USO DE ATROPINA COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA REGRESSIVA NA MIOPIA INFANTO-JUVENIL 

USE OF ATROPINE AS A REGRESSIVE THERAPEUTIC STRATEGY IN CHILDHOOD AND JUVENILE MYOPIA 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202505251605


Aruan Pereira da Cruz1
Luiz Fernando Silva Vieira Júnior2
Rafaela da Silva Vaiandt3
Orientadora: Laura Bariani4


Resumo:

O colírio de atropina com foco em redução da progressão da miopia como uma estratégia de tratamento dose-dependente demonstra uma eficácia potencial na diminuição do distúrbio. O uso desses colírios é benéfico por ser um tratamento não invasivo, indolor e barato. Objetivos: Demonstrar evidências científicas que indicam a eficácia do uso de atropina como estratégia terapêutica para o tratamento da miopia em crianças e adolescentes. Materiais e Métodos: Especificamente para este estudo, seleciona-se a pesquisa exploratória e descritiva em virtude de proporcionar e desenvolver a pesquisa bibliográfica, por extenso e amplo material de discussão, como artigos científicos. A pesquisa bibliográfica foi conduzida de forma abrangente utilizando múltiplas bases de dados eletrônicas, incluindo Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) que abrange LILACS (Literatura latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Google acadêmico, SCIELO (Scientific Electronic Library online) e Pubmed. Os trabalhos científicos publicados nos idiomas em português e inglês e em bases de dados confiáveis, foram considerados para inclusão neste estudo. Resultados: Mediante os dados levantados, identificou-se que a atropina, especialmente em baixas concentrações como 0,025%, reduz de forma eficaz a progressão da miopia em crianças. Seu mecanismo de ação envolve os receptores muscarínicos da retina e da esclera, embora ainda não seja totalmente compreendido. A intervenção precoce é fundamental para prevenir complicações graves na vida adulta. Considerações Finais: Conclui-se que doses mais baixas de atropina apresentam eficácia na redução da progressão da miopia em crianças. Ainda assim, são necessários mais estudos para elucidar completamente seus mecanismos de ação.

Palavras-chave: Atropina, Miopia, Terapêutico. 

Abstract:

Atropine eye drops, aimed at reducing myopia progression as a dose-dependent treatment strategy, demonstrate potential efficacy in mitigating the disorder. The use of these eye drops is advantageous, as it represents a non-invasive, painless, and cost-effective treatment. Objectives: To present scientific evidence indicating the effectiveness of atropine as a therapeutic strategy for treating myopia in children and adolescents. Materials and Methods: For this study, exploratory and descriptive research was selected, as it enables the development of a comprehensive literature review based on a wide range of discussion materials, such as scientific articles. The bibliographic research was conducted extensively using multiple electronic databases, including the Virtual Health Library (VHL), which encompasses LILACS (Latin American and Caribbean Health Sciences Literature), Google Scholar, SCIELO (Scientific Electronic Library Online), and PubMed. Scientific studies published in Portuguese and English and sourced from reliable databases were considered for inclusion in this study. Results: Based on the collected data, it was identified that atropine, especially in low concentrations such as 0.025%, effectively reduces myopia progression in children. Its mechanism of action involves muscarinic receptors in the retina and sclera, although it is not yet fully understood. Early intervention is essential to prevent severe complications in adulthood. Final Considerations: It is concluded that lower doses of atropine are effective in reducing the progression of myopia in children. However, further studies are necessary to fully elucidate its mechanisms of action.

Keywords: Atropine, Myopia, Therapeutic.

INTRODUÇÃO

A miopia é uma das principais causas de deficiência visual no mundo, caracterizando-se pela dificuldade em enxergar objetos distantes de forma nítida. Sua prevalência vem elevando-se de maneira alarmante nas últimas décadas, tornando-se um importante problema de saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, até 2050 entorno de 4,758 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, serão míopes, sendo que cerca de 938 milhões apresentarão a doença em estágio avançado, com risco importante de cegueira (Gifford et al., 2019; Cheung et al., 2021). A miopia configura-se como uma condição ocular de elevada prevalência global (Jakobsen et al., 2023).

