USO DA PELE DE TILÁPIA DO NILO (OREOCHROMIS NILOTICUS) COMO CURATIVO BIOLÓGICO NO TRATAMENTO DE QUEIMADURAS TÉRMICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA 

USE OF NILE TILAPIA (OREOCHROMIS NILOTICUS) SKIN AS A BIOLOGICAL DRESSING IN THE TREATMENT OF THERMAL BURNS: A SYSTEMATIC REVIEW 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202504251525


Ana Caroline da Silva Lima¹,
Eduarda Carneiro Souza¹,
Fhelipe Aguiar Costa de Oliveira¹,
Myrna Miranda Dorneles¹,
Natiely Alves da Silva¹,
Orientador: Angelo Ricardo Balduino²


RESUMO 

Introdução: As queimaduras térmicas são lesões de alta complexidade que demandam tratamentos eficazes, acessíveis e com baixo risco de complicações. A pele de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), por apresentar estrutura semelhante à pele humana e propriedades regenerativas, tem sido investigada como curativo biológico alternativo. Metodologia: Esta revisão sistemática foi desenvolvida com base nas diretrizes PRISMA 2020. As buscas foram realizadas nas bases PubMed, Cochrane Library, LILACS e BVS/MS, utilizando os descritores “Xenografts”, “Tilápia” e “Burns”, com operadores booleanos. Foram incluídos estudos clínicos publicados entre 2014 e 2024, em português, inglês e espanhol. Após triagem e leitura na íntegra, cinco estudos atenderam aos critérios de elegibilidade. Resultados: Os estudos incluídos evidenciaram que a pele de tilápia proporciona benefícios relevantes, como redução do tempo de cicatrização, menor dor relatada pelos pacientes, menor número de trocas de curativo e ausência de efeitos adversos significativos. Além disso, mostrou boa aderência ao leito da ferida e viabilidade em diferentes regiões anatômicas. Discussão: Os dados apontam para a eficácia da tilápia como alternativa aos tratamentos convencionais, com vantagens clínicas, logísticas e econômicas. A maioria dos estudos, embora limitada em número e metodologia, relatou desfechos positivos, mesmo em contextos clínicos desafiadores. Considerações Finais: A aplicação da pele de tilápia como curativo biológico em queimaduras térmicas demonstrou-se eficaz, segura e promissora. Recomenda-se a ampliação de estudos clínicos controlados e a regulamentação do uso deste biomaterial no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Palavras-chave: Queimaduras. Tilápia. Xenoenxerto. 

ABSTRACT:   

Introduction: Thermal burns are complex injuries that require effective, accessible, and low-risk treatment options. The skin of the Nile tilapia (Oreochromis niloticus), due to its structural similarity to human skin and regenerative properties, has been investigated as an alternative biological dressing. Methodology: This systematic review was conducted following the PRISMA 2020 guidelines. Searches were performed in the PubMed, Cochrane Library, LILACS, and BVS/MS databases using the descriptors “Xenografts,” “Tilapia,” and “Burns” with boolean operators. Clinical studies published between 2014 and 2024, in Portuguese, English, or Spanish, were included. After screening and full-text analysis, five studies met the eligibility criteria. Results: The included studies showed that tilapia skin offers relevant benefits such as reduced healing time, lower pain intensity reported by patients, fewer dressing changes, and no significant adverse effects. It also showed good adherence to the wound bed and viability in anatomically sensitive areas. Discussion: The findings support the efficacy of tilapia skin as an alternative to conventional treatments, with clinical, logistical, and economic advantages. Although most studies are limited in number and methodology, they reported positive outcomes even in complex clinical scenarios. Final Considerations: The use of Nile tilapia skin as a biological dressing for thermal burns has proven to be effective, safe, and promising. Further controlled clinical trials are recommended, along with regulatory approval for its use in the Brazilian Unified Health System (SUS). 

Keywords: Burns. Tilapia. Xenografts 

1 INTRODUÇÃO 

As queimaduras térmicas representam um grave problema de saúde pública em todo o mundo, afetando milhões de pessoas anualmente e resultando em altos índices de morbidade e mortalidade (Smolle et al., 2017). A gravidade dessas lesões varia de casos leves a quadros severos que demandam hospitalização prolongada, intervenções cirúrgicas e reabilitação intensiva. O tratamento adequado é essencial para minimizar complicações, como infecções e cicatrizes hipertróficas, que podem comprometer a funcionalidade e a estética da pele (Morais; Daga; Prestes, 2016). Diante disso, a busca por terapias inovadoras e acessíveis tem se intensificado, especialmente em países em desenvolvimento, onde o acesso a tecnologias médicas avançadas é limitado. 

