TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS NO PUERPÉRIO: AVALIAÇÃO, PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO

PSYCHOLOGICAL DISORDERS IN THE POSTPARTUM PERIOD: ASSESSMENT, PREVENTION AND INTERVENTION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11557550


Levitemberg da Costa Almeida Moraes1; Joyce Thaynara da Silva Moura2; Weslley dos Passos Verissimo3; Otávio Paiva de Albuquerque4; Lucas Pereira Medeiros5; José Samuel Medeiros do Nascimento6; Gabriela Gomes Dantas7; Renato de Caldas Almino8; Raquel Nery de Lima Sabino9; Lucas Aurélio Dantas Silva10; Lucas Fernandes de Almeida11


Resumo

Durante o período pós-parto, as mulheres podem enfrentar uma série de transtornos psicológicos, que vão desde a depressão pós-parto até a ansiedade e o transtorno obsessivo-compulsivo. É fundamental avaliar precocemente esses transtornos para garantir intervenções oportunas e eficazes. A prevenção desempenha um papel crucial na promoção da saúde mental durante o puerpério, envolvendo estratégias que vão desde o apoio social até a conscientização sobre os sinais e sintomas desses transtornos. As intervenções devem ser holísticas, adaptadas às necessidades individuais e variar desde o suporte psicológico até intervenções farmacológicas, quando necessário. Além disso, é essencial promover um ambiente de cuidado e compreensão, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto da família, para facilitar o processo de recuperação. Ao abordar os transtornos psicológicos no puerpério de forma abrangente, é possível beneficiar não apenas a mãe, mas também promover o desenvolvimento saudável do recém-nascido e fortalecer a dinâmica familiar como um todo.

Palavras-chave: Transtornos psicológicos; Puerpério; Saúde mental; Avaliação. 

1. INTRODUÇÃO

O período puerperal, que compreende as semanas logo após o parto, é uma fase crucial na vida de uma mulher, caracterizada por adaptações físicas, emocionais e psicológicas significativas. Embora muitas mulheres atravessem essa transição de forma tranquila, algumas enfrentam desafios psicológicos que podem se manifestar em diferentes transtornos. A saúde mental durante o puerpério é de suma importância, pois não só impacta a mãe, mas também o desenvolvimento e o bem-estar do recém-nascido e da família como um todo (DUTRA, FARIA, 2023).

Transtornos psicológicos, como a depressão pós-parto, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo pós-parto e transtorno de estresse pós-traumático relacionado ao parto, são algumas das condições que podem surgir nesse período delicado. A identificação precoce e adequada desses transtornos é essencial para reconhecer sinais precoces, possibilitando intervenções oportunas e eficazes (QUEIROZ et al., 2021).

A prevenção desempenha um papel crucial na promoção da saúde mental durante o puerpério. Estratégias que incluem apoio social, orientação pré-natal abrangente, acompanhamento pós-parto, educação sobre saúde mental e conscientização sobre os sinais e sintomas dos transtornos psicológicos são fundamentais para minimizar o risco e agravamento dessas condições (DA SILVA et al., 2023).

As intervenções devem ser holísticas e adaptadas às necessidades individuais, envolvendo desde suporte psicológico e psicoterapia até, em casos mais graves, intervenções farmacológicas. Além disso, a promoção de um ambiente de cuidado e compreensão, tanto por parte dos profissionais de saúde como da família, é essencial para o processo de recuperação (BARBOSA, 2023).

Portanto, lidar com os transtornos psicológicos no puerpério requer uma abordagem abrangente que inclua conscientização, prevenção, identificação precoce e intervenções adequadas. A atenção dedicada à saúde mental durante esse período não apenas beneficia a mãe, mas também tem um impacto positivo no desenvolvimento saudável do recém-nascido e na dinâmica familiar como um todo (LOPES, GONÇALVES, 2020).

O objetivo deste trabalho foi investigar, compreender e abordar os transtornos psicológicos que podem ocorrer durante o puerpério, passando pela promoção da saúde mental da mãe, o bem-estar do recém-nascido e o fortalecimento do sistema familiar.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Depressão pós-parto: classificação e fatores de risco

A conexão entre mãe e bebê é essencial para ambos, permitindo que a mãe satisfaça seu instinto materno enquanto o bebê depende dela para sobreviver. Contudo, quando ocorre a Depressão Pós-Parto (DPP), essa relação pode ser afetada negativamente, trazendo consequências prejudiciais para ambos os envolvidos (DEZIDÉRIO; MILANI, 2013).

