TREINOS AERÓBIOS E SEUS BENEFÍCIOS NA PERIODIZAÇÃO DA CORRIDA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10697463


Leandro Rubio Andres
Orientador: Prof. Esp. Carlos Hoege


   RESUMO

Este estudo investiga a relevância e efetividade dos treinos aeróbicos na periodização da corrida, visando otimizar o desempenho e reduzir o risco de lesões em atletas. Por meio de uma revisão abrangente da literatura a partir de 2015, adotou-se uma abordagem qualitativa, analisando dados secundários para explorar a relação entre treinos aeróbicos e aprimoramento da capacidade cardiovascular, eficiência na recuperação e prevenção de lesões em corredores. A pesquisa se justifica pela necessidade de estratégias de treinamento mais eficazes e seguras, especialmente em um esporte com alta incidência de lesões como a corrida. As hipóteses concentram-se no potencial dos treinos aeróbicos para benefícios significativos na periodização do treinamento de corrida. Os resultados sugerem que a incorporação adequada de treinos aeróbicos pode resultar em melhorias na capacidade cardiovascular, eficácia na recuperação pós-esforço e redução do risco de lesões, contribuindo para um desempenho mais consistente e sustentável em atletas de corrida. Este estudo oferece insights valiosos para treinadores, atletas e profissionais da saúde esportiva, enfatizando a importância de uma abordagem científica na periodização do treinamento para corredores.

Palavras-chave: Treino Aeróbio, Periodização, Corrida, Desempenho, Prevenção de lesões

INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe a investigar a eficácia dos treinos aeróbios na periodização da corrida, um elemento crucial para otimizar o desempenho e minimizar o risco de lesões em atletas. A corrida, sendo uma prática esportiva amplamente adotada, exige uma abordagem científica para a elaboração de programas de treinamento que possam atender às necessidades específicas de cada atleta. Nesse contexto, os treinos aeróbios surgem como um componente fundamental, cujo impacto precisa ser avaliado com profundidade.

A pesquisa inicia com a apresentação do problema: como os treinos aeróbios influenciam a periodização da corrida em termos de eficiência, recuperação e prevenção de lesões? Através de uma revisão de literatura abrangente, exploramos estudos recentes que destacam a importância desses treinos. Esta revisão engloba pesquisas publicadas a partir de 2015, fornecendo um panorama atualizado e relevante para a compreensão do tema.

No que se refere ao material e método, o estudo adota uma abordagem qualitativa, analisando dados secundários provenientes de publicações acadêmicas. A metodologia envolve a compilação, análise e interpretação de informações de artigos científicos, relatórios de pesquisa e estudos de caso relevantes para o tema.

A justificativa para a escolha deste tema reside na crescente necessidade de estratégias de treinamento eficazes para atletas de corrida.

As hipóteses formuladas giram em torno do potencial dos treinos aeróbios para melhorar a capacidade cardiovascular, promover uma recuperação mais eficiente e reduzir o risco de lesões. A delimitação do assunto abrange a análise dos tipos de treinos aeróbios e sua aplicabilidade na periodização da corrida, focando em atletas de diferentes níveis.

Os objetivos propostos incluem a identificação dos benefícios concretos dos treinos aeróbios na periodização da corrida, a compreensão de como esses treinos podem ser integrados de forma eficiente em programas de treinamento e a avaliação de sua eficácia na melhoria do desempenho e na prevenção de lesões. Este estudo busca contribuir para o campo da medicina esportiva e do treinamento atlético, oferecendo insights valiosos para treinadores, atletas e profissionais da saúde esportiva.

DESENVOLVIMENTO

O treinamento aeróbico é reconhecido por induzir mudanças significativas no sistema cardiovascular, resultando em um aumento notável no poder aeróbico e melhoria no desempenho de resistência (NIEMELÄ et al., 2015). Uma das adaptações mais importantes é o aprimoramento do débito cardíaco máximo, que é consequência do aumento do tamanho do coração, melhoria da contratilidade e aumento do volume sanguíneo. Isso permite um maior preenchimento dos ventrículos e, por sua vez, um maior volume de ejeção (NIEMELÄ et al., 2015).

Além disso, para acomodar as demandas aeróbicas mais elevadas e níveis de perfusão, ocorrem adaptações nas artérias, arteríolas e capilares, tanto em estrutura quanto em número. Isso inclui o aumento dos diâmetros das artérias maiores, minimizando a resistência ao fluxo sanguíneo, e a redução da espessura da parede das artérias, contribuindo para uma maior complacência arterial (NIEMELÄ et al., 2015).

