TRATAMENTO DO TRAUMA RENAL NO ADULTO: OPERAR OU NÃO OPERAR? UMA REVISÃO INTEGRATIVATRA

TREATMENT OF RENAL TRAUMA IN ADULTS: TO OPERATE OR NOT TO OPERATE? AN INTEGRATIVE REVIEW

TRATAMIENTO DEL TRAUMA RENAL EN ADULTOS: ¿OPERAR O NO OPERAR? UNA REVISIÓN INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502261554


Guilherme Augusto Olly de Souza Costa¹
Bruno Vilalva Mestrinho²
José Carlos Delfino³
João Paulo Santos Tenório⁴
Thaynara Giovanna Tito Delfino⁵


RESUMO

Introdução: Apesar de alguns centros de trauma realizarem o tratamento cirúrgico devido sua a instabilidade do paciente, o tratamento ou manejo não operatório (NOM) tem sido a conduta de escolha entre os urologistas e traumatologistas. As terapias não invasivas ou minimamente invasivas têm ganhado espaço, uma vez que se consegue preservar a função renal e minimizar os danos cirúrgicos. Objetivo: Apontar diante da literatura selecionada a melhor terapia proposta ao paciente vítima de trauma renal. Além disso, apresentar as principais técnicas aplicadas para o tratamento não operatório. Métodos: Trata-se de uma revisão crítica e integrativa realizada a partir de artigos científicos originais publicados entre 2019 e 2024, em português, inglês ou espanhol, disponíveis no portal da Biblioteca Virtual em Saúde. Para busca, utilizaram-se as palavras-chave: (trauma renal) AND (tratamento). Todos os seguintes critérios foram considerados para seleção dos artigos se estavam bem definidos: formulação da hipótese, métodos e estratégias de busca de referências, avaliação crítica e imparcial das informações, síntese e exposição dos resultados e clareza na elaboração de recomendações em conclusão ou considerações finais. Resultados e Discussão: Foi evidenciado a partir desse estudo que o tratamento conservador possui grande relevância para os paciente com lesões de baixo e moderado grau apresentando boas taxas de sucesso. No entanto, para o paciente crítico, o tratamento cirúrgico ainda deve ser levado em consideração, uma vez que o índice de falha no tratamento não operatório aumenta. Conclusão: Os estudos demonstraram que o tratamento do trauma renal continua a evoluir, com uma preferência crescente por estratégias conservadoras, particularmente no contexto de trauma contuso, onde técnicas de embolização e monitoramento rigoroso têm mostrado resultados promissores.

Palavras-chave: Trauma renal, Cirurgia Renal, Tratamento, Intervenção.

ABSTRACT

Introduction: Despite some trauma centers opting for surgical treatment due to patient instability, non-operative management (NOM) has become the preferred approach among urologists and trauma surgeons. Non-invasive or minimally invasive therapies have gained prominence as they preserve renal function and minimize surgical damage. Objective: To highlight the most effective therapy for patients with renal trauma based on selected literature. Additionally, to present the main techniques applied in non-operative treatment. Methods: This is a critical and integrative review based on original scientific articles published between 2019 and 2024 in Portuguese, English, or Spanish, available on the Virtual Health Library portal. The keywords used for the search were: (renal trauma) AND (treatment). All the following criteria were considered for article selection: well-defined hypothesis formulation, methods and reference search strategies, critical and impartial evaluation of information, synthesis and presentation of results, and clarity in the formulation of recommendations in the conclusion or final considerations. Results and Discussion: This study evidenced that conservative treatment is highly relevant for patients with low to moderate grade injuries, presenting good success rates. However, for critical patients, surgical treatment should still be considered, as the failure rate of non-operative management increases. Conclusion: The studies demonstrated that renal trauma treatment continues to evolve, with a growing preference for conservative strategies, particularly in the context of blunt trauma, where embolization techniques and strict monitoring have shown promising results.

Keywords: Renal trauma, Renal surgery, Treatment, Intervention.

