PORQUE O FISIOTERAPEUTA PRECISA COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO ECONÔMICA EM SAÚDE?
Autores
Dr. Rodrigo Luiz Carregaro (DF)
Fisioterapeuta; Doutorado em Ciências da Saúde; Pós-doutorado na Vrije Universiteit Amsterdam na área de Avaliação de Tecnologias em Saúde; Professor Associado do Curso de Fisioterapia, Universidade de Brasília (UnB), Campus UnB Ceilândia; Coordenador do Núcleo de Evidências e Tecnologias em Saúde (NETecS); Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR).
PALESTRANTE CONFIRMADO
Dra. Caroline Ribeiro Tottoli (DF)
Fisioterapeuta; Mestre em Ciências da Reabilitação (UnB); Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação Física (UnB); Membro do Núcleo de Evidências e Tecnologias em Saúde (NETecS), Campus UnB Ceilândia
PALESTRANTE CONFIRMADO
Dra. Yara Andrade Marques (DF)
Fisioterapeuta; Membro do Núcleo de Evidências e Tecnologias em Saúde (NETecS), Campus UnB Ceilândia; Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR), Campus UnB Ceilândia.
Dra. Thamires Francelino Mendonça de Melo (DF)
Terapeuta Ocupacional; Membro do Núcleo de Evidências e Tecnologias em Saúde (NETecS), Campus UnB Ceilândia; Mestranda do Programa de PósGraduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR), Campus UnB Ceilândia.
Dra. Aline Martins de Toledo (DF)
Fisioterapeuta; Doutorado em Fisioterapia; Pós-doutorado na Vrije Universiteit Amsterdam na área de Ciências do Movimento; Professora Associada do Curso de Fisioterapia, Universidade de Brasília (UnB), Campus UnB Ceilândia; Membro do Núcleo de Evidências e Tecnologias em Saúde (NETecS); Programa de PósGraduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR).
PALESTRANTE CONFIRMADA
Contextualização: Há tempos a Fisioterapia consolida suas práticas e bases do conhecimento por meio dos conceitos da saúde baseada em evidências, as quais são balizadas por pesquisas de qualidade, tanto no Brasil quanto no mundo. Tais conceitos servem como norteador para a seleção das melhores estratégias de avaliação e intervenção no âmbito individual e coletivo em diversas condições de saúde. Nesse quesito, há perguntas recorrentes: Estou utilizando a melhor evidência disponível? Estou considerando as preferências do meu cliente/paciente? Estou considerando a minha experiência para ajudar na seleção das melhores abordagens terapêuticas?
Desenvolvimento: Entretanto, a conjuntura mundial do século 21, composta por crises econômicas recorrentes, aumento populacional, e mudanças demográficas, impôs desafios, principalmente no tocante à sustentabilidade de sistemas e serviços de saúde e recursos escassos, os quais não permitem financiar toda e qualquer intervenção, principalmente aquelas que resultam em benefícios/efeitos de magnitude pequena ou inexistente (BRASIL, 2014). Frente a este cenário, é importante destacar que diversas condições de saúde oneram o sistema de saúde do Brasil (SUS), como por exemplo os distúrbios da coluna, os quais são prevalentes e incapacitantes (Carregaro et al., 2019) ou ainda a prematuridade, com alta incidência e importantes repercussões para a mãe e a criança.
Essa conjuntura remete a uma pergunta complexa: Estamos considerando os aspectos econômicos na seleção de estratégias de avaliação ou intervenção na assistência ao nosso paciente? Para responde-la, devemos adotar processos de avaliação econômica para avaliar os custos e/ou comparar diferentes alternativas de intervenção, considerando os custos e consequências para a saúde, sejam elas positivas ou negativas. Em outras palavras, o intuito é verificar se vale a pena adotar uma intervenção, quando comparada a outras estratégias que poderiam ser realizadas, tendo como base um orçamento disponível (van der Roer et al., 2006).
O XXIII Congresso Brasileiro de Fisioterapia (XXIII COBRAF) proporcionará um ambiente fértil para discussões envolvendo o processo de tomada de decisão embasado por estudos de avaliação econômica, dentre outros tópicos. Na grade do evento, fiquem atentos aos temas denominados como “Transversais”. Nessa linha, teremos diversas palestras, dentre as quais a “Relevância dos estudos de avaliação econômica para a prática do Fisioterapeuta” (Rodrigo Carregaro), “Análise dos custos hospitalares relacionados à prematuridade” (Aline Martins de Toledo), “Novas abordagens e evidências do Pilates no contexto da dor crônica” (Caroline Ribeiro Tottoli), “Limiares de custoefetividade e impacto orçamentário” (Ivan Ricardo Zimmermann) e “Using cost-effectiveness studies in decision making (Utilizando estudos de custo-efetividade na tomada de decisão)” (Maurits van Tulder). Esse conjunto de palestras discutirá os conceitos gerais e diferentes modelos de estudo, apresentará aplicações práticas no contexto do exercício físico, e avançará com discussões específicas acerca dos limiares necessários para a tomada de decisão, e culminará com a aplicação prática dos resultados de estudos de custo-efetividade.
Na área de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), haverá mesas redondas discutindo o “Papel dos Núcleos de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS) no sistema de saúde” (Carmen Romero Casas) e “Avaliação de Tecnologias em Saúde: papel e potencialidades para a incorporação mais crítica e adequada das tecnologias no sistema de saúde brasileiro” (Rosangela Caetano). Tais palestras serão fundamentais, pois os Núcleos de Avaliação de Tecnologias em Saúde proporcionam um importante espaço para discussão e elaboração de estudos de avaliação econômica ou estudos para viabilizar a incorporação de novas tecnologias e intervenções no âmbito do SUS.
Considerações finais: Convidamo-los a conferir a grade científica do XXIII COBRAF e explorar os diversos temas do eixo “Transversal”. O evento fomentará importantes discussões acerca da avaliação econômica em saúde e outros temas relacionados à avaliação de tecnologias em saúde, os quais são fundamentais para o SUS e para as boas práticas em saúde. Não deixe de participar do XXIII COBRAF!
Leitura complementar: BRASIL. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas: Diretriz de Avaliação Econômica. Brasília: Editora do Ministério da Saúde: 132 p. 2014.
Carregaro RL, da Silva EN, van Tulder M. Direct healthcare costs of spinal disorders in Brazil. Int J Public Health. 2019;64(6):965–974. doi:10.1007/s00038-019-01211-6.
van der Roer N, Boos N, van Tulder MW. Economic evaluations: a new avenue of outcome assessment in spinal disorders. Eur Spine J. 2006;15 Suppl 1(Suppl 1):S109–S117. doi:10.1007/s00586-005-1052-x.