REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11107328
Ângelo Marcel Santana Duarte Araújo1
Lauro Roberto de Azevedo Setton2
Nelson Almeida D’Ávila Melo3
RESUMO
Introdução: A rinossinusite crônica polipóide (RSCP) é uma condição de caráter inflamatório que se limita a mucosa nasal e os seios paranasais, gerando um significante impacto na esfera socioeconômica dos acometidos, bem como em sua qualidade de vida. Com uma vasta gama de processos fisiopatológicos associados, marcados por uma desregulação geral das vias imunológicas, e uma incidência global de 3 a 6%, a RSCP configura-se como um dos mais crescentes focos de estudos e pesquisas médicas na busca por inovação terapêutica na atualidade, sendo a utilização dos imunobiológicos um ponto-chave para isto. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura tendo como foco principal, os benefícios e a eficácia associados ao uso de imunobiológicos no tratamento da rinossinusite crônica polipóide, bem como seus efeitos adversos e os principais motivos atrelados à falha terapêutica.
Palavras-chave : Rinossinusite crônica polipóide ; Imunobiológicos ; Falha terapêutica;
ABSTRACT
Chronic polypoid rhinosinusitis (CRSwNP) is an inflammatory condition whose area of action is limited to the nasal mucosa and paranasal sinuses, generating a significant impact on the socioeconomic sphere of those affected, as well as on their quality of life. With a wide range of associated pathophysiological processes, marked by a general dysregulation of the immune pathways, and a global incidence of 3 to 6%, CRSwNP is one of the most growing focuses of medical studies and research in the search for therapeutic innovation today, with the use of immunobiologicals being a key point for this. This current systematic review discusses the benefits of therapy involving this pharmacological class, in order to highlight its benefits and the associated efficacy of the most prevalent members, as well as their adverse effects and the main reasons for the therapeutic failure of their use, the main focus of the work.
Keywords: Chronic polypoid rhinosinusitis ; Immunobiologicals ; Therapeutic failure;
1. INTRODUÇÃO
A rinossinusite (RS) caracteriza-se por um processo inflamatório localizado na mucosa nasal e nos seios paranasais, sendo uma prevalente patologia do grupo das infecções de vias aéreas superiores (IVAS). Do ponto de vista epidemiológico, a RSC é vista, segundo estudos atuais, com uma incidência populacional variável entre 3 a 6% em nível global, possuindo uma maior incidência entre os indivíduos ocidentais com variação de acordo com os diversos fatores de risco ambientais atrelados a ela, dentre os quais, tabagismo, poluição e exposição a vírus, bactérias, fungos e alérgenos 5.
Ainda na esfera epidemiológica, a RSC configura-se como uma das principais causas de queda na produtividade pessoal em termos laborais (Cerca de 10%), fato este que, segundo estudos norte-americanos, representa um déficit de cerca de 12,8 bilhões de dólares somados à uma demanda de mais de 1.000.000 de procedimentos cirúrgicos anuais, em níveis globais 33. Além disso, tal patologia é bastante associada clinicamente a diversas outras doenças do trato respiratório, como a asma e suas exacerbações 25, 34..
Dentre suas mais diversas classificações, verifica-se a cronológica como a mais vista e difundida em termos de literatura e conhecimento científico, sendo assim dividida em aguda (menos de 4 semanas de duração sintomatológica), subaguda (entre 4 e 12 semanas) e crônica (maior que 12 semanas), principal enfoque da presente obra científica 12.
Fisiopatologicamente, vê-se, de maneira geral, um desbalanço principal entre o sistema imunológico da cavidade acometida e a exposição aos fatores ambientais supracitados, de modo que estes geram uma falha nas mais variadas vias de resposta imune envolvidas, a qual será especificada posteriormente, bem como na atuação das drogas imunobiológicas que agem neste processo.
Dessa forma, visualiza-se a rinossinusite crônica (RSC) como uma complexa e heterogênea gama de subtipos adjacentes, os quais variam de acordo com os mais diversos mecanismos etiológicos e fisiopatológicos que resultam em seu padrão flogístico persistente, os quais serão debatidos e analisados posteriormente, frente à busca por novas vias terapêuticas, sobretudo no que se refere ao uso dos imunobiológicos em casos refratários aos tratamentos largamente utilizados.
