USO CONTÍNUO DE FÁRMACOS INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS: EFICÁCIA CLÍNICA E EFEITOS SECUNDÁRIOS

CONTINUOUS USE OF PROTON PUMP INHIBITOR DRUGS:CLINICAL EFFICACY AND SIDE EFFECTS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11522542


Ramon Lacerda Nunes1; Ellen Laryssa da Costa Carneiro2; Ruyanne Sales Holanda3; Consilene de Lourdes Ferreira da Silva4; Sarah Christinne Santos Dídimo5; Luis Ricardo Sousa Albuquerque6; Larissa de Souza Albuquerque7; Tatiane Timoteo Freire8; Cleicielle Magalhaes Silva9; Joaquim Francisco Barros De Sena10


Resumo:

Os inibidores da bomba de prótons (IBP’s) são medicamentos comumente prescritos para o tratamento de distúrbios gastrointestinais, como úlcera pépticas, refluxo gastroesofágico e síndrome de Zollinger-Ellison. Apesar de sua eficácia comprovada, o uso contínuo dos IBPs pode estar associado a efeitos colaterais indesejados a longo prazo. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi discutir a eficácia clínica dos inibidores da bomba de prótons e seus potenciais efeitos secundários. Trata-se de uma revisão bibliográfica de origem descritiva e caráter qualitativo onde se utilizou as bases de dados PUBMED,Scopus e Scielo. Assim, foi relatado que o uso prolongado dos IBP’s, pode levar à diminuição da absorção de cálcio e magnésio, aumentando o risco de fraturas ósseas e deficiência de magnésio. Além disso, o uso de IBP’s tem sido associado a um aumento no risco de infecções gastrointestinais, como diarreia infecciosa e infecção por Clostridium Difficile. Por isso, a orientação e acompanhamento farmacoterapêutico realizado pelo profissional farmacêutico são medidas essenciais para minimizar a automedicação e, consequentemente, prevenir o surgimento de possíveis interações medicamentosas e reações adversas que podem ser causadas pelo uso irracional de inibidores da bomba de prótons.

Palavras chave: Doenças Gastroesofágicas. Refluxo. Acidez Gástrica. IBPs.

Abstract:

Proton pump inhibitors (PPIs) are commonly prescribed medications for the treatment of gastrointestinal disorders such as peptic ulcers, gastroesophageal reflux and Zollinger-Ellison syndrome. Despite their proven effectiveness, continued use of PPIs may be associated with unwanted long-term side effects. In this article, we will discuss the clinical effectiveness of this class of drugs and their potential side effects. Some studies report that prolonged use of Proton Pump Inhibitors can lead to decreased absorption of calcium and magnesium, increasing the risk of bone fractures and magnesium deficiency. In addition, PPI use has been associated with an increased risk of gastrointestinal infections, such as infectious diarrhea and Clostridium Difficile infection. The following study is demonstrated by a bibliographical review, which had as a form of research the use of academic databases available on the web, such as Pubmed, Scopus, SciELO and Google Scholar. The mentioned subject had a contributing part in the access to drugs so that the pharmacist is able to guide the patient correctly, who consequently due to lack of information, access to the health system, self-medicate, causing adverse reactions, drug interactions, having the main consequence of intoxication. The role of the pharmacist will be essential in guiding and preventing self-medication.

Key-words: Gastroesophageal Diseases. Reflux. Gastric Acidity. IBP.

1. Introdução

Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) são uma classe de medicamentos que bloqueiam a ação da enzima H+/K+-ATPase, responsável pela produção de ácido gástrico. O mercado farmacêutico tem experimentado um crescimento acelerado, e muitas empresas farmacêuticas produzem esses medicamentos. Atualmente, existem seis representantes desta classe no mercado: Omeprazol, Lansoprazol, Pantoprazol, Rabeprazol, Esomeprazol e Dexlansoprazol. Além disso, um novo IBP, o Tenatoprazol, está sendo testado. Este estudo é focado em revisar a literatura especializada disponível sobre IBPs, analisando seu uso indiscriminado e, muitas vezes, equivocado. Embora ainda não haja dados científicos que confirmem danos a longo prazo, há preocupações com relação aos riscos potenciais que esses medicamentos podem trazer à saúde, incluindo a relação entre IBPs e câncer gástrico, adenocarcinoma, deficiência de vitamina B12 e ferro.