RESUMEN

Introducción: A pesar de que algunos centros de traumatología optan por el tratamiento quirúrgico debido a la inestabilidad del paciente, el manejo no operatorio (MNO) se ha convertido en el enfoque preferido entre los urólogos y cirujanos de trauma. Las terapias no invasivas o mínimamente invasivas han ganado prominencia, ya que preservan la función renal y minimizan los daños quirúrgicos.Objetivo: Destacar la terapia más efectiva para pacientes con trauma renal basada en la literatura seleccionada. Además, presentar las principales técnicas aplicadas en el tratamiento no operatorio. Métodos: Se trata de una revisión crítica e integradora basada en artículos científicos originales publicados entre 2019 y 2024 en portugués, inglés o español, disponibles en el portal de la Biblioteca Virtual en Salud. Las palabras clave utilizadas para la búsqueda fueron: (trauma renal) Y (tratamiento). Se consideraron todos los siguientes criterios para la selección de los artículos: formulación de hipótesis bien definida, métodos y estrategias de búsqueda de referencias, evaluación crítica e imparcial de la información, síntesis y presentación de resultados, y claridad en la formulación de recomendaciones en la conclusión o consideraciones finales. Resultados y Discusión: Este estudio evidenció que el tratamiento conservador es altamente relevante para pacientes con lesiones de grado bajo a moderado, presentando buenas tasas de éxito. Sin embargo, para pacientes críticos, el tratamiento quirúrgico aún debe ser considerado, ya que aumenta la tasa de fracaso del manejo no operatorio. Conclusión: Los estudios demostraron que el tratamiento del trauma renal continúa evolucionando, con una creciente preferencia por estrategias conservadoras, particularmente en el contexto del trauma contuso, donde las técnicas de embolización y el monitoreo estricto han mostrado resultados prometedores.

Palabras clave: Trauma renal, Cirugía renal, Tratamiento, Intervención.

1 INTRODUÇÃO

A exposição por eventos traumáticos é estimada em aproximadamente 70% da população mundial, destes, as lesões renais correspondem de 1% a 10% dos traumas abdominais, podendo ocorrer a partir de dois mecanismos: o trauma renal contuso (TRC), que representa 80-90% das lesões renais, tendo como causa principal os acidentes automobilísticos; e o trauma renal penetrante (TRP) causado por lesões perfurocortantes (Duarte et al., 2020; Coccolini et al., 2019; Chien et al., 2019). Ambos os traumas apresentam predominância sobre o público masculino de adultos jovens, entre 20 e 38 anos, que estão mais expostos aos riscos causais (EAU, 2024; Duarte et al. 2020; Erlich et al., 2018).

No Brasil, a frequência de lesões renais é baixa, estando entre 1% e 5% de todos os traumas, o que pode estar relacionada à localização anatômica dos rins, posicionados na região posterior do abdome, retroperitoneal e envolvidos por diversas estruturas protetoras.  (Leitune et al., 2018). Muitas das vezes, os traumas renais são achados cirúrgicos, porém de grande impacto na sobrevida do paciente. A mortalidade associada a lesões renais pode variar entre 6,5% e 29%, dependendo da gravidade das lesões concomitantes, ou seja, o TRC pode ser leve, enquanto o TRP, em geral, está associado a complicações mais graves com alto índice de morte (Leitune et al., 2018; Grillo et al., 2004). Por isso, torna-se importante a avaliação sob a perspectiva do perfil hemodinâmico, pois a partir da presença de sangramento, laceração e injúria vasculares observadas no paciente é possível definir a gravidade e estabelecer a conduta terapêutica adequada (Chien et al., 2019; Broska et al., 2016).

Para a avaliação do trauma renal, os exames de imagem são ferramentas fundamentais. A tomografia de computadorizada é o exame padrão outro indicado pela Associação Europeia de Urologia (EAU) para a estratificação da gravidade da lesão. Ela foi um critério importante para a formulação da classificação do trauma renal da AAST. No entanto, é um método de escolha para paciente estáveis. Em contrapartida, o FAST pode ser uma alternativa ao método para fazer uma avaliação rápida e no paciente instável (EAU, 2024).

O   manejo   contemporâneo   do   trauma   renal   de   alto   grau   tem   evoluído sobremodo, refletindo   em   avanços   e   no   uso   de   novas   técnicas   diagnósticas   e terapêuticas. As opções terapêuticas podem ser divididas em: manejo conservador ou não operatório (NOM), baseado em intervenções minimamente invasivas, observação e tratamento dos sintomas; e manejo invasivo ou cirúrgico, que permite a remoção completa do rim afetado, podendo implicar em alterações importantes da função de filtração sanguínea (Coccolini et al., 2019). Geralmente, o NOM deve ser priorizado em paciente com lesões de baixo grau por apresentar taxas de sucesso no tratamento, mas intervenções cirúrgicas podem ser necessárias nos casos graves devido instabilidade hemodinâmica e desfechos incertos. A conduta não cirúrgica, a princípio, demanda um paciente que apresente estabilidade hemodinâmica e baixo escore de gravidade. Algumas das modalidades usadas nesse tipo de tratamento são a embolização, a angioembolização seletiva, colocação de stent ureteral, cateterismo urinário e nefrostomia (EAU, 2024). Com isso, é necessário um atendimento rápido por um profissional experiente (Duarte et al., 2020; Erlich et al., 2018; Broska et al., 2016).

