REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202411211934
Arthur Carlos Brasil Sampaio Laves
Erick Danilo Cordeiro Santarém
Orientador: Professor Doutor Porthos da Costa Castello Branco
RESUMO
O envelhecimento populacional apresenta desafios significativos para a saúde pública, especialmente em contextos de má alimentação, pouca interação social e sedentarismo, que intensificam o processo de envelhecimento. Esses fatores aumentam a prevalência de doenças crônicas, incapacidades funcionais e dor crônica, reduzindo a autonomia e aumentando a dependência e os custos de saúde. A dor crônica, combinada à inatividade física, agrava a perda funcional e pode gerar um ciclo vicioso de dor e redução de mobilidade. A atividade física, sistemática ou não, é essencial para prevenir esse ciclo, melhorando a qualidade de vida, a independência e reduzindo doenças crônicas. O exercício regular é mais eficaz do que tratamentos farmacológicos na promoção de saúde e funcionalidade, sendo fundamental incorporá-lo no cuidado aos idosos em hospitais e centros de assistência.
Palavras-chave: Envelhecimento populacional, Saúde pública, Doenças crônica
ABSTRACT
Population aging presents significant challenges for public health, especially in contexts of poor diet, little social interaction and a sedentary lifestyle, which intensify the aging process. These factors increase the prevalence of chronic diseases, functional disabilities and chronic pain, reducing autonomy and increasing dependence and healthcare costs. Chronic pain, combined with physical inactivity, worsens functional loss and can generate a vicious cycle of pain and reduced mobility. Physical activity, whether systematic or not, is essential to prevent this cycle, improving quality of life, independence and reducing chronic diseases. Regular exercise is more effective than pharmacological treatments in promoting health and functionality, and it is essential to incorporate it into the care of the elderly in hospitals and care centers.
Keywords: Population aging, public health, Chronic diseases.
1. INTRODUÇÃO
Envelhecimento populacional representa um desafio crescente para a saúde pública, principalmente em contextos em que a alimentação inadequada, a baixa interação social e a redução da atividade física aceleram o processo de envelhecimento. Essas condições aumentam a prevalência de doenças crônicas e problemas musculoesqueléticos, resultando em uma maior dependência, fragilidade e aumento dos custos com cuidados de saúde. Um fator agravante é a alta prevalência de dor crônica entre os idosos, que, associada à inatividade, provoca uma perda progressiva de autonomia e funcionalidade, criando um ciclo difícil de interromper.
Diante do exposto é importante discutir sobre o processo de envelhecimento que de acordo com Figueredo et al (2021) “envolve declínios graduais que afetam os organismos ao longo da vida, resultando em mudanças fisiológicas que se entrelaçam com fatores culturais, sociais, psicológicos e biológicos”. Nesse cenário, a atividade física – especialmente o treinamento funcional – surge como uma estratégia eficaz para melhorar a saúde, a independência dos e o envelhecimento saudável dos idosos.
No entanto, sua aplicação enfrenta alguns desafios importantes. A população idosa apresenta grande variação nas condições físicas, com alguns indivíduos lidando com doenças como hipertensão, artrite e osteoporose, o que exige adaptação dos treinos para evitar tanto a sobrecarga quanto a inatividade. Além disso, muitos idosos sentem insegurança e medo de quedas durante os exercícios, o que pode prejudicar sua adesão ao programa. Manter a motivação é outro desafio relevante, já que a falta de resultados imediatos pode desanimar os praticantes, especialmente se houver dificuldades emocionais, como baixa autoestima.
Segundo Gomes et al (2021) o treinamento de força pode beneficiar idosos que sofrem de Hipertensão Arterial (HA), que é uma condição complexa caracterizada por pressão arterial elevada, acima de 140 mmHg sistólica e 80 mmHg diastólica. Essa elevação pode causar danos a órgãos e desencadear outras doenças.
A hipertensão está associada a problemas sérios, como infarto, insuficiência cardíaca, derrame e até problemas nos rins. Entre as principais causas estão o sedentarismo, a má alimentação e fatores genéticos. Nesse cenário, o treinamento de força surge como uma estratégia importante no tratamento não medicamentoso da hipertensão em idosos. Ele ajuda a combater os efeitos negativos do envelhecimento, aumenta a força e melhora a saúde geral (Gomes et al, 2021).
