USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS AMADORES E PROFISSIONAIS – UMA VISÃO GERAL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.7900476


Gabriel Soares de Lemos1
Isabela de Oliveira Nascimento2
Mirela Hoffmann Magnani3
Thiago de Mello Tavares4


RESUMO:

Introdução: o uso de esteroides anabolizantes por praticantes de atividade física, tem se mostrado um problema de saúde pública. Pois muitas vezes não há indicação clínica e nem acompanhamento médico. Objetivo: Revisar a literatura disponível a respeito do uso de esteroides anabolizantes por atletas amadores e profissionais, a fim de expor os possíveis efeitos colaterais e elucidar as indicações clínicas para o uso apropriado. Apresentando de forma sucinta os resultados obtidos bem como a opinião formada com base no que foi encontrado. Métodos: Sendo uma revisão integrativa da literatura, de caráter exploratório e descritivo. Os dados foram extraídos a partir das plataformas digitais: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico e Pubmed. Para o cruzamento de dados foram utilizados os descritores: Esteróides anabolizantes; Artes Marciais; Testosterona. Todos os artigos encontrados foram submetidos à leitura minuciosa e aplicados aos critérios de seleção. Resultados: atletas amadores e/ou profissionais estão mais propensos ao uso de esteroides anabolizantes, possivelmente devido aos efeitos benéficos sobre o sistema osteomuscular, aumento da massa magra e aumento da capacidade física. Enquanto seus efeitos colaterais podem levar ao aumento da pressão arterial, a nefroscleorese, podendo também desencadear reações cognitivas, no humor, comportamento e outros problemas de saúde. Conclusão: Não há comprovação na literatura de qualquer comorbidade grave associada com o uso de pequenas doses de testosterona. Entretanto, deve-se haver indicação clínica e acompanhamento médico para seu correto uso.

Palavras-Chave: esteroides anabolizantes, mistura de artes marciais, testosterona.

INTRODUÇÃO

A testosterona foi descoberta e sintetizada à primeira vez na Alemanha na década de 1930, ela foi usada em vários experimentos, como por exemplo, no aumento do desempenho militar, tratamento para algumas patologias, como a angina no peito. À medida em que os estudos evoluíram, ela passou a ser prescrita por endocrinologistas para terapia de reposição hormonal em pacientes com idade avançada e em reposição em hipogonadismo (TROST; ZITZMANN, 2018).

A testosterona é de grande importância, sendo o hormônio esteroide androgênico produzido pelas células de Leydig nos testículos. Enquanto no sexo feminino, ela é produzida em menor quantidade pelos ovários. O córtex da suprarrenal pode sintetizar a testosterona em ambos os sexos. A suprarrenal sintetiza outros esteróides androgênicos, como por exemplo, o desidroepiandrosterona e a androstenediona, e no fígado ambas serão convertidas em testosterona (SMITH et al., 1985).

O mecanismo de ação da testosterona é iniciado quando a testosterona ativa os receptores androgênicos ou é convertida para 5 α-dihydrotestoserone (DHT) pela enzima 5α- redutase, se ligando aos receptores androgênicos. O receptor do hormônio irá se mover sem seu núcleo, e então se ligará a genes específicos, sequências de elementos chamados DNA celular que respondem ao hormônio. Isso altera a transcrição do DNA e as síntese de várias proteínas, causando indesejáveis os efeitos androgênicos exercidos pela testosterona (MANDAL, 2019).

Os andrógenos são hormônios anabólicos que promovem a síntese proteica, o que dá a eles o nome comum de esteroides anabolizantes. Muitas vezes essas drogas são utilizadas sem recomendação médica e por meio ilícito por atletas, apesar de seus efeitos colaterais adversos, como tumores no fígado, infertilidade e agressividade excessiva (SILVERTHORN, 2017). Os efeitos colaterais têm maior prevalência quando há abuso de esteroides anabolizantes pelos atletas. Fazendo o uso dessas drogas em concentrações suprafisiológicas e sem indicação clínica (SILVA et al., 2002).