O período após o parto é delicado para a mãe, pois é quando ela se depara com um bebê real, trazendo consigo várias mudanças na vida da mãe. Essa fase é crucial para estabelecer o vínculo entre mãe e bebê e construir uma intimidade entre eles. No entanto, algumas mães enfrentam dificuldades em superar essa fase inicial, o que pode levar à DPP e resultar em uma relação mãe-bebê menos adequada, com manifestações mais negativas em relação à maternidade (BORSA; FEIL; PANIÁGUA, 2007).

Essas dificuldades se manifestam pela falta de comunicação entre mãe e bebê, onde a mãe não consegue interpretar adequadamente as necessidades do bebê. Isso pode resultar em oscilações de humor materno, alternando entre hostilidade e rejeição, seguidas de solicitude extrema nos cuidados com o bebê (BORSA; FEIL; PANIÁGUA, 2007).

Outros conflitos podem surgir nesse período para as mães com DPP, afetando sua interação com o bebê, como a sensação de não conseguir oferecer os cuidados adequados, a necessidade de contar com a ajuda de terceiros para cuidar do bebê e a dificuldade em concretizar o desejo de maternidade manifestado durante a gestação (BORSA; FEIL; PANIÁGUA, 2007).

Apesar do reconhecimento da importância do suporte social, as mães com DPP podem enfrentar dificuldades ao precisar deixar os cuidados com os bebês para terceiros. Isso pode aumentar seu sofrimento, pois se sentem incapazes de atender às necessidades dos bebês, lidando com sentimentos contraditórios de alívio e culpa (ARRAIS, 2005).

A DPP materna pode ter um impacto negativo no desenvolvimento motor, mental e comportamental do bebê. Esses bebês podem apresentar dificuldades na interação com suas mães e com estranhos, mostrando sinais de irritabilidade, choro frequente e expressão facial triste, além de alterações no ritmo cardíaco e níveis de cortisol. Conforme se desenvolvem, podem manifestar dificuldades de aprendizado e propensão a transtornos depressivos, ansiedade e isolamento (MOTTA; LUCION; MANFRO, 2005).

Desde os primeiros dias de vida, os bebês têm a capacidade de perceber o afeto e a proximidade do cuidador, sendo a mãe a principal fonte desses cuidados. A fragilidade dos cuidados proporcionados pelas mães com DPP pode levar a uma vinculação insegura, o que pode ser um preditor de problemas futuros de comportamento, relacionamentos conflituosos com os cuidadores, baixa autoestima e dificuldades em interações sociais (GONÇALVES, 2008).

A relação mãe-bebê pode ser afetada pela falta de expressão de afeto da mãe em relação à criança, bem como pela ausência de contato físico, vocalizações e expressões positivas dirigidas ao bebê. Algumas mães podem apresentar excesso ou falta de estímulos, o que pode resultar em comportamentos negativos dos bebês, como choro frequente e perturbações no sono (CARLESSO; SOUZA, 2011; COSTA, 2012, 2013).

As interferências na relação mãe-bebê podem levar à negligência ou ao excesso de cuidados, bem como a alternâncias entre atender imediatamente às necessidades da criança e se distanciar gradualmente dela, resultando em cuidado precário. Em situações extremas, a DPP pode levar à ideação suicida da mãe, maus tratos à criança e até mesmo ao infanticídio. De modo geral, o vínculo mãe-bebê pode ser prejudicado, acarretando consequências para o futuro da criança, comprometendo seu desenvolvimento e relacionamentos a longo prazo (SAMPAIO NETO; ÁLVARES, 2013).

É importante enfatizar que nem todas as crianças expostas à DPP materna apresentam problemas em seu desenvolvimento. Alguns fatores, como uma rotina estável, a presença do pai e um suporte social adequado, podem ter efeito protetor para essas crianças. No entanto, não é possível prever quais crianças sofrerão ou não as consequências da DPP materna, ressaltando a importância de prestar atenção a essa condição (SILVA, 2014).

