TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA OBESIDADE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7242043


Alessandra Trindade Santana¹
Ana Caroline de Lima Peixoto² 
Fernanda Dias Oliveira³ 
Ignez Oliveira4 
Keylla dos Santos Pádua5 


RESUMO 

A obesidade caracteriza-se como um grande problema de saúde pública relatado pela OMS, que atinge crianças, adolescentes, adultos e idosos de diferentes classes sociais e sexos, além de ocasionar vários distúrbios fisiopatológicos como aumento da hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, hipercolesterolemia e sedentarismo. Nesta perspectiva, dada a demanda por medicamentos que visam à redução drástica do peso corporal, o presente estudo teve por objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre os principais medicamentos utilizados no tratamento da obesidade. A metodologia adotada para o presente trabalho foi a de revisão narrativa, na qual, realizou-se o levantamento bibliográfico de 47 artigos científicos e foram selecionados 30 artigos dos últimos 4 anos. Com base nos dados divulgados nesta revisão, pode-se concluir que os medicamentos usados no tratamento antiobesidade consistem em drogas sintéticas providas das anfetaminas que atuam diretamente no sistema nervoso central. Portanto, há necessidade de sabermos acerca do assunto para que a sociedade tenha mais consciência do uso de medicamentos para perda de peso, seus efeitos benéficos e maléficos ao organismo a longo e curto prazo, os mecanismos de ação envolvidos nos efeitos causados. Diante disso, ressalta-se a importância do papel do farmacêutico sobre a orientação para a utilização destes medicamentos. 

Palavras-chave:Obesidade, tratamento farmacológico da obesidade, femproporex, anfepramona, manzidol, orlistate, sibutramina. 

ABSTRACT 

Obesity is characterized as a major public health problem reported by the who, which affects children, adolescents, adults and the elderly of different social classes and genders, in addition to causing several pathophysiological disorders such as increased systemic arterial hypertension (SAH), diabetes mellitus , some types of cancer, cardiovascular diseases, hypercholesterolemia and a sedentary lifestyle. In this perspective, given the demand for drugs aimed at drastic reduction of body weight, the present study aimed to review the literature on the main drugs used in the treatment of obesity. The methodology adopted for the present work was the narrative review, in which a bibliographic survey of 47 scientific articles was carried out and 30 articles from the last 4 years were selected. Based on the data disclosed in this review, it can be concluded that the drugs used in the anti-obesity treatment consist of synthetic drugs provided with amphetamines that act directly on the central nervous system. Therefore, there is a need to know about the subject so that society is more aware of the use of weight loss drugs, their beneficial and harmful effects on the body in the long and short term, the mechanisms of action involved in the effects caused. Therefore, the importance of the pharmacist’s role in guiding the use of  these drugs is highlighted.  

Keywords: Obesity, pharmacological treatment of obesity, fenproporex, amfepramone, manzidol, orlistat, sibutramine. 

INTRODUÇÃO 

A obesidade é descrita por um acúmulo excessivo de gordura corporal, sob a forma de tecido adiposo, resultante do aumento crônico de ingestão energética, capaz de ocasionar implicações à saúde da população. É sabido que a etiologia da obesidade é multifatorial, estando envolvidos fatores genéticos, ambientais, metabólicos, hormonais e comportamentais (GELOZENE, 2018; FIEIRA;SILVA ,2018). 

Caracteriza-se como um grande problema de saúde pública, relatado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que atinge crianças, adolescentes, adultos e idosos de diferentes classes sociais e sexos, além de ocasionar vários distúrbios fisiopatológicos como aumento da hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, hipercolesterolemia e sedentarismo (ANTUNES et al,2021;MOREIRA et al,2021). 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, entre os anos de 2003 e 2019, a quantidade de obesos com 20 anos ou mais aumentou de 12,2% para 26,8% e cerca de 41 milhões de indivíduos maiores de 18 anos estavam obesas equivalentes a 60,3% da população, além disso, a OMS em 2016, relatou que mais de 1,9 bilhão de adultos com 18 anos ou mais estavam acima do peso, sendo que mais de 650 milhões adultos eram obesos, ou seja, com um índice de massa corporal (IMC) maior que 30 e maior que 35, respectivamente. Estes dados mostram que a obesidade é uma doença considerada um dos maiores problemas de saúde a ser enfrentado (DA SILVA,DE OLIVEIRA, RODRIGUES,2022). 

