UMA ANÁLISE DO DISCURSO DO SUJEITO-ALUNO SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411181755


Maristela Cardoso da Rosa
Orientadora: Prof. Dra. Clóris Maria Freire Dorow


RESUMO

Este artigo objetiva analisar o discurso do sujeito aluno sobre o ensino de língua portuguesa na escola. O aporte teórico para tal discussão é a Análise do Discurso  de Michel Pêcheux. O corpus se constitui de estudos  realizados com base no discurso discente, que através do seu dizer apresenta as formações discursivas, oriundas da ideologia, presente no interdiscurso e que surge no intradiscurso, inconscientemente,  demonstrando o imaginário que o  aluno tem sobre o professor, mais especificamente  o de língua portuguesa. E neste discurso são apontados os  saberes e práticas escolares do ensino de língua,  elementos que serviram de base para a  análise empreendida.

ABSTRACT

This article aims to analyze the discourse of the student subject on the teaching of Portuguese language in school. The theoretical contribution to this discussion is Michel Pêcheux’s Discourse Analysis. The corpus consists of studies carried out based on the student’s discourse, which through his saying presents the discursive formations, originating from the ideology, present in the interdiscourse and that appears in the intradiscourse, unconsciously, demonstrating the imaginary that the student has about the teacher, more specifically the Portuguese language. And in this discourse the knowledge and the school practices of the teaching of language are evidenced, elements that served as basis for the analysis undertaken.

INTRODUÇÃO

          Considerando a experiência em sala de aula, durante o estágio de regência, na graduação do curso de Licenciatura em Letras, Português e Literatura, e a inquietação em relação ao desinteresse dos discentes no transcorrer do estágio e agora exercendo o trabalho como professora, optou-se por desenvolver o artigo, tendo como materialidade discursiva o discurso discente. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é investigar sob a perspectiva da Análise de Discurso(AD), tendo como principal teórico  Michel Pêcheux, o discurso do aluno em relação ao ensino de língua portuguesa na escola, analisando  as formações discursivas que se farão presentes.

          Assim, com base na desconstrução do discurso, será feita uma análise, com o objetivo de compreender de que lugar fala o aluno e quais formações  discursivas  surgem  em seu dizer. O discurso representa a palavra em movimento, conforme Orlandi,

a  Análise do Discurso, como seu próprio nome indica,  não trata da língua, não trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim a palavra em movimento, prática da linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem  falando.  (Orlandi, 2009, p. 15)

          Logo, a Análise de Discurso tem por objeto de estudo o discurso, analisando os sentidos do dizer do sujeito. Isto é, por meio de seu discurso o sujeito é constituído e para que seja possível identificar alguns dos sentidos do seu dizer é necessário levar em consideração a historicidade, o social que vão se manifestar nas  formações discursivas presentes em seu discurso.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

          Orlandi (2013) comenta  que o sujeito possui  a capacidade de significar e de  significar-se, este é representado na sociedade por meio do seu discurso que coloca em prática o seu dizer e a sua representação de mundo.

          A língua na AD é o suporte material e simbólico, não apenas como um sistema abstrato, mas como a representação do sujeito discursivo na sociedade, isto é, o sujeito só é sujeito através do discurso.  O sujeito na Análise de Discurso é aquele que usa a linguagem, que joga na linguagem, busca sua completude na interação linguística com o outro, é assujeitado, é sujeito à língua e à ideologia e está submetido às condições do discurso. Conforme, Orlandi, 2013:

Assim a primeira coisa a se observar é que a Análise de Discurso não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de              significar, com homens falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos, seja enquanto membros de uma determinada sociedade. (Orlandi, 2013, p. 15)

            A historicidade a qual o sujeito pertence e a maneira que seu discurso é produzido é  base da construção da AD, pois o analista traz à análise a relação do discurso com sua exterioridade. Para essa teoria fosse construída foram utilizados vários campos do conhecimento, como as Ciências Sociais, a Linguística, a Psicanálise.

          As Ciências Sociais que representa o político e a Linguística que representa o simbólico, a língua, dialogam na AD e permitem ao analista buscar os sentidos, não apenas analisando a língua como um sistema abstrato, mas como este dizer se mostra, aliado ao social e ao político. Conforme, Orlandi:

Consequentemente, o discurso é o lugar em que se pode observar essa relação entre língua e ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentidos por/para os sujeitos. (Orlandi, 2013, p. 17)

          O discurso revela esse elo entre ideologia e inconsciente nas formações discursivas[1] que se fazem presentes em seu discurso. E são estas formações discursivas que  são passíveis de serem analisadas, na busca por sentidos.

