UM ESTUDO SOBRE A INOVAÇÃO DE PRODUTOS ATRAVÉS DA COMBINAÇÃO DA METODOLOGIA ÁGIL COM UI/UX UTILIZANDO O DESIGN SPRINT

A STUDY ON PRODUCT INNOVATION THROUGH THE COMBINATION OF AGILE METHODOLOGY WITH UI/UX USING THE DESIGN SPRINT

UN ESTUDIO SOBRE INNOVACIÓN DE PRODUCTOS MEDIANTE LA COMBINACIÓN DE METODOLOGÍA ÁGIL CON UI/UX UTILIZANDO EL DESIGN SPRINT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202504032222


Francisco Abud Nascimento1; Andrey Jackson Acioli Alencar2; Pablo Felix Miranda da Rocha3; Ricardo Emanuel Pedrosa Oliveira4


RESUMO

Este estudo investiga a integração entre Metodologias Ágeis e UI/UX, com ênfase no Design Sprint, para otimizar a inovação em produtos de software. Através de um levantamento teórico e da análise de trabalhos relacionados, foi desenvolvida a metodologia All Light, estruturada para organizar equipes e maximizar a eficiência no desenvolvimento de projetos. Os resultados indicam que a abordagem proposta melhora a comunicação entre as equipes e acelera o processo de desenvolvimento, reduzindo desperdícios e aumentando a qualidade do produto final. Conclui-se que a adoção do Design Sprint, alinhada às práticas ágeis, representa um avanço significativo para a inovação no desenvolvimento de software.

Palavras-chave: Metodologia Ágil. UI/UX. Design Sprint. Inovação. Desenvolvimento de Software.

ABSTRACT

This study investigates the integration of Agile Methodologies and UI/UX, focusing on Design Sprint, to optimize software product innovation. Through a theoretical review and analysis of related works, the All Light methodology was developed, structured to organize teams and maximize efficiency in project development. The results indicate that the proposed approach improves team communication and accelerates the development process, reducing waste and increasing the final product’s quality. It is concluded that adopting Design Sprint, aligned with agile practices, represents a significant advance for innovation in software development.

Keywords: Agile Methodology. UI/UX. Design Sprint. Innovation. Software Development.

INTRODUÇÃO

A crescente complexidade do desenvolvimento de software tem impulsionado a adoção de metodologias ágeis, permitindo maior flexibilidade e eficiência. Nesse contexto, o Design Sprint surge como uma ferramenta essencial para acelerar a inovação, combinando UX/UI com processos iterativos. O presente artigo explora essa integração, destacando a proposta da metodologia All Light para potencializar os benefícios da abordagem ágil.

REFERENCIAL TEÓRICO

O estudo se baseia em conceitos fundamentais da Metodologia Ágil, UI/UX e Design Sprint. A literatura destaca que métodos ágeis promovem entregas rápidas e interações frequentes com o cliente, enquanto UI/UX busca aprimorar a experiência do usuário. O Design Sprint estrutura esse processo em cinco dias de intensa colaboração, prototipação e testes.

METODOLOGIA

No desenvolvimento de software, a definição clara de ferramentas e tecnologias, bem como a organização eficiente das equipes de trabalho, são fatores cruciais para o sucesso de um projeto. Este trabalho propõe uma metodologia específica para o desenvolvimento de software com foco em UI/UX, chamada de All Light, utilizando uma abordagem sistemática para a gestão de equipes e a implementação de ferramentas. Cada dia do projeto é representado por um fenômeno e tem um objetivo específico: no Dia 0, denominado Amanhecer, define-se o GRUPO ALL, a equipe e as ferramentas; no Dia 1, Raio Solar, realiza-se uma conversa com o Product Owner para discutir e estudar os projetos; no Dia 2, Luz, ocorre um brainstorming com todos os integrantes para construção do time de planejamento e definição da ideia do MVP; no Dia 3, Filtro de Luz, inicia-se o protótipo e há uma primeira reunião de feedback próximo ao fim do expediente; no Dia 4, Espectro da Luz Visível, acontece a reunião de start para revisão do dia anterior e resolução de problemas, otimizando o tempo para finalizar o protótipo; e no Dia 5, Fenômeno Óptico, testa-se, apresenta-se e classifica-se o trabalho com foco em absorção, reflexão, refração.

O grupo de trabalho, denominado GRUPO ALL, é dividido em dois times principais, como mostrado na figura 3 o time de planejamento e o time de ação. O time de planejamento representado aproximadamente em 40% da equipe é responsável pela criação do MVP (Produto Mínimo Viável) em um período de cinco dias. Após a aprovação do MVP, o time de ação representado aproximadamente 60% da equipe assume o desenvolvimento do projeto real, garantindo suporte contínuo e entregando o produto final. A gestão das equipes é conduzida pelo Light (Gerente), com o apoio do Sub-Light (auxiliar). Essa estrutura de gestão é projetada para descentralizar o conhecimento e promover uma análise contínua do progresso das equipes, além de garantir a harmonia e a comunicação eficaz entre os desenvolvedores e o Product Owner. Os Píxeis, integrantes operacionais do GRUPO ALL, desempenham um papel crucial na execução das tarefas do projeto.