Assim, o presente estudo teve o objetivo de analisar a qualidade, validade e aplicabilidade de periódicos científicos recentes e consolidar o conhecimento sobre a eficácia das diferentes condutas terapêuticas no trauma renal em adultos.

2 MÉTODOS

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Trata-se de uma revisão crítica e integrativa realizada a partir de artigos científicos originais dos últimos cinco anos, disponíveis no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS – https://bvsms.saude.gov.br/).

2.2 ESTRATÉGIAS DE BUSCA, FILTRAGEM E SELEÇÃO

A figura 1 mostra o fluxograma de busca, filtragem, seleção e tabulação dos artigos científicos. A busca foi realizada entre novembro/2024 e janeiro/2025, utilizando as seguintes palavras-chaves com o respectivo conector booleano: (trauma renal) AND (tratamento). Foram aplicados filtros por ano de publicação, por idioma, por estudo e assunto principal.

Inicialmente, a seleção dos artigos foi realizada a partir da leitura dos resumos para verificar a compatibilidade com o objetivo deste estudo e hipóteses formuladas. Em seguida, dos artigos selecionados, se realizou a leitura na íntegra, destacando pontos fortes, pontos fracos e artigos com vieses similares e contrários. Todos os seguintes critérios foram considerados para seleção dos artigos se estavam bem definidos: formulação da hipótese, métodos e estratégias de busca de referências, avaliação crítica e imparcial das informações, síntese e exposição dos resultados e clareza na elaboração de recomendações em conclusão ou considerações finais. Artigos que estavam em duplicidade na busca não foram selecionados. Por final, houve a tabulação dos dados dos artigos selecionados em uma planilha criada no Microsoft Excel® versão on-line atual, contendo as colunas: ano e local de publicação, título, autores e a descrição da relevância em síntese.

Figura 1: Fluxograma de Busca, Filtragem e Seleção dos Artigos Científicos

Fonte: Adaptado pelos autores, 2024

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 mostra os artigos selecionados para esta revisão e descreve as relevâncias encontradas em cada um, estratificados por tipo de estudo. Deste modo, foi possível observar na maioria dos estudos que o NOM apresenta melhor conduta a ser considerada, principalmente em lesões contusas independente do grau da lesão, apesar de ainda haver riscos e complicações.

Os fatores de sucesso no NOM com o objetivo de reduzir complicações e melhorar os desfechos clínicos são discutidos nos estudos de Gross et al. (2024), Al-Thani et al. (2023) e Brachini et al. (2021), os quais consideram a importância da avaliação inicial do paciente em relação a sua hemodinâmica, mecanismo de lesão, gravidade da lesão e, os dados clínicos colhidos durante a anamnese, principalmente por condições de base como hipertensão arterial sistêmica, diabetes e cardiopatias.

A abordagem cirúrgica ainda possui algumas poucas indicações absolutas no trauma renal. Um Hematoma retroperitonial em expansão, hematoma retroperitonial pulsátil, Instabilidade hemodinâmica refratária, Traumatismo renal associado à lesão de outras vísceras (Faria e Silva et al, 2009).

Tabela 2. Indicações absolutas e relativas para abordagem cirúrgica no trauma renal

Indicações absolutasIndicações relativas
Hematoma retroperitonial em expansão.Grandes extravasamentos de urina
Hematoma retroperitonial pulsátil.Presença de tecido renal não viável.
Instabilidade hemodinâmica refratáriaTrombose arterial instalada há mais de 4 horas.
Traumatismo renal associado à lesão de outras vísceras.Instabilidade hemodinâmica com resposta à volume

Fonte: Farias e Silva et al., 2009

A investigação e a intervenção hemodinâmica são descritas em vários estudos que envolvem traumas renais, sendo observado com maior frequência a utilização da angioembolização e da embolização super-seletiva para artéria renal em pacientes hemodinamicamente instáveis (Kwon et al., 2022; Mikhail et al., 2022; Liguori et al., 2021; Salcedo et al., 2021; Chen et al., 2020; Clements et al., 2019). Um estudo destacou que o uso prévio de varfarina, um anticoagulante, não compromete o NOM (Huang et al, 2022).