Entende-se que os IBPs, quando utilizados de forma inadequada e contínua sem orientação médica ou farmacêutica, pode ocasionar efeitos adversos que são em sua maior parte prejudiciais para o organismo. Houve um estudo transversal, descritivo e quantitativo, constituída por usuários com idade igual ou superior a 60 anos, em uso crônico de omeprazol que retiraram o medicamento na Farmácia Pública da rede básica de saúde no município de Panambi/RS no período de junho a agosto de 2016. Dos usuários crônicos de omeprazol entrevistados, 81,7% relataram alguma comorbidade, sendo a mais prevalente a hipertensão arterial sistêmica (HAS) (61,7%), seguida de dislipidemia, tendo incidência de interações graves com outros medicamentos com o Citalopram, Levotiroxina, e Gynko biloba. (LORENZ et. al 2019).

Os inibidores da bomba de prótons, são uma classe altamente prescrita em todo o mundo juntamente a sua alta eficácia acompanhada de uma mínima ocorrência de efeitos colaterais, a automedicação se torna um hábito comum após a manifestação de doenças pépticas, refluxos gastroesofágicos, úlceras pépticas induzidas pelo uso de AINES, sendo necessária uma atenção farmacêutica redobrada voltada ao uso prolongado dessa classe de medicamentos.

A relevância desse projeto tem como principal contribuição alertar sobre o uso irracional dos medicamentos inibidores da bomba de prótons a longo prazo, como podemos enxergar a eficácia clínica no uso desses fármacos no tratamento de doenças gastroesofágicas, em contrapartida evidenciar os seus eventos adversos buscando sempre a conscientização do seu uso adequado.

O assunto referido terá parte contribuinte no acesso aos fármacos de forma que, o farmacêutico esteja apto para orientar o paciente de forma correta, que consequentemente por falta de informações, acesso ao sistema da saúde, se automedicam, provocando reações adversas, interações medicamentosas, tendo como principal consequência a intoxicação. A atuação do farmacêutico será essencial na orientação e prevenção da automedicação.

Diante disso, o presente estudo visa  discutir sobre as consequências do uso contínuo dos inibidores da bomba de prótons e como é apresentada a sua eficácia medicamentosa e seus efeitos secundários, enfatizando a importância do profissional farmacêutico na prevenção dos fármacos na automedicação.

2. Material e Métodos

O seguinte estudo é caracterizado por uma revisão bibliográfica. Para definição do tema e objetivo do artigo foram estabelecidas as palavras-chave: IBPs, Refluxo, Doenças Gastroesofágicas e acidez gástrica. As bases de dados utilizadas foram o SciELO, PUBMED e Scopus. Essas plataformas foram escolhidas por sua abrangência e qualidade dos estudos publicados. Os filtros utilizados foram: idioma (português, inglês e espanhol), tipo de publicação (Artigo Científico) e delimitação temporal (Anos de 2008 a 2023). Para isso, foram utilizados critérios de inclusão e exclusão, como a relevância do título e resumo, a pertinência ao tema e a qualidade do estudo buscando identificar as principais informações e conclusões relacionadas ao tema. As informações foram organizadas em categorias, para facilitar a compreensão e análise dos dados e após a elaboração do texto, foi realizada uma revisão criteriosa para garantir a qualidade e consistência do artigo, verificando a gramática, ortografia, estilo e coerência do texto, bem como a precisão das citações e referências bibliográficas utilizadas.

3. Resultados

Segundo Lima e colaboradores (2014), os inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) são absorvidos no duodeno e no sangue, entram nas células parietais e posteriormente nos canalículos. Sua meia-vida é de cerca de 1 hora e uma única dose diária afeta a secreção de ácido por 2-3 dias porque se acumula nos canalículos secretores.

Além disso, há evidências crescentes de que o uso crônico de IBP pode estar associado a um maior risco de desenvolver doenças renais crônicas, doenças cardiovasculares e fraturas ósseas, devido ao seu mecanismo de ação, que inibem a ação das enzimas H+/K+-ATPase presente nas células parietais, diminuindo  a  concentração  do hidrogênio (H+) no lúmen gástrico,  alterando  a  fisiologia  das  glândulas  responsáveis por secretar o ácido  clorídrico, conforme representado na Figura 1 (CALAFIORI, 2022; BARBOSA et al., 2021; COSTA et al., 2021, NASCIMENTO, 2019).