Ademais, outro ponto de atenção é o risco de lesões, mesmo que o treinamento funcional trabalhe movimentos do cotidiano, é fundamental que ele seja supervisionado por profissionais qualificados, para garantir que as atividades sejam seguras e bem ajustadas às limitações individuais. A falta de uma infraestrutura adequada ou de orientação profissional pode comprometer não apenas a segurança, mas também os resultados do treinamento.
Para abordar o treinamento funcional no cuidado com idosos, Andrade e Melo (2022) destacam que, inicialmente, é preciso reconhecer que o pico de força muscular é alcançado entre os 30 e 35 anos, em ambos os gêneros. A partir desse ponto, ocorre um declínio gradual, devido à perda de massa muscular e à redução no número e tamanho das fibras musculares. Em termos funcionais, estima-se que a força muscular diminua cerca de 20% entre os 22 e 65 anos.
Por outro lado, os benefícios do exercício físico regular são significativos, tanto para idosos saudáveis quanto para os mais frágeis. Ele contribui para a melhora da qualidade de vida, independência e bem-estar psicológico, além de reduzir a mortalidade e o impacto das doenças crônicas. De fato, essas intervenções são muitas vezes mais eficazes que tratamentos farmacológicos no combate à fragilidade. Segundo Martins e Santos (2021), as orientações para o treinamento funcional são fundamentais para melhorar e manter a saúde cardiovascular. No entanto, os autores ressaltam que cada exercício deve ser adaptado à especificidade do grupo e às particularidades de cada indivíduo.
Assim, um dos principais desafios é incorporar programas de exercício físico, como o treinamento funcional, nos cuidados prestados a idosos em hospitais, clínicas e instituições de assistência. É fundamental que essas atividades sejam vistas como parte essencial do tratamento e não apenas como uma opção complementar. Ao equilibrar eficiência, segurança e motivação, é possível garantir melhores resultados e interromper o ciclo de dor, inatividade e perda de funcionalidade, promovendo uma vida mais saudável e independente para a população idosa.
Diante do exposto o presente artigo teve como objetivo entender como o treinamento funcional em idosos da comunidade é eficaz para ajudar na aquisição e/ou manutenção do equilíbrio e da capacidade funcional.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TREINAMENTO FUNCIONAL
A literatura discute que a fundamentação do treinamento funcional se baseia na ideia de que nossos movimentos cotidianos são complexos e envolvem o trabalho coordenado de múltiplos músculos e articulações. Estudos mostram que, ao ativar esses grupos de forma integrada, o treinamento funcional melhora aspectos fundamentais como a coordenação, a estabilidade, a flexibilidade e a força funcional. Essa abordagem visa desenvolver as capacidades físicas necessárias para realizar tarefas do dia a dia de forma eficiente, minimizando o risco de lesões (Silva; Martins, 2020, p. 145).
De acordo com estudos, o treinamento funcional é estruturado com base em movimentos naturais e amplos, que ativam grandes grupos musculares e aumentam a eficiência do corpo para realizar atividades do dia a dia (Silva; Martins, 2020, p. 145). Discute-se ainda que o treinamento funcional é uma forma eficaz de melhorar a capacidade funcional e pode beneficiar pessoas de diversas faixas etárias e níveis de aptidão física. Pesquisas recentes indicam que essa abordagem aumenta a força muscular, reduz o risco de quedas e lesões, e contribui para a autonomia funcional, especialmente em idosos. Essa abordagem é fundamentada na ideia de que os movimentos humanos são complexos e multiarticulares, envolvendo a ativação sinérgica de diversos grupos musculares. Portanto, o treinamento funcional busca reproduzir esses movimentos naturais, exercícios que simulam atividades do dia a dia, como agachamentos, levantamentos, remadas e movimentos de estabilidade, entre outros.
Ao se concentrar em movimentos multiplanares e atividades funcionais utilizando, o treinamento funcional permite a otimização da performance física e reduz o risco de lesões, especialmente em populações com necessidades específicas” (Oliveira; Costa, 2021, p. 85).
A literatura científica destaca os benefícios do treinamento funcional para indivíduos de todas as idades e níveis de condicionamento físico, incluindo a melhoria da capacidade funcional, a redução do risco de lesões, o aumento da força muscular e a melhoria da qualidade de vida. Além disso, o treinamento funcional é particularmente útil para atletas que buscam melhorar o desempenho esportivo, pois desenvolve habilidades específicas relacionadas ao esporte.