Figura 3: Representação e estatística do grupo ALL

Fonte: Figura criada pelos autores

Além da organização das equipes, a definição das ferramentas utilizadas no projeto é realizada em um encontro inicial, denominado dia zero, onde o Light apresenta as ferramentas a serem utilizadas. Entre essas ferramentas estão a Tabela Razão, ferramentas de prototipação, cores e tipografias, ferramentas de gestão, e locais de compartilhamento dos projetos. Essas definições são fundamentais para a organização e eficiência do trabalho, garantindo que todos os membros do grupo tenham clareza sobre os recursos disponíveis desde o início do projeto. Esta metodologia não só facilita a gestão de projetos de software, mas também promove um ambiente colaborativo e bem-estruturado, essencial para o desenvolvimento de produtos de alta qualidade. Após a reunião sobre as ferramentas, o Light e o Sub-Light deverão anotar todas as ferramentas que serão utilizadas e colocá-las em um local de fácil acesso.

No primeiro dia, denominado “Raio Solar”, torna-se imprescindível realizar um levantamento detalhado acerca da familiaridade da equipe com os projetos apresentados. Essa fase inicial visa compreender o conhecimento prévio dos membros da equipe sobre os projetos propostos, permitindo uma avaliação mais acurada da viabilidade e relevância de cada um, utilizando como ferramenta a Tabela Razão, conforme ilustrado na Tabela 1. A Tabela Razão classifica os projetos em quadrantes, sendo que os projetos enquadrados como urgentes e importantes recebem prioridade máxima no desenvolvimento. Por outro lado, aqueles categorizados como ideais são arquivados, enquanto os projetos considerados ideais e desejáveis têm menor probabilidade de serem desenvolvidos.

Tabela 1: Tabela Razão

Fonte: Figura criada pelos autores

Após essa análise preliminar, elabora-se uma lista hierarquizada dos projetos com base em critérios como impacto, complexidade e sinergia entre os projetos. O líder de produto, então, direciona os desenvolvedores a conduzirem pesquisas adicionais sobre os cinco temas de maior relevância, com o objetivo de aprofundar o entendimento e gerar percepções que fundamentam as etapas subsequentes do processo de desenvolvimento. Esse procedimento sistemático assegura que os esforços da equipe sejam direcionados para projetos com maior potencial de sucesso e alinhamento estratégico, garantindo uma gestão eficiente dos recursos e do tempo disponíveis.

No segundo dia, denominado “Luz”, a equipe reúne-se para realizar uma sessão de brainstorming com o objetivo de definir o tema final do projeto a ser desenvolvido. Durante esse encontro, cada membro contribui com suas perspectivas e sugestões, culminando em um consenso acerca do projeto escolhido. Após a sessão de brainstorming, a equipe é dividida em dois grupos, conforme previsto na metodologia All Light. Inicialmente, ambos os grupos trabalham em conjunto no desenvolvimento do primeiro MVP (Produto Mínimo Viável). Após a conclusão dessa fase, o Time de Ação assume a responsabilidade de continuar o desenvolvimento do MVP, transformando-o em um produto final. Paralelamente, o Time de Planejamento torna-se responsável pelo desenvolvimento de um novo MVP, garantindo a continuidade do processo de inovação e melhoria contínua. Essa divisão de responsabilidades permite que a equipe mantenha o foco e a eficiência, otimizando o fluxo de trabalho e a entrega de produtos de alta qualidade.

Filtro de luz

No terceiro dia, denominado “FILTRO DE LUZ”, após a definição completa da ideia do produto a ser desenvolvido, inicia-se a fase de desenvolvimento prático. É fundamental preservar horários de qualidade para o desenvolvimento do MVP, estabelecendo uma meta de seis horas diárias de trabalho focado. Para garantir a concentração, todos os dispositivos de distração devem ser mantidos fora da sala de desenvolvimento. Caso seja necessário atender uma ligação, isso deve ser feito fora da sala. A prioridade é maximizar o desenvolvimento do protótipo. O horário de chegada pode variar entre 8h e 9h da manhã, permitindo um período de integração da equipe, incluindo um café e conversas necessárias, de modo que às 10h todos estejam focados no trabalho. O desenvolvimento deve começar às 10h e continuar ininterruptamente até às 13h. Após essas três horas de produtividade, haverá uma pausa de uma hora para o almoço, preferencialmente sem grandes distrações, para o trabalho poder ser retomado às 14h. Das 14h às 17h, o foco deve ser total. Das 17h às 17h30, será realizada uma reunião de alinhamento final, discutindo o que foi realizado e planejando as atividades do dia seguinte, respeitando assim a carga horária de oito horas diárias, com início às 9h da manhã e término às 18h.