Neste contexto, esse crescimento é particularmente preocupante em países asiáticos, onde a prevalência entre adolescentes já ultrapassa os 80%, chegando a 96% na Coreia do Sul (Gifford et al., 2019). A progressão da miopia é geralmente mais acentuada durante a infância, com tendência à estabilização por volta dos 15 a 16 anos. Porém, estudos longitudinais mencionam que essa condição pode continuar a se desenvolver, ou até mesmo surgir, na vida adulta, especialmente entre estudantes universitários (Lee et al., 2022; Cheung et al., 2021).

Dessa forma, diversos fatores estão associados na etiologia da miopia, incluindo componentes genéticos, ambientais e estruturais. A predisposição genética é evidente, com filhos de pais míopes apresentando maior probabilidade de desenvolver a condição (Cunha, 2000; Ohsugi, 2017). Assim, estruturalmente, o aumento do comprimento axial do globo ocular, a debilidade da esclera e mudanças na retina e na coroide são frequentemente interligadas à progressão da miopia (Cunha; Correia, 2018), podendo levar a complicações como descolamento de retina, degeneração macular miópica e glaucoma. 

Portanto, a escolha de investigar a eficácia da atropina se baseia na gravidade do problema da miopia, tanto no presente quanto no futuro. A previsão de que metade da população mundial poderá ser míope até 2050 destaca a relevância de encontrar intervenções e alternativas que sejam acessíveis e eficazes. Dessa forma, o uso de colírios de atropina pode ser uma alternativa promissora às cirurgias refrativas, especialmente para os jovens. Além disso, embora os estudos já realizados sejam, em sua maioria, bem fundamentados e tenham amostras representativas, ainda existem limitações, como a falta de diversidade nas populações estudadas e a escassez de dados locais.

Dessa forma, esta pesquisa visa destacar, com base na literatura científica, a eficácia do uso do colírio de atropina para retardar a progressão da miopia em crianças, levando em consideração diferentes dosagens, possíveis efeitos colaterais, indicações e contraindicações.

Desse modo, este estudo tem como objetivo analisar a eficácia e a segurança da atropina como uma forma de tratamento para a miopia em crianças e adolescentes. Assim, investigar como diferentes concentrações da substância afetam a progressão da miopia.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de natureza qualitativa ilustrado no Fluxograma 1, com delineamento exploratório e descritivo, desenvolvida por meio de revisão bibliográfica sobre o uso da atropina como estratégia terapêutica para o controle da miopia infanto-juvenil. Segundo Bunge (apud Marconi; Lakatos, 2017), a metodologia é entendida como um procedimento sistemático e passível de replicação, voltado à obtenção de resultados materiais ou conceituais. 

Fluxograma 1 – Etapas de elaboração da metodologia

Fonte:  autoria do autor (2025)

De acordo com Gil (2017), o estudo de caso, aqui utilizado, permite uma análise profunda e detalhada de um objeto específico, favorecendo uma compreensão mais ampla do fenômeno investigado. A coleta de dados foi realizada por meio de buscas em bases eletrônicas reconhecidas na área da saúde, como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que abrange a LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), além do Google Acadêmico, SciELO (Scientific Electronic Library Online) e PubMed. As estratégias de busca utilizaram descritores em Ciências da Saúde (DeCS), tais como “Atropina”, “Miopia” e “Terapêutico”, bem como suas correspondências em inglês: “Atropine”, “Myopia” e “Therapeutic”.

Foram incluídos na análise artigos científicos publicados em português e inglês, que estivessem alinhados aos objetivos propostos. Em contrapartida, foram excluídas publicações de fontes não científicas, como blogs e sites, bem como estudos duplicados nas bases consultadas. A análise dos dados foi realizada por meio de leitura crítica e reflexiva, com organização do material por temas e conceitos relacionados ao objeto de estudo. Buscou-se identificar padrões, tendências e observações recorrentes a respeito do uso da atropina na redução da miopia em crianças e adolescentes. 

