USO DE ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS EM ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE GURUPI – UNIRG

USE OF ANXIOLYTICS AND ANTIDEPRESSANTS IN PHARMACY STUDENTS AT THE UNIVERSITY OF GURUPI – UNIRG

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410101202


Carlos Vinicius Lima de Paula1; Agamenon Almeida de Oliveira2; Kelly Mayanny Inácio Silva3; Delma da Silva Lima4; Douglas dos Santos silva5; Talia Gonçalves Ribeiro Matias6; Daniel Carvalho Diniz7; Kamila Gomes Costa Gaudioso8; Hávilla Clycia Oliveira Siqueira Figueira9; Thales Guilherme Silva Campos10


Resumo

O estudo teve como objetivo avaliar o uso de antidepressivos e ansiolíticos em acadêmicos do curso de farmácia da universidade de Gurupi-UNIRG. A metodologia adotada foi predominantemente qualitativa, quantitativa, descritiva com abordagem exploratória. A pesquisa qualitativa buscou discutir conceitos a partir da análise de dados empíricos, quantitativo confere maior exatidão ao modo como uma variável funciona e se relaciona com as outras enquanto a natureza descritiva focou na compreensão detalhada de fenômenos sem manipulá-los, visando identificar padrões de regularidade no comportamento humano, tanto individual quanto em grupos, a pesquisa exploratória teve como objetivo proporcionar familiaridade com o objeto de estudo, sendo útil quando a definição clara do problema é necessária. Foi utilizada para obter dados iniciais e desenvolver uma abordagem mais profunda, explorando uma situação específica por meio de métodos abrangentes, a investigação foi conduzida utilizando a ferramenta “GOOGLE FORMS”, direcionada a estudantes de farmácia do primeiro ao décimo período. O método empregado consistiu em questionários estruturados, cuidadosamente formulados para alcançar os objetivos da pesquisa. Com o estudo, concluiu-se que o gênero feminino com idade entre 18 e 22 anos são os que mais buscam tratamento farmacológicos para ansiedade e depressão, sendo o escitalopram o medicamento mais utilizado para o tratamento.

Palavras-chave: Ansiedade; Acadêmicos; Ansiolíticos; Antidepressivos.

ABSTRACT

The aim of this study was to assess the use of antidepressants and anxiolytics among pharmacy students at the University of Gurupi-UNIRG. The methodology adopted was predominantly qualitative, quantitative, and descriptive with an exploratory approach. Qualitative research sought to discuss concepts based on the analysis of empirical data, quantitative gives greater accuracy to the way a variable works and relates to others, while the descriptive nature focused on the detailed understanding of phenomena without manipulating them, aiming to identify patterns of regularity in human behavior, both individual and in groups, exploratory research aimed to provide familiarity with the object of study, being useful when a clear definition of the problem is required. It was used to obtain initial data and develop a more in-depth approach, exploring a specific situation through comprehensive methods. The investigation was conducted using the “GOOGLE FORMS” tool, aimed at pharmacy students from the first to the tenth period. The method used consisted of structured questionnaires, carefully formulated to achieve the research objectives. The study concluded that females aged between 18 and 22 are the ones who most often seek pharmacological treatment for anxiety and depression, with escitalopram being the drug most used for treatment.

Keywords: Anxiety; Academics; Anxiolytics; Antidepressants.

1 INTRODUÇÃO

Os desafios psicológicos, especificamente a ansiedade e a depressão, surgem como temas de considerável importância na contemporaneidade, especialmente entre estudantes que se preparam para adentrar no campo da saúde. Estes distúrbios, inicialmente interpretados como respostas naturais do sistema nervoso a situações percebidas como ameaçadoras, assumem uma natureza mais preocupante quando persistem e evoluem para transtornos significativos de ansiedade e depressão (Zancan et al., 2021).

A ansiedade, caracterizada por uma mistura de medo, angústia e preocupação em relação ao futuro, aliada à depressão, que abarca diversos aspectos psicológicos como ruminação de pensamentos negativos e avaliação da imagem corporal, compõem um cenário psicológico complexo. Notavelmente, as mulheres tendem a apresentar uma inclinação maior à ruminação, enquanto os homens demonstram habilidades distintas na adoção de estratégias de enfrentamento centradas na evitação de pensamentos pessimistas (Neri; Teston; Araújo, 2020).