          O sujeito é apresentado por Pechêux, 1995, como algo que constitui o discurso e que por ele é constituído. O autor apresenta a forma-sujeito, em que o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e a qual é identificada em uma formação discursiva(FD), assim, é possível que o mesmo sujeito, o sujeito do discurso, esteja representando mais de uma posição dentro da mesma FD, isso reflete e é refletido pela reprodução dos saberes desta determinada FD. Todo indivíduo social só pode ser agente de uma prática se se revestir da forma-sujeito, essa contitui o funcionamento imaginário do sujeito.

          Segundo o mesmo autor, “as palavras, expressões, proposições, etc., mudam de sentido segundo as posições sustentadas por aqueles que as empregam”( Pêcheux, 1995, p. 160). Para a AD, o sujeito identifica-se com uma ideologia, essa identificação baliza suas ações, fala, expressões, pois  conforme Pêcheux (op. cit p. 159), “é a ideologia que fornece as evidências pelas quais “todo mundo sabe” o que é um soldado, um operário, um patrão, uma fábrica, uma greve, etc.” e é essa ideologia que traz sentido às palavras e expressões. O autor define essa ideologia como “o caráter material do sentido”. Isto posto, a AD afirma que o sentido de um discurso é definido conforme a formação discursiva à qual o sujeito está inscrito, pois através das palavras e expressões que constituem a formulação é possível identificar a FD na qual o sujeito discursivo está inscrito. Conforme Pêcheux:

“diremos que os indivíduos são “interpelados” em sujeitos falantes(em sujeitos de seu discurso) pelas formações discursivas que representam “na linguagem” as formações ideológicas que lhe são correspondentes. (Pêcheux, 1995, p. 161)

          Um dos meios de reprodução da ideologia é a escola, espaço imediato dos entrevistados  do presente trabalho. Segundo os parâmetros educacionais,  a instituição de ensino é o local em que o aluno tem a oportunidade de aprender, e, supostamente, entender qual o sentido de cada disciplina para sua formação acadêmica e pessoal.  Althusser, (1969, p. 22),  compara a Escola à Igreja e ao Exército, enquanto aparelhos ideológicos do Estado, o autor considera que inclusive as práticas utilizadas para ensino, nas  três instituições mencionadas, levam àqueles que estão sendo instruídos à submissão plena à  ideologia dominante, mesmo que inconscientemente. Assim, alunos e professores são dependentes deste imaginário que mostra a escola como um local de “adestramento, existem regras que tem de ser obedecidas para que crianças, adolescentes e adultos possam se adaptar a uma vida em sociedade segundo as normas previstas pela LDB onde estão contidos os preceitos que devem direcionar os objetivos de um educandário. A escola como aparelho ideológico do Estado torna-se um reprodutor do regime capitalista, um determinante nas posições de cada sujeito, logo, a formação discursiva dos indivíduos é constituída em grande parte no ambiente escolar, tornando  o sujeito assujeitado pela ideologia desde o seu nascimento.

          Althusser, relendo a concepção de Karl Marx , traz a ideologia como fator de dominação de classes, designando-a como Aparelho Ideológico de Estado ou Aparelho Repressivo do Estado. Este último  funciona e regula suas ações através da violência enquanto o primeiro age através implantação de ideologias. Para o autor,

Mas vamos a essencial. O que  distingue os AIE do Aparelho (repressivo) de Estado, é a diferença fundamental seguinte: o aparelho repressivo do Estado “funciona pela violência”, enquanto os Aparelhos Ideológicos de Estado funcionam “pela ideologia”.  (Althusser, 1969,  p. 46)

          Sobre os Aparelhos ideológicos e repressivos de Estado, o autor afirma que nenhum deles, embora sua essência seja ensinar ou repreender, é totalmente ideológico ou repressivo, pois ambos utilizam a ideologia e a repressão como forma de ensino e doutrinação. Aqueles que estão sob o poder de algum desses aparelhos são direcionados, através da aplicação de regras que têm de ser cumpridas.

          A ideologia é uma das formas de exercício da dominação, pois, através dos seus ensinamentos e doutrinação, os sujeitos tornam-se submissos e são o produto de uma determinada formação discursiva que os molda. Por exemplo, um aluno que é representante de uma turma não deveria participar de enfrentamento da autoridade de um professor ou diretor, sob pena de ir de encontro à formação discursiva de um representante de discentes, só que estas formações nem sempre moldam o sujeito e ele se rebela, mostrando outras formações discursivas que se opõem. Estas formações discursivas estão permeadas de ideologia que opera de modo inconsciente, levando o sujeito à ilusão de que é autor único de suas ideias, dando-lhe  uma falsa segurança de autoria. A ideologia surge da historicidade, do lugar social em que o sujeito está inserido, mostrando uma realidade de acordo com seus parâmetros.  Segundo Rodrigues,  

“a ideologia simplesmente cristaliza em verdades a visão invertida do real”, considerando que “visão do real” signifique e implique em valores e crenças enquanto conjunto de ideias de uma determinada época para uma determinada classe social.  (Rodrigues, 2010,  p. 6)

          O sujeito é submetido à ideologia através da linguagem, não existindo sem esta,  ideologia que faz parte  do imaginário social e é resultado do seu pertencimento a uma certa classe social, vivida em um certo tempo.  Assim, diferentes saberes ideológicos estão presentes no mesmo sujeito, representando vivências de diferentes realidades sociais e imaginárias em que esse sujeito está inserido.