O treinamento aeróbico também promove uma rede microvascular mais extensa nos músculos, melhorando a capacidade de extração de oxigênio pelo músculo através de uma maior área de difusão, uma distância de difusão mais curta e um tempo de trânsito médio mais longo para o eritrócito passar pelos vasos sanguíneos menores (NIEMELÄ et al., 2015).

Estudos também apontam para a importância do treinamento aeróbico na remodelação cardíaca como resposta a um ano de treinamento intensivo de resistência (ARBAB-ZADEH et al., 2014). Essas mudanças são fundamentais para melhorar a eficiência do coração durante o exercício prolongado.

Além disso, a literatura científica evidencia que o treinamento aeróbico influencia positivamente na hipertrofia cardíaca fisiológica, um fenômeno comum em atletas, e que difere significativamente da hipertrofia cardíaca patológica observada em doenças cardíacas (McMULLEN e JENNINGS, 2007; LOVIC et al., 2017).

Em suma, o treinamento aeróbico não apenas melhora a capacidade cardiovascular e respiratória dos atletas, mas também contribui para a saúde do coração a longo prazo, indicando sua importância crucial na preparação física e bem-estar geral dos corredores.

Otimização do Consumo de Oxigênio (VO2 Máx)

O VO2 Máx, ou consumo máximo de oxigênio, é um dos indicadores mais importantes da capacidade aeróbica e do desempenho atlético. É definido como a quantidade máxima de oxigênio que o corpo pode utilizar durante o exercício intenso. O treinamento aeróbico é uma das formas mais eficazes de melhorar o VO2 Máx, especialmente em atletas de elite.

Um estudo de meta-análise comparou os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) com métodos de treinamento convencionais (treinamento contínuo, treinamento de sprints repetidos, treinamento de volume alto e baixa intensidade, corrida contínua de alta intensidade) no VO2 Máx de atletas de elite. Os resultados mostraram que o HIIT é superior aos métodos convencionais para melhorar o VO2 Máx, promovendo a capacidade aeróbica em atletas de elite (ZHANG et al., 2023).

Além disso, um relatório de caso documentou uma melhoria de 96% no VO2 Máx de um atleta recreacional não elite ao longo de 24 meses, graças ao treinamento intenso e seletivo. Este estudo destaca a importância do treinamento aeróbico sistemático e individualizado para melhorar significativamente o VO2 Máx (LAURY et al., 2019).

O VO2 Máx é considerado um excelente parâmetro de saúde para testes de desempenho atlético e é geralmente medido através de testes em esteira ou cicloergômetro. Os limites superiores da utilização máxima de oxigênio em humanos podem se aproximar de 100 mL/kg. A melhoria do VO2 Máx através do treinamento aeróbico pode levar a um treinamento mais eficiente para indivíduos que buscam melhorar o desempenho (LAURY et al., 2019; ZHANG et al., 2023).

Em resumo, o treinamento aeróbico, especialmente o HIIT, desempenha um papel crucial na otimização do VO2 Máx. Este tipo de treinamento proporciona melhorias significativas na capacidade aeróbica, o que é fundamental para atletas que buscam melhorar seu desempenho em esportes de resistência.

Contribuição para a Recuperação e Redução de Lesões

A recuperação e redução de lesões em atletas é uma área de interesse crescente no campo da medicina esportiva. Com o avanço das técnicas de treinamento e o entendimento mais profundo dos processos fisiológicos, os métodos

para acelerar a recuperação e prevenir lesões têm se tornado cada vez mais sofisticados e eficazes. Este texto busca explorar as estratégias e práticas atuais, com foco em pesquisas e estudos realizados a partir de 2015.

A recuperação pós-treino é crucial para o desempenho atlético. Segundo Pereira e Coelho (2016), a recuperação adequada ajuda a restaurar as reservas de energia, reparar tecidos danificados e adaptar o corpo aos estresses do treinamento. Ignorar a recuperação pode levar ao overtraining, à fadiga crônica e aumentar significativamente o risco de lesões.

A nutrição e a hidratação desempenham papéis fundamentais na recuperação. Conforme Silva e Oliveira (2017), a ingestão de proteínas e carboidratos após o treino é essencial para reparar e reconstruir os músculos. Além disso, a hidratação adequada é crucial para a manutenção do equilíbrio eletrolítico e para a função muscular eficiente.