   Figura 1 – Mecanismo de ação dos Inibidores das Bombas de Prótons nas células parietais

Fonte: Braz. J. Nephrol (2018)

O uso contínuo dos IBP pode ter consequências negativas a longo prazo, como a redução da absorção de nutrientes importantes, como vitamina B12, cálcio e magnésio,  bem como o aumento do risco de infecções bacterianas, como pneumonia e infecções intestinais, além de afetar gradativamente a biodisponibilidade de alguns medicamentos (LORENZ, 2019).

Outros efeitos colaterais dos IBP podem incluir dor abdominal, diarreia, náusea, dor de cabeça e tontura. A interrupção abrupta do uso de IBP pode causar sintomas de abstinência, como azia, refluxo ácido e dor no estômago. Portanto, é importante que os pacientes conversem com seu médico antes de interromper o uso de IBP (CALAFIORI, 2022; COSTA et al., 2021; HERZIG et al. 2009). A tabela 1 demonstra os principais resultados encontrados nas pesquisas de 07 artigos compilados abaixo:

                                                       Tabela 1 – Principais estudos e resultados sobre o uso de IBP

AUTORESARTIGOANOOBJETIVOS               RESULTADOS
      GALVÃO, J. A. C. et al    Análise da utilização de inibidores de bomba de prótons em pacientes internados em um hospital universitário do interior de São Paulo      2022Analisar a utilização dos inibidores de bomba de prótons em pacientes internados nas enfermarias de clínica médica de um Hospital Universitário, visando avaliar suas indicações, tempo de uso, efeitos adversos e impacto financeiro gerado pelo uso inadequado.Observou-se número elevado de indicações incorretas dos IBPs em ambiente hospitalar. Foi encontrado maior prevalência de pneumonia e diarreia nos pacientes que fizeram uso de inibidores de bomba de prótons a longo prazo.
  BARBOSA, Y. V. et al  Uso prolongado e inadequado dos inibidores da bomba de prótons e seus efeitos na saúde dos idosos  2021Analisar produções científicas que comprovem o impacto do uso indiscriminado e prolongado dos inibidores da bomba de prótons (IBPs) à saúde do idoso.O estudo relata que uso prolongado e indiscriminado pode ocasionar malefícios, como possivelmente o surgimento da demência senil, relatada em alguns artigos associada ao uso cumulativo dos IBPs.
  FINCK, E. M.; SUGAWARA, A. M.    Associação do uso dos inibidores de bomba de prótons ao câncer gástrico  2021Estabelecer a associação do uso de omeprazol, e outros IBPs, ao desenvolvimento de câncer gástrico.Estudos bem consolidados indicam possibilidade entre o surgimento de câncer gástrico e IBPs.
        COSTA, M. P.; DAMASCENA, R. S.      Perfil de Usuários de Omeprazol e Considerações Sobre Seu Uso Racional: Uma Revisão Bibliográfica        2020      Análise do  perfil  de  usuários  de omeprazol, abordando aspectos sobre seu uso racionalObservou-se que o uso  prolongado  do  omeprazol  não  justificado  pode  levar  a  danos  à  saúde  do usuário maiores que benefícios que o medicamento pode proporcionar. Destacou-se  ainda a  importância  do  farmacêutico  no  uso  racional  de IBPs,   afim de se avaliar o risco/benefício do uso contínuo dos IBPs, e reduzir agravos provocados pelo uso crônico desse medicamento
    NASCIMENTO, G. B. et al.    Estudos sobre a gastrite e os inibidores da bomba de próton    2019    Compreender melhor sobre a gastrite e as diferenças de eficácia entre IBPs.    Foi observado que os IBP’s possuem eficácia semelhante, onde o omeprazol é o mais utilizado devido custo benefício menor e eficácia; rabeprazol é o melhor  na  cicatrização  da  mucosa  gástrica e tenatoprazol por não ser ainda  comercializado, o que já foi estudado comprova melhor desempenho por ter maior tempo de permanência no organismo e maior controle da acidez, sendo  mais potente que os demais IBP’s.
  LIMA, A. P. V. et al.  Efeitos em longo prazo de inibidores da bomba de prótons  2014  Revisar na literatura  especializada disponível e assim expor informação sobre os IBPs, analisando o uso indiscriminado e muitas vezes errôneo desses medicamen   tos os quais podem trazer graves danos à saúde  O estudo concluiu que a automedicação com IBPs ainda é um grande problema no país devido ao desconhecimento pelos profissionais da saúde dos riscos relacionados ao uso irracional por longo tempo. Ainda, a inibição da acidez estomacal produzida por esta classe pode estar associada ao surgimento de  hiperplasia ou hipertrofia celular presentes no estômago.
  MENEGASSI, V.S. et al  Prevalência de alterações proliferativas gástricas em pacientes com uso crônico de inibidores de bomba de prótons  2010Analisar a frequência e o tipo de alterações proliferativas gástricas em usuários crônicos de inibidores de bomba de prótons e sua associação com idade, dose utilizada, tempo de uso, sintomatologia e infecção pelo Helicobacter pylori.Ocorreram alterações proliferativas na mucosa oxíntica (glândula secretora de ácido clorídrico) em pacientes em uso crônico de inibidores de bomba de prótons.

