TRATAMENTO DA SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11552155


Quézia Cristina Barros da Silva
Orientadora: Prof. Ms. Fernanda Heimlich


RESUMO

A Síndrome da Ardência Bucal é uma condição que está se tornando comum, afetando principalmente mulheres. Diante desse contexto, a demanda de pacientes que necessitam de um diagnóstico correto e precisam de um tratamento efetivo vem crescendo também. A questão que norteia esse estudo é: qual o tratamento Síndrome da Ardência Bucal? Face a essa problemática desenvolveu-se um levantamento bibliográfico baseado em artigos referentes aos descritores de Ciência e Saúde (DeCS), juntando uma coleta nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),  Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Index Base, Scientific Electronic Library Online (SciELO), com o objetivo de esclarecer o tratamento Síndrome da Ardência Bucal, explicar qual o método de tratamento a SAB mais utilizado apontar as medicações utilizadas no tratamento da SAB e descrever modalidades terapêuticas alternativas disponíveis no cuidado da SAB e seus sintomas Foram selecionados 10 estudos para debater o entendimento dos autores. Pode-se concluir que os tratamentos empregados atualmente têm por objetivo promover o alívio dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e que ainda não se possui um protocolo de tratamento definido para o tratamento da SAB. Diversas opções de terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas) se apresentam para amenizar sintomatologia e tratar as SAB. Os tratamentos de terapias a laser ainda são os que apresentam maiores resultados, seguidos dos tratamentos não farmacológicos, acupuntura e tratamentos medicamentosos.  

Palavras-chave: Síndrome da Ardência Bucal. Terapias farmacológicas. Terapias não farmacológicas.

ABSTRACT

Burning Mouth Syndrome is a condition that is becoming common, primarily affecting women. In this context, the demand from patients who need an accurate diagnosis and effective treatment is also growing. The question that guides this study is: what is the treatment for Burning Mouth Syndrome? In view of this problem, a bibliographical survey was developed based on articles referring to the Science and Health descriptors (DeCS), joining a collection in the databases of Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Virtual Library of Health (BVS) and Index Base, Scientific Electronic Library Online (SciELO), with the aim of clarifying the treatment of Burning Mouth Syndrome, explaining which method of treating BMS is most used, pointing out the medications used in the treatment of BMS and describing therapeutic modalities alternatives available in the care of BMS and its symptoms. 10 studies were selected to discuss the authors’ understanding. It can be concluded that the treatments currently used aim to promote symptom relief and improve patients’ quality of life and that there is still no defined treatment protocol for the treatment of BMS. Several therapeutic options (pharmacological and non-pharmacological) are available to alleviate symptoms and treat BMS. Laser therapy treatments are still those that show the greatest results, followed by non-pharmacological treatments, acupuncture and drug treatments.

Keywords: Burning Mouth Syndrome. Pharmacological therapies. Non-pharmacological therapies.

1. INTRODUÇÃO

A Síndrome da Ardência Bucal (SAB) também denominada glossodinia, glossopirose, conhecida como síndrome da boca ardente ou síndrome dos lábios ardentes trata-se de sensação crônica intraoral de queimação, que acomete principalmente pessoas idosas ou de meia idade, sem nenhum causa. Constitui uma condição de etiologia multifatorial que pode ser local ou difusa e variar de intensidade (MIRANDA; DUEYRE; ANDRADE, 2018).

A  Síndrome  da  Ardência  Bucal  (SAB)  é  uma  condição   relativamente   comum   (proporção   de 5  pessoas  para  cada  100.000  indivíduos)  que  se  caracteriza por um estado anormal na boca, que afeta  o  bem-estar  físico,  mental  e  social,  contribuindo  para  condições  de  estresse  crônico.  É  bastante  prevalente  em  pessoas  com  idade  média entre 55 e 60 anos, na maioria mulheres no período  pós-menopausa,  sendo,  portanto,  rara  em  indivíduos abaixo dos 30 anos e nunca relatada em crianças (ALMEIDA et al., 2020).

É imprescindível o Cirurgião Dentista tomar conhecimento sobre a complexidade desta patologia pois isto o leva a entender sobre as inúmeras possibilidades de tratamento da SAB, auxiliando o paciente a conviver com sua sintomatologia (BARREIROS, 2019).

Já vem se definindo a etiologia da SAB, bem como diagnóstico, porém, ainda paira dúvidas sobre o tratamento ideal, uma vez que, não há um protocolo definido do tratamento, sendo que muito vem se experimentando na comunidade científica (LIU et al., 2018).  Face a esse contexto, a questão central deste estudo é: qual o tratamento da Síndrome da Ardência Bucal?