No âmbito acadêmico, observamos uma prevalência elevada desses distúrbios entre estudantes que almejam carreiras na área da saúde, ultrapassando a média da população em geral. A trajetória acadêmica, conhecida por sua carga intensa de estresse, impõe desafios que espelham, em muitos aspectos, as pressões que os futuros profissionais enfrentarão em suas carreiras (Palmeira et al., 2016).

Conforme ressaltado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017, a depressão e a ansiedade surgem como desafios de considerável magnitude em termos de saúde pública na contemporaneidade. Numerosas pesquisas corroboram essa afirmação, indicando que aproximadamente de 15% a 29% dos estudantes universitários, principalmente na área da saúde, vivenciam algum distúrbio psiquiátrico ao longo de sua jornada acadêmica. Este cenário instiga uma investigação mais profunda das nuances psicológicas enfrentadas por esses estudantes, não apenas para compreensão, mas também para a implementação de estratégias de apoio e intervenção eficazes (OMS, 2017).

A prevalência do uso de ansiolíticos e antidepressivos entre estudantes universitários tem aumentado ao longo dos anos. Estresse acadêmico, ansiedade, depressão e outros fatores podem levar mais estudantes a buscarem o tratamento farmacológico. Portanto, nesta conjectura se faz a seguinte pergunta norteadora: Qual a incidência quanto ao uso de antidepressivos e ansiolíticos em acadêmicos do curso de farmácia da Universidade de Gurupi – UNIRG?

Esta pesquisa se justificou pela necessidade de compreender em profundidade os fatores que levam os acadêmicos do curso de Farmácia a recorrerem ao uso de ansiolíticos e antidepressivos, bem como as implicações desse uso em sua saúde mental e desempenho acadêmico.

Sendo assim, o estudo teve como objetivo avaliar o uso de antidepressivos e ansiolíticos em acadêmicos do curso de farmácia da Universidade de Gurupi (UNIRG).

2 METODOLOGIA

O método utilizado na pesquisa foi exploratório, descritiva, caracterizada por um caráter qualitativo e quantitativo. Um estudo qualitativo propõe-se a discutir conceitos a partir de dados empíricos; o método quantitativo confere maior exatidão ao modo como uma variável funciona e se relaciona com as outras (Koche, 2011). Por sua vez, a natureza descritiva da pesquisa envolveu a análise e comparação de fatos sem manipulá-los, com o objetivo fundamental de compreender, com o máximo de detalhes possível, como ocorre um fenômeno e identificar padrões de regularidade. Essa análise direcionou-se para a compreensão das diversas relações que envolvem o comportamento humano, tanto de maneira isolada quanto em contextos mais complexos de grupos.

Comumente utilizada em situações em que a definição clara do problema é necessária, a pesquisa exploratória buscou obter dados iniciais e desenvolver uma abordagem mais aprofundada.

Realizamos a investigação por meio da utilização da ferramenta “Google Forms”, envolvendo estudantes matriculados no curso de Farmácia da Universidade de Gurupi – UNIRG, localizada na cidade de Gurupi situada na região sul do estado do Tocantins. Este processo foi conduzido por meio de questionários estruturados, contendo perguntas cuidadosamente formuladas.

Os critérios de inclusão adotados foram estudantes oficialmente matriculados no curso de farmácia durante o período letivo de 2024/1 e que, concordar com sua participação voluntária na pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os critérios de exclusão foram não estar matriculado; estudantes matriculados em outros cursos da Universidade e alunos que se negarem a responder a pesquisa ou respondê-la parcialmente.

Foi desenvolvido um questionário estruturado dividido em duas seções principais, A B e C cada uma com enfoques distintos. A Seção A abordou o perfil socioeconômico e demográfico dos participantes, consistindo em seis questões perguntas objetivas. Estas questões visaram avaliar a situação geral de saúde, incluindo informações como idade, gênero e período do curso.

Na Seção B, foram apresentadas perguntas específicas sobre a hábito de vida relatadas pelos participantes, as quais são apontadas como possíveis motivos para o uso desses medicamentos.