                                                                         Fonte: Dados da pesquisa

A diminuição da acidez gástrica resultante da utilização dos Inibidores da Bomba de Prótons pode levar a uma proliferação bacteriana aumentando a incidência de pneumonia tanto em pacientes internados como em pacientes ambulatoriais. Também foi verificado um possível aumento na incidência de fraturas com o uso prolongado, aumento de casos de peritonite bacteriana espontânea em cirróticos com ascite e aumento no risco cardiovascular em pacientes utilizando dupla terapia antiplaquetária (HERZIG et al. 2009).

4. Discussão

Houve análise de diversos estudos relacionados ao uso prolongado de IBP e o consequente aumento no risco de infecções, especialmente em idosos. No entanto, em estudo relatado por Sohaily e colaboradores (2008) e Brisebois e colaboradores (2018) demonstraram que houve aumento nas infecções, como no caso da Campylobacter sp., enquanto outros estudos não identificaram um aumento significativo nas infecções (COSTA et al., 2021).

No período de 2004 a 2007, investigou-se a possível relação entre o uso de inibidores da bomba de prótons (IBP) e antagonistas de receptores H2 com a incidência de pneumonia hospitalar, onde foi observado um aumento de 30% de chances de contração em pacientes que faziam uso de IBPs (HERZIG, 2009).

Em um estudo realizado por Sarkar e colaboradores (2008), foi constatado que dos 2.219 casos de pneumonia hospitalar analisados, 52% dos pacientes haviam recebido terapia de supressão ácida e houve um aumento de 30% na incidência de pneumonia associada ao uso de IBP. Esse aumento pode ser explicado pela proliferação bacteriana em um ambiente de baixa acidez gástrica, o que pode causar infecções, incluindo aquelas causadas pelo Clostridium Difficile, tanto em pacientes internados como ambulatoriais. Por outro lado, não se encontrou associação entre o uso crônico de IBP e o risco de pneumonias comunitárias, mas o risco pode ser aumentado (GALVÃO, 2022; ARAÚJO, 2021).

Os inibidores de bomba de prótons (IBP) afetam a absorção da vitamina B12 ao diminuir a acidez gástrica, interferindo no ciclo do pepsinogênio, que requer um ambiente ácido para ser convertido em pepsina. Em pacientes idosos com atrofia gástrica, possivelmente causada por infecção por H. Pylori, o uso crônico de IBP pode diminuir a quantidade de vitamina B12 no sangue (ARAÚJO, 2021; THOMSON et al. 2010).

Galvão e colaboradores (2022), em estudo observacional, relataram que 79,6% dos  pacientes internados em enfermarias de uma clínica médica, no período de maio a julho de 2020, fizeram uso de Inibidores da Bomba de Prótons, onde mais da metade do quantitativo de pacientes internados (Gráfico 1) fizeram o uso deste medicamento de forma indevida, sem evidências científicas relatadas na literatura.

Gráfico 1 – Dados de uso de IBPs em enfermarias de clínicas médicas no período de maio a julho de 2020

Fonte: elaborado pelo autor

Em estudo relatado por Cavalcante e colaboradores (2023), foi enfatizado sobre estudo europeu realizado por farmacêuticos, onde foram utilizados materiais educacionais e visitas  orientadas objetivando solucionar problemas relacionados ao uso irracional de IBPs, com isso, foram observados que taxas de prescrição reduziram de 61% para 52,6% com a adoção dessa medida. Visando diminuir esses riscos e contribuir para o acompanhamento farmacoterapêutico e uso racional de medicamentos, destaca-se o profissional farmacêutico, com o papel de orientar sobre uso correto de medicamentos, ter conhecimento em relação às indicações, contra indicações e possíveis interações. Este profissional deve acompanhar a farmacoterapia do paciente, orientá-lo a procurar atendimento médico quando necessário, atuando na complementaridade, pois o mesmo faz parte da equipe multidisciplinar  (FERNANDES; CEMBRANELLI, 2014).