Diante disso, a temática colabora para a compreensão dos acadêmicos de odontologia, uma vez que, visa elucidar como vem sendo tratados os pacientes com SAB, qual o tratamento mais empregado, a eficiência do(s) mesmo(s),  a fim de que os profissionais odontólogos estejam cientes e aptos a prestar uma melhor assistência a sua clientela.

Por fim, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o tratamento Síndrome da Ardência Bucal, explicar qual o método de tratamento a SAB mais utilizado apontar as medicações utilizadas no tratamento da SAB e descrever modalidades terapêuticas alternativas disponíveis no cuidado da SAB e seus sintomas.

Diante dos objetivos expostos, percebe-se que se trata de uma pesquisa explicativa, a qual procura explicar os fenômenos observados fazendo uso de registros e interpretações. A base da pesquisa são materiais já elaborados, tais quais: livros, revistas, artigos científicos, monografias, teses e outros.

A partir do material encontrado, pretende-se alcançar os objetivos propostos e apresentar as principais informações sobre o tratamento da síndrome da ardência bucal.

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

O objetivo deste estudo, portanto, é esclarecer qual o tratamento da Síndrome da Ardência Bucal.

Objetivos Específicos

Explicar qual o método de tratamento a SAB mais utilizado; 

Apontar as medicações utilizadas no tratamento da SAB;

Descrever modalidades terapêuticas alternativas disponíveis no cuidado da SAB e seus sintomas.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL (SAB)

3.1.1 Aspectos Conceituais

A condição conhecida como Síndrome da Ardência Bucal (SAB), é descrita como sensação de queimação ou disestesia intra-oral recorrente diária. Sentida por mais de duas horas por dia, por mais de três meses. No exame clínico, não há lesões evidentes que justifiquem a dor (ICOP, 2022). 

Também referida como Síndrome da Boca Ardente ou Síndrome dos Lábios Ardentes, é caracterizada por uma sensação de queimação na região bucal, podendo ocorrer de forma localizada ou difusa. Esta síndrome é de origem multifatorial e tende a afetar predominantemente indivíduos de meia-idade e idosos (MIRANDA; DUEYERI; ANDRADE, 2018).

Sua manifestação é mencionada em vários pontos da boca, mas a língua é onde ocorre mais frequentemente, seguida pela área acima dos dentes superiores, o palato e os lábios. A sensação de ardência geralmente ocorre em ambos os lados de forma simétrica e afeta especificamente outras áreas, como a mucosa jugal, o assoalho bucal e a região de orofaringe (BRAGA, 2010).

Devido à sua ampla gama de possíveis causas, a origem da sensação de queimação na boca é difícil de determinar. Essa sensação dolorosa na mucosa bucal pode ser atribuída a diversas condições, tanto locais quanto sistêmicas, que afetam a cavidade oral. Essas condições são classificadas SAB secundária e incluem deficiências nutricionais de vitaminas B12, ferro, zinco ou ácido fólico, uso de medicamentos como corticoides, analgésicos, antibióticos, estrogênio, retinoides, benzodiazepínicos e psicotrópicos, presença de doenças sistêmicas como diabetes e Síndrome de Sjögren, lesões erosivas, infecção por Candida spp., danos causados pelo uso de próteses e até mesmo a presença de compostos metálicos na boca. Isso contrasta com a SAB primária, na qual não há uma causa ou condição patológica aparente relacionada à sensação de queimação (ALMEIDA, 2022).

3.1.2 Causas

A causa da SAB ainda não é completamente compreendida, no entanto, a literatura aponta para uma variedade de fatores que podem desencadear essa condição, incluindo elementos locais, sistêmicos e psicológicos, ressaltando assim sua natureza multifatorial. Os pacientes relatados com SAB geralmente apresentam um perfil psicológico semelhante, caracterizado por altos níveis de estresse, ansiedade e depressão, devido à condição crônica e desafio de diagnóstico. Aqueles que sofrem com a síndrome, devido a mudanças no paladar e sensações de ardência, frequentemente relatam alterações no padrão de alimentação. Essa combinação de fatores impacta tanto a vida social quanto emocional dos pacientes, resultando em uma diminuição na qualidade de vida. A principal fonte de preocupação para os pacientes está ligada ao processo de diagnóstico. Muitos desses indivíduos desenvolvem medo excessivo de câncer bucal, ansiedade e preocupações relacionadas à saúde devido à falta de um diagnóstico claro e à persistência de seus sintomas não resolvidos (SOUTO et al., 2022).

