REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410201349
Alex Sandro Carvalho Rodrigues
RESUMO
A educação inclusiva tem sido um desafio para professores da educação física que trabalham na promoção do desenvolvimento de alunos com deficiência. Estes têm a escola como um espaço para promover o desenvolvimento social, emocional e acadêmico, a partir de oportunidades de vivências estimuladoras da interação e mediação para a aprendizagem de significados e sentidos e que contribuem para processos de resiliência. O objetivo geral do estudo é analisar práticas pedagógicas que podem ser aplicadas dentro da educação física com o objetivo de proporcionar às crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma melhor qualidade nas aulas de educação física. Dessa forma os objetivos específicos buscarão: analisar como a educação física pode ajudar no desenvolvimento da coordenação motora; analisar como a educação física pode ajudar a desenvolver intelectualmente a criança e entender como as técnicas psicopedagógicas podem ser aplicadas dentro da educação facilitando o desenvolvimento das atividades.
Palavras-chave: Educação Física; Psicomotricidade; Inclusão
INTRODUÇÃO
Entendendo que a Educação Física adaptada tem a missão de incluir as pessoas com deficiência nas mais variadas formas de expressão da cultura corporal de movimento, sendo o ambiente escolar ou não, a prática de exercícios físicos proporciona qualidade de vida por meio da socialização presente nas atividades, diminuindo assim, o risco de doenças.
Portanto, a inclusão deve ser engajada de forma natural para que realmente todos façam parte do processo de aprendizagem. Cabe ao corpo docente de uma escola, por exemplo, trabalhar de forma multidisciplinar para excluir terminologias e permitir a verdadeira inclusão aos que apenas estão integrados ao projeto, e proporcionarem condições pessoais e até mesmo estruturais para que isso ocorra próximo a sua totalidade.
Nesse contexto, este trabalho, é de grande relevância para o meio acadêmico, professores, famílias e todos os interessados na área. Ao considerar os estudos sobre Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é necessário para adaptar as aulas de educação física, estudando como método psicopedagógicos podem facilitar a participação desses alunos.
Diante do exposto, o presente trabalho, buscará entender de que forma os métodos psicopedagógicos podem ajudar a qualificar profissionais da educação física para trabalhar com crianças com TDAH?
O objetivo geral do estudo é analisar práticas pedagógicas que podem ser aplicadas dentro da educação física com o objetivo de proporcionar às crianças de inclusão uma melhor qualidade nas aulas de educação física.
Dessa forma os objetivos específicos buscarão: analisar como a educação física pode ajudar no desenvolvimento da coordenação motora da criança com TDAH; analisar como a educação física pode ajudar a desenvolver o intelectual e entender como as técnicas psicopedagógicas podem ser aplicadas dentro da educação facilitando o desenvolvimento das atividades relacionadas acima.
Organizamos o estudo em 1. Introdução; 2. Educação Física e Inclusão; 3. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH); 4. Metodologia de Pesquisa, e por fim: 5. Considerações Finais.
DESENVOLVIMENTO
A garantia à educação e ao acesso à escola sem discriminação é uma questão de direito, dada pela Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n 9394/96), para o qual as escolas e os professores devem estar preparados para desenvolver de forma altamente especializada o atendimento a pessoas com deficiência, respeitando as necessidades especiais de forma individualizada.
Entretanto, a inclusão do aluno com necessidade educacional especial no ensino regular se esbarra principalmente na grande falência do sistema escolar (CARVALHO, 1998), e a má gestão escolar. A falta de apoio e estrutura é um dos desafios a ser vencido, outro ponto de dificuldade é a falta de diálogo da escola com a família, pois a escola ainda se encontra muitas vezes fechada à comunidade para discussão da perspectiva inclusiva.
Pode-se também observar que muitos alunos de inclusão vivem uma condição de isolamento social, fazendo com que eles fiquem esquecidos, ao invés de incluí-los.
