Eye and Orbital Trauma in the State of Tocantins: An Epidemiological Overview from 2018 to 2023
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248201108
Cleidiane dos Santos Alexandrino Silva1
Luana Dias Borges2
Paula Betânia Batista da Costa3
Leônidas Barbosa Porto Neto4
Isadora Oliveira Moreira5
Mônica Alves Queiroz6
Andressa Yumi Ishii7
Matheus Soares Dias8
Camyla Veras Lira9
Vitoria Mikaella Soares Dias10
Nailton Gomes da Silva11
Myrllen Mikaellen Silva de Sousa Marinho12
Jhonathon Soares Marinho13
RESUMO
O estudo aborda a análise epidemiológica dos traumatismos oculares e orbitários no Estado do Tocantins entre 2018 e 2023. Traumas oculares representam uma significativa causa de morbidade, sendo a principal causa de internações em serviços de oftalmologia e uma das maiores responsáveis por cegueira unilateral em adultos jovens. O trabalho examina dados coletados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), destacando variáveis como local de internação, sexo, idade, cor/raça, e tipo de atendimento. O estudo revelou que, do total de 156 internações no período analisado, a maioria ocorreu em Palmas, seguida por Araguaína. A pesquisa visa fornecer dados relevantes para a implementação de medidas preventivas e a redução da morbidade e mortalidade associada aos traumas oculare[s na região.
Palavras–chave: Trauma ocular. Oftalmologia. Epidemiologia.
ABSTRAT
This study presents an epidemiological analysis of ocular and orbital traumas in the State of Tocantins from 2018 to 2023. Eye traumas represent a significant cause of morbidity, being the primary reason for hospital admissions in ophthalmology services and a major cause of unilateral blindness in young adults. The study examines data collected from the Unified Health System (DATASUS), highlighting variables such as the place of hospitalization, sex, age, race/color, and type of care. The research revealed that out of 156 hospitalizations during the analyzed period, most occurred in Palmas, followed by Araguaína. The study aims to provide relevant data for the implementation of preventive measures and the reduction of morbidity and mortality associated with ocular traumas in the region.
Keywords: Eye trauma. Ophthalmology. Epidemiology.
INTRODUÇÃO
A relevância dos eventos traumáticos não é recente, desde os primórdios da civilização as causas externas (CE) possuem impacto significativo na morbidade e mortalidade, em todas as regiões do mundo. Nesse ínterim, o trauma representa uma entidade de fatores que lesionam os tecidos e agridem os sistemas mediante não só à cinemática do trauma, mas devido à hipovolemia e hipoperfusão sistêmica, que podem ter desfechos ainda piores, se associados a infecções e Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) (Sueoka, 2019).
O traumatismo ocular, principal causa de internação em serviços de oftalmologia, representa mais de 1/5 das lesões traumáticas, quer seja de forma isolada, quer seja associada a traumatismos em outros segmentos do corpo. Trata-se de umas das causas mais prevalentes de cegueira unilateral em adultos jovens, que podem estar associados a eventos mecânicos, químicos, elétricos ou térmicos. As causas mecânicas podem ser fechadas, a exemplo da contusão e lacerações lamelares, ou abertas, como corpos estranhos e acidentes de trânsito, comprometendo, inicialmente, a parede ocular. Já os traumatismos por agentes químicos estão associados a produtos alcalinos e ácidos. Não menos importante, os fatores térmicos/elétricos, como ceratite fotoelétrica, uma queimadura, advém, sobretudo, de lesões pela radiação ultravioleta na córnea e conjuntiva, está mais comumente associada ao uso de solda elétrica. Independentemente do fator causador dessas condições, é importante colher uma boa anamnese e um bom exame físico, assim como instituir medidas adequadas de tratamento (Matieli; Maidana; Martins, 2020).