3.1.3 Diagnóstico

O diagnóstico da SAB é alcançado ao descartar todas as condições que poderiam causar ou intensificar os sintomas dessa síndrome. Isso envolve uma análise detalhada do histórico médico e odontológico, uma revisão minuciosa das medicações em uso atualmente, e uma investigação abrangente de outros sistemas corporais, sendo essencial para confirmar o diagnóstico (CARA, 2023).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia empregada foi a revisão integrativa da literatura,  a qual faz uso de sistema de organização: síntese de conhecimentos e identificação de lacunas que culminam na análise crítica de um objeto de estudo proposto.  A revisão segue 6 passos: formula a questão central da pesquisa; executa a coleta de material sobre o tema proposto; extrai os achados importantes; avalia os estudos; interpreta e sintetiza os resultados (ERCOLE et al., 2014).

4.1 COLETA DE DADOS

Para responder ao objetivo do presente estudo, formulou-se a seguinte questão central: “Qual o tratamento da Síndrome da Ardência Bucal?”

O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados da: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),  Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Index Base, Scientific Electronic Library Online (SciELO). Pode-se encontrar, em tais bancos de dados, estudos publicados no cenário nacional e internacional. Os descritores que serão utilizados são: “Síndrome da Ardência Bucal”, “Terapias farmacológicas”, “Terapias não farmacológicas”.

Realizou-se uma pesquisa com cada descritor sem definir período de publicação. Depois se refinar a busca. 

Os estudos que foram selecionados foram lidos na íntegra,  com o intuito de incluir ou não, aqueles que conseguissem responder à questão central da pesquisa. Os resultados compuseram uma tabela com a interpretação e síntese, disponibilizando os nomes dos autores, ano de publicação local, bem como os principais resultados sobre o “Tratamento Síndrome da Ardência Bucal”.

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram incluídos os artigos científicos disponíveis na íntegra, que se apresentavam em livre acesso, publicados no período entre 2014 a 2024, nos idiomas português e inglês, e os que depois de refinar a leitura respondessem à pergunta central da pesquisa.  

Foram excluídos os artigos duplicados, artigos de revisão, monografias, , teses, e os que forem inferiores ao período estabelecido, assim como, após a leitura refinada não estivesse de acordo com os objetivos da pesquisa.  

4.3 ANÁLISE DOS DADOS

A partir das análises de conteúdo pode-se explorar o material, codifcálo e transformá-lo em informações menores agrupadas (BARDIN, 2011). Depois desses passos disponibilizou-se os estudos selecionados e principais achados em uma tabela (Word) para auxiliar  na exposição do material e discussão dos resultados.

5. RESULTADOS

Os dados dos 10 estudos selecionados foram analisados por meio de leitura e organizados na tabela 1 a seguir, utilizando como base o programa Microsoft WORD/2010.

Tabela 1: Publicações encontradas entre os anos de 2014 a 2024 que apresentam achados sobre  tratamento da SAB.

AUTOR E ANOACHADOS
Alsabbagha; Ouanounoub, 2022terapias integrativas e uso de fitoterápicos  melhoram a qualidade de vida do paciente, os níveis de estresse e os sintomas.
Bergozza et al., 2022terapia antifúngica tópica, medicação antiepilética, tratamento sistêmico, medicação analgésica sistêmica, terapia de reposição hormonal e vitamínica, terapia cógnito-comportamental e acupuntura, a qual afeta o sistema nervoso central e a terapia de reposição hormonal e vitamínica, terapia cógnito- comportamental e acupuntura também, vem trazendo benefícios para os pacientes.
Almeida et al., 2017tratamento mais comum é relatado nos estudos que indicam o uso do laser. Em relação à terapia sistêmica, cita-se a aplicação de  Gabapentina
Valenzuela e López-Jorne et al, 2017Ressalta-se a eficácia do tratamento a laser somente em curto prazo. 
Klasser et al., 2016É citada a  aplicação em curto ou longo prazo, tópico ou sistêmico do clonazepam, com relatos de remissão dos sintomas em até metade. E a curto prazo o uso tópico da Capsaicina.
Franco et al., 2017A combinação de acupuntura / auriculoterapia foi eficaz na redução da intensidade da queimação e melhorando a qualidade de vida. 
Barbosa et al., 2018Os resultados sugeriram que a terapia a laser de baixa e da intensidade e do ácido alfa-lipóico são terapias eficientes na redução dos sintomas de queimação na boca.
Fenelon et al., 2017Uso de benzodiazepínicos tópicos ou sistêmicos, antioxidantes como o ácido alfa-lipoico, laserterapia e medidas alternativas como acupuntura, chá de camomila gelado e terapias cognitivas e o medicamento Amitriptilina.
Liu et al., 2018Protocolos de tratamento para SAB apresentam evidência científica limitada, devido à variedade de tratamentos, doses e medidas de resposta.
Barreiros et al., 2019O tratamento pode ser feito com intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Os tratamentos farmacológicos de maior eficácia, onde são utilizados: ansiolíticos, anticonvulsivantes, analgésicos e neurolépticos: Clonazepam, Topiramato; Capsaícina e Amitriptilina.Entre os tratamentos não farmacológicos, a laserterapia, fisioterapia bucal, psicoterapia. 
Reiss-Pistilli; Alpaca, 2022Acupuntura pode ser considerada uma prática terapêutica com bons resultados
Fonte: Dados da Pesquisa, 2024.