Espectro da Luz Visível

No quarto dia, denominado “Espectro da Luz Visível”, inicia-se com uma breve reunião para recapitular o progresso feito no dia anterior. A equipe concentra-se em solucionar quaisquer problemas surgidos durante o desenvolvimento, otimizando o tempo para finalizar o protótipo e relembrar as tarefas do dia. O objetivo principal é concluir o protótipo.

Fenômeno Óptico

No quinto dia, denominado “Fenômeno Óptico”, realiza-se a etapa crucial de teste e validação do protótipo. Esta fase determina se o protótipo seguirá para o time de desenvolvimento para a continuidade do projeto. O ato de aprovação é denominado “Refração”. Caso o protótipo necessita ser arquivado, o processo é chamado “Absorção”. Se o protótipo não atender às expectativas e for descontinuado, utilizamos o termo “Reflexão”.

Durante essa etapa, o GRUPO ALL se reúne juntamente com o representante do cliente ou proprietário do produto. O cliente executa os testes, e, em conjunto, utilizando a Tabela Razão demonstrada na Tabela 1, decidimos se o projeto seguirá para o time de ação para continuidade. Dessa forma, encerramos a semana com o produto novo definido. Se o projeto for arquivado, isso ocorre por três motivos: 1) o projeto atingiu o limite de projetos estabelecido, 2) o projeto depende de outro que está em andamento ou 3) Não passou por voto unânime da equipe. Projetos arquivados serão mencionados no próximo Dia Um, assegurando uma visão geral constante dos projetos arquivados. Quando um projeto arquivado não fizer mais sentido ser desenvolvido, ele será deletado ou negado. Um projeto é categorizado como negado após passar pelos testes e não alcançar os resultados esperados. Se a decisão de negação for unânime, o projeto será deletado. Caso haja discordância, o projeto permanecerá arquivado.

A fase de validação no quinto dia, conhecida como “Fenômeno Óptico”, é crucial para garantir a qualidade e a viabilidade do protótipo desenvolvido. Ao reunir o GRUPO ALL e o representante do cliente, asseguramos que o feedback recebido é direto e relevante, permitindo uma avaliação precisa utilizando a Tabela Razão. Essa abordagem estruturada não apenas define o destino do protótipo, mas também mantém uma documentação clara dos projetos arquivados e descontinuados, garantindo a transparência e a rastreabilidade do processo. A categorização final dos projetos em “Refração”, “Absorção” ou “Reflexão” permite uma tomada de decisão informada, baseada em testes rigorosos e consenso coletivo. Essa metodologia, ao promover uma revisão constante e detalhada, assegura que apenas projetos bem fundamentados e com potencial real de sucesso avancem para as fases seguintes de desenvolvimento, contribuindo para a eficiência e a eficácia do ciclo de desenvolvimento de software.

DISCUSSÃO

A aplicação da metodologia All Light demonstrou impactos positivos na eficiência da gestão de projetos, reduzindo retrabalho e garantindo alinhamento contínuo com o cliente. Os resultados sugerem que a integração de UI/UX com a abordagem ágil acelera o desenvolvimento de produtos inovadores.

CONCLUSÃO

O estudo reafirma a importância do Design Sprint como ferramenta essencial na inovação de produtos, quando alinhado às práticas ágeis. A metodologia All Light se apresenta como uma alternativa estruturada para otimizar o desenvolvimento de software, enfatizando colaboração, flexibilidade e eficiência. Pesquisas futuras devem explorar sua aplicação em diferentes contextos organizacionais.

REFERÊNCIAS

KNAPP, J.; ZERATSKY, J.; KOWITZ, B. Sprint: O Método Usado no Google para Testar e Aplicar Novas Ideias em Apenas Cinco Dias. Editora Intrínseca, 2016.

PRESSMAN, R. Engenharia de Software. 10ª ed. McGraw-Hill Education, 2016.

SOMMERVILLE, I. Software Engineering. 9th ed. Addison-Wesley, 2011.

SOHAIB, O.; KHAN, K. Integrating Usability Engineering and Agile Software Development: A Literature Review. IEEE, 2010.


1 Mestre em Informatica, Centro Universitário Mário Pontes Jucá, Maceió, Alagoas, Brasil.
E-mail: francisco.abud@umj.edu.br

2 Bacharel em Engenharia da Computação, Centro Universitário Mário Pontes Jucá, Maceió, Alagoas, Brasil.
E-mail: andreyjackson9@gmail.com

3 Bacharel em Engenharia da Computação, Centro Universitário Mário Pontes Jucá, Maceió, Alagoas, Brasil.
E-mail: pablofelixmr@gmail.com

4 Bacharel em Engenharia da Computação, Centro Universitário Mário Pontes Jucá, Maceió, Alagoas, Brasil.
E-mail: ricardoepo444@gmail.com