Adicionalmente, a Seção C dedicou-se a questões voltadas para situação de saúde relacionadas com ansiedade e depressão.

A abordagem para a coleta de dados foi realizada em sala de aula, contando com a autorização da coordenadora do curso de farmácia. Os alunos foram convidados a responder o questionário por meio da plataforma “Google Forms”.

O instrumento utilizado para a obtenção de dados um questionário, foi elaborado de forma online, via Google Forms, e aplicado remotamente pelo Whatsapp e/ou pelo e-mail.

Inicialmente foi enviado um link para o participante contendo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após ler e aceitar participar da pesquisa, o entrevistado recebeu o questionário contendo perguntas objetivas e subjetivas com foco nos alvos do presente estudo.

Os riscos inerentes à pesquisa são mínimos, visto que não trará implicações emocionais severas ou físicas. O risco de exposição dos dados pessoais que acarretem a identificação do participante é nulo, uma vez que ele responderá de forma anônima.

Uma pesquisa relacionada ao uso de ansiolíticos e antidepressivos em acadêmicos do curso de farmácia pode oferecer diversos benefícios, tanto para a comunidade acadêmica quanto para profissionais da saúde. Alguns desses benefícios incluem: compreensão da saúde mental, melhoria do suporte institucional, contribuição para pesquisa futuras

Na avaliação dos dados obtidos, empregamos a abordagem da estatística descritiva com o intuito de estruturar e compreender as informações de acordo com os propósitos da pesquisa. Para examinar os dados quantitativos e qualitativos será efetuada a aplicação de técnicas estatísticas descritivas através amostragem determinando a população-alvo (acadêmicos de farmácia) os dados serão disponibilizados através da plataforma Google Forms as principais ferramentas de análise estatística, como o Excel, SPSS ou R.

O protocolo de pesquisa foi encaminhado para avaliação pelo Comitê de Ética da Universidade de Gurupi – UnirG, e foi requerida a autorização para a coleta de dados na referida instituição.

Todos os participantes tiveram acesso às perguntas do questionário somente após expressarem concordância com os termos do consentimento livre e esclarecido. Aos alunos que optaram por participar da pesquisa e manifestaram seu consentimento por meio da declaração no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foi assegurado o direito ao anonimato, à isenção de custos ou benefícios, bem como à possibilidade de desistência a qualquer momento durante o decorrer da pesquisa. Este estudo foi conduzido em conformidade com os princípios éticos estabelecidos pela Resolução CNS 466/2012.

Foram realizados levantamentos de artigos científicos para a construção do referencial teórico, publicados entre os anos de 2019 e 2023, retirados de fontes de pesquisa tais como: Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (SciELO), United States National Library of Medicine (PubMED) e Google Scholar.

Foram encontrados 49 artigos com bases nos descritores: “Ansiedade”; “Acadêmicos”; “Ansiolíticos” e “Antidepressivos” e após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, leitura dos títulos, resumos, foram selecionados 18 artigos considerados relevantes para o desenvolvimento do tema (Figura 1).

Figura 1 – Fluxograma da seleção dos artigos científicos

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um dos momentos mais desafiadores para os acadêmicos, além das mudanças hormonais típicas da adolescência, da tendência à rebeldia em relação aos pais e professores e da incerteza em relação ao futuro profissional, esses jovens também enfrentam extensas e estressantes jornadas de estudos. Eles experimentam uma pressão considerável para obterem bons resultados, considerando o investimento financeiro que suas famílias fazem nessa etapa de suas vidas. Diversos fatores contribuem para o surgimento de níveis significativos de ansiedade entre os acadêmicos, e em muitos casos, essa ansiedade ultrapassa os níveis considerados normais, o que pode prejudicar seu desempenho durante as provas. A sensação de incerteza e insegurança, que faz parte do processo de desenvolvimento nessa fase da vida, é agravada pela pressão de amigos e da sociedade em geral para que obtenham aprovação no vestibular (Araújo; Barboza; Guedes, 2022).