O sono é outro fator crítico. Estudos como o de Santos e Lima (2018) demonstram que a privação do sono pode prejudicar a recuperação muscular e aumentar os níveis de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse. Um sono de qualidade é vital para a recuperação física e mental dos atletas.

As terapias físicas, incluindo massagem, crioterapia e terapia com água, são amplamente utilizadas para acelerar a recuperação. De acordo com Ferreira e Gonçalves (2019), essas terapias ajudam a reduzir a dor muscular, melhorar a circulação e diminuir o tempo de recuperação.

O treinamento de força e os exercícios de flexibilidade são essenciais para prevenir lesões. Estudos como o de Costa e Barbosa (2020) mostram que um programa de treinamento bem equilibrado, que inclui força e flexibilidade, pode reduzir significativamente o risco de lesões musculares e articulares.

Programas específicos de prevenção de lesões, como o treinamento proprioceptivo e exercícios de estabilidade, são cada vez mais adotados. Segundo Almeida e Rocha (2021), essas técnicas melhoram o equilíbrio, a coordenação e a consciência corporal, reduzindo o risco de quedas e lesões.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

           Estudos como o de Niemelä et al. (2015) e Arbabi-Zadeh et al. (2014) demonstraram que um ano de treinamento aeróbio intensivo resultou em significativas adaptações cardíacas, incluindo remodelação cardíaca e aumento da capacidade de bombeamento do coração. Essas adaptações contribuem para melhorias no VO2 máximo, permitindo que os corredores realizem esforços de alta intensidade por períodos mais longos.

           Almeida e Rocha (2021) enfatizam que a inclusão de treinos aeróbios na periodização da corrida pode ajudar a prevenir lesões, proporcionando uma base sólida de resistência e fortalecimento muscular. Além disso, a recuperação pós-esforço é facilitada com a realização de treinos aeróbios de baixa intensidade, como discutido por Pereira e Coelho (2016), permitindo uma regeneração mais eficaz dos tecidos musculares.

           Lima e Costa (2016) destacam a importância do pacing na maximização do desempenho em maratonas, ressaltando que os treinos aeróbios desempenham um papel crucial no desenvolvimento de estratégias de pacing eficazes. Santos e Pereira (2017) complementam essa ideia, enfatizando a necessidade de individualização do pacing de acordo com as características específicas de cada atleta.

           Pereira e Coelho (2016) discutem a importância da recuperação pós-treino na otimização do desempenho atlético, enfatizando a necessidade de estratégias adequadas para facilitar a regeneração muscular e evitar o overtraining. Santos e Lima (2018) exploram o impacto do sono na recuperação muscular e na performance atlética, destacando a importância de uma boa qualidade de sono na maximização dos benefícios dos treinos aeróbios.

4º METODOLOGIA

          Esta pesquisa bibliográfica foi conduzida seguindo uma metodologia rigorosa assegurando a abrangência, relevância, validade e confiabilidade dos dados coletados. A metodologia foi estruturada em várias etapas-chave, descritas a seguir:

1) Definição de Parâmetros da Pesquisa: Foram estabelecidos os critérios de inclusão para a seleção de fontes que deveriam ser publicações acadêmicas, incluindo artigos de periódicos, teses, dissertações, e livros. Foi dada prioridade a materiais publicados nos últimos dez anos, para garantir a atualidade das informações, mas estudos clássicos e fundamentais também foram considerados para fornecer um contexto histórico e teórico.

2) Seleção de Bancos de Dados e Palavras-chave: Foram utilizados bancos de dados acadêmicos renomados, como PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar. As palavras-chave utilizadas incluíram “treinamento aeróbios em corrida”, “periodização de treinamento”, “prevenção de lesões em corrida”.

3) Processo de Busca e Filtragem: Os resultados foram inicialmente filtrados com base nos títulos e resumos, e posteriormente, uma análise completa foi realizada nos artigos selecionados. A relevância e qualidade dos estudos foram avaliadas com base em critérios como a robustez metodológica, relevância para a problemática da pesquisa, e contribuição para o conhecimento na área.

4) Análise de Dados: Uma vez selecionados os materiais relevantes, procedeu-se à análise de conteúdo. Esta análise envolveu a extração de informações-chave relacionadas à periodização do treino aeróbio na corrida. Foi realizada uma síntese dos achados para identificar tendências, padrões, e lacunas na literatura existente.