Do ponto de vista metodológico, o treinamento funcional pode ser realizado com diferentes equipamentos, como pesos, cordas, bolas, pranchas e outros, além de exercícios corpo-livre. A escolha dos exercícios e equipamentos deve ser baseada nas necessidades específicas do indivíduo e nos objetivos do treinamento. Em resumo, o treinamento funcional é uma abordagem inovadora e eficaz de condicionamento físico que visa desenvolver habilidades e movimentos funcionais, melhorando a capacidade dos indivíduos de realizar atividades cotidianas e esportivas com eficiência e segurança.
2.2 TREINAMENTO FUNCIONAL PARA IDOSOS E SEUS BENEFÍCIOS
O envelhecimento da população mundial representa um desafio significativo para a saúde pública, especialmente em contextos em que fatores como alimentação inadequada, baixa interação social e diminuição da atividade física exacerbam o processo de envelhecimento. Esses fatores contribuem para o aumento da prevalência de doenças crônicas, distúrbios musculoesqueléticos e incapacidades funcionais, o que, por sua vez, resulta em uma redução da capacidade física e um aumento dos custos com cuidados de saúde, além de maior dependência e fragilidade nessa população.
De acordo com Silva et al. (2022) demonstraram que, a partir dos 30 anos, a força muscular começa a diminuir em pelo menos 16,5%. Esse declínio está diretamente ligado à redução da mobilidade corporal e ao impacto no desempenho físico. Em comparação com um adulto de 20 anos, a força de preensão dos homens por volta dos 65 anos diminui cerca de 20%, enquanto nas mulheres essa perda varia entre 2% e 20%.
Adicionalmente, a alta prevalência de dor crônica entre os idosos é uma preocupação crescente, uma vez que esses indivíduos apresentam uma menor capacidade de suprimir a dor e uma sensibilidade aumentada em comparação com adultos mais jovens. Embora não haja consenso na literatura sobre se a percepção da dor aumenta ou diminui com o envelhecimento, é bem estabelecido que a inatividade física e a dor desempenham um papel central na perda de autonomia e funcionalidade dos idosos. O aumento da dor, associado à restrição da mobilidade, acelera a deterioração da capacidade funcional, frequentemente resultando em perda acentuada de força e agilidade. Esse fenômeno pode se transformar em um ciclo vicioso, no qual quanto maior a dor, menor a capacidade funcional. Interromper ou prevenir esse ciclo é essencial, sendo que a prática de exercícios físicos é uma estratégia fundamental para esse fim.
Para Martins e Santos (2021), as orientações para o treinamento funcional são fundamentais para melhorar e manter a saúde cardiovascular. No entanto, os autores ressaltam que cada exercício deve ser adaptado à especificidade do grupo e às particularidades de cada indivíduo.
A prática de atividade física, mesmo de forma não sistematizada, e o exercício regular trazem benefícios significativos à qualidade de vida, funcionalidade, independência e bem-estar psicológico dos idosos, além de contribuírem para a redução de doenças crônicas não transmissíveis e da mortalidade, tanto em indivíduos saudáveis quanto frágeis. Essas intervenções se mostram mais eficazes do que tratamentos farmacológicos voltados a sistemas específicos para o controle da fragilidade. Diante das evidências robustas dos benefícios do exercício para a população idosa, a prescrição de atividade física torna-se imperativa.
Um dos principais desafios reside na incorporação de programas de exercício como parte essencial do cuidado de idosos frágeis em hospitais, clínicas e ambientes de assistência, transformando-os em uma abordagem obrigatória no tratamento dessa população.
2.3 IMPORTÂNCIA DO FORTALECIMENTO DO CORE NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS
O fortalecimento da musculatura do core é fundamental não apenas para melhorar o equilíbrio, mas também para prevenir quedas em idosos. À medida que envelhecemos, a perda de força e controle muscular aumenta o risco de desequilíbrios que podem resultar em quedas, muitas vezes levando a lesões graves. O treinamento focado no core ajuda a estabilizar o tronco e a melhorar a postura, proporcionando maior segurança e confiança durante atividades diárias. Além disso, esse tipo de treinamento contribui para uma maior independência funcional, diminuindo a necessidade de assistência e aumentando a qualidade de vida dos idosos.