Para Chen et al. (2020), a taxa de sucesso da angioembolização da artéria renal em paciente com lesão de alto grau vem aumentando ao longo do tempo viabilizando seu uso. No entanto, estão sendo estabelecidos critérios para definir o uso da angioembolização nesse perfil de paciente. A embolização é um procedimento minimamente invasivo que bloqueia o fluxo sanguíneo para uma determinada área do corpo no intuito de tratar sangramentos. Já a embolização superseletiva é uma técnica ainda mais precisa, na qual utiliza-se microcateteres para alcançar ramos arteriais muito pequenos e específicos, minimizando danos e preservando a função do órgão. Essa abordagem é especialmente útil em tratamentos de trauma renais de alto grau com lesão vascular, cerca de 10% requerem embolização (Smith et al, 2021).

A embolização por “microcoils” é um método eficaz, porém oneroso ao serviço. Isso devido a necessidade, às vezes, de usar mais de bobina para ocluir a artéria desejada (Ho et al., 2022). Há ainda outros métodos como a embolização com esponja de gelatina absorvível (Gelfoam) que pode ser útil para ocluir pequenos aneurismas arteriais. O álcool polivinílico (PVA) é semelhante às esponjas de gelatina absorvíveis em sua manipulação, indicações e administração.  No entanto, o PVA é mais difícil de passar pelo cateter em partículas grandes e não é reabsorvível. O PVA deve ser evitado nas fistulas arteriovenosas, pois pode passar para a circulação venosa causando embolia. (Ho et al., 2022).

O RNI (Relação Normalizada Internacional) é importante nesses procedimentos, já que avalia a coagulação sanguínea e a eficácia da anticoagulação em pacientes que usam varfarina ou com distúrbios de coagulação. Isso porque um valor muito alto indica risco aumentado de sangramento, enquanto um valor muito baixo pode aumentar o risco de trombose (Kwon et al., 2022; Chen et al., 2020). Um relato de caso que apresentou nefrectomia após um trauma renal penetrante associado a trauma vascular complexo destacou uma técnica eficaz de embolização para tratamento de fístulas arteriovenosas (Mikhail et al., 2022).

Em relação aos mecanismos de lesão renal, sabe-se que o trauma renal contuso é resultante de impacto ou compressão, sem que haja ruptura de pele, diferentemente do trauma renal penetrante, que em sua maioria é causada por armas de fogo e/ou instrumentos perfurocortantes, ou seja, este último podendo ser mais grave e possui o mecanismo traumático dado pela transferência de energia e cavitação expansiva seguida de cisalhamento e destruição dos tecidos adjacentes (Chien et al., 2019; Erlich et al., 2019).

A partir dos estudos analisados, observa-se que a recomendação para o NOM é para traumas contusos, em especial, nos pacientes hemodinamicamente estáveis (Deininger et al., 2022; Kwon et al., 2022; Koch et al., 2022; Liguori et al., 2021; Chen et al., 2020; Salem et al., 2020). Por outro lado, os estudos de Clements et al. (2022) e El-Hechi et al. (2020) analisaram condutas terapêuticas para traumas renais penetrantes, mas demonstraram particularidades significantes para decisão do manejo. Já na revisão sistemática e meta-análise de Petronea et al. (2020), foi observada a melhora da qualidade de vida de pacientes pelo NOM usado como padrão ouro nos artigos selecionados independente do mecanismo de lesão renal. Todavia, no estudo descritivo de Brachini et al. (2021), destaca-se a importância de uma avaliação cuidadosa e criteriosa para selecionar o NOM, principalmente, em casos de lesões renais contusas graves resultantes de acidentes de motocicleta.

Com o aprimoramento tecnológico para o diagnóstico da gravidade da lesão, as linhas terapêuticas estão sofrendo algumas alterações. O advento tomográfico no trauma renal promoveu uma análise mais criteriosa para a conduta definitiva desse paciente, sendo este o exame de imagem padrão ouro, como destacado por Voss et al. (2023). Os estudos de Kim et al. (2021) e Elbaset et al. (2021) identificaram os seguintes achados radiológicos em tomografia computadorizada (TC) e angiografia para definição da conduta terapêutica no trauma renal contuso: distância da borda do hematoma, local de laceração, extravasamento de contraste no meio intravascular, descontinuidade da fáscia de Gerota e fragmentos renais dissociados.