À nível histórico-científico, observa-se a difusão de uma classificação fenotípica para tal patologia em duas grandes vias: a RSC não polipóide (RSCnP) e a RSC polipóide (RSCP), sendo esta última o foco principal deste trabalho. No entanto, pesquisas e estudos recentes concluíram uma maior acurácia clínico-terapêutica quando a patologia é classificada pelo mecanismo fisiopatológico, sendo dividida em endotipos tipo TH2 ou não TH2. O endotipo tipo TH2 está atrelado à via de resposta imunológica que lhe confere seu nome, relacionando- se intimamente com o componente alérgico da doença, já o endotipo Não TH2, cursa com ativação anômala das vias TH1 e TH3 1.
Ao longo deste artigo, será apresentado o cenário atual acerca da utilização de fármacos imunobiológicos no tratamento da rinossinusite polipoide refratária em detrimento dos demais tratamentos em curso na atualidade. Sendo assim, serão avaliados seus fatores benéficos na regressão patológica e consequente melhora na qualidade de vida dos pacientes acometidos.
2. OBJETIVO
Trata-se de uma revisão sistemática de literatura com o objetivo principal de realizar uma comparação entre o uso de imunobiológicos em detrimento dos tratamentos tradicionais empregados na atualidade para o cenário da rinossinusite polipoide refratária, bem como relacionar as principais causas de falha terapêutica no uso destes fármacos.
3. METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa de artigos científicos indexados na base de dados MEDLINE/PubMed com recorte temporal entre os anos de 2009 e 2024. Os descritores utilizados, segundo o “MeSH Terms”, foram: chronic, rhinosinusitis, nasal polyps, treatment. Foram encontrados 261 artigos, segundo os critérios de inclusão: artigos publicados com recorte temporal de 2009 a 2024, escritos em inglês, espanhol e/ou português, revisões integrativas, sistemáticas e metanálises. Papers com data de publicação em período superior aos últimos 15 anos e com tangenciamento do tema proposto foram excluídos da análise, selecionando-se 36 artigos pertinentes à discussão.
4. DISCUSSÃO
4.1 VISÃO GERAL DA DOENÇA
Marcada por um vasto conjunto de processos fisiopatológicos associados, a Rinossinusite crônica polipóide (RSCP) conceitua-se como uma doença de caráter heterogêneo, de forte aspecto inflamatório sobre a região nasossinusal com surgimento de lesões polipoides com grande potencial obstrutivo e sua influência na queda da qualidade de vida do paciente acometido
Epidemiologicamente, os pólipos nasais apresentam-se em 25 a 30% dos pacientes com RSC, já mais especificamente, vemos que RSCCPN cursa com uma incidência global de 0,1 a 2% na população geral, variando de acordo com a região geográfica ou com os diversos grupos étnicos existentes. Além disso, há certa preferência pelo sexo feminino e pela faixa etária entre 40 e 60 anos de idade 3.
Dentre os principais fatores associados a patologia estão: infecções de etiologia viral, bacteriana e fúngica, asma, doença do refluxo gastroesofágico e, até fatores pré-dispositores genéticos e/ou sensibilidade à fármacos como a Aspirina® (Ácido acetilsalicílico) e aos Anti- inflamatórios não-esteroidais (AINEs). A relação com do AINES é explicada por quadros de intolerância e consequente exacerbação sintomatológica justificada pelo potencial de inibição de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX), interagindo assim em todo a cascata inflamatória do paciente. Além disso, verifica-se uma prevalência aumentada de quadros exacerbados quando ocorridos em pacientes imunossuprimidos ou com deficiência de vitamina D 3,4,12,39.
A RSC polipoide cursa de maneira semelhante a outras afecções de vias aéreas superiores, sendo comum a apresentação quadros como obstrução nasal, rinorréia, disosmia, dor facial na zona sinusal acometida, tosse, e cefaleias, podendo tais sintomas isolados serem fatores confundidores ao diagnóstico, sendo necessário lançar mão de exames complementares para auxiliar em tal processo, tais como a videonasofibroscopia e a tomografia de face/seios da face em determinados casos 12.
O diagnóstico é clínico, sendo representado pelo surgimento de sintomas obstrutivos nasossinusais com uma cronicidade > 12 semanas, já ao exame físico na inspeção da mucosa, por meio da rinoscopia anterior, na grande maioria das vezes é possível visualizar as lesões ocupando a região da válvula nasal. De forma complementar, faz-se uso da videonasofibroscopia, como forma de delimitar a extensão das lesões dentro da cavidade nasal como um todo, os achados endoscópicos podem ser utilizados para estratificação clínica utilizando-se a escala de Lund-Kennedy como forma de magnificar a gravidade do quadro e individualizar o tratamento a ser empregado 3.