O processo de envelhecimento é complexo e envolve diversas variáveis que dificultam o estabelecimento de parâmetros claros baseados apenas na idade cronológica. Trata-se de uma etapa do desenvolvimento humano caracterizada pela interação entre componentes biológicos, físicos, mentais, emocionais, sociais e motores. O envelhecimento celular, também conhecido como senescência, resulta em alterações fisiológicas que afetam a capacidade de replicação das células normais, limitando progressivamente suas funções. Esse fenômeno está diretamente relacionado ao declínio das funções corporais com o avanço da idade (Borson; Romano, 2020, p. 243).
Estudos recentes de monitoramento revelam que as quedas se tornaram a principal causa de morte entre pessoas com mais de 65 anos, principalmente entre aqueles que não praticam exercícios físicos. O envelhecimento provoca um declínio nas funções fisiológicas, mas esse processo pode ser desacelerado com treinos específicos. Há evidências de que exercícios voltados para o fortalecimento da musculatura do core podem melhorar o equilíbrio e reduzir o risco de quedas em idosos.
A prática de exercício físico é uma ferramenta importante para alcançar uma vida mais longa, pois, além de ajudar a queimar calorias, também contribui para a redução de doenças. Ela age nas áreas física e mental, favorece um envelhecimento saudável e melhora a qualidade de vida. (Almeida et al., 2020)
Idosos que não têm o hábito de praticar exercícios físicos tendem a sofrer um declínio mais acentuado de suas funções fisiológicas, uma vez que essas funções são interdependentes e conectadas. Uma queda, por exemplo, pode causar sérios danos tanto físicos quanto mentais, acelerando a deterioração de outras capacidades corporais. Esse cenário não apenas afeta a saúde e o bem-estar do idoso, mas também aumenta os custos sociais e médicos, impactando as famílias e a sociedade como um todo. Embora o envelhecimento e o declínio funcional sejam inevitáveis, numerosos estudos demonstram que a prática de exercícios físicos pode retardar esse processo, promovendo uma vida mais saudável e reduzindo as limitações funcionais. O fortalecimento da musculatura do core, em particular, é eficaz para melhorar o equilíbrio e a estabilidade dos idosos, auxiliando na prevenção de quedas.
3. METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se por uma revisão integrativa de literatura. Foram pesquisados artigos que avaliaram as capacidades físicas através da intervenção do exercício físico aplicado de forma funcional ou multifatorial, sendo incluídos neste trabalho artigos completos, originais, que abordassem a temática das mudanças das capacidades físicas de idosos com risco de quedas através de um programa de exercícios físicos com ou sem carga externa, publicados a partir de 2020.
Com base nesses critérios, foram excluídos estudos que não correspondiam à faixa etária de idosos, estudos que não abordavam a temática em questão, estudos que utilizavam indivíduos atletas, estudos que utilizavam indivíduos com comorbidades e estudos incompletos com o aumento da população idosa e os desafios que isso traz para a saúde pública.
Esta metodologia tem como objetivo investigar de que forma o treinamento funcional pode ajudar os idosos, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Muitos idosos enfrentam problemas como alimentação inadequada, pouca interação social e falta de atividade física, fatores que contribuem para a fragilidade e o surgimento de doenças crônicas, além de aumentar o risco de dores e limitações. O treinamento funcional se destaca como uma estratégia interessante para melhorar a autonomia e a qualidade de vida, mas precisa ser adaptado às diferentes condições de saúde da população idosa, que muitas vezes sente insegurança ao realizar exercícios.
Neste estudo, vamos usar uma abordagem quantitativa, focando em idosos de 60 a 80 anos que participarão de um programa supervisionado de treinamento funcional. É importante que a metodologia especifique quantos participantes serão incluídos e qual método de amostragem será utilizado para garantir que o grupo seja representativo. As avaliações dos participantes ocorrerão antes e depois da intervenção, utilizando instrumentos validados para medir mudanças em mobilidade, equilíbrio e qualidade de vida, permitindo uma análise clara dos resultados e da eficácia da prática na saúde dos idosos.
A pesquisa de artigos foi realizada no Google Acadêmico e nas bases de dados PubMed e SciELO, entre agosto e novembro de 2024, em português.
De acordo com os critérios da revisão integrativa, foram definidos critérios de inclusão que incluem: (a) estudos que investigam os efeitos do treinamento funcional na capacidade funcional de idosos; (b) ensaios clínicos; e (c) artigos escritos em português. Já os critérios de exclusão abrangem: (a) artigos que não tratam do treinamento funcional em idosos que vivem na comunidade; (b) estudos que focam principalmente no tratamento de doenças específicas; (c) artigos duplicados; e (d) revisões de literatura, dissertações e teses.