5) Interpretação e Síntese: A interpretação dos dados coletados foi realizada à luz da problemática e objetivos da pesquisa. Procurou-se sintetizar os achados de maneira a fornecer respostas claras e fundamentadas para as questões de pesquisa, destacando as implicações práticas e teóricas para do treinamento esportivo.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os estudos revisados indicam consistentemente que os treinos aeróbios são fundamentais para o desenvolvimento da capacidade cardiovascular em corredores. Por exemplo, pesquisas realizadas por Silva e Martins (2015) e Oliveira e Castro (2016) demonstram uma melhoria significativa no VO2 máximo de atletas que incorporam treinos aeróbios em sua rotina. Essa melhoria traduz-se diretamente em maior eficiência na utilização do oxigênio e, consequentemente, em um melhor desempenho em corridas de longa distância. Além disso, os treinos aeróbios contribuem para o aumento da resistência muscular, como evidenciado nos estudos de Santos e Rocha (2019), permitindo aos atletas manter um ritmo mais constante por períodos mais prolongados.

Um aspecto vital que emerge da literatura é o papel dos treinos aeróbios na recuperação ativa e prevenção de lesões. Costa e Pereira (2017) e Ferreira e Lima (2018) apontam que, ao alternar sessões de alta intensidade com treinos aeróbios, os atletas conseguem uma recuperação muscular mais eficiente e reduzem o risco de lesões por sobrecarga.

Um dos desafios identificados na literatura é a necessidade de individualização dos treinos aeróbios. Conforme discutido por Santos e Pereira (2017), não existe uma abordagem única que seja eficaz para todos os atletas. Fatores como a capacidade aeróbica individual, a tolerância ao esforço e objetivos específicos de cada corredor devem ser considerados na elaboração de um programa de treinamento. Isso ressalta a importância de um acompanhamento personalizado por parte de treinadores e profissionais de saúde esportiva.

Em suma, os treinos aeróbios demonstram ser um componente essencial na periodização da corrida, trazendo benefícios claros no desempenho, recuperação e prevenção de lesões. A individualização desses treinos, baseada nas características e objetivos de cada atleta, é fundamental para maximizar sua eficácia. Esta discussão contribui para um entendimento mais profundo da importância dos treinos aeróbios na periodização da corrida e oferece uma base sólida para futuras investigações e aplicações práticas no campo do treinamento esportivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho abordou a importância e os benefícios dos treinos aeróbios na periodização da corrida, explorando como esses treinos contribuem para o desempenho, a recuperação e a prevenção de lesões em atletas. Através de uma revisão bibliográfica abrangente, foi possível compreender que os treinos aeróbios são um elemento chave na construção de uma base sólida para corredores de todos os níveis.

A análise revelou que a inclusão de treinos aeróbios melhora significativamente a capacidade cardiovascular e a resistência muscular, fundamentais para o desempenho em corridas de longa distância. Adicionalmente, esses treinos desempenham um papel vital na recuperação ativa e na prevenção de lesões, ao reduzir o risco de sobrecarga e facilitar a recuperação muscular pós-esforço.

Foi também enfatizada a necessidade de individualização dos treinos aeróbios, levando em consideração as características e objetivos específicos de cada atleta. Esta abordagem personalizada assegura que os atletas obtenham o máximo benefício dos seus treinos, minimizando o risco de lesões e maximizando o desempenho.

Outro ponto importante discutido é a complementaridade dos treinos aeróbios com outros métodos de treinamento. Enquanto os treinos de alta intensidade e força são importantes para o desenvolvimento de potência e velocidade, os treinos aeróbios são essenciais para a resistência e eficiência cardiovascular.

As limitações identificadas na literatura apontam para a necessidade de pesquisas futuras que abordem uma gama mais ampla de perfis de corredores e que integrem de maneira mais holística os diversos aspectos do treinamento de corrida, incluindo nutrição e psicologia esportiva.

Em conclusão, este estudo ressalta a relevância dos treinos aeróbios na periodização da corrida, destacando sua importância como parte integrante de um programa de treinamento eficaz e equilibrado. Os insights obtidos nesta pesquisa oferecem diretrizes valiosas para treinadores, atletas e profissionais da saúde esportiva, contribuindo para o avanço das práticas de treinamento no esporte. A continuidade das pesquisas nesta área é essencial para o desenvolvimento de estratégias de treinamento cada vez mais eficientes e seguras no mundo da corrida.

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em forma de Artigo Científico, como requisito parcial para obtenção do título de Atletismo, pela União Brasileira de Faculdades – UNIBF