          A noção de formação discursiva pode ser abordada a partir do lugar discursivo do sujeito, pois este está intrinsecamente ligado  e  dependente da sua formação discursiva, tudo o que é produzido emana de um lugar social, de uma ideologia.

          Pechêux defende em sua obra que o sujeito é assujeitado, como declara “o indivíduo é interpelado como sujeito(livre) para livremente submeter-se às ordens do Sujeito, para aceitar, portanto(livremente) sua submissão” p.133. Isto é,

“Se acrescentarmos, de um lado, que esse sujeito, com S maiúsculo – sujeito absoluto e universal-, é precisamente o que J. Lacan designa como o Outro (Autre, com A maiúsculo), e, de outro lado, que, sempre de acordo com a formulação  de Lacan. “o inconsciente é o discurso do Outro”, podemos discernir de que modo o recalque inconsciente e o assujeitamento ideológico estão materialmente ligados, sem estar confundidos, no interior do que se poderia designar como o processo do Significante na interpelação e na identificação, processo pelo qual se realiza o que chamamos as condições ideológicas da reprodução/transformação das relações de produção.”  (Pechêux, 1995, p. 134)

          A partir de tal afirmação é possível citar que o sujeito sofre/realiza a produção do seu discurso com base em todas os saberes pelo qual se constitui como ser sócio-ideológico, pois no seu inconsciente está presente o discurso do “Outro” (sociedade). O sujeito é assujeitado porque não é dono do seu dizer. Ele repete os saberes do dizer do outro.

          A Análise de Discurso sustenta-se em três pressupostos teóricos que dialogam entre si, com o objetivo de analisar o sentido do discurso, esse que é constituído do recorte desses pilares, são eles, a psicanálise e a linguística.

Desse modo, se a Análise do Discurso é herdeira das três regiões de conhecimento – Psicanálise, Linguística, Marxismo – não o é de modo servil e trabalha uma noção – a de discurso – que não se reduz ao objeto da Linguística, nem se deixa absorver pela Teoria Marxista e tampouco corresponde ao que teoriza a Psicanálise. Interroga a Linguística pela historicidade que ela deixa de lado, questiona o Materialismo perguntando pelo simbólico e se demarca da Psicanálise pelo modo como, considerando a historicidade, trabalha a ideologia como materialmente relacionada ao inconsciente sem ser absorvida por ele. (Orlandi, 2013,p. 20)

          Essa base na qual a AD apoia-se permite ao analista do discurso ter uma visão ampla e fundamentada, que o leva a considerar  não apenas a língua, mas o contexto social em que foi produzido o discurso,    

          Para Dorow (2002),  as formações imaginárias sempre resultam de processos discursivos anteriores. Nessa direção, as formações imaginárias manifestam-se, no processo discursivo, através da antecipação, das relações de força e de relações de sentido. Na antecipação, o emissor projeta uma representação imaginária do receptor e, a partir dela, estabelece suas estratégias discursivas. O lugar de onde fala o sujeito determina as relações de força no discurso, enquanto as relações de sentido pressupõem que não há discurso que não se relacione com outros.

          Para Pêcheux (1995), o que ocorre é um jogo de imagens: dos sujeitos entre si, dos sujeitos com os lugares que ocupam na formação social e dos discursos já-ditos com os possíveis e imaginados. As formações imaginárias, enquanto mecanismos de funcionamento discursivo, não dizem respeito a sujeitos físicos ou lugares empíricos, mas, às imagens resultantes de suas projeções.

          Assim, segundo Orlandi (2000), as formações imaginárias são mecanismos que fazem com que os discursos funcionem nesse jogo de imagens. Desse modo, quando a autora traz o exemplo de uma mãe que está para dar a luz em uma materinidade, o que está presente, não são os sujeitos físicos (a mulher que dá a luz) nem os lugares empíricos (a maternidade) que funcionam no discurso, mas as imagens (mãe/instituição hospitalar) que resultam de projeções sustentadas pela história, pelo social e pela ideologia.