3 ASPECTOS GENÉTICOS, FATORES DE DEBILIDADE ESCLERAL E AMBIENTAIS DA MIOPIA

A maioria das pesquisas sobre doenças oculares e erros de refração foca em crianças ou em adultos mais velhos, deixando de lado a saúde ocular dos adultos jovens, que geralmente já têm a visão estabilizada. Essa fase da juventude é importante, pois a saúde dos olhos costuma estar no seu melhor, e problemas como a miopia já se fixaram. Estudar essa faixa etária, em vez de se concentrar apenas nas crianças, pode revelar informações valiosas sobre fatores que afetam a saúde ocular desde cedo (Lee; Mackey, 2022).

Um dos tipos de miopia, chamada miopia axial, ocorre quando o comprimento do olho é maior, fazendo com que a luz se concentre antes de atingir a retina. A miopia é um problema de saúde pública bastante comum e sua prevalência continua alta. Atualmente, cerca de 30% da população mundial é míope. Além disso, a alta miopia pode trazer custos sociais e econômicos significativos. Neste contexto, à medida que as crianças crescem, uma série de complicações de doenças associadas à alta miopia, entre elas, o descolamento de retina, glaucoma, degeneração macular e outras deficiências visuais irreversíveis também se desenvolvem (Chen; Yao, 2024).

A miopia é o distúrbio mais frequente globalmente. A miopia tem várias origens possíveis, porém a pesquisa ainda não elucidou definitivamente a relevância de cada uma delas. A influência genética é a mais reconhecida devido que filhos de pais míopes têm uma probabilidade maior de desenvolver miopia. As miopias se dividem em primárias e secundárias. As formas primárias se subdividem em fisiológicas, intermediárias, patológicas e por curvatura. As formas secundárias decorrem de alterações estruturais no globo ocular, como por exemplo as secundárias ao alongamento do globo, como no glaucoma juvenil (Forward; Hewitt; Mackey, 2012). Diversos tipos de miopia primária podem ser distinguidos com base no comprimento axial do olho ou, mais comumente, em sua condição refrativa.

Na miopia fisiológica os olhos são normais quanto ao aspecto fundoscópico: Na intermediária o comprimento axial está aumentado e as alterações fundoscópicas são mínimas, como a formação de crescentes peripapilares e discreta palidez da coroide. Na miopia patológica ocorre alongamento do globo e alterações em todas as camadas do olho. Ao exame fundoscópico pode se observar estafilomas posteriores, degeneração macular e membranas neovasculares. Os indivíduos com miopia por curvatura são aqueles que apresentam alterações importantes na córnea, como ceratocone, ou no cristalino, como esferofaquia. Como o comprimento axial do globo nestes casos é normal, o risco de degeneração na retina não difere dos olhos emétropes (Cunha, 2000).

No que diz respeito à predisposição genética, pesquisas indicam que a herança pode se manifestar de forma dominante, autossômica, recessiva ou poligênica. Na miopia autossômica dominante a miopia se desenvolve tardiamente na infância e usualmente não atinge altos graus. A miopia autossômica recessiva é característica de comunidades com alta frequência de consanguinidade, mas também está relacionada a alguns casos esporádicos (Pacella, 1999). A miopia patológica. Existe sempre uma história familiar, havendo evidências de ser decorrente de herança autossômica recessiva (Mantyjarvi, 1999).

A debilidade da esclera pode estar relacionada à fibrogênese defeituosa, a qual pode ser congênita ou resultante de doenças sistêmicas. Existe uma resposta inadequada ao crescimento do globo e subsequente alongamento, mesmo com a pressão intra-ocular normal. O alongamento se localiza principalmente na porção posterior do globo, produzindo alterações adversas da coroide e da retina (Cunha, 2000). Finalmente fatores socioeconômicos e culturais também podem influenciar a prevalência e progressão da miopia. Dados epidemiológicos mostram haver maior prevalência em áreas urbanas do que em áreas rurais (Lithander, 1990).