Tradicionalmente, o tratamento de queimaduras envolve o uso de curativos sintéticos, aloenxertos (derivados de doadores humanos) e xenotransplantes (de origem animal), além da aplicação de agentes antimicrobianos para evitar infecções (Lima Júnior et al., 2019). Embora esses métodos sejam amplamente utilizados, apresentam desafios significativos, como alto custo, disponibilidade limitada e riscos de rejeição imunológica. A necessidade de alternativas eficazes e de menor custo levou à investigação de biomateriais naturais para acelerar o processo de cicatrização e melhorar a recuperação dos pacientes. 

Nesse contexto, a pele da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) tem sido estudada como um curativo biológico promissor. Pesquisas indicam que sua estrutura histológica apresenta semelhanças com a pele humana, além de possuir alto teor de colágeno tipo I e propriedades antimicrobianas, fatores essenciais para a regeneração tecidual (Alves et al., 2015). Estudos clínicos realizados no Brasil demonstraram que a aplicação da pele de tilápia reduz a necessidade de trocas frequentes de curativos, minimiza a dor dos pacientes e acelera a cicatrização em queimaduras de segundo e terceiro graus (Gimenez et al., 2019). Além disso, por ser um recurso abundante e de baixo custo, sua utilização tem potencial para ampliar o acesso a tratamentos de queimaduras, especialmente em países com sistemas de saúde sobrecarregados. 

O uso da pele de animais na medicina não é um conceito novo, tendo sido explorado em diferentes culturas ao longo da história. No entanto, a utilização da pele de tilápia como curativo biológico para queimaduras é uma inovação relativamente recente. Os primeiros estudos sobre sua aplicação surgiram no Brasil, a partir da necessidade de desenvolver alternativas economicamente viáveis e eficientes para o tratamento de queimaduras graves (Júnior et al., 2020). Inicialmente testada em modelos animais, a técnica avançou rapidamente para ensaios clínicos devido aos seus resultados promissores.  

A criação do primeiro banco de pele de peixe no Brasil consolidou a viabilidade dessa abordagem, permitindo que hospitais utilizassem esse biomaterial em larga escala (Lima Júnior et al., 2019). Desde então, a pesquisa sobre a pele de tilápia vem se expandindo, com estudos voltados para a sua padronização, preservação e aprimoramento no tratamento de feridas complexas. 

Apesar dos avanços na pesquisa sobre a pele de tilápia, ainda há lacunas na literatura quanto à padronização do seu uso clínico, sua comparação detalhada com os métodos convencionais e os efeitos a longo prazo dessa abordagem (Júnior et al., 2020). Além disso, são necessários mais estudos para avaliar sua eficácia em diferentes populações e contextos clínicos. Uma revisão sistemática se torna essencial para reunir, analisar criticamente e sintetizar as evidências científicas disponíveis, contribuindo para a consolidação desse biomaterial na prática médica. 

Diante desse cenário, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática sobre o uso da pele de tilápia do Nilo como curativo biológico no tratamento de queimaduras térmicas. Especificamente, busca-se identificar os principais benefícios e limitações desse biomaterial, comparar sua eficácia com tratamentos convencionais e analisar as lacunas existentes na literatura.  

2 METODOLOGIA 

Este estudo é uma revisão sistemática da literatura, conduzida conforme as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) 2020 (Page et al., 2021). O objetivo é avaliar a eficácia da pele de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) como curativo biológico para queimaduras térmicas, comparando seus efeitos com tratamentos convencionais. 

A questão de pesquisa foi estruturada com base no modelo PICO (População, Intervenção, Comparação e Desfecho) (Moorefied et al., 2019). A população-alvo inclui pacientes humanos com queimaduras térmicas de segundo grau, a intervenção analisada é o uso da pele de tilápia como curativo biológico, enquanto a comparação ocorre com tratamentos convencionais, como a sulfadiazina de prata e curativos com hidrofibra de prata (Aquacel Ag®).  

Ressalta-se que os desfechos avaliados incluem tempo de cicatrização, redução da dor, necessidade de trocas de curativo e ocorrência de efeitos adversos. A partir desses elementos, definiu-se a seguinte questão de pesquisa: “A aplicação da pele de tilápia como curativo biológico em queimaduras térmicas é eficaz em comparação aos tratamentos convencionais?”