          Para Dorow (op.cit. p.43), o sujeito do discurso, ao mesmo tempo em que é interpelado/assujeitado ideologicamente pela formação social, se inscreve/ocupa um dos lugares sociais que lhe foi determinado. É o espaço do empírico. Na passagem para o espaço teórico, no  caso deste trabalho, para o espaço discursivo, o lugar social que o sujeito ocupa numa determinada formação social e ideológica, que está afetada pelas relações de poder, vai determinar o seu lugar discursivo, através do movimento da forma-sujeito e da própria formação discursiva com a qual o sujeito se identifica.

          O sujeito sempre fala de um determinado lugar social, o qual é afetado por diferentes relações de poder, e isso é constitutivo do seu discurso. Então, é pela prática discursiva que se estabiliza um determinado lugar social/empírico. O lugar discursivo é determinado não só pelo lugar social, mas também pela estrutura da língua, materializada no intradiscurso. Assim, tanto o lugar discursivo é efeito do lugar social, quanto o lugar social não é construído senão pela prática discursiva, ou seja, pelo efeito do lugar discursivo. Isso significa dizer que ambos, lugar social e lugar discursivo, se constituem mutuamente, de forma complementar, e estão relacionados à ordem de constituição do discurso.

          Orlandi(2013, p. 39)  aponta que “As condições de produção, que constituem os discursos, funcionam de acordo com certos fatores”. A relação de sentidos é um desses fatores, como o próprio nome diz existe uma relaçao entre todos os discursos com outros discursos, não há discurso único, original, pois todo o dizer tem relação com outros dizeres. Esse mecanismo é um jogo de linguagem, mesmo que inconsciente, mas que o sujeito lança mão para produzir o seu discurso, faz parte do assujeitamento. Um outro mecanismo utilizado pelo sujeito é da antecipação, conforme apresenta Orlandi:

Por outro lado, segundo o mecanismo da antecipação, todo sujeito tem a capacidade de experimentar, ou melhor, de colocar-se no lugar em que o seu interlocutor “ouve” suas palavras. Ele antecipa-se assim ao seu interlocutor quanto ao sentido que suas palavras produzem. Esse mecanismo regula a argumentação, de tal forma que o sujeito dirá de um modo, ou de outro, segundo o efeito que pensa produzir em seu ouvinte.  (Orlandi, 2013,p. 39)

          Esse jogo da linguagem permite ao sujeito utilizar variadas formas de expressar o seu dizer na tentativa de produzir determinado sentido no discurso, só que os sentidos não são únicos, nem transparentes, portanto eles podem ser  constituídos de variadas maneiras pelo sujeito ouvinte.

          Por fim, um outro mecanismo apresentado por Orlandi é a relação de forças, a qual determina o valor do discurso segundo a posição social do sujeito. Os mecanismos utilizados para a produção do discurso estão presentes na formação imaginária do sujeito, naquilo que tem representatividade para ele, influenciado pelas condições de produção do discurso. A formação imaginária está presente em todo o discurso, pois ela constitui a forma como o sujeito concebe a sociedade, dando-lhe subsídios na concepção dos sentidos e na forma como constrói seu dizer.

          Logo, a relação de forças apresentada por Orlandi é estabelecida no discurso pedagógico, em que o aluno está submisso ao discurso autoritário do professor, sem haver possibilidade de questionamento. Segundo Moll(2016), o docente é o detentor do conhecimento, sem que os alunos possam construí-lo.  Já Coracini apresenta o discurso pedagógico do professor como um discurso oprimido pelas condições de trabalho e que apesar dessa realidade permanece buscando um discurso motivador, conforme:

De identidade paradoxal, o sujeito professor de português oscila entre  representações utópicas, idealizadas, que acabam por encobrir ou sublimar as dificuldades do profissional nos dias de hoje, e a realidade de um cotidiano penoso, que o distancia cada vez mais da imagem ideal de professor construída ao longo dos anos e das gerações e que chega até nós pela memória discursiva. (Coracini, 2000, p. 157)

Também o discurso do aluno é um discurso oprimido, tendo outros elementos que geram sua submissão ao discurso do professor. Segundo Serrani, a elaboração discursiva do discente será possível tendo como meta a mobilização de processos identificatórios do professor e do aluno ao entender e ao dizer  assumindo posições de sentido. Para que isso se concretize, é preciso que o sujeito-aluno confronte perspectivas e regularidades enunciativas que se apresentam em diversificadas relações de contradição entre si, as quais os alunos devam identificar e identificar-se, “para que a prática de produção não seja concebida como decodificação, pois aprender significativamente novas línguas acarreta  a consideração das identificações ideológicas e subjetivas, processo que não se reduz ao estudo do sistema” (Serrani, 2003,p. 295 ).