Criada e proposta por Peter R. Lund e Spencer C. Kennedy em 1995, a escala Lund- Kennedy configura-se como um dos mais relevantes escores de avaliação endoscópica nasal em rinossinusite crônica, sendo assim, o score utiliza-se do seu sistema de pontuação gradual tomando como base os fatores: edema, crostas, cicatrizes, descarga nasal e pólipos de forma independente 11.
Ademais, além da avaliação endoscópica, pode-se fazer uso de exames radiológicos. Dentre os principais exames utilizados, a Tomografia Computadorizada (TC) dos seios da face é empregada principalmente a fim de melhor delimitar a extensão das lesões, principalmente intrasinusais, e avaliar as estruturas ósseas adjacentes as quais serão abordadas de forma conjunta. Deste modo, é possível planejar uma cirurgia mais assertiva e prever possíveis fatores predisponentes de complicações 12. Porém, vale ressaltar que, por vezes, os achados imagiológicos podem não ser condizentes com a apresentação clínica, um exemplo rotineiro é a confusão entre cistos de retenção mucosa e pólipos, já que ambos apresentam-se hipointensos à avaliação tomográfica, sendo assim, a solicitação de exames radiológicos para avaliação de quadros de RSC polipóide ou não, deve ser criteriosa e indicada principalmente em vigência de refratariedade às medidas terapêuticas iniciais 1 , 12..
4.2. FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia da rinossinusite crônica polipoide expressa-se por um conjunto de condições multifatoriais que interagem entre si para a expressão da patologia, dentre estas, podem-se citar:
1) O processo de inflamação crônica: Mediado por respostas exacerbadas e desreguladas das imunidades inatas e adaptativas, sobretudo a mediada pelas células T helper do tipo 2 (Resposta Th2), a qual atua principal agindo na liberação e consequente ativação de diversas citocinas e quimiocinas como as Interleucinas, IL-4, responsável por promover a diferenciação do linfócito T no fenótipo Th2, bem como induz uma maior produção de IgE, imunoglobulina muito importante em processos alérgicos; IL-5, imprescindível para o recrutamento e ativação de eosinófilos, os quais desempenham papel central nos processos de inflamação na RSCP; IL-13, atuante no processo de regular a inflamação, agindo na produção de muco e na hiperplasia celular epitelial, achados típicos da RSCP; e o fator de necrose tumoral (TNF-α) e sua importância ligada ao seu papel como mediador de outras células imunológicas como macrófagos e linfócitos aliado ao seu poder, quando encontrado em níveis excessivos, na persistência e consequente aumento diametral dos pólipos nasais. 1,2,4,6,9,12.
2) Alta concentração eosinofílica na mucosa nasal: Devido às altas concentações de eosinófilos nas camadas basais da mucosa, há consequente liberação de enzimas e mediadores inflamatórios os quais geram um quadro de hiperreativiadade imunológica o que a longo prazo é capazes de danificar o epitélio e favorecer o desenvolvimento polipoide.1,2,4,6,9,12.
3) Alterações na imunidade inata e funcionalidade ciliar: vistas através de falhas e anormalidades entre o epitélio nasal e a funcionalidade dos cílios a exemplo da Síndrome de Kartagener, doença autossômica recessiva rara a qual cursa com discinesia ciliar primária o que predispõe ao acúmulo de secreção intrasinusal e maior proliferação bacteriana.1,2,4,6,9,12.
4) Fatores ambientais: Bem definidos e difundidos como a exposição a poluentes, tabagismo , seja ele ativo ou passivo, e infecções virais ou bacterianas. 1,2,4,6,9,12.
5) Interações com outras patologias e disfunções da via aérea inferior: O maior destaque se dá através da interação entre a RScP com a asma eosinofílica, gerando uma série de mecanismos imunológicos bem como uma sobreposição fenotípica 1,2,4,6,9,12.