Os esteroides anabolizantes vêm se tornando um problema de saúde pública pois há grande incidência de administração desses medicamentos sem acompanhamento médico, por adolescentes e adultos ativos, na busca de um corpo musculoso. Por outro lado, existem os esforços máximos de atletas e demais praticantes esportivos na busca de uma melhora em seus desempenhos, com isso estão dispostos a testar qualquer substância para alcançar seus objetivos (FELICIO, 2010; GOLDMAN; AUSIELLO, 2012).

OBJETIVOS

O objetivo deste artigo é relatar o alto número de atletas amadores e profissionais de artes marciais, que fazem uso de esteroides anabolizantes. Produzindo informações e gerando conhecimento para possível uso em abordagens futuras de autoridades de saúde e governamentais dentro do sistema de saúde, através de ações preventivas e informativas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de revisão integrativa da literatura, de caráter exploratório e descritivo, realizada no período entre dezembro de 2022 a março de 2023. Os ambientes pesquisados foram as plataformas digitais: SciELO com o operador booleano, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico e Pubmed.

Para o cruzamento de dados foram utilizados os descritores: Esteroides anabolizantes; Artes Marciais; Testosterona. Todos os artigos encontrados foram submetidos à leitura minuciosa e aplicados aos critérios de seleção.

Os critérios de inclusão foram: Artigos nos idiomas português e inglês; foram selecionados artigos em periódicos indexados nas principais bases de dados que abordavam as temáticas propostas para esta pesquisa, estudos do tipo revisão, meta-análise, literaturas e artigos que fossem considerados de base para produção de trabalhos subsequentes e relatos de caso disponibilizados na íntegra.

Os critérios de exclusão foram: Artigos duplicados, disponibilizados na forma de resumo, que não abordavam diretamente a proposta estudada e que não atendiam aos demais critérios de inclusão.

Após a leitura minuciosa para a coleta de dados. Os resultados foram apresentados em quadros e de forma descritiva, divididos em categorias temáticas abordando: esteroides anabolizantes, Mixed Martial Arts, uso de testosterona, seus efeitos colaterais e suas indicações clínicas.

REFERENCIAL TEÓRICO

USO CLÍNICO DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES

A definição biomédica classifica a utilização clínica e a aplicação não médica dos esteroides. Os hormônios esteroides são sintetizados pelo organismo, no mesmo tempo que os esteroides anabolizantes androgênicos se constituem em drogas sintéticas que desencadeiam as respostas de aumento da força e da massa muscular, mimetizando os hormônios naturais, tal como a testosterona (CECCHETTO; MORAES; FARIAS, 2012).

A testosterona é rapidamente metabolizada no fígado se administrada oralmente. A meia-vida da testosterona livre é de 10-21 minutos. Ela é inativada no fígado pela conversão em androstenediona e 90% de seus metabólitos são excretados na urina (RANG; DALE, 2012).

Em 1935 deu-se a origem da testosterona sintética, por Ruzica e Weltstein. E em 1939, Boje, através de suas pesquisas, propõe que os hormônios sexuais possibilitariam um benefício na performance atlética. Em meados da década de 50, fisiculturistas norte-americanos fizeram uso experimental de preparados de testosterona. (SILVA et al., 2002).

Devido ao seu efeito anabólico, eles são usados por atletas profissionais e recreativos, com intuito de melhorar o desempenho físico ou aumentar a massa muscular magra. Ademais, por conta das fortes características masculinizantes que alguns anabolizantes podem fornecer, eles são mais utilizados pelos homens (SAGOE, et al., 2014) apesar da sua utilização no meio feminino (GRUBER; POPE JR, 2000). Normalmente são administradas doses supra fisiológicas, que causam grandes alterações no sistema hormonal, que por sua vez pode desencadear reações cognitivas, no humor e comportamento.

Em nota a Agência Mundial Antidoping (WADA) tornou público dados relativos ao ano de 2016. A modalidade esportiva wrestling ocupa o primeiro lugar no ranking dentre os esportes de combate, com 5069 amostras analisadas no mundo todo, o Boxe, ocupou o segundo lugar, com 4769 amostras testadas, seguido pelo Judô, que apresentou 4272 amostras positivadas, e, ocupando a quarta posição o Mixed Martial Arts (MMA), que apesar de não ser olímpica, e realizar eventos que não possuam filiação a nenhuma agência de controle de antidoping, é financiada pelo maior evento da modalidade, o Ultimate Fighting Championchip (UFC), que a partir de 2015 concretizou a parceria com a USADA (Agência Antidoping dos Estados Unidos), e realiza cerca de 2750 testes anuais. Entre as amostras que deram positivas no antidoping, eram em sua maioria associadas a substâncias reguladoras de hormônios e anabolizantes (WADA, 2016).