A localização desses eventos possuem fundamental importância na implementação de medidas preventivas, que pode diferir de acordo com a faixa etária e sexo. Em crianças, o trauma ocular acontece mais em locais de atividades recreativas, já em adultos, é mais comum nos ambientes de trabalho, como construção civil, além de acidentes de trânsito (Borrero; Allen, 2019).
Sendo uma causa prevalente de cegueira em jovens, o estudo minucioso da distribuição de internações hospitalares de trauma em oftalmologia constitui ferramenta importante para compreender fatores envolvidos nessa condição. O objetivo do presente artigo é avaliar os dados epidemiológicos referentes aos eventos traumáticos que comprometem a órbita e o globo ocular, especificamente no Estado do Tocantins, dado que o conhecimento desses dados serão uteis para nortear ações de prevenção em saúde, com impacto significativo nos índices de morbidade e mortalidade.
METODOLOGIA
O presente estudo possui caráter descritivo e ecológico, com abordagem quantitativa. A construção do artigo foi baseada em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde no Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), tabulados no TabNet. Para a filtragem de dados foram usados os itens “epidemiológicos e morbidade”, seguida da escolha do Estado e da seleção das variáveis, na seção Morbidade Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Os dados foram coletados em 2024, analisando os casos de internações por traumatismo ocular no período entre 2018 a 2023. As variáveis consideradas foram o local de internação, sexo, idade, cor/raça e o caráter de atendimento. Foram incluídos no estudo todos os casos acorridos nesse período, sem critérios de exclusão.
O referencial teórico necessário para a definição do tema e organização do estudo foi obtido na literatura e em base de dados indexadas como Scielo e PubMed, considerando estudos realizados a partir de 2015. As palavras usadas para a seleção dos artigos foram “trauma ocular”, “traumatismo ocular”, “lesões oculares traumáticas”.
Os dados foram tabulados pelo TabNet, seguido do download dos dados e geração de planilhas no Microsoft Excel. O tratamento de dados foi realizado no editor de planilha Excel 2019 (16.0), desenvolvendo gráficos e tabelas para facilitar a análise comparativa das variáveis analisadas. Os cuidados éticos são pautados na divulgação de fontes secundárias, por isso não houve necessidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
RESULTADOS
Entre os anos de 2018 e 2023, o estado do Tocantins registrou 156 internações por traumas oculares, com uma distribuição significativa entre os municípios. Palmas lidera com 51,28% das internações, evidenciando uma alta incidência de traumas oculares na capital. Araguaína e Gurupi seguem com 28,80% e 18,58% respectivamente, enquanto Porto Nacional apresenta um índice consideravelmente menor de 1,28%. O gráfico 1 mostra esses dados em porcentagem. Esses números refletem não apenas a concentração populacional e a infraestrutura de saúde disponível, mas também possivelmente as atividades econômicas e sociais predominantes em cada município, que podem influenciar a ocorrência de tais traumas.
A análise demográfica dos pacientes mostra uma predominância significativa de homens, que representam 82,69% dos casos, em contraste com as mulheres, que somam 17,31%. A faixa etária mais afetada está entre 19 e 35 anos, responsável por 39,7% das internações, seguida pelas idades entre 36 e 50 anos (25,0%), jovens de 0 a 18 anos (19,9%) e indivíduos com mais de 51 anos (15,4%). Esses dados sugerem que a população economicamente ativa e em idade produtiva está mais exposta a situações de risco, possivelmente relacionadas a atividades laborais ou de lazer. A predominância de internações de emergência, com 80,3% dos casos, destaca a gravidade dos traumas oculares enfrentados.
No que diz respeito à etnia dos pacientes internados, a maioria é composta por pessoas de cor parda (82,05%) e amarela (6,41%), seguidas por negros (5,13%), brancos (3,21%), sem informações (2,56%) e indígenas (0,64%).
O gráfico 1 mostra esses dados em porcentagem.