Para garantir a inclusão de estudos relevantes, foram adotados critérios de elegibilidade rigorosos. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados (RCTs) e estudos clínicos controlados publicados nos últimos dez anos (2014-2024), que analisassem a pele de tilápia no tratamento de queimaduras térmicas. Apenas estudos em português, inglês e espanhol foram considerados. Foram excluídos artigos baseados exclusivamente em modelos animais ou laboratoriais (in vitro), revisões narrativas, artigos de opinião, editoriais e relatos de casos isolados. 

A busca foi realizada nas bases PubMed (Medline), Cochrane Library e LILACS, utilizando descritores e operadores booleanos específicos. No Medline (PubMed), a pesquisa foi conduzida separadamente com as expressões: “Xenografts”, “Tilapia” e “Burns”, combinados com o operador booleano AND. Assim, a estratégia de busca básica utilizada foi: “Xenografts” AND “Tilapia” AND “Burns”. Essa estratégia foi aplicada com adaptações conforme a sintaxe de cada base, mantendo sempre os três descritores como elementos centrais da busca. 

A seleção dos estudos seguiu três etapas: triagem de títulos e resumos, leitura integral dos artigos pré-selecionados e verificação da elegibilidade conforme os critérios definidos. O processo foi conduzido por dois revisores independentes, com discordâncias resolvidas por um terceiro avaliador. 

Os dados extraídos foram organizados em uma tabela padronizada, contendo informações como autor(es), ano de publicação, tipo de estudo, amostra/população, intervenção (uso da pele de tilápia), grupo controle (quando aplicável), desfechos clínicos (tempo de cicatrização, dor, trocas de curativo, efeitos adversos) e principais conclusões. 

Dada a heterogeneidade dos tipos de estudo e dos desfechos relatados, foi realizada uma análise qualitativa descritiva dos resultados. A síntese abordou padrões clínicos observados, eficácia da tilápia como curativo, limitações metodológicas e lacunas de evidência. O processo de triagem foi documentado com base no fluxograma PRISMA 2020, representando de forma transparente todas as etapas de seleção, exclusão e inclusão dos estudos. 

Fonte: PRISMA, 2020 
3 RESULTADOS 

Quadro 1: Tabelas de estudos analisados 

Autor/ano Título Título/Tipo de estudo Intervenção (pele de tilápia) Comparador  Principais resultados  
Oliveira et al., 2024 Nile Tilapia Skin Xenograft Versus Silver-Based Dressings in the Management of Partial-Thickness Burn Wounds: A Systematic Review and Meta-Analysis Revisão sistemática com meta-análise Tilápia glicerolizada e liofilizada Curativos com prata (sulfadiazina, Aquacel Ag®) Tilápia foi superior: menor tempo de cicatrização, menos dor, menos trocas de curativo e custo mais baixo. 
Santos et al., 2023 Xenoenxerto (pele da Tilápia-do-Nilo) e hidrofibra com prata no tratamento das queimaduras de II grau em adultos Ensaio clínico randomizado Tilápia glicerolizada (oclusiva) Aquacel Ag® (hidrofibra com prata) Tilápia mostrou eficácia semelhante, com menor dor após curativos e menos trocas. 
Barros et al., 2022 Innovative treatment using tilapia skin as a xenograft for partial thickness burns after a gunpowder explosion Estudo de caso clínico Tilápia glicerolizada aplicada em queimadura extensa Não aplicável Boa adesão, reepitelização entre 12–17 dias, sem eventos adversos ou trocas de curativo. 
Silva et al., 2022 Tratamento de queimaduras de segundo grau profundo em abdômen, coxas e genitália: uso da pele de tilápia como um xenoenxerto Estudo de caso clínico Tilápia em áreas de dobras anatômicas Não aplicável Cicatrização completa em 16 dias; eficaz mesmo em regiões de difícil adesão como genitália e coxas. 
Ramírez et al., 2023 Xenoinjertos de piel de tilapia en quemaduras cutáneas. Una revisión exploratoria Revisão exploratória da literatura Tilápia como xenoenxerto Curativos convencionais variados Revisão apontou benefícios consistentes: melhor adesão, menos dor, menos trocas de curativo e menor custo. 
Fonte: Autoria própria 
4 DISCUSSÃO 

Esta revisão sistemática reuniu cinco estudos publicados entre 2022 e 2024, que avaliaram a eficácia clínica da pele de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) como curativo biológico no tratamento de queimaduras térmicas. Os achados sugerem que o uso da tilápia promove benefícios clínicos consistentes em termos de tempo de cicatrização, alívio da dor, redução do número de trocas de curativo e custo, especialmente quando comparado a tratamentos convencionais, como sulfadiazina de prata e curativos com prata. 