Para o aluno, falar ou escrever é sempre um processo intrincado, difícil – significa produzir sentido; isso se dá a partir da história de cada um, “a partir das vozes, experiências, reflexões, outras leituras, discussões, valores, crenças que vão constituindo e alterando a subjetividade”, no dizer de Coracini (2003, p.154). Este enfoque teórico, contrário às teorias em que a história e a ideologia são exteriores à linguagem,  considera que o histórico, o social e o ideológico são constitutivos da linguagem. Esta só produz sentidos, simboliza porque é constituída pelas ordens do histórico, do social, do político, do ideológico.

Em vista disso, os discentes entrevistados tiveram bastantes dificuldades para externar seu discurso de forma oral, apresentando  formações discursivas advindas de seu contato com a escola, professores, gestão escolar, familiar, religiosa que o moldam e que demonstram a desconsideração com o seu discurso na maioria das decisões que são tomadas no âmbito escolar, o que corrobora a ideia de que o discente é um objeto passivo neste processo.

METODOLOGIA

          A pesquisa foi realizada por meio de depoimentos de alunos que estão cursando o Ensino Médio, os quais disponibilizaram-se a responder a um questionário com  questões referentes ao ensino de língua portuguesa na escola. A entrevista foi feita de forma  semiestruturada, que se caracteriza pela utilização de um roteiro previamente elaborado (Manzini, 2004) e de forma qualitativa, o que é necessário para a AD, pois Orlandi diz que “A Análise do Discurso não procura o sentido “verdadeiro”, mas o real do sentido em sua materialidade linguistica e histórica”. A autora apresenta que o discurso sempre pode ser/tornar-se outro, pois  o lugar da interpretação é que define o sentido ao qual se inscreve o discurso, que conforme o lugar da interpretação poderá ser modificado.

          As entrevistas foram feitas de forma oral (gravada), e para preservar a identidade dos entrevistados, não foi identificada nem a escola nem os alunos . Durante a transcrição da entrevista oral, a única interferência feita foi o recorte do corpus; além disso, não foi feito nenhum tipo de alteração para que pudesse manter a fala como ela realmente se apresentava.

          A escolha do corpus a ser analisado foi feita com o objetivo de analisar alunos que já tinham uma formação no ensino fundamental, isto é, já estavam no Ensino Médio e, dessa forma, já tiveram um contato maior com a Língua Portuguesa, portanto  possuindo mais tempo de  convivência com o ensino da mesma.

          O objetivo de análise das falas dos alunos é demonstrar não só a opacidade da linguagem, como também analisar se havia diferenças nos discursos  com um corpus de escolas diferentes, porém da mesma faixa etária e grau de escolaridade. Então,  busca-se nas formações discursivas, a visão que esses alunos possuem em relação ao ensino de língua portuguesa. Conforme Orlandi:

“Temos afirmado que não há sentidos “literais” guardados em algum lugar – seja o cérebro ou a língua – e que “aprendemos” a usar. Os sentidos e os sujeitos se constituem em processos em que há transferências, jogos simbólicos dos quais não temos o controle e nos quais o  equívoco – o trabalho da ideologia e do inconsciente – estão largamente presentes.” (Orlandi, 2013, p. 60)

          O equívoco da fala, o trabalho da ideologia e do inconsciente é que são os objetos de pesquisa, pois a fala do sujeito-aluno é analisada como a de um ser social, inserido em uma realidade social, construto de uma historicidade. Conforme Orlandi, o analista deve mostrar essa particularidade do sujeito através da sua fala, considerando ideologia e inconsciente, em cada sujeito, pois na AD, a mesma fala de dois sujeitos pode representar sentidos diferentes em cada discurso, porque o sentido sempre pode ser outro.

ANÁLISE

Analisado o corpus após as entrevistas, foi feita um recorte  nos discursos que pareceram mais pertinentes para a análise pretendida, buscando aplicar a fundamentação teórica explanada no artigo. As perguntas norteadoras seguem em anexo, no final do trabalho.

SD1

O aluno “a” ao ser questionado sobre o a importância do estudo da língua portuguesa responde da seguinte forma:

“Acho importante o ensino de Português porque é a nossa língua,que é tudo. No Português é muito importante a concordância porque sem ela não se é nada. O conteúdo da fonética é o que mais gostei. Ocorre menos fonemas que letras.O conteúdo de Português é aplicado no dia a dia porque sem o ensino da língua portuguesa nós não conseguiríamos falar. Pontos positivos de aprender língua se aprende a ler e a escrever. Se aprender fora da escola a gente pode aprender errado.”