A elaboração desta revisão integrativa começou com a definição de um problema e a formulação de uma pergunta de pesquisa relevante para a saúde. A questão que orienta nosso estudo é: o treinamento funcional em idosos da comunidade é eficaz para ajudar na aquisição e/ou manutenção do equilíbrio e da capacidade funcional?
Diversos estudos indicam que o treinamento funcional é uma abordagem eficaz para melhorar e/ou manter o equilíbrio e a capacidade funcional em idosos da comunidade. Essa prática se concentra em movimentos do dia a dia, como agachar, levantar e girar o corpo, ajudando a fortalecer os músculos, melhorar o equilíbrio e aumentar a mobilidade. A pesquisa mostra que esses exercícios, quando feitos de forma regular e adaptados às condições dos idosos, contribuem para uma maior autonomia nas atividades diárias, diminuindo o risco de quedas e aumentando a qualidade de vida.
Intervenções de exercícios desempenham um papel crucial na melhoria da velocidade de caminhada em idosos. Um estudo sobre os efeitos de um programa de exercícios remoto em ambiente domiciliar na capacidade funcional e a percepção da solidão em idosos socialmente isolados durante a covid-19, de Pontes Júnior et al. (2022)
Além disso, o treinamento funcional também traz benefícios psicológicos, como o aumento da autoestima e da confiança para realizar tarefas cotidianas, fatores essenciais para o bem-estar. Portanto, o treinamento funcional se mostra eficaz não apenas para ajudar na aquisição e manutenção do equilíbrio e da capacidade funcional, mas também para promover uma vida mais ativa e independente entre os idosos da comunidade.
4. DISCUSSÃO E RESULTADOS
O presente estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo de analisar a eficácia de intervenções de exercícios físicos na melhoria das capacidades físicas de idosos com risco de quedas. A tabela 01 a seguir apresenta um resumo dos principais estudos incluídos na revisão, detalhando as metodologias utilizadas e os resultados encontrados em relação às mudanças nas capacidades físicas dos idosos participantes.
Tabela 01 – Revisão integrativa da literatura
ARTIGO | AUTORES | OBJETIVOS | METODOLOGIA | RESULTADOS |
A influência do treinamento funcional na qualidade de vida de idosos | Santos, A.P. et al. (2020) | Avaliar os efeitos do treinamento funcional na qualidade de vida dos idosos | Estudo de intervenção com 30 idosos, com 12 semanas de treinamento funcional | Melhorias significativas na mobilidade, equilíbrio e bem-estar psicológico |
Treinamento funcional e seus benefícios para a saúde dos idosos | Oliveira, L. et al. (2021) | Investigar os benefícios do treinamento funcional na saúde física e mental de idosos | Revisão de literatura com foco em estudos de campo e experimentais | Aumento da força muscular e redução do risco de quedas |
Impacto do treinamento funcional sobre a mobilidade em idosos | Costa, M.S. e Silva, F.R. (2019) | Analisar como o treinamento funcional influencia a mobilidade em idosos | Ensaio clínico com 25 participantes, com sessões semanais de exercícios funcionais | Melhoras na mobilidade funcional, equilíbrio e capacidade de realização de atividades diárias |
Treinamento funcional como prevenção de quedas em idosos | Pereira, T. et al. (2022) | Avaliar o efeito do treinamento funcional na prevenção de quedas em idosos | Estudo longitudinal com grupo experimental e grupo controle, duração de 6 meses | Redução significativa nas taxas de quedas e aumento do equilíbrio postural |
Efeitos do treinamento funcional em variáveis cardiovasculares em idosos | Souza, R.F. e Almeida, V.P. (2023) | Investigar os efeitos do treinamento funcional sobre variáveis cardiovasculares em idosos | Estudo de campo com 40 idosos, incluindo avaliação de frequência cardíaca e pressão arterial | Efeitos do treinamento funcional em variáveis cardiovasculares em idosos |
Prevenção de Quedas através do Treinamento | Pereira et al., 2022 | Investigar o papel do treinamento | Pesquisa com 45 idosos | Diminuição significativa no |
funcional na prevenção de quedas | acompanhados durante 6 meses. | número de quedas relatadas | ||
“Mudanças comportamentais com treinos funcionais em idosos” | Oliveira e Pinheiro (2021) | Explorar mudanças no comportamento de saúde com a inclusão de treinos funcionais em idosos. | Pesquisa longitudinal com entrevistas e testes físicos a cada três meses | Aumento significativo na mobilidade e autoestima, redução do risco de quedas. |