No relato de caso de Xie et al. (2020) por um trauma renal penetrante bilateral de urgência, foi observada que a avaliação por TC foi essencial para definir a conduta terapêutica de nefrectomia de urgência. Por outra via, os estudos de Bayne et al. (2019) e Tomasz et al. (2019) apontam que a utilidade da imagem seriada por TC pode ser indicada em casos específicos de pacientes com lesões renais contusas de alto e baixo graus, respectivamente. Com isso, Kelly et al., 2022 acrescentam que a avaliação prévia ou de repetição por TC pode não ser necessárias em pacientes submetidos a NOM que estejam assintomáticos e não apresentem achados de lesões no sistema coletor. Além disso, a indicação desse exame pode ser importante em casos evidentes de complicação do paciente durante o período de observação (Duarte et al. 2020; Coccolini et al. 2019). Outras modalidades de exames de imagem, não observadas nos estudos revisados, podem ser usadas na estratificação do trauma renal por alguma limitação do paciente ou de infraestrutura como a ultrassonografia e o ecodoppler ou a urografia intravenosa no intraoperatório para pacientes instáveis (Coccolini et al., 2019; Erlich et al, 2019). Por fim, Voss et al. (2023) questionam a relevância da cintilografia renal pós-trauma.

No estudo de Broska et al (2016), o tratamento conservador mostrou bons resultados, pois os pacientes, além de manter uma função renal preservada, ainda possui uma menor taxa de mortalidade, menor tempo de internação e, consequentemente, onerando menos o hospital. Ainda em seu estudo, ele aponta que os paciente cirúrgicos tem maior mortalidade e, em geral, o trauma renal está associado a outras lesões viscerais viabilizando esta abordagem.

Dos estudos que avaliaram a gravidade da lesão, a classificação pela Escala da AAST (American Association of Surgery Thrauma) (2018) foi a mais frequente, que subdivide as lesões renais em de baixo grau (I a III) e em de moderado ou de alto grau (IV e V). Nas lesões de grau I, observa-se uma contusão intraparenquimatosa isolada ou hematoma subcapsular; as lesões de grau II consistem também em lesão parenquimatosa com até 1 cm de profundidade e sem estender até o sistema coletor renal ou a presença de hematoma perirrenal contido pela fáscia de Gerota; a lesão de grau III constitui-se por uma laceração superior a 1 cm, porém sem o comprometimento do sistema coletor. Das lesões de moderado a alto grau, classifica-se como de gravidade IV quando a laceração parenquimatosa compromete sistema coletor com extravasamento de urina ou laceração da pelve renal; e de gravidade V quando além da laceração parenquimatosa, ainda há lesão vascular de hilo renal com sangramento ativo ou explosão renal.  

Tabela 3. Classificação do trauma renal pela AAST.

Grau da lesãoTipo da lesãoDescrição
1Hematoma e/ou contusãoHematoma subcapsular não expansivo ou contusão parenquimatosa sem laceração parenquimatosa
2Hematoma perirrenalHematoma perirrenal não expansivo confinado à fáscia de Gerota
Laceração corticalLaceração do parênquima renal < 1 cm de profundidade sem extravasamento urinário.
3Laceração cortico-medularLaceração do parênquima renal > 1 cm de profundidade sem ruptura do sistema coletor ou extravasamento urinário. Qualquer lesão na presença de lesão vascular renal ou sangramento ativo contido na fáscia de Gerota.
4Laceração envolvendo sistema coletorLaceração parenquimatosa que se estende até o sistema coletor urinário com extravasamento urinário. Laceração da pelve renal e/ou ruptura ureteropélvica completa.
Vascular – segmentação da a. renalLesão segmentar da veia ou artéria renal. Sangramento ativo além da fáscia de Gerota para o retroperitônio ou peritônio. Infarto(s) renal(ais) segmentar(es) ou completo(s) devido a trombose vascular sem sangramento ativo.
5Laceração – explosão renalRim fragmentado com perda da anatomia renal parenquimatosa identificável.
Vascular – avulsão do hilo renalLaceração da artéria ou veia renal principal ou avulsão do hilo renal. Rim desvascularizado com sangramento ativo.