Dentre o meio das artes marciais, o MMA é um dos esportes mais difundidos na modernidade. É uma modalidade que exige grande capacidade física durante as competições. Em uma pesquisa realizada por Brito e colaboradores (2017), foram analisados 267 rounds de 57 lutadores de MMA que foram flagrados no teste de doping.

Concluíram que os lutadores que testaram positivo apresentaram maior desempenho nas variáveis físicas, frente a condição derrota.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os esteroides anabolizantes têm seu uso recomendado para algumas patologias. Pacientes tratados com glicocorticóides apresentam quadros positivos com a suplementação de testosterona. O mesmo uso, é capaz de aumentar a massa livre de gordura e a força muscular em homens HIV positivos com perda de peso e em síndrome de caquexia (BHASIN et al.,2006).

Indivíduos que apresentam quadros de queimadura, as quantidades anabolizantes endógenas como o hormônio do crescimento humano e testosterona estão diminuídas, e frequentemente se desenvolve resistência à insulina. Essas alterações intrínsecas são todas deletérias para um bom processo de resolução inflamatório. O uso de agentes anabolizantes é indicado para o aumento na atividade anabólica para diminuir a resposta catabólica. Fazer uso de hormônio do crescimento humano suplementar, reduz significativamente o catabolismo muscular e aumenta a cicatrização da ferida, inclusive, a infusão de insulina com glicose nos pacientes queimados diminuí a perda de massa magra e melhora o desfecho. (GOLDMAN; AUSIELLO, 2012).

Nesse contexto, Allan e colaboradores (2008) em estudo randomizado, duplo cego, mostraram benefícios como, diminuição da gordura visceral e aumento de massa magra, em pacientes com indicação clínica para a terapia de reposição hormonal com o uso de testosterona.

Constatou-se também que a reposição com androgênicos exerce efeitos benéficos sobre o sistema osteomuscular e psicocomportamental, melhorando a qualidade de vida (RODRIGUES FILHO, 2014). Além da terapia androgênica ter sido utilizada na conduta de tratamentos da osteoporose (SILVA; LINARTEVICHI, 2021), do câncer de mama avançado (DEBONA, 2021), em garotos com estatura exagerada (CONWAY et al, 2000) e até mesmo em situações especiais da obesidade (TROST; ZITZMANN, 2018).

Nas terapias de antienvelhecimento, onde ocorre deficiência com quadros de níveis baixos ou baixos de testosterona normal nos homens, é incentivado o uso de esteroides anabolizantes, com intuito de melhorar a disposição física e emocional (GOLDMAN; AUSIELLO, 2012).

A ocorrência do uso de esteroides anabolizantes não acontece apenas com atletas profissionais, ele ocorre também em atletas recreativos, ou seja, em praticantes de atividade física que desconhecem seus efeitos adversos, e muitas vezes orientados por um não-médico (ROCHA; AGUIAR; RAMOS, 2014).

Os esteroides anabolizantes são substâncias que podem provocar diversos efeitos colaterais, como por exemplo, induzir a hipertensão arterial secundária e a nefroscleorese. Inclusive, a testosterona pode provocar o aumento da resposta vascular à norepinefrina, e consequentemente promover a retenção hídrica e elevação da resistência vascular periférica, levando ao aumento da pressão arterial (SBC, 2019).

Um dos efeitos colaterais é a dependência dos esteroides anabólicos. Os sintomas relacionados à interrupção do uso de esteroides anabólicos estão associados a transtornos psiquiátricos, como depressão, psicose ou agressividade, sugerindo que a função encefálica humana pode ser modulada pelos esteroides sexuais (SILVERTHORN, 2017).

O uso indiscriminado de esteroides anabolizantes tanto por atletas profissionais, como amadores de diversas modalidades tem se mostrado pauta de estudos na literatura (ROCHA, AGUIAR, RAMOS, 2014). Esteroides anabólico-androgênicos, tem a motivação para seu uso geralmente por efeitos físicos e não por efeitos comportamentais (FERNANDEZ, 2011).