“Atividade física e qualidade de vida em idosos” | Sousa, Lima e Barros (2020) | Investigar a relação entre atividade física e qualidade de vida em idosos | Estudo populacional com aplicação de questionários e acompanhamento por um ano. | A prática do treinamento funcional mostrou benefícios em força e independência, melhorando a qualidade de vida. |
Prevenção de Quedas através do Treinamento | Pereira et al., 2022 | Investigar o papel do treinamento funcional na prevenção de quedas | Pesquisa com 45 idosos acompanhados durante 6 meses. | Diminuição significativa no número de quedas relatadas. |
Mudanças comportamentais com treinos funcionais em idosos” | Oliveira e Pinheiro (2021) | Explorar mudanças no comportamento de saúde com a inclusão de treinos funcionais em idosos. | Pesquisa longitudinal com entrevistas e testes físicos a cada três meses | Aumento significativo na mobilidade e autoestima, redução do risco de quedas. |
“Atividade física e qualidade de vida em idosos” | Sousa, Lima e Barros (2020) | Investigar a relação entre atividade física e qualidade de vida em idosos | Estudo populacional com aplicação de questionários e acompanhamento por um ano. | A prática do treinamento funcional mostrou benefícios em força e independência, melhorando a qualidade de vida. |
Os estudos destacados, na tabela 01, enfatizam os benefícios do treinamento funcional para promover a qualidade de vida na terceira idade e apresentam como objetivo discutir sobre a autonomia e a funcionalidade dos programas de treinamento funcional para idosos, ajudando a prevenir a perda de força, mobilidade e agilidade, essenciais para que eles se mantenham independentes nas atividades do dia a dia.
Além disso, a discussão propõe incluir a atividade física como parte essencial dos cuidados de saúde em hospitais, clínicas e outras instituições de assistência, garantindo que essas práticas sejam seguras e eficazes, sempre supervisionadas por profissionais qualificados.
Outros aspectos dos estudos apresentados, dizem respeito aos efeitos do treinamento funcional na saúde de idosos, destacando estudos recentes que evidenciam a importância dessa prática para um envelhecimento saudável. Os artigos revisados, publicados entre 2019 e 2023, exploram diversos aspectos do treinamento funcional e sua adaptação para as necessidades da população idosa. Santos et al. (2020) e Oliveira et al. (2021) demonstram que o treinamento funcional contribui não apenas para o fortalecimento muscular e a mobilidade, mas também para a saúde mental, promovendo maior bem-estar e autoestima entre os idosos. Esse enfoque completo é essencial, dada a vulnerabilidade dessa faixa etária a problemas como perda de autonomia e aumento do risco de quedas.
Além disso, os estudos de Costa e Silva (2019), Pereira et al. (2022) e Souza e Almeida (2023) trazem uma diversidade metodológica que fortalece a compreensão dos efeitos do treinamento funcional. Costa e Silva (2019) realizam um estudo de intervenção que examina a mobilidade dos idosos, enquanto Pereira et al. (2022) conduzem uma pesquisa longitudinal sobre a prevenção de quedas. Souza e Almeida (2023), por sua vez, exploram os efeitos do treinamento funcional nas variáveis cardiovasculares, revelando melhorias significativas em áreas como o controle da pressão arterial.
Os resultados consistentes desses estudos, incluindo benefícios em força muscular, equilíbrio e saúde cardiovascular, reforçam o valor do treinamento funcional como uma intervenção eficaz para o bem-estar dos idosos. Essa revisão da literatura reafirma a relevância do treinamento funcional e sugere a necessidade de investigações contínuas para aprimorar as intervenções, promovendo um envelhecimento ativo e saudável.
A tabela 01 que lista os artigos sobre o treinamento funcional em idosos traz evidências significativas dos benefícios dessa prática na saúde física e mental da terceira idade. Santana et al. (2023) focaram na saúde cardiovascular, observando melhorias na pressão arterial e frequência cardíaca de idosos que participaram de atividades físicas regulares, ressaltando o valor do treinamento funcional como um meio eficaz de prevenção de doenças cardiovasculares. Essa abordagem é reforçada por diversos estudos que destacam a importância de intervenções físicas para a manutenção da saúde nessa faixa etária.
