escolhas dos pacientes (Butt et al., 2017).
Percepções e Experiências dos Enfermeiros no Uso de PICs
Uma das facilidades para a utilização das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), conforme apontado em diversos estudos, é que essas terapias geralmente não requerem o uso de equipamentos específicos, o que facilita sua adoção pelos profissionais de saúde (Klafke et al., 2019).
Além disso, as PICs são compostas por técnicas simples e não invasivas, que podem ser facilmente incorporadas na rotina de cuidado dos enfermeiros, tornando-se uma alternativa viável em diversos contextos de assistência, como ressaltam Ben-Arye et al. (2017). A simplicidade dessas práticas, como a acupuntura, meditação e relaxamento guiado, facilita sua aplicação em diferentes cenários e a torna acessível a pacientes de diversas classes sociais, o que é um ponto positivo para o sistema de saúde.
Outro ponto importante é que, apesar de as PICs serem práticas mais simples e não dependerem de uma estrutura científica rigorosa como outros tratamentos médicos, é necessário que os profissionais estejam adequadamente capacitados para aplicá-las. Toneti et al. (2019), afirmam que, embora as PICs não exijam tecnologia avançada, elas demandam uma preparação adequada por parte dos profissionais de saúde para garantir uma aplicação eficaz e segura.
Essa capacitação se torna essencial para que os enfermeiros se sintam confiantes em incluir essas práticas no cuidado diário e para que possam oferecer um atendimento de qualidade, humanizado e centrado no paciente.
Ademais, a revisão da literatura aponta que um facilitador significativo para a implementação das PICs na prática de enfermagem é a oferta de treinamentos e programas educacionais voltados para essas práticas. Gurdel et al. (2019) destacam que a inclusão de cursos e workshops em universidades e hospitais tem contribuído para a mudança de paradigma em relação às PICs, especialmente no âmbito da oncologia.
Esses programas de formação proporcionam uma oportunidade para que os enfermeiros adquiram as habilidades necessárias para aplicar as PICs e, ao mesmo tempo, ajudam a desmistificar o uso dessas práticas dentro dos ambientes hospitalares e de cuidados primários.
Por fim, alguns institutos de saúde e universidades já começaram a incluir conteúdos sobre PICs em suas grades curriculares, com o objetivo de ampliar o conhecimento e a aceitação dessas terapias entre os profissionais da saúde. Segundo Silva et al. (2020), essa iniciativa tem sido fundamental para a formação de profissionais mais preparados e abertos às práticas integrativas. Essa mudança na educação em enfermagem reflete o crescente reconhecimento das PICs como uma ferramenta valiosa no cuidado ao paciente com câncer de mama, oferecendo uma abordagem complementar e humanizada que melhora a qualidade de vida dos pacientes.
Impacto das PICs na Relação Enfermeiro-Paciente
A utilização das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no cuidado ao paciente com câncer de mama tem se mostrado um recurso valioso para fortalecer a relação enfermeiro-paciente, promovendo um cuidado mais humanizado e centrado nas necessidades individuais. Diversos autores apontam que o uso das PICs melhora a comunicação entre os profissionais de saúde e seus pacientes, criando um ambiente de confiança e proximidade.
Segundo Horneber et al. (2012), as PICs, como a acupuntura e a musicoterapia, não só ajudam na redução dos sintomas do tratamento oncológico, como também facilitam a expressão emocional dos pacientes, permitindo que compartilhem suas preocupações com maior facilidade. Nesse sentido, a aplicação dessas práticas melhora a qualidade da interação e aumenta o suporte emocional oferecido pelos enfermeiros.
Outro ponto relevante é o impacto das PICs na construção da confiança entre pacientes e enfermeiros. Segundo estudos de Ruela et al. (2019), práticas como a massoterapia e o relaxamento guiado têm demonstrado uma capacidade de promover bem-estar físico e emocional nos pacientes, o que, por sua vez, fortalece o vínculo de confiança.
Toneti et al. (2019) destacam que ao oferecer esses cuidados complementares, os enfermeiros não apenas aliviam os sintomas físicos, mas também criam um espaço seguro onde os pacientes se sentem acolhidos e apoiados emocionalmente. Esse aspecto da confiança é fundamental para o sucesso do tratamento, principalmente em pacientes que enfrentam desafios psicológicos e emocionais significativos, como aqueles com câncer de mama.
Além disso, a adoção das PICs amplia o papel dos enfermeiros como facilitadores do apoio emocional. Em um estudo de Lee et al. (2015), observou-se que a integração de terapias complementares no cuidado oncológico, como meditação e aromaterapia, não apenas ajudou a reduzir sintomas como a fadiga e a dor, mas também proporcionou uma sensação de cuidado mais holístico, fortalecendo a relação enfermeiro-paciente. Ben-Arye et al. (2017) corroboram essa visão ao destacar que as PICs facilitam a entrega de um cuidado integral, onde o suporte emocional e psicológico se torna parte essencial do tratamento. Isso resulta em uma abordagem mais centrada no paciente, aumentando a satisfação e o bem-estar geral.
Limitações do estudo
Embora o interesse pelas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) na oncologia esteja em crescimento, ainda há uma falta de estudos aprofundados sobre o uso dessas práticas por enfermeiros no tratamento de pacientes com câncer de mama. Essa lacuna se torna mais evidente quando se busca por evidências consistentes sobre a eficácia e a incorporação das PICs no controle dos sintomas físicos e emocionais desses pacientes.
Outro desafio é a resistência ou falta de formação de muitos enfermeiros, o que impede a adoção dessas técnicas. A ausência de conhecimento adequado e de diretrizes claras nas instituições de saúde faz com que muitos profissionais não integrem as PICs em suas práticas diárias, limitando os benefícios que essas intervenções poderiam trazer aos pacientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É igualmente essencial a realização de novos estudos com maior rigor científico para avaliar os efeitos das PICs na saúde, especialmente em pacientes com condições crônicas. Essas práticas têm demonstrado o potencial de promover maior autonomia no cuidado prestado pelos profissionais de saúde, além de contribuir para a satisfação dos pacientes no processo de tratamento e recuperação, melhorando, de forma significativa, sua qualidade de vida.
Contudo, a adoção dessas práticas ainda depende de uma maior integração entre a pesquisa científica e a prática clínica. A ampliação de estudos com metodologias rigorosas, somada à inclusão dessas terapias nos currículos de formação em enfermagem, será essencial para que as PICs se consolidem como uma parte regular e eficaz do cuidado prestado, beneficiando tanto pacientes quanto profissionais.
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1,2 Acadêmicas de Enfermagem do 10º semestre – Faculdade Cosmopolit
E-mail: nicolemfaculdade@gmail.com
15 Orientadora: Sabrina do Socorro Marques de Araújo de Almeida
Mestra em Saúde da Família – UNINOVAFAPI
E-mail: Sabrinaaraujogmc@hotmail.com
16 Coorientadora: Érica Cristina da Silva Cabral