Outro problema gerado pelo uso inadequado desses hormônios, é o aumento de colesterol de lipoproteína de baixa densidade, dermatites como acne, cardiomiopatias, toxicidade hepática, alterações de humor, feminização nos homens com o desenvolvimento de ginecomastia e tamanho testicular reduzido, masculinização em mulheres com o desencadeamento de hírsutismo, redução do tecido mamário e espessamento das cordas vocais (GOLDMAN; AUSIELLO, 2012).

O emprego de esteroides anabolizantes, por profissionais habilitados, quando para fins estéticos, sem um quadro clínico detectado, caracteriza-se em um ato ilícito, punível nas esferas civil, penal e administrativa, além de estar infringidos teores éticos, expõem o indivíduo a danos fisiológicos e emocionais (OVIEDO, 2013).

Quando administrados andrógenos, como a testosterona, a di-hidrotestosterona e esteroides anabólicos sintéticos de forma errônea, diminuem-se os níveis séricos de hormônio luteinizante e hormônio folículo-estimulante nas mulheres, e nos homens a contagem de espermatozoides. Os níveis séricos de testosterona ficam baixos após o uso de di-hidrotestosterona e de agentes anabólicos sintéticos (GOLDMAN; AUSIELLO 2012).

Em mulheres ainda se acarretam efeitos negativos sobre seu aparelho reprodutor tais como, redução dos níveis circulantes do hormônio luteinizante e do hormônio folículo-estimulante (estrogênios e progesterona, respectivamente), alterações do ciclo menstrual, encurtamento da fase lútea e amenorreia (Ip et al., 2010). O tratamento para reposição hormonal em mulheres, pode ser feito com hormônio luteinizante e hormônio folículo-estimulante ou gonadotrofina coriónica humana (HCG) para induzir a ovulação (GOLDMAN; AUSIELLO, 2012).

Pacientes com níveis fisiológicos de testosterona que recebem o hormônio exógeno, atingindo assim níveis supra fisiológicos, poderão enfrentar efeitos colaterais graves, como atrofia testicular e alterações comportamentais. O uso de testosterona, independentemente da idade e de níveis séricos pré-tratamento, levará prejuízo na fertilidade masculina, sendo ela transitória ou persistente (BARBOSA; CURY, 2018).

Os possíveis riscos com o uso de androgênicos se referem aos efeitos colaterais sobre o metabolismo cardiovascular e agravamento do câncer de próstata. O conhecimento dos riscos e benefícios da reposição hormonal em homens tem evoluído, entretanto, ainda há muito que precisa ser determinado (RODRIGUES FILHO, 2014).

EFEITOS COLATERAIS E O ABUSO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES

Quando há indicação para terapia de reposição de testosterona, os pacientes que recebem a reposição se beneficiam de melhora na libido, na função erétil, e, em aspectos gerais na qualidade de vida, incluindo melhora na densidade óssea e no ganho de massa muscular (BARBOSA; CURY, 2018).

Apesar da indicação, o uso de testosterona em homens mais velhos tem alguns efeitos adversos, como o aumento do hematócrito e o aumento do risco de biópsia da próstata e detecção de eventos prostáticos. Por apresentarem esses riscos, há uma restrição para o uso da testosterona como terapia anabólica (BHASIN et al., 2006).

Se um hormônio está presente em quantidades excessivas, os efeitos desse hormônio serão exagerados. Inclusive, quando o tratamento termina, a dosagem deve ser diminuída gradativamente a fim de permitir que a hipófise e a glândula suprarrenal possam voltar à sua produção normal de hormônios. Uso em baixas doses de esteroides normalmente não trazem risco de supressão por retroalimentação quando usados corretamente e com indicação clínica (SILVERTHORN, 2017).

Quando usados para aumentar a massa muscular (Parkinson e Evans 2006), eles são frequentemente administrados em doses que excedem a produção masculina natural em 5-100 vezes (BROWER, 2002). Essas doses supra fisiológicas causam grandes alterações no sistema hormonal, que por sua vez provavelmente aumentam os efeitos hormonais sobre cognição, humor e comportamento.