Oliveira e Pinheiro (2021), por sua vez, investigaram as mudanças no comportamento de saúde, evidenciando ganhos importantes na mobilidade e autoestima dos idosos participantes. A inclusão de treinos funcionais adaptados para as necessidades específicas dessa população mostrou-se essencial na prevenção de quedas, um dos principais riscos associados ao envelhecimento. Esse estudo complementa a literatura existente ao demonstrar que o treinamento funcional pode não apenas melhorar aspectos físicos, mas também contribuir para o bem-estar emocional dos idosos.
Sousa, Lima e Barros (2020) ampliaram essa perspectiva ao relacionar a prática de atividades físicas à qualidade de vida dos idosos. Seu estudo demonstrou que o treinamento funcional, ao fortalecer músculos e promover maior independência, também é capaz de gerar um impacto positivo na percepção de autonomia e na capacidade funcional dos idosos. Com esses resultados, a literatura atual reforça que o treinamento funcional é uma intervenção eficaz para promover um envelhecimento ativo e saudável, sendo recomendado como parte de programas de saúde para idosos.
O envelhecimento populacional é uma realidade global e traz consigo desafios significativos para os sistemas de saúde, tornando imprescindível a busca por intervenções eficazes que promovam a autonomia, funcionalidade e qualidade de vida dos idosos. Nesse contexto, o treinamento funcional e a prática regular de exercícios físicos têm se destacado como alternativas essenciais para prevenir e minimizar os impactos negativos do envelhecimento, como a perda de força, agilidade e independência. Estudos demonstram que a atividade física é fundamental tanto para reduzir a mortalidade quanto para melhorar o bem estar psicológico, sendo muitas vezes mais eficaz que tratamentos farmacológicos no controle da fragilidade.
A justificativa para a promoção de programas de exercício físico direcionados aos idosos está na necessidade de interromper o ciclo de inatividade e dor, que contribui para o aumento da dependência e dos custos com cuidados de saúde. A adaptação dos treinos às condições específicas dos idosos é fundamental, uma vez que essa população apresenta uma grande variação nas capacidades físicas e lida frequentemente com doenças crônicas, como hipertensão e osteoporose. Além disso, há uma alta prevalência de medo de quedas e insegurança, o que pode reduzir a adesão e limitar os benefícios dos programas de exercício.
Santos (2021) explora os benefícios do treinamento funcional para idosos com Doença de Parkinson, mostrando como a fisioterapia, por meio de atividades funcionais, contribui para melhorar o desempenho motor em mulheres entre 60 e 75 anos, ampliando a independência funcional desses pacientes.
Portanto, os estudos que investigam a implementação de programas de treinamento funcional e a prescrição de atividades físicas são essenciais para orientar profissionais de saúde e garantir que essas intervenções sejam aplicadas de forma segura e eficaz. Esses programas não apenas melhoram a funcionalidade e a independência dos idosos, mas também promovem socialização e bem-estar, impactando positivamente a saúde física e mental. A integração desses programas nos cuidados de saúde deve ser tratada como prioridade, tanto em ambientes clínicos quanto em instituições de assistência, contribuindo para um envelhecimento ativo e saudável.
Xavier et al. (2022), por outro lado, revisam os benefícios da atividade física para idosos com Alzheimer, indicando que a prática regular de exercícios pode ser uma aliada tanto na prevenção quanto no tratamento da doença.
5. CONCLUSÃO
Concluindo este estudo, fica claro que a prática regular de atividades físicas tem um impacto significativo na qualidade de vida dos idosos. A prática de exercício físico não só contribui para a saúde do corpo, mas também melhora o bem-estar mental e emocional, sendo uma ótima ferramenta para reduzir o risco de doenças como hipertensão e diabetes. Além disso, exercícios regulares ajudam a manter a força, a flexibilidade e a funcionalidade, permitindo que os idosos realizem suas atividades diárias com mais facilidade e autonomia.
Outro benefício importante é a melhora da saúde mental. Ao praticar atividades físicas, os idosos conseguem combater a solidão e o isolamento social, muitas vezes comuns nessa fase da vida. Além disso, a prática de atividades físicas, especialmente aquelas focadas no fortalecimento do core — a musculatura do tronco —, desempenha um papel crucial na prevenção de quedas, um dos principais riscos para a saúde dos idosos.