2.2 Impactos da depressão pós-parto na relação mãe-bebê

A ligação entre mãe e bebê desempenha um papel fundamental para ambos, permitindo à mãe satisfazer seu instinto materno enquanto o bebê depende dela para sobreviver. Contudo, quando a Depressão Pós-Parto (DPP) ocorre, essa relação pode ser afetada, trazendo impactos negativos para ambos os envolvidos (DEZIDÉRIO; MILANI, 2013).

O período imediatamente após o parto é um momento delicado para a mãe, pois é quando ela se confronta com um bebê real, trazendo consigo várias mudanças em sua vida. Essa fase é crucial para estabelecer o vínculo entre mãe e bebê e construir intimidade entre eles. No entanto, algumas mães enfrentam dificuldades em superar essa fase inicial, o que pode levar à DPP e resultar em uma relação mãe-bebê menos adequada, com manifestações mais negativas em relação à maternidade (BORSA; FEIL; PANIÁGUA, 2007).

Essas dificuldades são evidenciadas pela falta de comunicação entre mãe e bebê, onde a mãe pode não conseguir interpretar adequadamente as necessidades do bebê. Isso pode resultar em oscilações de humor materno, alternando entre hostilidade e rejeição, seguidas de uma solicitude extrema nos cuidados com o bebê (BORSA; FEIL; PANIÁGUA, 2007).

Outros conflitos podem surgir nesse período para as mães com DPP, afetando sua interação com o bebê, como a sensação de não conseguir oferecer os cuidados adequados, a necessidade de contar com a ajuda de terceiros para cuidar do bebê e a dificuldade em concretizar o desejo de maternidade manifestado durante a gestação (BORSA; FEIL; PANIÁGUA, 2007).

Apesar de reconhecer a importância do suporte social, as mães com DPP podem enfrentar dificuldades ao precisar deixar os cuidados com os bebês para terceiros. Isso pode aumentar seu sofrimento, pois elas se sentem incapazes de atender às necessidades dos bebês, lidando com sentimentos contraditórios de alívio e culpa (ARRAIS, 2005).

A DPP materna pode ter um impacto negativo no desenvolvimento motor, mental e comportamental do bebê. Esses bebês podem apresentar dificuldades na interação com suas mães e estranhos, mostrando sinais de irritabilidade, choro frequente e expressão facial triste, além de alterações no ritmo cardíaco e níveis de cortisol. Conforme se desenvolvem, podem manifestar dificuldades de aprendizado e propensão a transtornos depressivos, ansiedade e isolamento (MOTTA; LUCION; MANFRO, 2005).

Desde os primeiros dias de vida, os bebês têm a capacidade de perceber o afeto e a proximidade do cuidador, sendo a mãe a principal fonte desses cuidados. A fragilidade dos cuidados proporcionados pelas mães com DPP pode levar a uma vinculação insegura, o que pode ser um preditor de problemas futuros de comportamento, relacionamentos conflituosos com os cuidadores, baixa autoestima e dificuldades em interações sociais (GONÇALVES, 2008).

A relação mãe-bebê pode ser afetada pela falta de expressão de afeto da mãe em relação à criança, bem como pela ausência de contato físico, vocalizações e expressões positivas dirigidas ao bebê. Algumas mães podem apresentar excesso ou falta de estímulos, o que pode resultar em comportamentos negativos dos bebês, como choro frequente e perturbações no sono (CARLESSO; SOUZA, 2011; COSTA, 2012, 2013).

As interferências na relação mãe-bebê podem levar à negligência ou ao excesso de cuidados, bem como a alternâncias entre atender imediatamente às necessidades da criança e se distanciar gradualmente dela, resultando em cuidado precário. Em situações extremas, a DPP pode levar à ideação suicida da mãe, maus tratos à criança e até mesmo ao infanticídio. De modo geral, o vínculo mãe-bebê pode ser prejudicado, acarretando consequências para o futuro da criança, comprometendo seu desenvolvimento e relacionamentos a longo prazo (SAMPAIO NETO; ÁLVARES, 2013).

É importante enfatizar que nem todas as crianças expostas à DPP materna apresentam problemas em seu desenvolvimento. Alguns fatores, como uma rotina estável, a presença do pai e um suporte social adequado, podem ter um efeito protetor para essas crianças. No entanto, não é possível prever quais crianças sofrerão ou não as consequências da DPP materna, destacando a importância de prestar atenção a essa condição (SILVA, 2014).