Verificou-se que dentre os 10 estudos selecionados para essa discussão, sendo que os mesmos indicaram diversos tipos de terapias, sendo elas farmacológicas e não-farmacológicas

Estudos constataram que a terapia para ser definida deve iniciar com uma análise criteriosa da anamnese do paciente e do diagnóstico diferencial da síndrome. Pois, em alguns pacientes a SAB está associada a  fatores emocionais, psicológicos, estresse, sendo que os mesmos podem potencializar os sintomas. Dessa forma, as terapias integrativas são indicadas para trazer equilíbrio emocional. Para substituir medicamentos alopáticos são indicados e uso de fitoterápicos, considerando seus benefícios em prol da melhor qualidade de vida do paciente (ALSABBAGHA; OUANOUNOUB, 2022).

O tratamento da SAB tem sido em grande parte empírico e dependente em grande parte da etiologia e dos sintomas do paciente. Não há tratamento eficaz  que seja aplicável à maioria dos pacientes e não há um consenso na literatura (BERGOZZA et al., 2022). 

O tratamento pode ser feito com intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Os tratamentos farmacológicos de maior eficácia, onde são utilizados: ansiolíticos, anticonvulsivantes, analgésicos e neurolépticos. O Clonazepam, Topiramato,  que operam como agonistas do receptor GABA e se ligam central ou perifericamente, causando inibição da dor e a Amitriptilina possui propriedades analgésicas, além da sua propriedade como antidepressivo  (BARREIROS, 2019).

Dentre os protocolos de tratamento utilizados atualmente, destacamos os benzodiazepínicos tópicos ou sistêmicos, antioxidantes como o ácido alfa-lipoico, laserterapia e medidas, alternativas como acupuntura, chá de camomila gelado e terapias cognitivas (FENELON et al., 2017).

Entretanto, algumas possibilidades terapêuticas têm sido utilizadas, dentre elas: antifúngico tópico, medicação antiepilética (con Clonazepam de uso tópico de 0,5 a 1 mg, aplicando duas ou três vezes por dia), medicação analgésica (Cloridrato de Benzidamina 0,025% de uso tópico), substituto salivar (saliva artificial utilizada de 5 a 6 vezes ao dia, por um período de 60 dias), medicação anticonvulsivante (Gabapentina de uso sistêmico com dose inicial de 300 mg/dia, aumentando a uma taxa de 300 mg a cada 48 horas até um máximo de 2.400 mg/dia) e medicação analgésica sistêmica (capsaicina 0,25% via oral) (BERGOZZA et al., 2022; KLASSER et al., 2016). 

O tratamento com ansiolíticos e anticonvulsivantes têm mostrado resultados eficientes na redução da dor, contudo, é necessário levar em consideração todas as condições sistêmicas, uma vez que o uso indiscriminado desses medicamentos pode provocar diversos efeitos secundários indesejáveis (BARREIROS, 2019).

O uso de Capsaicina tem demonstrado benefício em curto prazo, porém, quando usado continuamente apresenta efeitos adversos quanto ao uso prolongado têm se tornado um obstáculo frente aos seus benefícios (ALMEIDA et al., 2017). Capsaícina age nas terminações das fibras C que implicam na sensação de ardor na cavidade oral e controlam a sensação de ardência, porém o efeito é limitado e pode gerar desconforto no momento da aplicação.

Entre os tratamentos não farmacológicos, a laserterapia, que consiste na aplicação do laser de baixa intensidade em pontos específicos da mucosa, tem se mostrado eficaz, principalmente em pacientes que não houve melhora do quadro com outras terapias (BARREIROS, 2019).