4.3. TRATAMENTO
O tratamento da rinossinusite crônica polipoide se dá por meio de uma abordagem multifacetada que visa aliviar os sintomas, reduzir a resposta inflamatória, controlar o crescimento das lesões e por consequência melhorar a qualidade de vida do paciente, de modo a apresentar 3 vias principais de atuação: o manejo dos fatores ambientais influentes nos gatilhos da resposta imunológica, como o controle da exposição à agentes alérgenos ou irritantes ao paciente, a terapia medicamentosa, mais comumente exemplificada pelo uso de corticosteroides tópicos e/ou sistêmicos, antibióticos, visando a abordagem das infecções bacterianas associadas, e até mesmo os imunobiológicos, que se apresentam como a perspectiva mais recente na atualidade em casos de extensa refratariedade e serão posteriormente postos em evidência na presente obra científica, e por fim, o tratamento cirúrgico, por meio da Cirurgia Endoscópica Nasossinusal (FESS – Functional endoscopic sinus surgery), realizada com o objetivo de remover as lesões polipoides, bem como promover o debridamento das porções tissulares cronicamente inflamadas, processo conhecido como degeneração polipóide 5.
4.4. USO TERAPÊUTICO DOS IMUNOBIOLÓGICOS
Caracterizados como uma inovadora via de manejo terapêutico para a Rinossinusite crônica polipoide frente ao quadro de refratariedade, os imunobiológicos conceituam-se como uma importante classe medicamentosa cujo mecanismo de ação principal é marcado pela modulação do sistema imunológico, sobretudo quando este se encontra desregulado, provocando assim uma consequente atuação frente a diversas patologias, sejam elas de cunho oncológico, inflamatórios ou autoimunes. Dessa forma, observa-se que cada medicamento deste grupo possui um alvo específico, fator que limita o subgrupo a qual cada fármaco é englobado. Dentre seus mais diversos subgrupos, vemos como os mais prevalentes e utilizados no contexto clínico da RSCP, e que serão descritos à posteriori, os inibidores da TNF-α (Fator de Necrose Tumoral) e os inibidores das interleucinas.
O estudo acerca da atuação dos imunobiológicos sobre as doenças das vias aéreas é algo bastante recente, de modo a ser originada inicialmente para tratamento de Asma, quando em 2003, o Omalizumabe foi reconhecidamente o primeiro fármaco biológico aprovado para tal uso. À posteriori, em 2019 após resultados favoráveis em uma ampla gama de estudos randomizados e multi-institucionais, o Dupilumab foi aprovado como via terapêutica da RSCP 6.
Na RSCP, os imunobiológicos atualmente encontram-se com indicação formal no Brasil quando ofertados para pacientes como terapia complementar aos corticosteroides intranasais em adultos com doença de graduação severa em difícil controle e com refratariedade aos corticosteroides sistêmicos e tratamentos cirúrgicos (Exceto quando estes se encontram contraindicados)17,25. Segundo a EUFOREA (European Forum For Research and Education in Allergy and Airways Disease), a indicação para o uso de tais fármacos se dá pela presença de polipose nasal bilateral somada ao número de critérios presentes aos pacientes, sendo estes listados abaixo:
Tabela 01 – Critérios clínicos para indicação de uso de imunobiológicos na Rinossinusite crônica polipoide refratária segundo a European Forum For Research and Education in Allergy and Airways Disease
Fonte: Marques et al., 2023
Com isso, a indicação se torna positiva em caso de presença de 3 ou mais critérios em pacientes com cirurgia prévia ou 4 ou mais critérios em pacientes sem histórico cirúrgico. Já segundo a EPOS 2020 (European position paper on Rhinosinusitis and Nasal polyps), o paciente apresenta indicação quando verificam-se polipose nasal bilateral em submetidos a CENS aliados à no mínimo, 3 dos seguintes critérios :
Tabela 02 -Critérios clínicos para indicação de uso de imunobiológicos na Rinossinusite crônica polipoide refratária segundo a European position paper on Rhinosinusitis and Nasal polyps 2020
Fonte: Marques et al., 2023
Em termos gerais, a terapia imunobiológica para tratamento da RSCP tem sido vista com bons olhos frente à otorrinolaringologia por seu relevante potencial de desenvolvimento
aliada à presença de números concretos capazes de demonstrar sua eficácia no manejo desta patologia. À titulo de exemplo, pesquisas recentes evidenciaram que a terapia imunobiológica contínua possui a capacidade de promover quedas nas taxas de indicação de intervenção cirúrgica, bem como também é capaz de promover déficits na administração de corticoterapia sistêmica, uma das vias terapêuticas convencionais, em até 50% dos pacientes. À posteriori, serão apresentados alguns dos principais integrantes de tal classe farmacológica no contexto da rinossinusite crônica polipoide, tal como serão expostas algumas informações pertinentes (Tabela 3) (Tabela 4) acerca dos citados abaixo 38.