3.1 USO DE ATROPINA NA MIOPIA COMO FORMA DE REGRESSÃO DO DISTÚRBIO INFANTO-JUVENIL

A Organização Mundial de Saúde (OMS) menciona o controle da miopia como uma das principais prioridades para os próximos anos. A OMS levou em consideração não somente o impacto financeiro, mas o aumento dos riscos das complicações da alta miopia já relatadas em países asiáticos (Ohsugi, 2017), continente mais populoso mundialmente. Portanto, reduzir a incidência de miopia com atropina é de grande importância clínica devido ao alto risco de perda funcional da visão associada à miopia patológica.

Existem algumas teorias mais atuais para explicar o mecanismo de ação da atropina no decréscimo do crescimento diâmetro anteroposterior (DAP), como a inibição de receptores muscarínicos de células amácrinas da média periferia retiniana, o aumento da dopamina intraocular pela maior entrada da luz, porém elas ainda não foram totalmente esclarecidas (Mcbrien, 2011).

Neste contexto, DAP refere-se ao diâmetro anteroposterior, que é a medida do diâmetro frontal-posterior do olho, importante para entender o desenvolvimento e a progressão da miopia. A atropina tem sido estudada por seu efeito no decréscimo do crescimento axial do olho em casos de miopia. Teorias como a inibição de receptores muscarínicos em células amácrinas da retina periférica e o aumento da dopamina intraocular são algumas das explicações propostas, como afirma o autor. 

Os pesquisadores Celso Marcelo da Cunha, Renato José Bett Correia e Jéssica Teixeira Cunha, realizaram um estudo no Hospital Geral Universitário e do Oftalmocenter Santa Rosa, em Cuiabá, MT, onde conduziram uma amostra composta por pacientes com idades entre 6 e 12 anos. Um total de sessenta pacientes foram escolhidos entre janeiro e abril de 2015.

Os pacientes selecionados possuíam acuidade visual maior de 0,07 ou superior, com equivalente esférico da refração variando entre -1,00 e -6,00 dioptrias esféricas, refratividade cilíndrica inferior a -1,00 dioptrias cilíndricas e uma taxa anual de progressão igual ou superior a 0,50 dioptrias esféricas (verificadas através dos óculos e receitas anteriores). Foram excluídos os indivíduos que não atendiam aos critérios de inclusão, com anisometropia acima de 1,50 dioptrias esféricas, alteração em outros aspectos do exame oftalmológico, astigmatismo irregular, prematuros, pacientes com síndromes, distúrbios neuropsicomotores e aqueles que deixaram de usar o colírio por mais de 10 dias seguidos ou não completaram o acompanhamento recomendado.

Avaliou-se, ainda, a ceratoscopia computadorizada e a DAP do globo ocular com biômetro óptico. Os pacientes foram avaliados quanto ao uso correto da medicação, acuidade visual e refração sem cicloplegia quadrimestralmente (Cunha; Correia, 2018). Os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo o primeiro grupo recebendo o colírio de atropina 0,025% manipulado todas as noites e prescreveu-se a refração total com lentes com antirreflexo de multicamadas. E o segundo grupo utilizou-se apenas refração total com lentes incolores. Os resultados da pesquisa aduzem significativamente a redução da progressão da miopia com o uso de atropina de 0,025% utilizado no primeiro grupo em comparação ao segundo grupo.

Kim e companheiros (2018) avaliaram a segurança e a eficácia de alternadas concentrações de atropina (0,01%, 0,025% e 0,05%) em crianças coreanas. Os resultados apresentaram que a concentração de 0,025% foi eficaz em diminuir a progressão da miopia, com uma taxa de progressão de -0,047 dioptrias por mês, significativamente reduzida em comparação ao grupo que não recebeu tratamento. 