A revisão sistemática com meta-análise de Oliveira et al. (2024) foi o estudo de maior robustez metodológica incluído. Com base em quatro ensaios clínicos randomizados, totalizando 199 pacientes com queimaduras térmicas de espessura parcial, os autores demonstraram que a pele de tilápia promove menor tempo de reepitelização (MD -0,48 dias; p < 0,01), redução da dor (MD -0,79 na escala EVA) e menor necessidade de trocas de curativo (MD -3,54) em comparação aos curativos à base de prata (sulfadiazina 1% e Aquacel Ag®). Esses dados confirmam a eficácia clínica da tilápia como alternativa terapêutica eficiente. 

Corroborando esses achados, Santos et al. (2023) avaliou 30 adultos com queimaduras de segundo grau e comparou o uso da tilápia com Aquacel Ag®. Ambos os tratamentos apresentaram eficácia semelhante em relação ao tempo de cicatrização, porém os pacientes do grupo tilápia relataram menor dor durante e após o curativo, além de necessitarem de menos trocas, confirmando sua efetividade e conforto. 

Estudos de caso também demonstraram o potencial clínico da tilápia, uma vez que aplicação da tilápia glicerolizada em um paciente com queimaduras por explosão, envolvendo 16% da superfície corporal. A pele apresentou boa adesão ao leito da ferida, promovendo reepitelização completa entre 12 e 17 dias, sem necessidade de trocas e sem efeitos adversos (Barros et al., 2022). De maneira análoga, Silva et al. (2022) destacou a eficácia da tilápia em regiões anatômicas desafiadoras — como a região inguinal e genitália — onde a aplicação do xenoenxerto foi bem-sucedida, com cicatrização total em 16 dias, mesmo exigindo uma reaplicação parcial. 

A revisão exploratória conduzida por Ramírez et al. (2023) complementa esses dados ao analisar cinco estudos clínicos realizados no Brasil e na Indonésia. Os autores reforçam que a pele de tilápia apresenta vantagens importantes: melhor aderência ao leito da ferida, menor intensidade de dor, redução da frequência de trocas de curativos e custo inferior quando comparada às abordagens convencionais com sulfadiazina ou gaze. Em relação à segurança, todos os estudos incluídos relataram ausência de reações adversas ou eventos infecciosos, mesmo em áreas sensíveis (Silva et al., 2022). A composição estrutural da pele de tilápia, rica em colágeno tipos I e III, associada à ausência de microbiota patogênica (Oliveira et al., 2024), pode justificar sua biocompatibilidade e capacidade regenerativa. 

Quanto ao custo e acessibilidade, tanto Oliveira et al. (2024) quanto Ramírez et al. (2023) destacaram a vantagem econômica da tilápia, por ser uma matéria-prima abundante no Brasil e de fácil processamento (glicerolização ou liofilização), o que reduz os custos com logística e armazenamento. Tais características tornam a pele de tilápia uma opção especialmente atraente para o Sistema Único de Saúde (SUS), onde há limitação orçamentária e carência de curativos avançados. 

Embora os estudos incluídos apresentem achados positivos, a maioria possui limitações metodológicas, sendo compostos por estudos de caso e revisões exploratórias, com apenas dois ensaios clínicos controlados. A heterogeneidade entre métodos e desfechos também inviabilizou a realização de uma nova meta-análise. Ainda assim, os dados indicam que a pele de tilápia possui aplicabilidade clínica promissora, com bom desempenho em diferentes contextos. Sua eficácia, baixo custo e viabilidade tornam o biomaterial uma alternativa relevante, especialmente em unidades com recursos limitados. Como apontado por Ramírez et al. (2023), trata-se de uma solução acessível para hospitais regionais e zonas rurais. 

Finalmente, destaca-se a necessidade de estudos clínicos multicêntricos, randomizados e com maiores amostras, especialmente envolvendo populações pediátricas e queimaduras extensas. A ausência de estudos que comparem diretamente a eficácia entre formas de conservação (glicerolização vs. liofilização) também representa uma lacuna. Além disso, a regulamentação oficial da pele de tilápia como produto médico pela ANVISA é uma etapa fundamental para sua incorporação definitiva no sistema de saúde brasileiro. 