A prescrição de Inibidores da Bomba de Prótons para pacientes que não necessitem dessas indicações pode ser considerada uma prescrição incorreta, visto que o uso do medicamento deve atender a duração do tratamento relacionado com os sintomas clínicos apresentados pelos indivíduos. Comumente é utilizada a expressão “uso contínuo” em receituários e de forma equivocada, pois a não indicação do tempo de duração do tratamento permite que o paciente utilize de forma crônica. Os usuários necessitam ser avaliados para acompanhamento da evolução de sintomas e/ou sinais de efeitos adversos, a fim de estabelecer um acompanhamento farmacoterapêutico adequado objetivando adesão, sucesso no tratamento e melhoria  na  qualidade  de  vida  dos  pacientes (COSTA; DAMASCENA, 2020; SALGADO, 2019).

Com base nos dados disponíveis, o FDA recomenda que os profissionais considerem a possibilidade de prescrever doses baixas e/ou tratamentos de curta duração com os IBP. Os pacientes devem ser orientados a não suspender o tratamento, a menos que sejam orientados desta forma pelo médico (Revista O Farmacêutico, 2010, p.6).

5. Conclusão

Os inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) são conhecidos por sua excelente eficácia no tratamento de doenças relacionadas à acidez gástrica e são amplamente prescritos em todo o mundo. A disponibilidade de diversas formulações genéricas no mercado aumenta ainda mais o consumo desses medicamentos. Um grande benefício do uso de IBPs é que eles são bem tolerados e quaisquer efeitos adversos são geralmente moderados e passageiros.

A farmacologia dos IBPs se baseia na inibição da bomba de prótons, um mecanismo de transporte de íons de hidrogênio que é vital para a produção de ácido clorídrico no estômago. Essa inibição reduz significativamente a produção de ácido gástrico, aliviando os sintomas e ajudando a curar as lesões do trato gastrointestinal. No entanto, o uso prolongado de IBPs pode levar a algumas consequências negativas, como a diminuição da absorção de nutrientes, o aumento do risco de infecções gastrointestinais e a piora do quadro clínico em alguns pacientes.

Diante desses riscos, é importante que os pacientes que fazem uso crônico de IBPs sejam monitorados regularmente por um profissional de saúde qualificado. Os farmacêuticos, em particular, têm um papel importante na prevenção da automedicação e na orientação dos pacientes sobre os riscos e benefícios do uso desses medicamentos. Eles podem ajudar a identificar possíveis interações medicamentosas e aconselhar sobre mudanças no estilo de vida que possam ajudar a reduzir a necessidade de IBPs.

Em conclusão, os IBPs são uma classe importante de medicamentos que oferecem benefícios significativos para pacientes com condições relacionadas à acidez gástrica. No entanto, seu uso crônico deve ser monitorado de perto para minimizar os riscos associados. Os farmacêuticos desempenham um papel fundamental na prevenção da automedicação e na promoção do uso responsável dos IBPs, garantindo que os pacientes recebam o tratamento mais adequado e seguro.

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, L.S. et al. Inibidores de Bomba de Prótons: vantagens e desvantagens do uso prolongado. Revista Eletrônica Acervo Científico, [S.I],v. 34 p. 1-6, 2021.

BARBOSA, Y. V. et al. Uso prolongado e inadequado dos inibidores da bomba de prótons e seus efeitos na saúde dos idosos. Envelhec. Bas. em Evid., Campina Grande, v.1, p.1-11. 2021.

BRISEBOIS S, et al. Proton pump inhibitors: Review of reported risks and controversies. Laryngoscope Investigative Otolaryngology, 2018; 3(6): 457-462

CALAFIORI, A. L. S.; LIMA, A. A. B. de; SILVA, J. I. M.; SERAPHIM, J. C.; SILVA, K. H. da; SILVA, L. M. S.; DIÓGENES, L. S. de F.; LEITE, N. A. A. Efeitos adversos do uso contínuo e irracional dos Inibidores de Bomba de Prótons em idosos: Adverse effects of continuous and irrational use of Proton Inhibitors in the elderly. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 5, n. 5, p. 17964–17976, 2022.

COSTA, M. P; DAMASCENA, R. S. Perfil de Usuários de Omeprazol e Considerações Sobre Seu Uso Racional: Uma Revisão Bibliográfica. Rev. Mult. Psic. v.14, n. 50 p. 1185-1196, mai. 2020.

