REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202409042122
Laila Pires Teixeira de Araujo; Leticia Brito Del Picchia Faria; Isabella de Oliveira Kallas; Rafael Santos de Souza.
Resumo
Paciente com adenocarcinoma colorretal em ceco (pT3pN2a pMX.) , e evolução com hérnia inguinal direita. Durante abordagem cirúrgica ceco, com conteúdo tumoral, localizavam-se na hérnia. A presença de neoplasias em hérnias inguinais é rara, especialmente no lado direito devido à menor mobilidade do ceco e menor incidência tumoral desta porção. O paciente teve uma recuperação satisfatória, sem recidiva até o momento.
Palavras chaves: Adenocarcinoma colorretal, hérnia inguinal direita.
Apresentação do caso
Homem, 78 anos com hérnia inguinal direita redutível associado à prostração, astenia, anemia e sangue oculto nas fezes. Era previamente hipertenso e cardiopata em uso de marcapasso e com história familiar de neoplasia colorretal em parente de primeiro grau. A colonoscopia diagnosticou adenocarcinoma colorretal em ceco e um adenoma tubular em sigmoide, ressecado. Durante a investigação, o paciente relatou aumento de volume da hérnia inguinoescrotal e ausência de redução da hérnia ao repouso, como estava habituado. Exame de imagem evidenciou neoplasia de ceco domiciliada em conteúdo da hérnia inguinoescrotal direita. Estadiamento com doença localizada, optou-se por cirurgia upfront, que incluiu hemicolectomia direita e linfadenectomia, seguida de hernioplastia inguinal direita à Lichtenstein. O paciente teve uma recuperação satisfatória, sem recidiva até o momento. O anatomopatológico confirmou adenocarcinoma colorretal moderadamente diferenciado G2, estadiamento pT3pN2a pMX.
Discussão
Hérnias inguinais afetam cerca de um terço dos homens e 3-5% das mulheres, causando protuberâncias na virilha e, às vezes, complicações como obstrução intestinal. O câncer colorretal é uma neoplasia gastrointestinal comum, sendo o terceiro tumor mais diagnosticado globalmente. No entanto, tumores no ceco, parte do cólon direito, são menos frequentes, tornando o diagnóstico desafiador, especialmente em estágios iniciais. Neste contexto, hérnias inguinais com conteúdo cecal neoplásico são ainda mais raras. Portanto, é crucial considerar sinais de neoplasia colorretal durante o pré-operatório de hernioplastia, especialmente em idosos com alto risco. O diagnóstico precoce pode ser vital, como evidenciado neste caso, onde a colonoscopia oportuna foi essencial para um tratamento eficaz. Devido à alta prevalência de hérnias inguinais em idosos com fatores de risco para neoplasia colorretal, a atenção adequada a esses sintomas é fundamental para proporcionar diagnósticos precoces e tratamentos eficazes.
Comentários finais:
A presença de neoplasias em hérnias inguinais é rara, especialmente no lado direito devido à menor mobilidade do ceco e menor incidência tumoral desta porção. A escassez de relatos médicos sobre esse diagnóstico destaca a importância do tratamento eletivo, que permite uma avaliação detalhada, preparo do paciente e procedimento menos invasivo, melhorando o prognóstico. Documentar e compartilhar tais casos é fundamental para avançar no manejo dessas condições incomuns, bem como o prognóstico do doente.
Referências
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Hospital das Clínicas Samuel Libânio, Pouso Alegre – MG – Brasil.