            Ao analisar esta SD,  percebe-se que o aluno está tolhido na sua maneira de se expressar, o que demonstra que as formações imaginárias, principalmente no que concerne às relações de poder, estão presentes pois a pessoa para quem ele está respondendo está agindo sobre o seu dizer, ele está falando com uma professora de Português sobre o Português. Assim, o discurso pedagógico é concebido como discurso – efeito de sentidos entre locutores social e historicamente situados; essa concepção pensa nos lugares sociais, a partir dos quais falam os interlocutores, como diferenciados. O lugar do professor é historicamente um lugar de poder enquanto o lugar do aluno é um lugar de submissão, de depositário dos conhecimentos, um lugar de silêncio que só deve ser rompido quando o professor permite.

Existe uma formação discursiva que é percebida em seu discurso que valoriza a língua culta, dizendo que o Português é uma disciplina de suma importância sem a qual, para ele, não se conseguiria falar. Só que o Português aprendido na escola se refere mais a uma língua culta, formalizada em regras gramaticais, mas qualquer falante da língua pode falar , se comunicar mesmo sem conhecer este Português culto. Embasado nesta ideia, ele fala sobre a concordância como algo essencial dentro da aprendizagem da língua. Além disso, ao ser inquirido sobre o que mais gostava, ele responde que é a Fonética, mostrando para o sujeito entrevistador que ele tinha conhecimento de uma parte do Português, não falada comumente quando se fala sobre o  ensino da língua. Em nenhum momento, ele cita a produção textual ou a interpretação como fatores importantes na aprendizagem do Português.

              Neste tipo de ensino do Português, onde só a gramática é valorizada não há interlocução com o aluno.  Percebe-se, então, que  privilegiar práticas escolares que tem como produto a repetição, a paráfrase, tolhe o “gesto de interpretação” seja do sujeito-autor, seja do sujeito leitor, gerando o que se pode nomear como “identidades linguísticas escolares” (ORLANDI, 2002). Repetidamente, ao se ouvir ou ler textos de alunos, surge a repetição histórica em textos que mostram erros e dificuldades com a língua, no entanto, exteriorizam a historicização do dizer, é uma investida do aluno em significar. Sabe-se bem que a interpretação não tem como ser ensinada; pode-se, no entanto, “compreender como um objeto simbólico produz sentido, podem-se trabalhar os processos de identificação do sujeito-aluno” (ORLANDI, 1998, p.20).

SD2

Ao ser questionado sobre como deveria ser um bom professor de Português e como se caracterizaria o oposto, isto é, um mau professor, o sujeito-aluno respondeu:

       “Um bom professor de Língua Portuguesa, pra mim, tem que ser brincalhão, tem que saber lidar com o aluno, como eu já havia falado, entender o ponto de vista do aluno, pois na adolescência a gente tem alguns pontos de vista diferentes e eu acho que esse é um bom professor.” 

 “Para mim, ãh, muitos professores eu já tive que eu não gostava do professor que, o mau professor pra mim, é aquele que não deixa o aluno brincar…, tipo, não aquele que…, eu não digo que não deixa o aluno brincar, porque brincar não pode, né, mas…, eu, um professor que não dá liberdade para o aluno se expressar, um professor que é muito rígido, um professor que não entende o ponto de vista do aluno, que não deixa o aluno participar na aula, um professor que dá uma matéria na sala de aula e na prova dá outra matéria totalmente diferente, só para complicar a vida do aluno.” 

Pode-se perceber muitas hesitações no discurso do sujeito-aluno, muitos silêncios que podem ser considerados efeitos de um lugar social que é considerado subordinado ao lugar social do professor que é o lugar de mando, de autoridade. Sem dúvidas, pode-se constatar que se expressar de maneira oral ou por escrito constitui-se em um processo complexo – denota produzir sentidos; oriundos da história de cada um, “a partir das vozes experiências, reflexões, outras leituras, discussões, valores, crenças que vão constituindo e alterando a subjetividade”, no dizer de Coracini (2003, p.154). Opondo-se às concepções teóricas em que a história e a ideologia não são consideradas como parte da linguagem, na AD o histórico, o social e o ideológico são constitutivos da linguagem.  Portanto, todo discurso só significa, só simboliza porque é constituído pelas ordens do histórico, do social, do político, do ideológico.

Importante  constatar que o sujeito-aluno diz que é importante o professor deixar o aluno brincar e, conserta este discurso, depois deste ato falho, achando que, se colocar este dizer em seu discurso, ultrapassará os limites de comportamento que são estabelecidos em sala de aula por alguns professores de que brincar não é um comportamento adequado para ser demonstrado perante um docente. E então ele explica que o sujeito-professor deve dar liberdade ao aluno para posicionar-se. E o mais importante, respeitar o discente, fazendo provas que sejam condizentes com a aprendizagem ministrada.