TABELA 3-Visão geral dos principais imunobiológicos utilizados na RSCP.
Fonte : ANSELMO-LIMA, W. T. et al., 2024. PFAAR, O. et al., 2023.
TABELA 04-Estudos clínicos sobre o uso de imunobiológicos como via terapêutica para a RSCP.
4.3.1. Omalizumabe®
Anticorpo monoclonal recombinante e humanizado que se liga à imunoglobulina IgE gerando uma inibição desta aos seus receptores e consequente bloqueio da cascata inflamatória IgE-mediada, o Omalizumabe® caracteriza-se como um importante integrante do grupo de medicações imunobiológicas para tratamento e controle da RSCP refratária tendo sua aprovação dada em janeiro de 2021 pela ANVISA para tal fim. Além disso, um ponto favorável e específico à ele se dá pela boa eficácia frente à pacientes que apresentam concomitantemente asma comórbida somada à RSCP . No que tange à posologia, é vista certa
dependência desta em relação aos níveis de IgE séricos basais do usuário bem como seu peso com administração dada por via subcutânea a cada 2 a 4 semanas e seus principais efeitos adversos, descritos em cerca de 50,4% dos pacientes, também apresentam-se como reações locais também descritas na medicação anterior. Por fim, é de suma importância que o profissional prescritor atente-se a adversidades mais incomuns, como infecções oportunistas (Herpes-zóster e helmintoses) e vasculites 17,28,35.
4.3.2 .Mepolizumabe®
Atuante como anticorpo monoclonal antagonista a IL-5 capaz de inibir sua sinalização e consequente cascata de produção e ação eosinofílica e aprovado inicialmente em 2021 pela Sociedade europeia de otorrinolaringologia, o Mepolizumabe® configura-se como um dos mais promissores fármacos imunobiológicos na atualidade para controle de RSCP refratária de modo a se apresentar com certa diferença em termos de via de administração e de dosagem de acordo com diversos órgãos e sociedades médicas ao redor do mundo. Foram vistas variações de doses terapêuticas entre 100 e 750 mg bem como possibilidade de administração por via subcutânea ou intravenosa, sendo cada uma das aplicações dadas em intervalos de 4 semanas. No que diz respeito a resultados, diversos estudos de metanálise com um grande número de pacientes demonstraram significantes reduções polipoides associados à reduções nos escores endoscópicos e na sintomatologia da doença, o que justifica o fato de cerca de 60% dos usuários contínuos de tal fármaco não necessitarem de intervenção cirúrgica posteriormente. Quanto aos efeitos colaterais e reações adversas, são sintomas associados ao uso dos antagonistas da IL-5, cefaleia e fadiga em usuários contínuos , assim como respostas locais ao sítio de aplicação. Especificamente ao Mepolizumabe®, foram observadas a ocorrência de faringites e mialgias aliadas ao aumento sérico da creatinofosfoquinase (CPK)16, 27, 30, 36.
4.3.3. Dupilumabe®
Aprovado inicialmente em 2019 pela Administração de comida e drogas dos Estados Unidos (FDA) e em abril de 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para tratamento da RSCP, o Dupilumabe® caracteriza-se como o primeiro medicamento imunobiológico com indicação específica para tratamento de tal patologia, de modo a atuar como um anticorpo monoclonal humano capaz de inibir a via sinalizadora da IL-4 e IL-13. Recentemente,estudos de metanálise demonstraram que o uso contínuo da medicação é capaz de gerar uma resposta bastante benéfica no que diz respeito à regressão patológica e
sintomatológica da doença, sendo visto diversas variáveis positivas aos usuários da mesma, como ganho olfatório, diminuição polipoide de cerca de 25% na escala de avaliação em 8 pontos, redução do uso de corticoides intranasais estimada em 74,6% dos pacientes e consequente ganho da qualidade de vida segundo a escala SNOT-22. Ademais, estudos atuais feitos com mais de 700 pacientes demonstram qua a terapia com Dupilumabe® em 25 semanas foi capaz de promover uma significativa redução (36%) da necessidade de intervenção cirúrgica aliada à uma melhora da capacidade pulmonar em pacientes com asma comórbida associada. Para finalizar, observa-se tal fármaco com via de administração subcutânea e dosagens habituais que permeiam de 200 a 300 mg em aplicações a cada 14 dias. Seus efeitos adversos mais prevalentes são as reações locais ao local administrado (Eritema, edema, prurido e dor), bem como distúrbios oftalmológicos (Conjuntivite) e alterações imunológicas (Eosinofilia) 12, 17, 21 , 37.