Como já mencionado, o NOM é mais indicado em lesões de baixo grau. Os estudos de Pillay et al. (2019) e de Mansbridge et al. (2019) descrevem os bons resultados do NOM em pacientes com lesões renais classificadas em AAST I a III e da nefrectomia em pacientes com lesões de AAST IV e V. Contudo, os estudos de Koch et al. (2022), Liguori et al. (2021), Salem et al. (2020), Escobar et al. (2020) e Sujenthiran et al. (2019) demonstram vantagens significativas do NOM em pacientes com lesões classificadas em AAST III ou superior. Curiosamente, nesta revisão foi encontrado um estudo descritivo de sucesso por adoção do NOM em uma lesão de grau IV em pacientes transplantados renais (Papadakis et al., 2022). Contudo, cabe ressaltar que a taxa de sucesso do NOM, especialmente por angioembolização, é menor em pacientes hemodinamicamente instáveis (Desai et al., 2020). No estudo de Armas-Phan et al. (2020) foram identificados os fatores clínicos e radiológicos associados ao fracasso por angioembolização em pacientes com lesões de alto grau.

Com a avaliação da bibliografia selecionada podemos observar que há fatores influenciam na escolha de conversão do tratamento conservador/minimamente invasivo para o tratamento cirúrgico. Lesões renais importantes com extravasamento urinário, sangramentos ativos e/ou hematomas volumosos são critérios importantes para essa definição (Maratsu et al., 2022; Elbaset et al., 2021). Armas-Phan et al. (2020) aponta que as complicações associadas, como múltiplos traumas ou os fatores acima citados, ou paciente graves e instáveis aumentam a taxa de falha do manejo conservador em até 50%. Ademais, para Clements et al. (2022), paciente que são vítimas de trauma renal penetrante possui uma taxa de insucesso no tratamento conservador ainda maior, variando de 40 a 60%.

Norteados pelos guidelines da associação americana e europeia de urologia, o tratamento para o trauma renal baseia-se na condição clínica do paciente e também ao local a qual está inserido, uma vez que necessita de tecnologia para aplicação de alguns tratamentos propostos. Na tabela a seguir, apresenta um fluxograma que orienta as principais condutas.

Figura 3. Fluxograma do trauma renal.

Fonte:  Adaptada do EAU, 2024

Para finalizar, o estudo de Muratsu et al. (2022) descreve que infecções e sepse devido extravasamento urinário podem ser complicações observadas pelo NOM, mas intervenções cirúrgicas podem estar associadas a maiores sequelas. A diálise indicada após a nefrectomia foi pouco frequente na população estudada por Wang et al. (2019).

Tabela 1. Descrição da relevância analisada em cada artigo selecionado, estratificado por tipo de estudo.