2.3 Diagnóstico 

Identificar a depressão pós-parto pode ser desafiador, uma vez que muitos dos sintomas se assemelham aos experimentados durante a gravidez e podem ser confundidos com fadiga normal e o estresse associado à adaptação a uma nova vida com um recém-nascido. No entanto, há ferramentas de triagem validadas disponíveis, como a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS), que podem ajudar a identificar mulheres em maior risco de desenvolver a condição (PEREIRA, MARQUES e LORDÃO, 2022).

O diagnóstico da depressão pós-parto é realizado por profissionais de saúde qualificados, como médicos ou psicólogos, e geralmente envolve uma avaliação cuidadosa dos sintomas e fatores de risco da mãe. Os sintomas comuns incluem sentimentos persistentes de tristeza, ansiedade, desesperança ou desespero, alterações no sono e no apetite, fadiga, sentimentos de inutilidade ou culpa, dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades antes apreciadas e pensamentos sobre morte ou suicídio (ALVES e DE PASSOS, 2022).

Além da avaliação dos sintomas, o histórico médico da mãe, incluindo o histórico de depressão, e o suporte social e emocional que ela recebe também são considerados para o diagnóstico. É crucial que as mães compreendam que a depressão pós-parto é uma condição comum e não há vergonha em buscar ajuda. Se uma mãe suspeita que está sofrendo de depressão pós-parto, é fundamental conversar com seu médico ou profissional de saúde para obter uma avaliação adequada e tratamento, se necessário (DE CAMPOS et al., 2021).

2.4 Tratamento 

O tratamento para a depressão pós-parto pode ser uma combinação de psicoterapia e medicamentos antidepressivos, variando conforme a gravidade da condição e as preferências da mãe. A psicoterapia desempenha um papel crucial, com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) sendo uma abordagem comum. Por meio da TCC, a mãe pode identificar padrões de pensamento negativos e comportamentos que contribuem para a depressão, além de desenvolver estratégias para lidar com esses padrões (LOPES e GONÇALVES, 2020).

Em termos medicamentosos, os antidepressivos são frequentemente prescritos para equilibrar substâncias químicas no cérebro que afetam o humor e a emoção. Eles podem ser utilizados em conjunto com a psicoterapia. Os tipos mais comuns de antidepressivos para depressão pós-parto incluem os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) (DA SILVA BOMFIM et al., 2022).

É importante ressaltar que muitos antidepressivos são considerados seguros durante a amamentação, mas é crucial que a mãe discuta com seu médico para determinar a melhor opção de tratamento, visto que alguns medicamentos podem ser mais seguros do que outros nesse contexto. Além disso, é fundamental entender que a depressão pós-parto não deve ser enfrentada isoladamente. A família e os amigos podem oferecer apoio emocional e físico, e as mães também podem se beneficiar ao participar de grupos de apoio com outras mulheres que estão enfrentando a mesma condição (DA SILVA et al., 2020).

3. METODOLOGIA

Para a construção desta revisão literária, foram seguidas as seguintes etapas: seleção das questões temáticas; coleta de dados através da base de dados eletrônica, com alguns critérios de inclusão e exclusão para selecionar a amostra; elaboração de um instrumento de coleta com informações de interesses a serem extraídas dos estudos; análise crítica da amostra; interpretação dos dados; e apresentação dos resultados.

A revisão de literatura neste trabalho envolveu publicações indexadas no banco de dados eletrônicos Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e no PubMed. Os descritores utilizados para a busca de estudos foram: “Saúde mental”, “Puerpério”, “Transtornos mentais”. Também foram realizadas buscas por seus correspondentes em língua inglesa: “Mental health”, “Puerperium”, “Mental disorders”.

Os critérios de inclusão adotados foram: estudos publicados na língua portuguesa disponíveis de forma gratuita e online, e que compartilhavam da temática e objetivo proposto. Quanto aos critérios de exclusão, destacou-se: textos em língua estrangeira incompletos, artigos em forma de resumos e cartas ao editor que compartilhavam a temática em questão.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A depressão pós-parto é uma condição séria que afeta muitas mulheres em todo o mundo, representando um desafio significativo para a saúde pública, especialmente no contexto brasileiro. Aprofundar a compreensão sobre sua avaliação clínica e epidemiológica é essencial não apenas para identificar sua prevalência, mas também para entender os fatores de risco que a cercam, além de desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento. 