O laser de baixa intensidade apresenta propriedades regenerativas, analgésicas, bioestimulantes, anti-inflamatórias e antiedematosas sobre o tecido e as fibras nervosas, produzindo mudanças metabólicas e, favorecendo o aumento da vitalidade e resistência celular, possibilitando um possível retorno à normalidade. Além disso, o tratamento não produz efeitos colaterais significativos e sua técnica de aplicação é simples e bem tolerada pelos pacientes (BARREIROS, 2019).

Almeida et al., (2017)  aponta como tratamento não farmacológico  mais comum é relatado nos estudos  é o uso do laser. Porém, os autores afirmam que algumas pesquisas não constataram melhoras nos escores de qualidade de vida. Valenzuela e López-Jorne et al.,  (2017), explicam que há eficácia do tratamento a laser, porém, destacam que melhora ocorre no pequeno período.

Barbosa et al., (2018), avaliaram a eficácia da terapia a laser de baixa intensidade e do ácido alfa-lipóico no tratamento da síndrome de queimação na boca e queimação oral secundária por sialometria não estimulada, avaliação de sintomas e medição dos níveis salivares. Os resultados sugeriram que as terapias referidas são eficientes na redução dos sintomas de queimação na boca. 

A terapia de reposição hormonal e vitamínica, terapia cógnito- comportamental e acupuntura também são indicadas no tratamento da SAB, trazendo benefícios para os pacientes, sobretudo aqueles que se apresentam ansiosos, deprimidos, tensos e os cancerofóbicos (BERGOZZA et al., 2022).

Franco et al., (2017) apresentam algumas terapias alternativas que demonstraram eficácia em amenizar sintomas como a dor da queimação, tais quais, a acupuntura e a auriculoterapia. As referidas terapias têm promovido analgesia e permitido a redução dos sintomas com doses menores de medicamentos e estes resultados acarretam maior adesão do paciente a terapia e melhoria na qualidade de vida. Salienta-se que houve melhora depois da acupuntura e auriculoterapia por cerca de 2 (dois) anos de acompanhamento. 

Pode-se considerar que a Acupuntura vem  demonstrando êxito quando empregada para reduzir o consumo medicamentoso e o período de tratamento de dores associadas a condições emocionais (REISS-PISTILLI; ALPACA, 2022).

Cita-se como alternativa a terapia da fisioterapia bucal estimula a produção salivar de forma mecânica, esse tipo de terapia promove estímulos neurais eficientes com resposta de aumento de fluxo salivar obtendo uma melhora na sintomatologia de xerostomia (BARREIROS, 2019).

Em relação à terapia sistêmica, houve ampla abordagem nos estudos sobre a aplicabilidade da Gabapentina, isolada ou em associação com ácido alfa-lipóico, principalmente na redução da sintomatologia dolorosa (ALMEIDA et al., 2017)  .

Outra terapia associada no tratamento da SAB é a psicoterapia por meio da  terapia comportamental cognitiva, que tem tido resultados eficazes para tratar  dores crônicas, bem como auxilia amenizando sintomas de várias desordens psicológicas como ansiedade, depressão, fobias e doenças com sintomatologias dolorosas (BARREIROS, 2019).

Em relação aos protocolos de tratamento para SAB não foi ainda definido, apresentam evidência científica limitada, sendo ainda experimentado e comparados diversas terapias, doses e medidas medicamentosas de resposta (LIU et al., 2018).

CONCLUSÃO

Com os achados bibliográficos encontrado, conclui-se que:

  • Os tratamentos empregados atualmente, tem por objetivo promover o alívio dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
  • Ainda não se possui um protocolo de tratamento definido para o tratamento da SAB.
  • Diversas opções de terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas) se apresentam para amenizar sintomatologia e tratar as SAB. 
  • Os tratamentos de terapias a laser ainda são os que apresentam maiores resultados, seguidos dos tratamentos não farmacológicos, acupuntura e tratamentos medicamentosos. 
  • Em relação ao tratamento, o uso e a ação do laser parecem ser promissores, ademais, outros fármacos também estão sendo empregados para controle da sintomatologia. 
  • O tratamento da SAB pode ser feito  por meio de várias terapias medicamentosas: antifúngica tópica (para os indivíduos com ocorrência de Cândida), medicação antiepilética, tratamento sistêmico, medicação analgésica sistêmica, terapia de reposição hormonal e vitamínica, terapia cógnito-comportamental e acupuntura, a qual afeta o sistema nervoso central e o sistema nervoso neurovegetativo, bem como por reposição  vitamínica.

REFERÊNCIAS

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