ArtigoPaís Número de pacientesRelevância
Estudos Observacionais de Coorte Retrospectivo
Gross et al., 2024Estados Unidos144Identificaram fatores preditivos de falha na gestão não operatória, como a gravidade do trauma e a presença de complicações hemorrágicas, e enfatiza a importância de uma avaliação cuidadosa para determinar a melhor abordagem terapêutica.
Al-Thani et al., 2023Estados Unidos17.341Descreveram uma análise abrangente dos fatores preditivos para lesão renal aguda após trauma contuso, destacando hipertensão arterial sistêmica, diabetes e cardiopatias.
Voss et al., 2023Dinamarca58Destacaram o uso de tomografia computadorizada (TC) e a escala de lesão renal da AAST como métodos chave na avaliação de traumas renais. No entanto, limitações incluem o tamanho da amostra e a falta de comparação longitudinal. Apesar disso, o artigo contribui significativamente para a prática clínica ao questionar a relevância da cintilografia renal pós-trauma.
Kwon et al., 2022Coreia do Sul16Propuseram uma técnica inovadora para preservar a função renal após traumas contusos graves. O estudo sugere que a embolização seletiva da artéria renal pode controlar o sangramento e preservar as partes viáveis do rim, mantendo assim sua função.
Muratsu et al., 2022Japão146Abordaram sobre uma complicação significativa do NOM de lesões renais traumáticas, o extravasamento urinário, que pode levar a infecções e sepse.
Clements et al., 2022África do Sul150Investigaram a eficácia do NOM emferimentos renais penetrantes, comparando lesões por facadas e tiros. O estudo mostra que o NOM tem uma taxa de sucesso de 91,6%, mas a abertura da fáscia de Gerota durante laparotomias pode aumentar o risco de nefrectomia.
Deininger et al., 2022Áustria106Analisaram padrões de lesões e o curso clínico de traumas renais contusos em uma região de esportes de inverno, mostrando que esses traumas são mais propensos a ocorrer isoladamente e têm um risco menor de resultados graves em comparação com outros mecanismos de trauma. Por fim, sugere o NOM como melhor conduta.
Huang et al, 2022Reino Unido37.837Demonstraram que o uso prévio de warfarina não compromete o sucesso do NOM em pacientes com lesões contusas no fígado, baço ou rins. Isso sugere que esses pacientes podem ser tratados de forma conservadora com segurança, proporcionando confiança aos clínicos na abordagem de casos semelhantes e potencialmente reduzindo a necessidade de intervenções cirúrgicas desnecessárias.
Koch et al., 2022Estados Unidos377Demonstraram que o NOM de lesões renais contusas de grau III pode resultar em alta hospitalar precoce com bons desfechos clínicos. Esses achados promovem a eficiência no cuidado ao paciente e a redução do tempo de internação, sugerindo que essa abordagem pode ser segura e eficaz para uma recuperação mais rápida.
Salcedo et al., 2021Colômbia0Discutiram a importância do NOM em traumas renais, especialmente em pacientes hemodinamicamente instáveis. O estudo sugere que a TC e a angioembolização radiológica são métodos eficazes para avaliar e tratar essas lesões, respectivamente, reduzindo a necessidade de intervenções cirúrgicas.
Kim et al., 2021Reino Unido344Identificaram achados radiológicos específicos a partir da TC e da angiografia que podem prever com precisão o fracasso do NOM em pacientes com lesões renais contusas.
Elbaset et al., 2021Reino Unido63Identificaram achados radiológicos iniciais a partir da TC e da angiografia que podem prever a necessidade de controle ativo de sangramento e os desfechos funcionais a longo prazo em pacientes com trauma renal contuso de alto grau.
Chen et al., 2020China568Compararam a eficácia da embolização da artéria renal em dois grandes centros de trauma, mostrando que pode ser uma opção eficaz para o manejo de lesões renais contusas. O estudo retrospectivo incluiu 568 pacientes e revelou que a maioria dos casos de trauma renal foi tratada de forma conservadora.
Desai et al., 2020Austrália16Analisaram a eficácia da angioembolização em pacientes instáveis hemodinamicamente com lesões renais contusas graves ao longo de uma década. O estudo mostra que esse procedimento pode ser uma opção viável para estabilizar esses pacientes, mas a taxa de sucesso é menor em comparação com pacientes estáveis.
Salem et al., 2020Reino Unido223Forneceram uma análise detalhada das condutas em lesões renais traumáticas contusas e penetrantes em um centro de referência em traumas na África do Sul. Foi demonstrado que a maioria dos pacientes, inclusive aqueles com lesões de alto grau, pode ser tratada com sucesso por meio de abordagens não operatórias e técnicas minimamente invasivas.
El-Hechi et al., 2020Reino Unido1.842Forneceram uma visão abrangente das práticas contemporâneas na gestão do trauma renal penetrante em uma base nacional, destacando a eficácia da NOM em pacientes hemodinamicamente estáveis e a importância da monitorização contínua e da intervenção precoce em casos de trauma de alto grau.
Armas-Phan et al., 2020Estados unidos67Identificaram fatores clínicos e radiológicos (TC e angiografia) que podem prever com precisão o fracasso da angioembolização renal após trauma geniturinário de alto grau.
Bayne et al., 2019Estados Unidos216Avaliaram a utilidade clínica da imagem seriada por TC em lesões renais contusas de alto grau. O estudo concluiu que a necessidade da imagem seriada por TC está relacionada apenas a cerca de 12,5% dos casos assintomáticos para identificar a possibilidade de intervenção cirúrgica, especialmente quando há lesões no sistema coletor.
Tomasz et al., 2019Polonia74Avaliou a eficácia da imagem seriada por TC em pacientes com lesões renais contusas de baixo grau tratadas por NOM. O estudo sugere que a imagem seriada por TC de rotina pode não ser necessária para tais pacientes, apenas quando apresenta grau V ou superior na escala de AAST.
Mansbridge et al., 2019Austrália81Identificaram tendências e resultados clínicos, mostrando que a maioria das lesões renais foi tratada por NOM com bons resultados, enquanto lesões mais graves frequentemente necessitaram de intervenção cirúrgica.
Wang et al., 2019Taiwan16.320Analisaram os resultados renais a longo prazo em pacientes que sofreram lesões renais traumáticas e passaram por nefrectomia, mostrando que 1,1% precisaram realizar diálise.
Pillay et al., 2019África do Sul74Foi observado que a maioria das lesões de baixo grau (AAST I-III) foi tratada por NOM, com bons resultados, enquanto lesões de alto grau (AAST IV-V) frequentemente necessitaram de nefrectomia.
Estudo Observacional Descritivo
Mikhail et al., 2022Estados unidos1Demonstraram a eficácia e a segurança da técnica de embolização com microcoils para tratar fístulas entre a artéria renal e a veia cava inferior após nefrectomia devido a trauma penetrante. Isso contribui para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes e menos invasivas em casos complexos de trauma vascular.
Papadakis et al., 2022Inglaterra1O estudo relata o caso único de sucesso por NOM de uma lesão de grau IV em pacientes transplantados renais, permitindo tempo para planejar adequadamente a terapia de substituição renal futura do paciente.
Brachini et al., 2021Itália1Destacaram a importância de uma avaliação cuidadosa e criteriosa para selecionar o NOM, principalmente em casos de lesões renais contusas graves resultantes de acidentes de motocicleta. 
Escobar et al., 2020Colômbia71Observaram que pacientes com traumas renais classificados com AAST IV e V tratados por NOM resultaram em taxas de complicações menores quando comparadas aos que se submeteram a intervenções cirúrgicas.
Xie et al., 2020China1Relatou um caso raro de trauma renal bilateral penetrante, destacando a complexidade e a gravidade dessa lesão, avaliado por TC. Nesse caso, a intervenção cirúrgica de urgência foi necessária, mostrando a importância da avaliação para a determinação rápida da conduta.
Clements et al., 2019Austrália1Relatou um caso raro de lesão vascular renal contusa resultando em avulsão arterial, tratada com sucesso por técnicas endovasculares, preservando a função renal do paciente. Destaca também a eficácia da embolização com stent graft para controlar o sangramento e evitar a nefrectomia.
Revisão Sistemática e Meta-análise
Kelly et al., 2022Reino Unido542Concluíram que a necessidade de avaliação prévia por TC em pacientes que se submeteram a NOM podem não ser necessárias em todos os casos, desde que os pacientes estejam assintomáticos e não apresentem achados de lesões no sistema coletor.
Liguori et al., 2021Itália412Revisou a eficácia da angioembolização no manejo de lesões renais contusas moderadas a graves, mostrando uma taxa de sucesso de 92% em lesões de grau AAST III-IV e 76% em lesões de grau AAST V, particularmente em pacientes estáveis hemodinamicamente.
Petronea et al., 2020Estados Unidos25.182Observaram que o NOM se tornou o padrão de conduta terapêutica, reduzindo a necessidade de nefrectomias desnecessárias e melhorando a qualidade de vida dos pacientes que sofreram lesões renais contusas ou penetrantes.
Sujenthiran et al., 2019Países Baixos787Sugerem que o NOM pode ser uma opção de primeira linha no tratamento de lesões renais de alto grau, pois pode apresentar alta taxa de preservação renal e a redução do tempo de internação hospitalar.