Gráfico 01. Traumatismo ocular por local de internação. Tocantins, Brasil – 2020-2023 (N=156). Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
DISCUSSÃO
No referido estudo, observa-se que houve um total de 156 internações por traumas oculares no Estado do Tocantins entre 2018 e 2023. Os resultados desta análise ressaltam a necessidade de estratégias preventivas e intervenções eficazes no Estado do Tocantins. A predominância de internações entre pacientes do sexo masculino, representando (82.69%) do total de casos, indica um perfil epidemiológico relevante. É crucial notar que a faixa etária mais afetada está entre 19-35 anos, abrangendo (39.7%) das internações, seguida por pacientes de 36-50 anos (25.0%). Quanto à etnia, pacientes de cor parda e amarelo compuseram a maioria das internações, com (82.05%) e (6.41%) respectivamente.
A predominância de atendimentos emergenciais, registrando 80.3% das internações por traumas oculares, indica desafios significativos na capacidade de resposta dos serviços de saúde, sugerindo a necessidade de melhorias na estrutura hospitalar e no treinamento dos profissionais de saúde. Este panorama sublinha a importância de estratégias educacionais e preventivas direcionadas às populações mais jovens, além da implementação de medidas para fortalecer a segurança ocular em diferentes contextos, contribuindo assim para a redução desses incidentes no estado.
Essa distribuição é um reflexo da demografia do estado, onde a população parda é predominante. A alta incidência de traumas oculares em emergências também indica a necessidade de políticas públicas voltadas para a prevenção e tratamento adequado desses traumas, visando reduzir a incidência e melhorar a qualidade de vida da população afetada.
CONCLUSÃO
Mediante a analise epidemiológica de traumas oculares no Tocantins entre os anos de 2018-2023, revelou-se um panorama preocupante que exige ações imediatas e efetivas. O elevado número de internações, com predominância significativa em Palmas e Araguaína, aponta para a necessidade de aprimorar as políticas de saúde pública e a infraestrutura hospitalar nessas regiões. Além disso, a prevalência de internações entre homens jovens e adultos em idade produtiva sublinha a importância de estratégias preventivas específicas para esses grupos demográficos, especialmente em ambientes de trabalho e recreação, onde os riscos de traumas oculares são mais elevados.
A predominância de atendimentos emergenciais destaca deficiências no atendimento preventivo e a necessidade de capacitação contínua dos profissionais de saúde para responder de maneira mais eficaz a esses incidentes. A implementação de programas educacionais que promovam a conscientização sobre os riscos e as medidas de segurança ocular pode contribuir significativamente para a redução da incidência desses traumas. Além disso, políticas de saúde que incentivem o uso de equipamentos de proteção individual em ambientes de risco são essenciais para mitigar a ocorrência de lesões oculares.
Este estudo evidencia a importância de compreender o perfil epidemiológico dos traumas oculares para desenvolver intervenções direcionadas e eficazes. A vulnerabilidade da população acometida, especialmente entre os homens jovens e a população economicamente ativa, exige uma abordagem integrada que envolva a educação preventiva, a melhoria das condições de trabalho e o fortalecimento da resposta emergencial. Ao adotar essas medidas, espera-se não apenas reduzir a morbidade e a mortalidade associadas aos traumas oculares, mas também melhorar a qualidade de vida e a segurança da população do Tocantins.
REFERÊNCIAS
SUEOKA, J. S. APH – Resgate – Emergência em Trauma. 1º Ed. Elsevier: Rio de Janeiro, 2019.
MATIELI, L. MAIDANA, E., MARTINS, E. N. Emergências Oftalmológicas. In___________. TIMERMAN, Sergio. Emergências Médicas – Passo a Passo. 1º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Cap. 47, p. 379-390, 2020.
BORRERO, Doralys Gallo; ALLEN, Solderis Letfor. El trauma ocular en la infancia. Revista Cubana de Oftalmología, v. 32, n. 3, 2019.
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2 luanadiasborges@gmail.com
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