A sociedade não compreende que a obesidade é uma doença como qualquer outra em que o paciente precisa de atenção e cuidado, ao invés disso, o obeso é visto como uma pessoa desleixada, incompetente e sem controle, enquanto o corpo que se caixa nos padrões é associado a beleza, disciplina e força de vontade. Muitos indivíduos têm uma enorme dificuldade em perder medidas naturalmente, apenas com práticas regulares de atividade física, por esse motivo recorrem ao uso de medicamentos (OLIVEIRA, FATTORI, 2020; DE CARVALHO PORTO, PADILHA, SANTOS, 2021). 

Segundo a ANVISA, o Brasil possui cinco medicamentos registrados e em uso para o tratamento da obesidade: anfepramona, femproporex,manzidol, sibutramina e orlistate, entretanto, o uso indiscriminado dos mesmos, pode ocasionar várias consequências à saúde, gerando, inclusive, aumento no peso quando o tratamento é interrompido, como também aumento da pressão arterial, insônia, dores de cabeça, dependência química, irritabilidade, aumento dos batimentos cardíacos, entre outros, por esse motivo, é  importante o uso correto desses fármacos (OLIVEIRA, FATTORI, 2020; DE CARVALHO PORTO, PADILHA, SANTOS, 2021). 

Nesta perspectiva, dada a demanda por medicamentos que visam à redução drástica do peso corporal, o presente estudo teve por objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre os principais medicamentos utilizados no tratamento da obesidade. 

METODOLOGIA  

A metodologia adotada para a elaboração desse trabalho foi a de revisão bibliográfica, dentre as categorias de revisão foi selecionada a revisão narrativa que tem a preocupação primordial de fornecer sínteses narrativas, que permitem reunir conteúdos de diferentes trabalhos, apresentando-as para o leitor de forma compreensiva e sem o compromisso de descrever critérios de coleta e seleção das obras incluídas, podendo abranger vários assuntos e podem incluir resultados de investigação (DE SOUSA et al.,2018;DOS SANTOS,KUMADA,2021). 

O trabalho de revisão bibliográfica é resultado do levantamento e análise de obras cientifica já publicadas em que são retiradas informações relevantes sobre o tema escolhido que contribuam no desenvolvimento da pesquisa (DE SOUZA, DE OLIVEIRA, ALVEZ, 2021). 

Para esse trabalho foram adotados os seguintes critérios de elegibilidade: artigos publicados em revistas científicas; período de publicação de 2018 a 2022, devido à atualidade do tema e à busca pelos artigos mais recentes utilizadas no ensino em saúde. O processo de busca ocorreu nas seguintes bases eletrônicas: a Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed),  a Scientific  Electronic  Library  Online (SciElo),Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). 

Durante a pesquisa, foram utilizados os seguintes descritores: Obesidade, tratamento farmacológico da obesidade, femproporex, anfepramona, manzidol, orlistate e sibutramina. 

Após observar esses critérios, 30 artigos foram selecionados e 17 foram excluídos, pois não se enquadravam com a pesquisa. Foram utilizados 3 no idioma inglês, 1 em espanhol e 26 em português.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO  

OBESIDADE 

A obesidade consiste em um distúrbio metabólico crônico, na qual, há uma concentração excessiva de gordura que pode ocasionar diversas alterações no funcionamento do organismo, essa demasia observada na obesidade pode colaborar muitas vezes para um aumento de peso substancial, levando em consideração que a gordura apresenta maior volume e, como efeito, menor densidade, quando se comparado aos músculos (DE FIGUEIREDO et al.,2021) 

Segundo De Figueiredo e colaboradores (2021) as razões do aumento da obesidade ainda não estão suficientemente esclarecidas, entretanto, existem algumas hipóteses, dente elas destaca-se a tendência de ascensão da obesidade principalmente em países em desenvolvimento e desenvolvidos, que teriam inicio no crescente das ocupações que demandam um menor esforço físico e na diminuição da atividade física relacionada com o lazer. 

De Barros e colaboradores (2019) e De Figueiredo e colaboradores (2021) atribui a possibilidade de populações apresentarem-se geneticamente mais susceptíveis a obesidade e, associado a alguns fatores ambientais, potencializam o problema e, por fim, a doença resultaria como um efeito colateral da desnutrição, ou seja, a restrição energética proteica resultaria em uma modificação na regulação do sistema nervoso central no sentido de facilitar o acúmulo de gordura corporal. 