No Brasil, onde as taxas de depressão pós-parto podem ser particularmente elevadas devido a uma série de fatores sociais, culturais e econômicos, a importância dessa pesquisa é ainda mais premente. Entender como essa condição se manifesta em diferentes contextos socioeconômicos e culturais pode fornecer insights valiosos para aprimorar políticas de saúde pública e intervenções clínicas.

Diversas pesquisas têm sido realizadas para abordar essa questão de maneira abrangente. Desde estudos que exploram os determinantes psicológicos e sociais relacionados ao desenvolvimento da depressão pós-parto até aqueles que investigam os impactos de intervenções específicas, como a rede de apoio e a psicoterapia, no manejo dessa condição, há um esforço conjunto para ampliar o conhecimento sobre o assunto.

Tabela 1 – Artigos selecionados para compor esse estudo

AutorAnoTítuloObjetivosPrincipais Resultados
FARIAS, Shelton Charles Sousa et al.2024Avaliação clínica e epidemiológica da Depressão Pós-Parto no contexto brasileiro: uma revisão integrativa de literaturaRealizar uma revisão integrativa da literatura para avaliar a prevalência, os fatores de risco e os desafios no diagnóstico da Depressão Pós-Parto no contexto brasileiro.Identificação dos principais fatores de risco, prevalência da Depressão Pós-Parto e desafios no diagnóstico no contexto brasileiro.
DUTRA, Maria; FARIA, Hila2023A rede de apoio como forma de prevenção à depressão pós partoInvestigar o papel da rede de apoio na prevenção da Depressão Pós-Parto e seus benefícios para as mulheres no período puerperal.Destaque para a importância da rede de apoio na prevenção da Depressão Pós-Parto e seus efeitos positivos no bem-estar das mulheres no período puerperal.
BARBOSA, Valéria Raquel Alcantara2023Psicologia perinatal no cuidado a mulheres internadas em situação de alto risco em leitos de saúde mentalAnalisar o papel da Psicologia Perinatal no cuidado de mulheres internadas em situações de alto risco em leitos de saúde mental.Identificação da importância da intervenção da Psicologia Perinatal no cuidado de mulheres em situação de alto risco em leitos de saúde mental.
QUEIROZ, Ântela Márcia Teles et al.2021Determinantes Psicológicos e Sociais relacionados ao desenvolvimento dos Transtornos Mentais no Puerpério: Uma revisão integrativaInvestigar os determinantes psicológicos e sociais relacionados ao desenvolvimento dos transtornos mentais no puerpério.Identificação dos principais determinantes psicológicos e sociais relacionados ao desenvolvimento dos transtornos mentais no puerpério.
LOPES, Mylla Walleska Pereira; GONÇALVES, Jonas Rodrigo2020Avaliar os motivos da depressão pós-parto: uma revisão bibliográfica de literaturaRealizar uma revisão bibliográfica para identificar os principais motivos que contribuem para o desenvolvimento da depressão pós-parto.Identificação dos principais motivos que contribuem para o desenvolvimento da depressão pós-parto com base na literatura revisada.
FREITAS, Thaís Alves et al.2023O desafio da depressão pós-parto (DPP): da complexidade do diagnóstico à assistência de EnfermagemAnalisar os desafios enfrentados no diagnóstico e na assistência de Enfermagem à depressão pós-parto.Destaque para a complexidade do diagnóstico e da assistência de Enfermagem à depressão pós-parto, identificando desafios específicos nesses contextos.

Fonte: Autoral (2024).

A depressão pós-parto (DPP) é um transtorno mental significativo que afeta a saúde materna e, consequentemente, o bem-estar da mãe e do recém-nascido. No contexto brasileiro, essa questão adquire particular importância devido às suas possíveis ramificações sociais, econômicas e de saúde pública. A pesquisa clínica e epidemiológica da DPP tem sido amplamente explorada para compreender sua complexidade e impacto.