Neste seu discurso, o sujeito-aluno explicita, mesmo sem ter conhecimentos sobre o assunto, como ele acha que um sujeito-professor pode tentar romper com este discurso que é autoritário e que concretiza uma barreira de lugar social entre docente e discente, Para o sujeito-aluno,  isto só seria rompido por meio do chiste, da  brincadeira, usada pelo sujeito-professor, permitindo uma interlocução com o sujeito-aluno. Para transgredir com a circularidade e o autoritarismo do discurso pedagógico faz-se necessário criar um ambiente para o sujeito como ouvinte, beneficiar-se com o processo da interlocução e negar a cristalização do dito; dar lugar  para a interlocução pedagógica e colocar em  prática o gesto de interpretação, “gesto humano fundamental”, nas palavras de Orlandi (1996).

SD3

O sujeito-aluno  no início de sua entrevista, ao ser questionado sobre a importância do ensino de Língua Portuguesa na escola, no instante em que declara: “a Língua Portuguesa eu tenho como visão uma área de ensino tão importante quanto todas as outras, porém que nos leva a um conhecimento maior e a uma capacidade maior de entendimento sobre todas as outras materias, porque até mesmo em outras áreas como a Matemática, Química ou seja que matéria for, ela se faz importante em enunciados e interpretações de tal forma. Hoje, no ensino médio e estando aonde eu estou, acredito que o português, hoje, pode ser encarado de uma forma muito mais séria e diria eu, rígida, mas eu lembro e recordo bem do ensino fundamental, no qual esta matéria é uma das mais menosprezadas dentro das escolas porque muitos focam em matérias do lado da exatas, esquecendo o português ou… e eu lembro de professores que tive, no qual não valorizavam a matéria como tal deve ser valorizada, isso negativava e até dava uma visão negativa sobre o ensino e sobre a Língua Portuguesa em si.” 

          De acordo com a Análise de Discurso, o que determina o que pode e deve ser dito a partir da posição que o sujeito ocupa na sociedade é a formação discursiva que “existe historicamente no interior de determinadas relações de classe” (PÊCHEUX, 1993, p.167). As palavras, expressões, etc. recebem seu sentido da formação discursiva na qual são produzidas. Ela não é imóvel nem fechada, pelo contrário, temos várias formações discursivas que se relacionam entre si e com outras. Assim neste discurso mostram-se formações discursivas que demonstram o dizer do sujeito e a heterogeneidade que o constitui. Em um primeiro momento ele coloca a importância do ensino do Português como uma disciplina que é importante para as demais, principalmente no que tange à interpretação. Percebe-se que são discursos já enunciados, por professores que ele apenas repete em sua argumentação. Depois, ele enuncia que o Português passa a ser valorizado realmente, a partir do Ensino Médio, sendo considerada uma disciplina mais “rígida” mais “séria” por parte do professor. Neste discurso, percebe-se o esforço do aluno em usar expressões mais cuidadas, até por isso atrapalhando-se na estrutura da frase. Neste caso, as formações imaginárias estão bastante presentes pois o sujeito-aluno quer imprimir em seu discurso que realmente faz um bom uso da língua, usando expressões como “menosprezada”, “negativando”, as quais não são expressões usuais em um discurso de um sujeito- aluno jovem. Mas , ele está falando para um professor de Português, que tem conhecimento da disciplina e que fala conforme a Língua Padrão. São as relações de poder que regem os sujeitos do discurso em uma situação em que há lugares sociais de poder e de submissão, presentes nas escolas que são aparelhos ideológicos do Estado, segundo Althusser, como já foi falado anteriormente.                   

5. CONCLUSÃO

          Com base na teoria da Análise do Discurso de Michel Pêcheux, pode-se afirmar que o discurso produz sentidos e esses sentidos implicam na criação de variadas significações, embasadas na historicidade, no lugar social que o sujeito discursivo se pronuncia, em marcas que se revelam no dizer.  Com base nesses pressupostos teóricos, foi possível analisar, através do material coletado, os sentidos e de que forma esses sentidos revelam a prática pedagógica, mais especificamente na área de Língua Portuguesa. As falas apresentadas, a partir de um determinado lugar sócio ideológico, revelam as relações de poder presentes nos ambientes de escolarização.

          A análise apresentada revela que as formações imaginárias do sujeito-aluno o fazem monitorar a fala na entrevista, tendo em vista que está falando com um professor de português, o qual representa alguém que utiliza a língua portuguesa segundo a norma culta. Essa repressão, apontada por Althusser, vigora no ambiente escolar, a falta de relação entre professor e aluno e o autoritarismo não quebram essa barreira repressiva, e pode impedir um  maior aproveitamento do sujeito-aluno na disciplina.