5 CONCLUSÃO  

Com base nas evidências reunidas nesta revisão sistemática, conclui-se que a aplicação da pele de tilápia como curativo biológico em queimaduras térmicas é eficaz em comparação aos tratamentos convencionais. Os estudos analisados demonstraram que o uso da tilápia proporciona vantagens clínicas relevantes, como redução do tempo de cicatrização, menor dor relatada pelos pacientes, diminuição da necessidade de trocas de curativo e ausência de efeitos adversos. Além disso, a boa aderência ao leito da ferida e a facilidade de aplicação reforçam sua aplicabilidade prática. 

A tilápia também se destacou como uma alternativa viável do ponto de vista econômico e logístico. Por ser um biomaterial de origem nacional, de baixo custo e fácil conservação, ela representa uma solução especialmente útil em ambientes com recursos limitados, como hospitais da rede pública e regiões remotas. A aceitabilidade cultural e o potencial de produção em larga escala reforçam sua relevância para o sistema de saúde brasileiro. 

Apesar das limitações metodológicas dos estudos incluídos, como o número reduzido de ensaios clínicos e a heterogeneidade dos delineamentos, os resultados encontrados são consistentes e promissores. Novas pesquisas com amostras maiores, delineamento controlado e análise multicêntrica são recomendadas para consolidar a evidência científica. Também é fundamental avançar nos processos de regulamentação sanitária, permitindo a incorporação oficial da pele de tilápia como tecnologia terapêutica no tratamento de queimaduras pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

6 REFERÊNCIAS 

ALVES, D. R. Curativos biológicos: uso de pele animal em feridas complexas. Revista Brasileira de Queimaduras, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 41-45, 2015. 

BARROS, D. L. P. et al. Innovative treatment using tilapia skin as a xenograft for partial thickness burns after a gunpowder explosion. Revista da Sociedade Brasileira de Queimaduras, Fortaleza, v. 35, n. 2, p. 101–105, 2022. 

GIMENEZ, L. M. et al. Uso da pele de tilápia no tratamento de queimaduras em adultos: relato de caso. Revista Saúde (Santa Maria), Santa Maria, v. 45, n. 1, p. 1-6, 2019. 

LIMA JÚNIOR, E. M. et al. Uso da pele de tilápia como curativo biológico no tratamento de queimaduras: status atual e perspectivas futuras. Revista Brasileira de Queimaduras, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 1-7, 2019. 

MOOREFIELD, K. Biological dressings in burn care: tilapia skin as an effective alternative. Journal of Wound Care, [s.l.], v. 28, n. 3, p. 157–162, 2019. 

MORAIS, D. S.; DAGA, H. C.; PRESTES, E. B. Curativos no tratamento de feridas: uma atualização. Revista Brasileira de Queimaduras, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 136140, 2016. 

OLIVEIRA, G. V. et al. Nile Tilapia Skin Xenograft Versus Silver-Based Dressings in the Management of Partial-Thickness Burn Wounds: A Systematic Review and MetaAnalysis. Journal of Clinical Medicine, Basel, v. 13, n. 6, p. 1–13, 2024. DOI: 10.3390/jcm13061642. 

RAMÍREZ, J. C. et al. Xenoinjertos de piel de tilapia en quemaduras cutáneas: una revisión exploratoria. Ciencia y Cuidado de la Piel, Bogotá, v. 28, n. 1, p. 45–51, 2023. 

SANTOS, A. M. et al. Xenoenxerto (pele da Tilápia-do-Nilo) e hidrofibra com prata no tratamento das queimaduras de II grau em adultos. Revista Brasileira de Queimaduras, Brasília, DF, v. 34, n. 1, p. 54–60, 2023. 

SILVA, L. A. C. et al. Tratamento de queimaduras de segundo grau profundo em abdômen, coxas e genitália: uso da pele de tilápia como um xenoenxerto. Revista de Queimaduras, Fortaleza, v. 34, n. 1, p. 32–35, 2022. 

SMOLLE, C. et al. Recent trends in burn care: From skin grafting to tissue engineering. Burns, [s.l.], v. 43, n. 1, p. 29–36, 2017.


¹Acadêmico (a) do Curso de Medicina– Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos 

²Professor do curso de Medicina (a)–Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (Orientador)