A revisão integrativa da literatura conduzida por Farias et al. (2024) representa um marco nesse esforço, destacando a necessidade premente de compreender não apenas a prevalência da DPP, mas também os fatores de risco subjacentes e os desafios enfrentados no diagnóstico e tratamento. Essa pesquisa proporciona uma visão abrangente do cenário atual da DPP no Brasil, oferecendo insights valiosos para a prática clínica e para a formulação de políticas de saúde direcionadas a essa questão.

Ao entender melhor a prevalência e os fatores de risco associados à DPP, os profissionais de saúde podem desenvolver estratégias mais eficazes de prevenção, triagem e intervenção precoce. Além disso, essa compreensão mais aprofundada permite uma abordagem mais personalizada no tratamento da DPP, levando em consideração as necessidades individuais de cada mulher.

Por outro lado, a conscientização sobre os desafios enfrentados no diagnóstico e tratamento da DPP destaca a necessidade de melhorias no sistema de saúde, incluindo o acesso a serviços especializados e o desenvolvimento de protocolos de atendimento mais eficazes. Isso é crucial para garantir que as mulheres que sofrem de DPP recebam o apoio e o tratamento adequados no momento certo, minimizando assim os impactos negativos dessa condição em suas vidas e na saúde de seus bebês.

Portanto, a pesquisa sobre a DPP não apenas aumenta nosso entendimento sobre essa condição complexa, mas também orienta ações concretas para melhorar a saúde materna e infantil, promovendo assim o bem-estar geral das famílias e comunidades.

Sem dúvida, o suporte social desempenha um papel fundamental no enfrentamento da depressão pós-parto (DPP). Conforme destacado por Dutra e Faria (2023), a existência de uma rede de apoio sólida é essencial para auxiliar as mulheres durante esse período desafiador após o parto. Esta pesquisa ressalta a importância do suporte emocional e prático oferecido por familiares, amigos e profissionais de saúde na prevenção e mitigação dos efeitos negativos da DPP.

A presença de uma rede de apoio confiável pode proporcionar às mulheres um ambiente seguro para compartilhar seus sentimentos, preocupações e dificuldades, reduzindo assim o isolamento e a sensação de sobrecarga emocional. Além disso, o apoio prático, como assistência nos cuidados com o bebê e nas tarefas domésticas, pode aliviar o estresse e permitir que as mães tenham tempo para descansar e cuidar de si mesmas.

É crucial que as intervenções destinadas a enfrentar a DPP incluam estratégias específicas para fortalecer a rede de apoio às mulheres. Isso pode envolver a educação de familiares e amigos sobre os sintomas da DPP, incentivando a comunicação aberta e empática e promovendo a participação ativa na assistência às mães durante o puerpério.

Além disso, os serviços de saúde podem desempenhar um papel importante na criação de espaços de apoio, como grupos de apoio para mães com DPP, onde elas podem compartilhar experiências, obter suporte mútuo e receber orientação de profissionais de saúde qualificados. Essas intervenções podem contribuir significativamente para a recuperação e o bem-estar das mulheres afetadas pela DPP, além de fortalecer os laços familiares e comunitários.

O trabalho de Barbosa (2023) destaca um aspecto crucial no cuidado de mulheres em situação de alto risco durante o período perinatal: a importância da psicologia perinatal. Essa abordagem holística reconhece que o bem-estar das mulheres durante a gravidez e o pós-parto não pode ser considerado isoladamente das questões médicas, mas deve levar em consideração também os aspectos psicológicos e sociais.

Ao abordar as necessidades psicológicas das mulheres em situação de alto risco, a psicologia perinatal pode desempenhar um papel fundamental na promoção de estratégias de enfrentamento eficazes, na redução do estresse e da ansiedade associados à gravidez e ao parto, e na facilitação de um ambiente emocionalmente seguro para as mulheres expressarem suas preocupações e medos.

A pesquisa conduzida por Queiroz et al. (2021) oferece uma visão valiosa sobre os determinantes psicológicos e sociais associados ao desenvolvimento da depressão pós-parto (DPP). Ao destacar a complexidade dessa interação, a revisão integrativa ressalta a necessidade de uma compreensão abrangente que leve em consideração não apenas os fatores individuais, mas também o contexto social e ambiental das mulheres.