Existem vários parâmetros antropométricos para avaliar a obesidade ou sobrepeso, um dos mais utilizados é o índice de massa corporal (IMC), este é capaz de identificar o excesso de peso corporal, porém não consegue diferenciar massa de gordura da massa livre de gordura, por esse motivo deve ficar em segundo plano como método antropométrico tanto na prática clínica quanto na pesquisa (ANTUNES et al,2021; BRAGANÇA et al.,2020). 

O percentual de gordura corporal (GC%) é calculado a partir das dobras cutâneas, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), relação cintura-estatura (RCE), e o índice de conicidade (IC) e o IMC é calculado dividindose o peso em quilogramas pela altura em metros quadrados (IMC=peso/altura) (kg/m 2 ) (ANTUNES et al,2021). 

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ANTIOBESIDADE 

ANFEPRAMONA 

Inicialmente, a anfepramona foi criada para o tratamento da narcolepsia e para controlar crianças com hiperatividade, mas notou-se que ela diminuía a fome nas pessoas que a utilizava, dessa forma, começou a ser comercializada como medicamento anorexígeno e, apesar da eficácia de até 20 semanas, analisou-se que não existem respostas em longo prazo devido à tolerância desenvolvida aos efeitos anoréxicos (DA SILVA, DE OLIVEIRA, RODRIGUES, 2022; DUARTE et al.,2020; PEREIRA et al.,2022). 

Derivada da beta-fenetilamina, sua estrutura química é parecida com a da anfetamina, seu mecanismo de ação acontece na inibição da receptação de noradrenalina e no aumento da interação desse neurotransmissor com receptores pós-sinápticos nos centros da alimentação e saciedade do hipotálamo, resultando na diminuição significativa da fome (DA SILVA,DE OLIVEIRA, RODRIGUES,2022; DUARTE et al.,2020;PEREIRA et al.,2022). 

Com o aumento da atividade noradrenégica, as reações adversas são inúmeras como náuseas, vômito, dor abdominal, constipação intestinal, diarreia, taquicardias, calafrios, excitação, palidez, hipertensão arterial, nervosismo, insônia, arritmia cardíaca, depressão quadros psicóticos, cefaleia, diminuição da potência sexual e libido, por esses motivos, deve ser utilizada com bastante cuidado (DA SILVA,DE OLIVEIRA, RODRIGUES,2022; DUARTE et al.,2020;PEREIRA et al.,2022). 

FEMPROPOREX 

O femproporex é um agente dopaminérgico que tem ação indireta, age inibindo a receptação neuronal de dopamina e norepinefrina na fenda sináptica, a ação da diminuição do apetite ocorre no hipotálamo, provocando a liberação de catecolaminas nos terminais neurais s e/ou inibindo a receptação desses transmissores, esse mecanismo de ação resulta na supressão do apetite, reduzindo a vontade de ingerir alimentos de forma natural, além de diminuir a atividade do trato gastrointestinal (MARQUES, QUINTILIO, 2021; DA SILVA,DE OLIVEIRA, RODRIGUES, 2022). 

Este medicamento desencadeia efeitos centrais que causam alteração neurológica, comportamental, cardiovascular, em doses moderadas, induz a sensação de bem – estar, aumento da interlocução, concentração e aperfeiçoamento psicomotor, entretanto, efeitos colaterais como ansiedade, insônia, excitação, alucinações, tremores, vertigens, náuseas, vômito, boca seca, palidez, calafrios e diminuição da libido foram relatados pelo uso do femproporex (MARQUES, QUINTILIO, 2021; DA SILVA, DE OLIVEIRA, RODRIGUES, 2022). 

MANZIDOL 

O mazindol é uma amina simpaticomimética comercializada como fármaco emagrecedor em vários países e, quando comparada com as anfetaminas, apresenta diferenças na estrutura molecular, age diretamente nos centros de apetite localizados no hipotálamo lateral, estimulando a liberação de catecolaminas, dessa forma, induz a perda de peso, diminui a absorção de glicose e aumenta a atividade locomotora (ARGUELLES-TELLO et al.,2022; MARQUES, QUINTILIO, 2021). 

É amplamente utilizado em quadros de obesidade em associação com cardápios de baixa caloria e os seus efeitos colaterais são similares com a do outros fármacos inibidores do apetite, sendo que as doses terapêuticas podem causar xerostomia (boca seca), taquicardia, irritabilidade, dentre outros (ARGUELLESTELLO et al.,2022; MARQUES, QUINTILIO, 2021). 