4.4 . FALHA TERAPÊUTICA
Estudos recentes de metanálise demonstraram as causas de falha terapêutica ou medicamentosa relacionada ao uso crônico de imunobiológicos, estando estas ligadas a fatores de cunho socioeconômico e raros efeitos adversos, locais ou sistêmicos, que a terapia pode acarretar 23.
Segundo dados da ANVISA (Agência Nacional de vigilância Sanitária), a terapia imunobiológica em território nacional apresenta profundas variações quanto ao custo de importação e ao preço de venda final ao paciente acometido, de modo a apresentar valores avaliados entre, aproximadamente, R$ 3.000 a 15.000 por ampola, fato este que corrobora a informação de tal abordagem ainda ser uma realidade distante para grande parte da população, sejam eles usuários do sistemas particulares de saúde ou do SUS. Devido ao altíssimo custo embutido na aquisição das medicações, torna-se necessário exaustivo processo seletivo e controle associados à sua aprovação 29.
Variação de custo de mercado dos principais imunobiológicos
Fonte: ANSELMO-LIMA, W. T. et al., 2024. PFAAR, O. et al., 2023.
Outro importante ponto configura-se pela administração da droga demandar deslocamento do usuário a centros hospitalares ou clínicas especializadas para infusão da medicação, de modo a reduzir significativamente a adesão e à correta cronicidade de aplicação, especialmente em indivíduos de localidades mais longínquas em relação às capitais.
Ademais, a carência técnica e científica referente à falta de ensaios comparativos e/ou diretrizes que auxiliem na escolha dos fármacos supracitados é uma limitação no que tange a orientação da escolha do profissional no que diz respeito ao medicamento mais indicado para determinados subgrupos de pacientes com RSC polipóide 14.
Já sobre possíveis fatores adversos ligados à descontinuação momentânea ou definitiva da terapia, observaram-se estudos duplo-cego, randomizados e multicêntricos que demonstraram na atualidade que quadros de exacerbação asmática, epistaxe, cefaleias, rinofaringites e piora dos pólipos nasais são achados que apresentam baixa prevalência em pacientes que se beneficiam da terapia imunobiológica, mas tais achados, mesmo que ínfimos, não afastam a possibilidade de suspensão do tratamento imunobiológicos em casos seletos. Outro ponto a ser alentado, sobretudo no contexto do Brasil, é a possibilidade da ocorrência de infecção helmíntica e sucessiva falha à terapia anti-helmíntica, neste caso, há indicação de interrupção do tratamento vigente 32,35.
Nesta linha de raciocínio, um considerável número de protocolos, guidelines e diretrizes atuam na busca por uma padronização tanto em termos de terapêutica quanto em tempo de vigilância e tempo de avaliação da eficácia do tratamento. Segundo informações da EUFOREA (European Forum For Research and Education in Allergy and Airways Disease), há uma recomendação de consultas especializadas com profissional especialista em otorrinolaringologia em intervalos regulares de 4, 24 e 48 semanas após o início da administração dos imunobiológicos, sendo em cada uma delas avaliadas separadamente pontos como melhora da qualidade de vida pelo SNOT-22 (Sino-Nasal Outcome Test), regressão do diâmetro polipóide de acordo com a escala NPS (Endoscopic Nasal Polyps Score), melhora do olfato e da congestão nasal e diminuição da corticoterapia, seja ela sistêmica ou inalatória. 25,35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de imunobiológico no tratamento das rinossinusites crônicas polipoides refratárias trata-se de um grande passo inovador no manejo de casos mais desafiadores. Porém, torna-se notória a necessidade da melhor compreensão dos fatores de falha terapêutica sendo estes de suma importância na avaliação de possíveis candidatos à terapia.
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1Acadêmico de Medicina da Universidade Tiradentes – SE (UNIT-SE) . Brasil. Aracaju. Sergipe
2Médico pela Universidade Tiradentes – SE (UNIT-SE). Brasil. Aracaju.Sergipe
3Médico otorrinolaringologista. Professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes – SE (UNIT-SE) . Brasil. Aracaju. Sergipe