A compreensão dos determinantes psicológicos, como história de saúde mental, eventos estressantes e suporte social inadequado, juntamente com os determinantes sociais, como condições socioeconômicas desfavoráveis e falta de acesso a recursos de apoio, é fundamental para identificar os fatores de risco e proteção relacionados à DPP.

Essa abordagem multidisciplinar destaca a importância de intervenções que abordem não apenas os sintomas da DPP, mas também os seus determinantes subjacentes. Isso pode incluir o desenvolvimento de programas de intervenção que visem fortalecer o suporte social, melhorar o acesso a serviços de saúde mental e promover estratégias de enfrentamento eficazes.

Além disso, a pesquisa destaca a necessidade de uma colaboração estreita entre profissionais de saúde de diferentes áreas, como psicólogos, médicos, assistentes sociais e enfermeiros, para oferecer uma abordagem integrada e holística no manejo da DPP.

O estudo conduzido por Lopes e Gonçalves (2020) oferece uma análise abrangente das motivações por trás da depressão pós-parto (DPP), fornecendo insights valiosos sobre os fatores desencadeantes e predisponentes dessa condição. Compreender esses aspectos é fundamental para o desenvolvimento de intervenções eficazes e personalizadas destinadas a mulheres que enfrentam a DPP.

Ao examinar os fatores desencadeantes, como eventos estressantes durante a gravidez, dificuldades no parto, mudanças hormonais e falta de suporte social, o estudo destaca a complexidade da interação entre diferentes elementos que podem contribuir para o surgimento da DPP.

Além disso, ao investigar os fatores predisponentes, como história prévia de transtornos mentais, experiências traumáticas passadas e vulnerabilidades psicossociais, os pesquisadores fornecem uma visão mais ampla dos contextos individuais que podem aumentar o risco de desenvolvimento da DPP.

Essas descobertas têm implicações significativas para a prática clínica, destacando a importância de uma abordagem personalizada no manejo da DPP. Intervenções que levam em consideração os fatores específicos de cada indivíduo, bem como o contexto social e ambiental em que estão inseridos, têm maior probabilidade de serem eficazes e de levar a melhores resultados de saúde.

Portanto, ao reconhecer e compreender as motivações por trás da DPP, podemos melhorar nossa capacidade de oferecer apoio e tratamento adequados às mulheres afetadas por essa condição, contribuindo assim para o seu bem-estar emocional e para uma transição mais suave para a maternidade.

O estudo conduzido por Freitas et al. (2023) oferece uma análise abrangente sobre o desafio do diagnóstico e assistência de enfermagem da depressão pós-parto (DPP). Este trabalho destaca a relevância do papel desempenhado pelos profissionais de enfermagem na identificação precoce, suporte e encaminhamento adequado das mulheres que enfrentam a DPP.

Ao enfatizar a importância da atuação dos profissionais de enfermagem, o estudo reconhece que esses profissionais estão frequentemente na linha de frente do cuidado perinatal, tendo contato direto e regular com as mulheres durante o período pós-parto. Como resultado, eles desempenham um papel crucial na detecção de sinais e sintomas de DPP, oferecendo suporte emocional e prático e facilitando o acesso a tratamento especializado quando necessário.

Além disso, ao abordar os desafios específicos enfrentados pelos profissionais de enfermagem no diagnóstico e manejo da DPP, o estudo destaca a importância da formação contínua e do desenvolvimento de competências específicas nesta área. Isso inclui a capacitação para reconhecer os sintomas da DPP, realizar avaliações de saúde mental adequadas e implementar intervenções de enfermagem baseadas em evidências.

Ao reconhecer e abordar os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem, podemos fortalecer a capacidade do sistema de saúde para oferecer cuidados de qualidade às mulheres com DPP. Isso, por sua vez, contribui para a promoção da saúde materna e para o bem-estar geral das mães e bebês, garantindo uma transição mais suave para a maternidade e reduzindo o impacto negativo da DPP na vida das mulheres e de suas famílias.

5. CONCLUSÃO 

A depressão pós-parto (DPP) é uma condição clínica que demanda atenção especial, afetando muitas mulheres após o parto e tendo consequências significativas tanto para elas quanto para seus bebês, influenciando na qualidade de vida e no desenvolvimento infantil. É crucial identificar precocemente os sintomas da DPP para que diagnóstico e tratamento adequados possam ser oferecidos. A intervenção oportuna, que pode incluir psicoterapia e, em certos casos, tratamento medicamentoso, pode ser determinante para a recuperação e bem-estar materno.