SIBUTRAMINA 

A sibutramina é um medicamento que foi desenvolvido para tratar a depressão, entretanto, em estudos clínicos notaram-se desvantagens terapêuticas em relação aos outros antidepressivos, todavia, percebeu-se que o fármaco tem a capacidade de inibir o apetite e, consequentemente, auxiliar na perda de peso, conduzindo o seu uso como anorexígeno no controle da obesidade (MOREIRA et al.,2021;DE LIMA et al.,2018). 

É derivado da anfetamina, atua inibindo a receptação de noradrenalina e serotonina (5-HT), bloqueia os receptores pré-sinápticos dessas substâncias nos centros dos neurotransmissores provocando a redução de fome,  entretanto, esses fármaco não controla o apetite, apenas gera saciedade mais rápida, de modo que o individuo não mais se alimente compulsivamente (PEREIRA et al.,2022). 

Segundo Pereira e colaboradores (2022), após o uso da sibutramina surgiram vários efeitos adversos em 50% dos indivíduos, os quais 40% dos sintomas mais detectados foram: boca seca, insônia, taquicardia irritabilidade, mal-estar e cefaleia. 

ORLISTATE 

O orlistate é um inibidor reversível de lipases gastrointestinais, que atua fazendo com que um terço dos triglicerídeos ingeridos não seja absorvido pelo intestino, sendo eliminado pelas fezes, reduzindo a ingestão calórica, levando a redução de peso (TREVIÑO,2018).  

De outra maneira, há maior incidência de efeitos adversos relacionados ao seu mecanismo de ação, como a prevalência de esteatorreia, flatos com descarga de gordura e urgência fecal e, por diminuir a absorção de gordura, indivíduos que fazem o uso prolongado desse medicamento podem apresentar deficiência das vitaminas lipossolúveis (RODRIGUES et al.,2018; MARCON, SANCHES, VIRTUOSO,2022). 

É um inibidor potente e irreversível das lipases gástricas e pancreáticas aprovado para tratamento em longo prazo, entretanto, a droga não tem efeitos nos circuitos neuronais que regulam o apetite. Sua ação limita-se a impedir a digestão de aproximadamente 30% dos triglicerídeos dietéticos ingeridos, e a perda de peso geralmente é dose-dependente (NASCIMENTO, 2021).  

O uso de ORL deve ser indicado somente se o paciente estiver com IMC igual ou superior a 30 kg/m2, em dieta hipocalórica por pelo menos 4 semanas consecutivas e que tenha perdido aproximadamente 2,5 kg. A dose diária recomendada é de uma cápsula de 120 mg tomada durante ou até uma hora após cada refeição principal (NIGRO et al., 2021). 

A tabela 1 exibe de forma resumida a abordagem dos autores que relatam sobre os medicamentos antiobesidade: 