Fonte: Adaptada pelos autores, 2024.

Legenda: AAST – Classificação da gravidade de lesão renal pela American Association of Surgery Thrauma (2018); NOM – Manejo Não Operatório; TC – Tomografia Computadorizada

4 CONCLUSÃO

Os estudos demonstraram que o tratamento do trauma renal continua a evoluir, com uma preferência crescente por estratégias conservadoras, particularmente no contexto de trauma contuso, onde técnicas de embolização e monitoramento rigoroso têm mostrado resultados promissores. Além disso, foi observado que exames de imagem desempenham um nicho relevante para a decisão do manejo terapêutico dessas lesões, mas seu uso rotineiro ainda é debatido. Em última análise, a seleção do paciente com base na gravidade da lesão, estabilidade hemodinâmica e comorbidades é crítica para determinar a abordagem ideal para o tratamento.

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¹ Residente em Cirurgia Geral, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Brasília – Distrito Federal, Brasil. E-mail: Guilherme_olly@hotmail.com

² Médico especialista em Urologia e orientador, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Brasília – Distrito Federal, Brasil. E-mail: Bruno.mestrinho@gmail.com

³ Médico mestrando em Ciências da Saúde, Universidade de Rio Verde

⁴ Médico especialista em Cirurgia Geral, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde

⁵ Médica generalista