A Escola é capaz de fazer transformações, realizar mudanças na sociedade, formar cidadãos e provocar muitas reflexões nas pessoas. Uma escola que oferece qualidades de ensino, que valoriza a diversidade, que dá acesso ao conhecimento e que é consciente de suas funções sociais, fornecerá um ensino de qualidade para todos.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, doravante chamado de TDAH, é considerado o diagnóstico psiquiátrico mais comum na infância e se caracteriza por três categorias principais de sintomas, que são desatenção, impulsividade e hiperatividade (VASCONCELOS et al., 2003).
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, é, portanto, um transtorno reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo de origem genética, podendo vir acompanhado ou não de hiperatividade, tendo os sintomas de desatenção como um ponto central, assim como a hiperatividade e impulsividade como resultado do comportamento – os quais são considerados como comportamentos negativos, pois podem originar desobediência, problemas sociais e desorganização (PHELAN, 2004).
Na atualidade, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), continua sendo um problema clínico significativo com que a escola e família precisa lidar. Apesar do empenho dos pesquisadores ao longo das últimas décadas, os métodos básicos de diagnóstico e tratamento desse transtorno mudaram pouco. O principal recurso de tratamento é o medicamento, que adquire resultados mais satisfatórios se complementado pela terapia comportamental e ocupacional.
Nesse sentido, é por intermédio do acompanhamento escolar que poderemos atuar diretamente para contribuir com a melhora dos sintomas das pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, diante disso, o professor de Educação Física representa uma excelente ferramenta.
O professor de educação física precisa criar métodos e práticas corporais e pedagógicas na busca por melhorias no ensino dos alunos com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Tais alunos devem obter atitudes éticas, disciplinar e equilibrada, estimulando e entendendo as necessidades específicas dessas crianças, não permitindo em momento algum que elas sejam rotuladas. É preciso, atividades concretas, diversificadas e dinâmicas para os alunos com esse tipo transtorno.
Portanto, é imprescindível que o professor de educação física que convive e ensina essas crianças com distúrbios de aprendizagem – transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) esteja preparado para compreender e responder às necessidades específicas dos alunos da melhor maneira possível, promovendo atividades ricas em conhecimentos que estimulem o desenvolvimento dessas crianças.
Na educação física o professor não deve se fixar em apenas movimentos motores, dentro deste componente curricular trabalha-se ainda questões psicológicas, como o intelectual. Duarte e Santos (2005) descrevem:
A ação de inclusão na área da educação física para além do simples desenvolvimento de atividades físicas. O papel do professor de educação física é de contribuir com uma formação de cidadão, cuja ação educativa é possibilitar aprendizagens e avanços nas capacidades de adaptação da criança com necessidades especiais e a sua vivência e relação corporal. Duarte e Santos (2005, apud) (Falkhenbac, Atos Prinz. et A,2007, p-41).
As crianças com necessidades especiais também produzem através do brincar, e a estas são garantidos como, participar de um espaço na sociedade juntamente com outras pessoas. Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. (DECLARAÇAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948).
Sendo assim os métodos educativos vêm sendo aperfeiçoados a cada dia, para que se possa acompanhar o desenvolvimento do aluno envolvido no processo de ensino e aprendizagem. Acredita-se que a educação inclusiva se constitui num fazer coletivo, onde toda comunidade escolar dever estar caminhando lado a lado, e em permanentemente em progresso.
Utilizaremos neste trabalho a codificação, fase em que os dados brutos, dos textos selecionados previamente, serão transformados em informações relevantes, que permitam uma descrição exata das características do conteúdo. Na segunda fase, ocorrem duas etapas: a unidade de registro e a unidade de contexto. Na unidade de registro, haverá a codificação de palavras, capítulos, temas e ideias principais concernentes ao tema principal, dentro dos livros, artigos e documentos selecionados na fase anterior. Na unidade de contexto, a unidades de registro serão codificadas, analisando o contexto que estão inseridas. Segundo explicam Urquiza e Marques (2016, p.06):
Para que haja êxito no esforço de codificação, há técnicas que precisam ser seguidas. A primeira delas é o recorte, que pode ser uma frase, uma palavra isolada, palavras em conjunto, que indiquem uma relevância para a análise. Por meio do recorte é que são selecionadas as unidades de registro e as unidades de contexto. A segunda técnica que o pesquisador precisa ter em mente ao empreender a categorização é a da enumeração: o modo de se contar. Por exemplo: Pode contar quantas vezes uma palavra aparece nas mensagens, ou, em que posição aparece nos textos do corpus, etc. A última técnica a ser empregada na codificação é a classificação e agregação; ao aplicar essa técnica, o pesquisador avança no esforço de formar categorias.