Tabela 1 – Revisão da literatura – Medicamentos antiobesidade 

AutoresPrincipais achados em seus estudos 
 (DE LIMA et al.,2018)   
Analisou as prescrições de sibutramina em uma drogaria, totalizando 240 notificações, destas 93% foram destinadas ao sexo feminino e com média de 38 anos, a obesidade sem grau especifico foi a justificativa encontrada em 82% dos termos. Observa-se inconsistências relacionadas à omissão de idade, justificativa de uso, utilização contraindicada em idosos e adolescentes, prescrição por profissionais não especializados, e utilização de nome comercial no sistema público de saúde. Percebeu-se que o medicamento mais procurado pelas mulheres no estado de São Paulo foi à sibutramina com 41,94%. Observou-se uma baixa adesão da associação do tratamento farmacológico com atividades físicas e mudanças alimentícias. A maioria das mulheres entrevistadas apresentaram efeitos adversos, tais como náuseas, dor de cabeça, diarreia, mudanças de humor e 
(DA CUNHA et al.,2021)Percebeu-se que o medicamento mais procurado pelas mulheres no estado de São Paulo foi à sibutramina com 41,94%. Observou-se uma baixa adesão da associação do tratamento farmacológico com atividades físicas e mudanças alimentícias. A maioria das mulheres entrevistadas apresentaram efeitos adversos, tais como náuseas, dor de cabeça, diarreia, mudanças de humor e (31,25%), em farmácia ou drogaria com prescrição médica (28,1%) e internet (25%). Do total 76,7% relataram se automedicarem. As principais classes medicamentosas foram os termogênicos (50%), serotoninérgicos (15,7%), catecolaminérgicos e serotoninérgicos (7,9%) e o inibidor de absorção de boca seca. E 47,50% das participantes não obtiveram acompanhamento profissional, o que demonstra a falta de conhecimento perante aos riscos dos anorexígenos, uma vez que 23,04% veem como uma forma de emagrecimento rápido.
(DE CARVALHO NETO et 
al.,2021) 
Foi realizada uma pesquisa com aplicação de questionário entre 160 acadêmicos na Faculdade Santa Maria, em Cajazeiras-PB, identificou-se que 18,75% utilizam medicamentos para emagrecimento e destes, 53,4% são do sexo feminino. O maior percentual de consumo desses medicamentos foi relatado no Curso de Odontologia, 20%. O acesso aos medicamentos foi em drogaria sem prescrição médica gordura (7,9%). Portanto, a relevância da pesquisa está em mostrar que estudantes de cursos superiores de saúde, consomem medicamentos para emagrecimento, apesar de conhecer os riscos que a exposição a esses medicamentos oferece para quem os utilizam, indicando mau uso desses recursos terapêuticos. 
(DE SOUZA SILVA et al, 
2018) 
Foi realizado um estudo observacional, descritivo e transversal entre estudantes do curso de estética da Faculdade Cambury, com o objetivo de avaliar a prevalência quanto à automedicação com finalidade estética entre eles. Houve prevalência do gênero feminino entre 17 e 25 anos e os principais fármacos utilizados por esse grupo são a sibutramina e isotretinoína. Pode-se concluir que mulheres são as maiores adeptas do uso de sibutramina exercida pela pressão da sociedade e da mídia na busca de peso e um corpo ideal. 
FONTE: Dos autores. 

A partir dos resultados obtidos percebe – se que a sibutramina é o fármaco mais usado para tratar a obesidade, pois aumenta rapidamente a sensação de saciedade, evitando que sejam ingeridos alimentos em grande quantidade, facilitando a perda de peso, além disso, este medicamento aumenta a termogênese, o que também influência no emagrecimento (DA SILVA,ROSA,MORAIS,2021).  

Referente aos efeitos adversos foi possível observar que os pacientes que utilizaram a sibutramina, apresentavam um percentual maior de efeitos colaterais, sendo os mais comuns à cefaleia, alteração de humor, boca seca, tontura, insônia, náuseas e taquicardia (DE SENA et al.,2021). 

Ressalta-se que a sibutramina não é indicada em pacientes que tem hipertensão não controlada, doença arterial coronariana ou periférica e acidente vascular cerebral, bem como indivíduos que com doenças relacionadas ao sistema nervoso central (DE CARVALHO, DE ANDRADE, 2021). 

Os resultados da pesquisa apontam que o uso da sibutramina tem provocado uma discussão sobre a sua segurança que perdura até hoje, pois não é possível se ter uma conclusão acerca da sua efetividade e segurança, já que foram relatados muitos efeitos cardiovasculares, sendo necessários novos estudos para a avaliação dessas ações, além da monitorização da comercialização do medicamento, para que não haja o uso indiscriminado por vaidade e sim por indicação médica, com acompanhamento adequado durante o seu uso, minimizando possíveis efeitos (SOUZA, GONÇALVES, 2021). 

CONCLUSÃO 

Com base nos dados divulgados nesta revisão, pode-se concluir que os medicamentos usados no tratamento antiobesidade consistem em drogas sintéticas providas das anfetaminas que atuam diretamente no sistema nervoso central, sobre as regulações do hipotálamo.  

É importante ressaltar que cada vez mais as pessoas são atraídas pela ideia de emagrecimento rápido, recorrendo a medicamentos de forma indiscriminada e sem prescrição médica, esquecendo os diversos efeitos colaterais que tais medicamentos são capazes de causar, e, os riscos à saúde em longo prazo.  

Portanto, há necessidade de sabermos acerca do assunto para que a sociedade tenha mais consciência do uso de medicamentos para perda de peso, seus efeitos benéficos e maléficos ao organismo a longo e curto prazo, os mecanismos de ação envolvidos nos efeitos causados. Diante disso, ressalta-se a importância do papel do farmacêutico sobre a orientação para a utilização destes medicamentos. 

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1Graduanda em Farmácia -Universidade Salvador (UNIFACS) 

2Graduada em Educação Física – UEFS. Graduada em Pedagogia – UEFS. Docente da Universidade Salvador. 

3, 4, 5Graduanda  em Farmácia – Universidade Salvador (UNIFACS)