Ansiedade, e estresse estão comumente associados aos estudantes universitários, pois o ingresso no âmbito universitário promove diversas adaptações e mudanças na vida dos estudantes, que passam por novos desafios, dentre eles: começar a viver sozinho, buscar autonomia e situações desafiadoras em sua formação. Tais fatores predispõem a presença de sintomas de estresse e ansiedade, sendo estes muito frequentes nessa população, podendo influenciar no rendimento acadêmico.

O sexo feminino, segundo Wilkon et al., (2021), está mais suscetível a depressão e ansiedade devido as dificuldades socioeconômicas ou por não praticarem atividades físicas. Flesch et al., (2020) complementam em seu estudo, que no meio acadêmico, o sexo feminino que possuem entre 21 e 23 anos de idade passam por situações de histórico familiar de depressão ou abuso de drogas ilícitas e álcool, motivos que levam a casos de ansiedade e depressão.

A tabela abaixo exemplifica esse contexto, pois demonstra que a maioria dos acadêmicos do curso de farmácia desta universidade, que participaram da pesquisa, são mulheres que têm entre 18 e 22 anos, e com um perfil sociodemográfico mais heterogêneo (Tabela 1).

Tabela 1 – Perfil Sociodemográfico.

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Os resultados sociodemográficos apresentados na tabela 1 são os seguintes: Estado civil: casado (12,9%), solteiro (84,3%) e outros (2,9%); renda familiar: 1 a 3 salários mínimos: (65,7%), 4 a 6 salários (18,6%), 7 a 10 salários (10%), 10 a 15 salários (4,3%) e acima de 15 salários (1,4%); mora com os pais (51,4%), cônjuge (15,7%), sozinho (24,3%) e outros (8,6%); e cursando o 2° período (27,5%), 4° período (1,4%), 5° período (14,5%), 6° período (26,1%), 7° período (4,3%), 8° período (5,8%) e 10° período (20,3%).

Em relação ao estado civil, a prevalência é maior para os acadêmicos solteiros, sendo (84,3%) dos entrevistados, o mesmo resultado foi encontrado no estudo realizado pelos autores Damasceno et al., (2019), que desenvolveram uma pesquisa com estudantes de farmácia que fazem o uso de ansiolíticos e antidepressivos em uma Universidade Pública e uma Privada no município localizado no interior da Bahia, onde 83,8% dos acadêmicos responderam que eram solteiros.

 A renda familiar é um fator que pode contribuir para o uso de antidepressivos e ansiolíticos por gerar preocupações nos acadêmicos sobre como irá manter os estudos, e acabam afetando o desempenho estudantil. Dos entrevistados, 65,7% possuem a renda familiar de 1 a 3 salários-mínimos enquanto 1,4% recebem acima de 15 salários-mínimos. Já Barbosa et al., (2020) encontraram outros resultados com um estudo aplicado a 115 universitários em que a maioria tem a renda familiar acima de 15 salários-mínimos (22,61%) (1,74%) tinham renda de um salário-mínimo.

Com a realização de levantamento de dados que corroborassem com os resultados sobre com quem os universitários moram, foram encontrados resultados que discordam desse estudo. Souza et al., (2023) identificaram que 47,40% moram com cônjuge, 36,90% com os pais e 10,50% sozinhos e Cardoso et al. (2021), já encontraram outro resultado, sendo 57,57% moram sozinho, 18,2% com os pais e 3,03 moram com o cônjuge.

Os semestres letivos que tiveram maior número de acadêmicos que fazem o uso de antidepressivos e ansiolíticos foram o 2º, 6º e 10° período, resultado diferente da pesquisa de Pereira et al., (2023) sendo: 8° período (26%), 5° período (14%) e 6º período (12,3%).

A vida universitária envolve uma série de interações sociais e exige dos estudantes habilidades acadêmicas, essa experiência pode ter um impacto negativo na saúde mental dos universitários, levando ao desenvolvimento de transtornos mentais. Isso ocorre devido a mudanças significativas em relação à preparação no ensino médio, como a carga de estudos intensa, a pressão em trabalhos e provas, a necessidade de lidar com a autoridade dos professores, a necessidade de falar em público, a exploração de novas atividades e amizades, a convivência com colegas desconhecidos longe da família e a responsabilidade de trabalhar para se sustentar, diante de todas essas condições, os estudantes universitários precisam fazer ajustes significativos e tentar se adaptar a elas (Pereira et al., 2023).