COSTA, S. de A. L.; MARQUES, L. F.; ALEIXO, A. G.; DA SILVA, L. F.; SANTOS, N. V. P.; DE CARAMALAC JR, A. R.; NETO, A. T.; CASTRO, E. S.; FERNANDES, B. F.; AYRES, A. M. da N. Efeitos do uso prolongado de Inibidores de Bomba de Prótons em idosos / Effects of prolonged use of Proton Pump Inhibitors in the elderly. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 4248–4265, 2021.

FERNANDES, G. V et al. Abordagens diagnósticas e terapêuticas para a doença do Refluxo Gastroesofágico: perspectivas e desafios. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n.4,p.15125-15135,jul./aug.,2023.

FERNANDES, Wendel Simões; CEMBRANELLI, Júlio César. Automedicação e o uso irracional de medicamentos: O papel do profissional farmacêutico no combate a essas práticas. Revista Univap, São José dos Campos, v. 21, n. 37, p. 5-12, 2015.

FINCK, Eduardo Madrid. SUGAWARA, Alexandre Massao. Associação do uso dos inibidores de bomba de Prótons ao Câncer Gástrico. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 02, pp. 26-39. Maio de 2021.

GALVÃO, J. A. C et al. Análise da utilização de inibidores de bomba de prótons em pacientes internados em um hospital universitário do interior de São Paulo. Rev Soc Bras Clin Med, v. 20, p. 2-5, 2022.

HERZIG, S.J. et al. Acid-suppressive medication. Use and the risk for hospital acquired pneumonia. The Journal of the American Medical Association, Boston, n.301, p.2120-2128, 2009.

LIMA,   A.P.V;   NETO   FILHO,   M.A.   Efeitos   em   longo   prazo   de   inibidores   da   bomba   de   prótons:    PULMONARY    SEQUESTRATION    –    LITERATURE   REVIEW.   Brazilian   Journal   Of   Surgery And Clinical Research – Bjscr, Brasilia, v. 5, n. 3, p.1-5, jan. 2014. 

LORENZ, C.; SCHNEIDER, A.; OLIVEIRA, K.R.; COLET, C.F. Perfil sociodemográfico e clínico de idosos usuários crônicos de omeprazol na rede básica de saúde. Rev Fun Care Online, v. 11, n. 4, jan/mar. 2019.

MENEGASSI, V.S. et al. Prevalência de alterações proliferativas gástricas em pacientes com uso crônico de inibidores de bomba de prótons. Arq Bras Cir Dig, v. 23, n. 3, p.145-149, 2010.

NASCIMENTO, G.B. et al. Estudos sobre a gastrite e os inibidores da bomba de prótons. Revista Referências em Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Goiás, v. 2 n. 01, 2019.

REVISTA: O FARMACÊUTICO em revista, CIM – Farmacovigilância, Curitiba, ed. 90, p. 6, jul./ago./set. 2010.

SALGADO, A.L. et al. Uso indiscriminado de inibidores da bomba de prótons em receituários de medicamentos de uso contínuo. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p.5883-5897, nov./dec. 2019.

SARKAR, M. et al. Proton pump inhibitor use and risk for community acquired pneumonia. Annals of Internal Medicine, v. 149, n. 6, p. 391-398, set. 2008.

THOMSON, A.B., SAUVE, M.D., KASSAM, N., KAMITAKAHARA, H. Safety of the long-term use of proton pump inhibitors. World Journal of Gastroenterology, Canadá, v.16, n. 19, p.2323-2330, mai. 2010.


1Farmacêutico, Faculdade Anhanguera, São Luís – MA
E-mail: ramonlacerda09@gmail.com
2Farmacêutica, Faculdade Anhanguera, São Luís – MA
3Farmacêutica, Faculdade UNICEUMA, São Luís – MA
4Farmacêutica, Faculdade Anhanguera, São Luís – MA
5Acadêmica de Farmácia, Faculdade EDUFOR, São Luís – MA
6Acadêmica de Farmácia, Centro Universitário Dom Bosco, São Luís – MA
7Farmacêutica, Centro Universitário Dom Bosco, São Luís – MA
8Farmacêutica, Faculdade Anhanguera, São Luís – MA
9Farmacêutica, Faculdade Pitágoras, São Luís – MA
10Farmacêutico, Faculdade Anhanguera, São Luís – MA