Além disso, é fundamental proporcionar um ambiente de apoio e acolhimento para as mães durante o pós-parto, tanto por parte da família quanto do sistema de saúde. O suporte social pode mitigar o isolamento e o peso emocional, promovendo uma experiência materna mais positiva. 

Para aprofundar a compreensão da DPP, são necessários estudos adicionais, explorando seus fatores de risco, impacto no desenvolvimento infantil e fatores de proteção. Abordagens qualitativas, como entrevistas com mães em período puerperal, podem fornecer uma visão mais holística dessa condição em nosso contexto cultural específico.

Por fim, é essencial conscientizar a sociedade sobre a importância de reconhecer e tratar adequadamente a DPP, reduzindo o estigma associado aos problemas de saúde mental pós-parto. Ao fazer isso, estaremos promovendo uma maternidade mais saudável e proporcionando um ambiente propício ao crescimento e desenvolvimento emocional das mães e bebês.

REFERÊNCIAS

ARRAIS, A. R. As configurações subjetivas da depressão pós-parto: para além da padronização patologizante. 2005. 158f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2005.

BARBOSA, Valéria Raquel Alcantara. Psicologia perinatal no cuidado a mulheres internadas em situação de alto risco em leitos de saúde mental. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 23, n. 1, p. e12016-e12016, 2023.

BARBOSA, Valéria Raquel Alcantara. Psicologia perinatal no cuidado a mulheres internadas em situação de alto risco em leitos de saúde mental. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 23, n. 1, p. e12016-e12016, 2023.

BORSA, J. C.; FEIL, C. F.; PANIÁGUA, R. M. A relação mãe-bebê em casos de depressão pós-parto. 2007.

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COSTA, A. R. F. M. O. Representações mentais de mães com depressão pós- parto e o seu impacto nas interações mãe-bebê. 2012. 101f. Dissertação (Mestrado em Educação e Cuidados na Primeira Infância). Instituto Politécnico de Beja, Escola Superior de Educação, Beja/Portugal, 2012. 

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DEZIDÉRIO, D.; MILANI, R. G. As influências da depressão pós-parto na relação mãe-bebê. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

DUTRA, Maria; FARIA, Hila. A rede de apoio como forma de prevenção à depressão pós parto. Cadernos de Psicologia, v. 4, n. 8, 2023.

DUTRA, Maria; FARIA, Hila. A REDE DE APOIO COMO FORMA DE PREVENÇÃO À DEPRESSÃO PÓS PARTO. Cadernos de Psicologia, v. 4, n. 8, 2023.

FARIAS, Shelton Charles Sousa et al. Avaliação clínica e epidemiológica da Depressão Pós-Parto no contexto brasileiro: uma revisão integrativa de literatura. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 4, p. 2431-2443, 2024.

FREITAS, Thaís Alves et al. O desafio da depressão pós-parto (DPP): da complexidade do diagnóstico à assistência de Enfermagem. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 6, n. 13, p. 2459-2468, 2023.

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LOPES, Mylla Walleska Pereira; GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Avaliar os motivos da depressão pós-parto: uma revisão bibliográfica de literatura. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 3, n. 6, p. 82-95, 2020.

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QUEIROZ, Ântela Márcia Teles et al. Determinantes Psicológicos e Sociais relacionados ao desenvolvimento dos Transtornos Mentais no Puerpério: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e51410616033-e51410616033, 2021.

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SILVA, A. P. C. Depressão materna e comportamento de crianças: estressores, práticas parentais e suporte social. 2014. 170f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2014.


1Enfermeiro graduado e-mail: levitemberg@hotmail.com
2Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: joyemoura1997@gmail.com
3Enfermeiro graduado e-mail: passosweslley@hotmail.com
4Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: otaviopaiva15@gmail.com
5Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: lucas.p.m3066@gmail.com
6Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: josesamuelss@gmail.com
7Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: gabriela.gomes.094@ufrn.edu.br
8Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: renato_almino02@hotmail.com
9Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: nerycastag@gmail.com
10Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: lucasaurelioodantas@gmail.com
11Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: fernandeslucas668@gmail.com