Para Duarte e Santos (2022) diversos fatores estão associados aos casos de ansiedade e depressão em pesquisas com estudantes universitários como: hábito alimentar, qualidade do sono, baixa atividade física, uso de drogas e álcool e preocupação com futuro profissional.

Segundo mostra a pesquisa realizada Universidade de Gurupi com acadêmicos dos cursos da área da saúde, a maioria dos universitários tem uma qualidade de sono saudável, sendo 60% dos entrevistados e 54,3% praticam atividade física, porém 55,7% têm pouco hábito saudável de alimentação, 98,6% preocupam com o futuro profissional e 48,5%, consomem bebidas alcoólicas (Tabela 2).

Tabela 2 – Hábitos de vida e situação de saúde

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Experiências traumáticas como abuso, acidentes graves, violência ou eventos naturais catastróficos, o estresse crônico, causado por pressões persistentes no trabalho, na escola ou em casa, estilo de vida pouco saudável, podem desencadear a ansiedade e depressão como uma resposta protetora do cérebro, devido à incerteza e demandas emocionais associadas. O abuso de substâncias, incluindo álcool, drogas ilícitas ou medicamentos inadequadamente prescritos, pode afetar a química cerebral e agravar os sintomas de ansiedade e depressão (Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais 2022; Santos, 2021) (Tabela 3).

Tabela 3 – Hábitos de vida e situação de saúde

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

A situação de saúde dos acadêmicos é 8,6% tem depressão e 10% desses tiveram o diagnóstico em um ano e o nível de depressão predominante é o leve com 60,9%. Já 74,6% têm ansiedade com tempo de diagnóstico de dois anos (22,2%), sendo a maioria a ansiedade moderada (47,9%).

A prevalência global do transtorno de ansiedade situa-se em cerca de 7,3%. O transtorno depressivo maior (TDM) atinge uma vasta parcela da população mundial, afetando mais de 300 milhões de indivíduos. Isso equivale a uma prevalência global estimada em torno de 6% (Teng et al., 2021). Na população mundial é sabido que diversos elementos guardam correlação com tais distúrbios, entre os quais merecem destaque os aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais, bem como uma série de variáveis abrangentes, que abarcam o gênero (com uma maior incidência em mulheres), nível de renda, anos de escolaridade, o consumo de álcool e tabaco, além das doenças crônicas (Costa et al., 2019).

A depressão e ansiedade pode ser categorizada em três níveis distintos: leve, moderada e grave. Na fase leve, o indivíduo não experimenta complicações severas e consegue realizar suas atividades cotidianas normalmente. Na moderada, as dificuldades na execução das tarefas diárias são mais persistentes e notáveis. Já na grave, podem ocorrer sintomas psicóticos, e o risco de morte, seja por suicídio, desnutrição ou desidratação, se torna evidente (Silva et al., 2021).

Há uma alta taxa de uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos e 64% deles começaram usar após ingressarem na universidade, destes 42,9% afirmaram que usam por causa do estresse acadêmico e 48,1% raramente usam com frequência. A pesquisa também mostrou que o Escitalopram é o medicamento mais usado, considerado o mais seletivo e tolerado, seguido da Amitriptilina e sertralina, além de outros, conforme mostra a tabela 3.

Em relação às práticas farmacológicas convencionais, costuma-se prescrever fármacos psicotrópicos no tratamento da ansiedade e depressão. Esses medicamentos são caracterizados como substâncias que afetam o sistema nervoso central (SNC) e têm potencial para criar dependência. (Carvalho et al., 2021).

O Escitalopram pertence à classe de Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina operam ao bloquear o transportador de serotonina, conhecido como 5HTT. Isso, por sua vez, aumenta a quantidade de serotonina (5HT) disponível na fenda sináptica, permitindo que ela exerça seu efeito no neurônio. Embora esses medicamentos sejam indicados para tratamento prolongado de ansiedade e depressão, não é aconselhável seu uso durante o período de amamentação. Isso ocorre porque aproximadamente 17% da dose de ISRS ingerida pela mãe é transmitida para o leite, e já foram relatados sintomas de abstinência em recém-nascidos, como tremores e irritabilidade, em decorrência desse medicamento (Demarchi et al., 2020).