Considera-se que em torno de um terço dos usuários de anabolizantes estabeleçam uma síndrome de dose-dependência, ligado por uma relação desadaptivo na dose de anabolizantes, que se perpetua mesmo frente aos efeitos deletérios (BROWER, 2002; KANAYAMA et al., 2009). Entre os efeitos colaterais adversos relatados para o uso prolongado de anabolizantes, cita-se redução em meios e eventos sociais (HAUGER et al., 2019) e a cognição não social (Bjørnebekk et al. 2019; HAUGER et al., 2020), crescentes sintomas psiquiátricos (OBERLANDER E HENDERSON, 2012), e problemáticas médicas (OSKUI et al., 2013), abrangendo prejuízos cardiovasculares (BAGGISH et al., 2017; RASMUSSEN et al., 2018) e infertilidade (DE SOUZA E HALLAK, 2011).

Os consumidores de anabolizantes que desencadeiam um quadro de dependência relatam taxas elevadas de psicopatologia (KANAYAMA et al., 2009), sofrimento psíquico e disfunção executiva (HAUGER et al., 2020) quando comparados a usuários não dependentes. Sobretudo, a dependência de esteroides anabolizantes, está ligada a comportamentos agressivos e antissociais (COPELAND et al., 1998).

Em mulheres ainda se acarretam efeitos negativos sobre seu aparelho reprodutor tais como, redução dos níveis circulantes do hormônio luteinizante e do hormônio folículo-estimulante (estrogênios e progesterona, respectivamente), alterações do ciclo menstrual, encurtamento da fase lútea e amenorreia (Ip et al., 2010). O tratamento para reposição hormonal em mulheres, pode ser feito com hormônio luteinizante e hormônio folículo-estimulante ou gonadotrofina coriónica humana (HCG) para induzir a ovulação (GOLDMAN; AUSIELLO, 2012).

Pacientes com níveis fisiológicos de testosterona que recebem o hormônio exógeno, atingindo assim níveis supra fisiológicos, poderão enfrentar efeitos colaterais graves, como atrofia testicular e alterações comportamentais. O uso de testosterona, independentemente da idade e de níveis séricos pré-tratamento, levará prejuízo na fertilidade masculina, sendo ela transitória ou persistente (BARBOSA; CURY, 2018).

Os possíveis riscos com o uso de androgênicos se referem aos efeitos colaterais sobre o metabolismo cardiovascular e agravamento do câncer de próstata. O conhecimento dos riscos e benefícios da reposição hormonal em homens tem evoluído, entretanto, ainda há muito que precisa ser determinado (RODRIGUES FILHO, 2014).

Não há comprovação na literatura de qualquer comorbidade grave associada com o uso de pequenas doses de testosterona. Entretanto, ainda é necessário o rastreio e absoluta certeza da inexistência de câncer prostático para uso de testosterona em homens (ORWOLL, 2016)

REFERÊNCIAS

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1Acadêmico de Medicina 12º fase (Internato Médico) – UnC (Mafra – SC);
Mestrando em Saúde Pública – Universidad Europea del Atlántico (Espanha);
Pós-graduado (Lato Sensu) Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Segurança do Trabalho na Indústria;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Gestão em Saúde Pública;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Auditoria, Planejamento e Gestão em Saúde;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Auditoria em Serviço de Saúde;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Auditoria em Contas Médicas e Hospitalares;
Bacharel em Gestão de Comunicação Empresarial;
Bacharel em Publicidade e Propaganda;
Licenciatura em Geografia.

2Acadêmica de Medicina – Universidade Brasil (Fernandópolis – SP);
Pós-graduada (Lato Sensu) em Gestão de Meios de Hospedagem (área de conhecimento: ciências sociais, negócios e direito);
Bacharela em Administração.

3Acadêmica de Medicina – UnC (Mafra – SC)

4Acadêmico de Medicina 12º fase (Internato Médico) – UnC (Mafra – SC);
Mestrando em Saúde Pública – Universidad Europea del Atlántico (Espanha);
Pós-graduado (Lato Sensu) Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Gestão em Saúde Pública;
Pós-graduado (Lato Sensu) em Nutrição Esportiva;
Bacharel em Nutrição;
Tecnólogo em Gerontologia.