Em concordância, Li e colaboradores (2023), analisaram os efeitos de colírios de atropina a 0,05% na progressão da miopia em crianças. Assim, em seus resultados demostraram que, ao longo de 12 meses, o grupo tratado com atropina apresentou uma progressão significativamente reduzida da miopia comprada ao grupo placebo. Especificamente, a alteração no equivalente esférico foi de -0,03 ± 0,28 dioptrias no grupo tratado, contra -0,32 ± 0,14 dioptrias no grupo placebo. Além disso, o alongamento axial foi reduzido no grupo tratado (0,06 ± 0,11 mm) comprado ao grupo placebo (0,17 ± 0,12 mm).

Dessa forma, baixas concentrações de atropina reduzem-no efetivamente. A miopia ocorreu em 65% da população deste estudo há 2 anos. Uma concentração de 0,025% indica mais eficácia em comparação a 0,01%, e nenhuma lente fotossensível é necessária. Quanto mais crianças e jovens tiverem acesso ao tratamento, menor será a probabilidade de desenvolver miopia na idade adulta e os riscos associados às complicações que enfrentarão.

3.2 EFEITOS NO USO DE ATROPINA NOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS

A atropina, um potente antagonista não seletivo do receptor muscarínico encontrado no músculo ciliar, retina e esclera humanos, é o agente farmacológico mais estudado para retardar a progressão da miopia (Chua, 2006). Ainda não está claro como a atropina retarda a progressão da miopia e não há consenso sobre o seu local de ação (Mcbrien 2013). Embora os primeiros estudos tenham sugerido que o controle pode ser alcançado através dos efeitos da atropina na acomodação do cristalino, estudos mais recentes mostraram efeitos desadaptativos da atropina na retina e na esclera (Stone, 1991; Mcbrien 1993). 

Na retina, as células amácrinas podem expressar receptores muscarínicos em suas membranas celulares (Arumugam, 2011). A ligação da atropina aos receptores muscarínicos nas células amácrinas pode aumentar a liberação de dopamina, um mediador químico que inibe o crescimento ocular. A atropina reduz o neurotransmissor ácido γ-aminobutírico na retina de ratos induzidos por miopia (Barathi, 2014).

Outras possibilidades incluem o efeito da atropina na esclera. Os fibroblastos esclerais expressam receptores muscarínicos em suas membranas celulares, e a ligação da atropina a esses receptores pode interferir no remodelamento escleral (Gallego, 2012). Os efeitos da atropina no crescimento ocular podem não ocorrer através de mecanismos adaptativos. Como o efeito inibitório da atropina sobre o crescimento ocular também foi observado em pintinhos, esses animais ativam o músculo ciliar através de receptores nicotínicos em vez de receptores muscarínicos (Thomson; Morgan; Riddell, 2021).

4 CONSIDERAÇÕES

Com o aumento da miopia, especialmente entre os jovens, é muito fundamental compreender os multifatores fatores que podem levar ao seu avanço e desenvolvimento, como questões ambientais, genéticas e alterações na estrutura dos olhos. Este estudo destaca que, embora as causas da miopia sejam diversas e ainda não totalmente compreendidas, já conseguimos fazer progressos importantes na identificação de formas de controle e manejo da doença. Um exemplo é o uso de atropina em baixas concentrações, assim, os resultados demonstram que o uso de atropina a 0,025% é eficaz para reduzir a progressão do comprimento axial dos olhos em crianças, possivelmente atuando por meio de processos neuroquímicos e estruturais que envolvem receptores muscarínicos na retina e na esclera.

Desse modo, essas evidências destacam a importância de adotar medidas preventivas e tratamentos desde cedo, não só para controlar a miopia, mas também para reduzir as complicações que podem surgir na vida adulta devido à miopia patológica. Assim, integrar abordagens terapêuticas importantes em evidências, associadas com um acompanhamento constante da saúde ocular em crianças, pode ser um grande passo para lidar com esse desafio de saúde pública que afeta o mundo todo.

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