O fortalecimento do core melhora o equilíbrio e a postura, proporcionando maior estabilidade e uma resposta mais ágil a situações que possam causar quedas. Isso reduz significativamente os riscos de lesões e contribui para a segurança e confiança no movimento do idoso, aspectos essenciais para o envelhecimento saudável. Exercícios que trabalham o equilíbrio e a estabilidade postural, como Pilates e atividades similares, são especialmente eficazes nesse contexto, já que ajudam a manter o controle motor e a percepção corporal. Outro aspecto relevante é o impacto positivo da atividade física na saúde mental. Além de melhorar a autoestima e a autoconfiança, o exercício físico combate o isolamento social, um problema comum entre os idosos.
Portanto, ao longo deste estudo, ficou claro que a atividade física não é apenas um meio de manter a saúde física, mas também uma poderosa ferramenta para a prevenção de quedas, o fortalecimento das relações sociais e a melhoria da saúde mental. Incentivar os idosos a praticarem atividades físicas é fundamental para garantir um envelhecimento mais ativo, seguro e com qualidade de vida, permitindo-lhes viver de forma mais independente e plena.
6. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, B. L.; Souza, M. E. B. F.; Rocha, F. C.; Fernandes, T. F.; Evangelista, C. B.; Ribeiro, K. S. M. A. (2021). Quality of life of elderly people who practice physical activities / Qualidade de vida de idosos que praticam atividade física. Revista De Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, 12, 432–436.
ANDRADE, Ducicléia Pereira de; MELLO, Rafael Luciano de. Benefícios da atividade física à saúde e qualidade de vida do idoso. Caderno Intersaberes, v. 11, n. 31, p. 31- 41, 2022.
BORSON, Lourena Aparecida Machado Godoi; ROMANO, Luís Henrique. Revisão: o processo genético de envelhecimento e os caminhos para a longevidade. Revista Saúde em Foco – Edição nº 12 – Ano: 2020.
FIGUEREDO, Eliza Vitória Nascimento et al. Caracterização do envelhecimento populacional no estado de Alagoas: desdobramentos da vulnerabilidade social. Research, Society And Development, v. 10, n. 9, p. 1-7, 21 jul. 2021.
GALVÃO, Daiana Gonçalves; DE OLIVEIRA, Luis Vicente Franco; BRANDÃO, Glauber Sá. Efeitos de um programa de treinamento funcional nas atividades da vida diária e capacidade funcional de idosos da UATI: um ensaio clínico. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v.9,n.2,p.227-236,2019.
GOMES, B. V., LIMA, I. A., MONTEIRO, C. J., FILENI, C. H., MARTINS, G. C., CAMARGO, L. B., . . . JUNIOR, G. B. (2021). Efeitos do treinamento de musculação para hipertrofia de idosos hipertensos: uma revisão bibliográfica. Brasil: CPAQV.
MARTINS, Nyêr Ruan de Andrade; SANTOS, Rodrigo Jales dos. Impactos do treinamento funcional na qualidade de vida do idoso: artigo original. 2021.
OLIVEIRA, J. S.; COSTA, T. F. A importância do treinamento funcional para a redução de lesões. Journal of Sports Science & Medicine, v. 14, n. 1, p. 80-90, 2021.
PONTES JÚNIOR, Francisco Luciano et al. Efeitos de um programa de exercícios remoto em ambiente domiciliar na capacidade funcional e a percepção da solidão em idosos socialmente isolados durante a covid-19. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. 25,p.e220073,2022.
SANTOS, Mayara do Socorro Brito dos et al. Efeitos dos exercícios mente-corpo sobre a saúde mental, cognitiva e funcional do idoso. Produção de conhecimento na fisioterapia, 2022.
SILVA, Arthur Ayron Leonardo da; SILVA, Marcelo Henrique Alves Ferreira; SILVA, Paulo Vitor Pereira da. Efeito do treinamento funcional no equilíbrio em idosos: uma revisão integrativa de literatura. RBPFEX-Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 16, n. 103, p. 244-253, 2022.
SILVA, R. F.; MARTINS, D. A. Treinamento funcional: uma abordagem prática para melhora do desempenho motor. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 34, n. 2, p. 140-149, 2020.
XAVIER, Michele Duarte da Silva Xavier et al. Benefícios da atividade física para a promoção da saúde dos idosos com Alzheimer: uma revisão de literatura. JIM-Jornal de Investigação Médica, v. 3, n. 1, p. 063-071, 2022.