Na prática, a criação de unidades de registro será a identificação de livros, capítulos, autores e documentos que versem, dentro da psicologia que tratem de inclusão. Já as unidades de contexto serão representadas pela identificação dos autores, livros, textos e documentos que a favor da atuação do psicopedagogo na área.
A última fase consiste na categorização. O processo de categorização pode ser definido como uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero. Aqui, os dados coletados serão categorizados segundo. Nessa fase há, então, a definição das categorias, diferenciando-se e agrupando as unidades de contexto encontradas na fase anterior.
Entende-se por estimulação psicomotora o [processo] que envolve contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo da vida. Caracteriza-se por atividades que se preocupam e vão ao encontro das condições que o indivíduo apresenta, acima de tudo, na sua capacidade maturacional, procurando despertar o corpo e a atividade por meio de movimentos e jogos e buscando a harmonia constante. Estimulação quer dizer despertar, desabrochar o movimento. Dirige-se prioritariamente a recém-natos e pré-escolares. Alguns autores referem-se à estimulação psicomotora como estimulação precoce, mas consideramos o termo errôneo, sendo mais sensato utilizarmos estimulação essencial (BUENO, 1997, p.83).
Goretti (2009) declara que a educação psicomotora é trabalhada dentro do âmbito escolar, principalmente na educação Infantil e no ensino fundamental I. Teve início na França, com o professor de Educação Física Lê Boulch, na segunda metade da década de 60, desde já, visando o desenvolvimento global do indivíduo por meio dos movimentos e, exclusivamente para evitar possíveis dificuldades de aprendizagem.
Segundo Hurtado (1991), a Educação Física representa um conjunto de atividades físicas, metódicas e racionais que se integram ao processo de educação global, visando o pleno desenvolvimento do aparelho locomotor, bem como ao desempenho normal das grandes funções vitais de um indivíduo e ao seu melhor relacionamento social.
CONCLUSÃO
Para o desenvolvimento desse trabalho, baseou-se nos princípios da inclusão considerando que todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades de aprendizagem. Os estudantes em sua totalidade devem ter oportunidades de aprendizado, participando ativamente do processo de construção de conhecimento estabelecido através do objetivo da aula.
A inclusão das pessoas com TDAH é um processo que exige respeito ao próximo, e principalmente a aceitação das diferenças de cada um. Sabe-se que ensinar uma pessoa com necessidades especiais além de ser uma nova experiência para o professor, é também um desafio. Deve-se acreditar na capacidade e potencialidade desses estudantes, trabalhando para que se construa um futuro melhor sem discriminação.
A inclusão é uma inovação que implica em um esforço de modernização e reestruturação da maioria das escolas, principalmente de nível básico, grande parte da dificuldade não é culpa do aluno, e sim do sistema, do modo como esse ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. É importante a prática de projetos inclusivos de educação, ensino diferente do proposto para os educandos que não conseguem acompanhar seus colegas de turma, sejam eles deficientes ou alunos com problemas emocionais, culturais, que precisam desse suporte para um desenvolvimento tranquilo e eficiente.
Na busca de analisar as dificuldades de aprendizagem encontradas no contexto escolar, este estudo apresenta-se de grande relevância para o meio acadêmico, tendo em vista que, resultou em um aprendizado significativo no conhecimento sobre as dificuldades de aprendizagem encontradas no meio escolar.
No final, todos saem ganhando, pois aceitar as diferenças enriquece a formação de cidadão, desenvolvem valores éticos, valores que devem ser ressaltados nos educadores, nos educandos e na sociedade de maneira geral.
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