Na maioria dos casos, a prescrição foi realizada por especialista com 50% dos casos, 46,7% acreditam que o curso influencia no uso de medicamento, 61% dos universitários conhecem os efeitos colaterais que podem ser causados pelos medicamentos como sonolência, náuseas, tontura e até pensamentos suicidas (Ortiz; Oliveira, 2023).

 Dos entrevistados, 43,2% já buscaram outras modalidades de tratamentos não medicamentosos e a maioria, totalizando 71,4% não conhece o apoio psicológico da IES e 53,3% classificaram como “boa” a melhora dos sintomas após tratamento.

Portanto os estudantes universitários, especialmente em curso voltado para saúde, enfrentam um risco aumentado de ansiedade e depressão devido a fatores como a alta pressão acadêmica, falta de tempo de lazer, competição entre colegas e o contato com pacientes. Isso resulta em taxas significativamente elevadas de ansiedade e depressão e risco de suicídio entre estudantes universitários, sendo a segunda principal causa de morte entre eles a prevalência de depressão varia ao longo dos anos na universidade, com taxas mais elevadas nos últimos anos devido à pressão relacionada à futura prática, responsabilidades crescentes e expectativas de aprovação no mercado de trabalho. Os estudantes dos cursos da saúde enfrentam uma pressão especial devido à responsabilidade de cuidar da saúde dos outros, o que pode resultar em autoexigência e falta de autocuidado. Muitos deles não procuram ajuda psicoterapêutica, apesar dos desafios mentais enfrentados (Araújo; Barboza; Guedes, 2022).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do levantamento de dados sobre o uso de ansiolíticos e antidepressivos em acadêmicos do curso de farmácia da Universidade de Gurupi (UnirG) observou-se que esses medicamentos são mais frequentemente solicitados pelo gênero feminino entre 18 e 22 anos.

O medicamento mais utilizado pelos acadêmicos foram o escitalopram, sendo a maioria indicada por especialistas. Foram constatados que os casos de ansiedade são maiores com 74,6% e depressão com 8,6%. Dos participantes, 64% iniciaram o tratamento com medicamentos após ingresso na universidade, desse modo, a pressão acadêmica pode ser motivo para desencadear a ansiedade e depressão.

A maioria dos entrevistados não conhecem o apoio psicológico da IES, assim, é fundamental que a instituição realize um trabalho de divulgação desse apoio e incentivem os universitários a buscarem ajuda quando necessário. A ansiedade e depressão podem atrapalhar o rendimento acadêmico, principalmente nas atividades avaliativas, com isso, é necessário que sejam realizadas palestras para controle emocional e os professores podem desenvolver testes que estimulem o pensamento crítico e analítico, sendo um método para identificação desses problemas, assim ajudará o docente a buscar métodos de ensino que contribuem para diminuir esses transtornos.

No entanto, novos estudos são necessários sobre doenças mentais em jovens universitários e as pesquisas que são desenvolvidas precisam abordar como as doenças mentais são tratadas dentro da universidade, oferecendo assistência profissional adequada, evitando assim a automedicação e todos os problemas envolvidos nessa prática.

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1 Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II e-mail: carlosvlpaula@unirg.edu.br
2 Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II e-mail: agamenonaoliveira@unirg.edu.br
3 Docente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II. Pós-graduada em Farmácia clínica e prescrição farmacêutica (ICTQ). e-mail: kelly.farma@outlook.com
4 Docente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II. Pós-graduada em Estética avançada (FESAR/AFYA). e-mail: delma.vida@hotmail.com
5 Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II e-mail: douglassantosgpi@gmail.com
6 Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II e-mail: taliagrmatias@unirg.edu.br
7 Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II e-mail: danielcdiniz@unirg.edu.br
8 Docente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II. Pós-graduada em Farmàcia Clínica e Hospitalar (UNINTER). e-mail: kamilagomesc3@gmail.com
9 Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Gurupi-TO Campus II e-mail: farmaceuticahavillaclycia@gmail.com
10 Discente do Curso de Especialização em Farmácia Oncológica da Universidade Federal do Tocantins Campus Gurupi. e-mail: thalesguilherme@gmail.com