          Por isso, no discurso analisado, também ficam evidenciadas as relações de poder que mostram que há uma falta de interlocução entre aluno e professor que, se é colocada em prática,  torna possível a aprendizagem, pois o aluno torna-se mais receptivo ao trabalho do sujeito professor.  É necessário criar meios para que  o sujeito-aluno sinta que é ouvido, que é respeitado.     

Por isso, Orlandi defende o “gesto humano fundamental”(1996), a fim de que esse sujeito-aluno possa ser beneficiado com o gesto de leitura, com o olhar voltado para um desenvolvimento integral do ser humano, não apenas baseado no ensino de regras gramaticais, mas na construção de um sujeito capaz de interpretar as diversas formas de discurso apresentadas na sociedade. Com o objetivo de que esse ensino o torne não somente capaz de reconhecer a importância do ensino de Língua Portuguesa, mas que o utilize como fundamental para a interpretação de qualquer discurso que está presente no mundo.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTHUSSER, Louis. Althusser-Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos de estado.   Editora Lisboa: Presença Ltda/ Martins Fontes, 1970.

BARONAS, Roberto Leiser(Org.). Análise de Discurso: Apontamentos para uma história da noção-conceito de formação discursiva. São Carlos e João Editores, 2011.

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___________________________.Língua estrangeira e língua materna: uma questão de sujeito e identidade. In: CORACINI, M.J. (org). Campinas: Argos, 2003.

DOROW, Clóris Maria Freire. A ironia no discurso jurídico. Pelotas: UCPel, 2002.

FOUCAULT, Michel.  Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987.

MANZINI, E. J. . Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiros. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PESQUISA E ESTUDOS QUALITATIVOS, 2004, Bauru. Anais. Bauru: USC, 2004. v. 1. p. 1-10. Disponível em <http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/gt3/04.pdf>. Acesso: 10  jul. 2017.

MOLL, Gabriela Cristina Correia. A análise do discurso e a escola: uma discussão sobre as posições – sujeito de alunos e professores. In: ENCONTRO REDE SUL LETRAS, 2016, Palhoça: Unisul, 2016.

ORLANDI, Eni P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas: Unicamp, 2000.

______________. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, S P,  Pontes Editores, 2013.

­­­________________.Interpretação, Autoria e Efeitos do Trabalho Simbólico. São       Paulo: Cortez, 1996.

_____________________.A leitura proposta e os leitores possíveis. In: ORLANDI (org). A leitura e os   leitores. Campinas: Pontes, 1998.

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PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio / Michel Pêcheux; tradução Eni Pulcinelli Orlandi [et al.] – 2.ed. – Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1995.

RODRIGUES, M. L. e SILVA, S. A. Ideologia, Discurso e Linguagem. In Web Revista Página de Debate: questões de Linguística e Linguagem. Ed. 13, pág , Fev/ 2010, Nova Andradina-MS. Acesso em 08/09/2018.

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Anexo:

                                                  Roteiro para entrevista com alunos

  1. Você acha importante estudar a Língua Portuguesa? Por quê?
  2. Quando se fala em ensino da Língua Portuguesa, a gente sabe que alguns conteúdos devem ser tratados? Você pode enunerar alguns?
  3. Você acha que o conteúdo de Língua Portuguesa que estuda em sala de aula é aplicado no dia a dia? Explique a sua resposta.
  4. Que pontos positivos pensas que há  quando se  aprende Língua Portuguesa na escola?
  5. E quais os negativos?
  6. Do modo como você estudou até hoje, você pode dizer que aprendeu nossa língua? Por quê?
  7. Como você acha que deveria ser uma aula interesante de língua portuguesa?
  8. Como deve ser um bom professor de língua portuguesa?
  9. O que caracteriza um mau professor de língua?
  10. O ensino de língua portuguesa na escola tem como objetivo fazer com que os alunos usem a língua portuguesa de forma mais adequada no seu dia a dia. Na sua opinião, o estudo de português na escola cumpre esse papel? Explique.

[1] Formação discursiva é aquilo que pode e deve ser dito a partir de uma posição dada numa conjuntura dada: o ponto essencial aqui é que não se trata apenas da natureza das palavras empregadas, mas também (e sobretudo) de construções nas quais essas palavras se combinam […] as palavras “mudam de sentido” ao passar de uma formação discursiva a outra (Pêcheux,1995,p.162).


[1] Professora Licenciada em Letras – Português e Literatura – Universidade Federal de Pelotas. Cursando Especialização em Linguagens Verbo-Visuais e Tecnologias – Instituto Federal Sul-rio-grandense.maristelacardosoimw@gmail.com

[2]  Professora Doutora do Mestrado Profissional em Educação e Tecnologia. Coordenadora e professora do Curso de Linguagens Verbo-Visuais e Tecnologias. clorisdorow@hotmail.com