LACTATION DISORDER: CLINICAL MANAGEMENT IN THE TREATMENT OF PUERPERAL MASTITIS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10084753
Beatriz Alves dos Santos¹
Daniel Patrick Guedes e Silva¹
Fernanda Nayara Reinaldo Nascimento¹
Patricia Galdino de Andrade Wollmamn.²
Resumo
A mastite puerperal é um das complicações mais prevalentes da fase de lactação, e a enfermagem desempenha um papel crucial nos cuidados voltados para esse grupo em especifico, visando metodos de intervenção e estrategias de gestão destinadas a minimizar o impacto da condição na saúde materna e infantil. Objetivo: Descrever os manejos clínicos no tratamento da mastite puerperal, destacando como a orientação, a educação e a intervenção adequada dos enfermeiros podem ser determinantes. Método:Trata-se de uma revisão de literatura que fundamento-se na análise de informações provenientes de fontes bibliográficas produzidas nos últimos 5 anos. Resultados e Discussão: Diante da análise dos estudos selecionados foi possível discutir a cerca das identificação e riscos, bem como, os métodos de intervenção da mastite puerperal, a qualidade da amamentação e assistências de enfermagem no manejo da mastite. Conclusão: Com base na revisão apresentada, é possível concluir que o desenvolvimento de métodos e intervenções para a mastite puerperal por parte da enfermagem é fundamental para garantir o bem-estar das mães durante o período pós-parto.
Palavras-chave: Mastite, Lactação,Manejos e Enfermagem.
Abstract
Puerperal mastitis is one of the most prevalent complications during the lactation phase, and nursing plays a crucial role in providing care for this specific group, aiming at intervention methods and management strategies to minimize the impact of the condition on maternal and infant health. Objective:To describe clinical management in the treatment of puerperal mastitis, emphasizing how nurses’ guidance, education, and appropriate intervention can be determinants. Method: This is a literature review based on the analysis of information from bibliographic sources produced in the last 5 years. Discussions: Through the analysis of the selected studies, it was possible to discuss the identification and risks, as well as the intervention methods for puerperal mastitis, the quality of breastfeeding, and nursing assistance in mastitis management. Conclusion: Based on the presented review, it can be concluded that the development of methods and interventions for puerperal mastitis by nursing is essential to ensure the well-being of mothers during the postpartum period.
Keywords: Mastitis, Lactation, Management and Nursing.
1. INTRODUÇÃO
A mastite lactacional é definida pela inflamação da glândula mamária, podendo ocorrer em qualquer fase do aleitamento, sobretudo nas primeiras semanas após o parto. Dados provenientes de pesquisas apresentam uma ampla variação na incidência global, e uma revisão sistemática recente indicou que entre 2,5% e 20% das lactantes podem vivenciar pelo menos um episódio de mastite durante o perido de lactação (PERILO, 2022).
Dessa forma, o Transtorno de Lactação, especificamente no contexto do tratamento da mastite puerperal, é um tema de grande relevância para a saúde materna e infantil. Pois; é reconhecido que o período pós – parto é uma fase repleta de desafios, incluindo o estresse físico e emocional enfrentado pela puerpera, o que pode afetar o início do aleitamento materno. Por isso, o ato de amamentar vai além do aspecto puramente biológico, sendo moldado por diversos fatores. Nesse contexto, os primeiros dias após o parto assumem um papel crucial para o êxito da amamentação (MACEDO, 2022).
Assim, ao longo da amamentação, podem surgir complicaçãoes ou enfermidades que, se não forem prontamente e devidamente tratadas, podem comprometer o seu êxito. Caso a mãe apresente desconforto ou dor durante esse periodo, é recomendavel considerar a possibilidade de uma condição mamária associada á amamentação, sendo as mastites e o abscessos mamários as causas mais frequentes. Esses constituem os fatores mais determinantes que podem influenciar os resultados da amamentação (PILARI et al, 2022).
A mastite puerperal é um das complicações mais prevalentes da fase de lactação, sendo definida como um processo inflamatório das mamas. Pode ser classificada como mastite não infecciosa e infecciosa. Na primeira, a inflamação é causada pelo acúmulo de leite nos ductos mamários. Na segunda, ocorre a invasão de micro-organismos nas glândulas mamárias, seguida de sua multiplicação (MOTA et al, 2019).
A dor e o desconforto resultantes da ocorrência de mastite, muitas vezes associados à falta de informação das mães sobre o manejo apropriado do leite na mama afetada, o que pode levar ao desmame precoce do bebê, tornam a mastite um problema de saúde pública. Assim, a orientação adequada às mães sobre os cuidados durante o aleitamento materno surge como um elemento fundamental na prevenção de complicações nesse processo, incluindo a mastite puerperal (MOTA et al, 2019).
Portanto, a presente pesquisa é motivada pela urgência de ampliar a compreeensão sobre este tema especifico, dada a natureza dinâmica da enfermagem, que exige constantes atualizações. Considerando o exposto, o enfermeiro desempenha um papel crucial nos cuidados voltados tanto para as gestantes quanto para as puérperas, reconhecendo e proporcionando atividades educativas que facilitem a etapa da amamentação, além de efetuar diagnósticos, tratamentos apropriados e medidas preventivas para complicações mamárias, com o objetivo de reduzir a interrupção precoce da amamentação e colaborar para que esse período seja uma experiência gratificante e saudável (COELHO AA et al, 2018)
Dessa forma, essa revisão de literatura tem como objetivo geral descrever os manejos clínicos no tratamento da mastite puerperal, destacando como a orientação, a educação e a intervenção adequada dos enfermeiros podem ser determinantes, e como objetivos específicos visar a identificação precoce dos sinais de mastite puerperal, métodos de intervenção e estratégias de gestão destinadas a minimizar o impacto da condição na saúde materna e infantil, além de promover o conforto da lactante e a continuidade da amamentação de forma segura e eficaz.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Observado a ausência de artigos mais recentes e atualizados sobre a grande demanda da Mastite Puerperal e Transtornos de Lactação na assistência de enfermagem, originou-se este estudo, desenvolvido com base na revisão de literatura, que tem como base o uso de dados bibliográficos (SILVA et al, 2013).
Com o propósito de realizar o levantamento de artigos, foram empregadas bases de dados eletrônicas, tais como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e a Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed), sendo a busca conduzida no mês de setembro de 2023.
Para a seleção das produções científicas utilizadas, foram consultados os descritores “mastite”; “aleitamento materno”; “transtorno de lactação”; ou “abcesso”. Os critérios de inclusão, foram considerados os artigos publicados nos últimos cinco anos em português e inglês que estivessem disponíveis em sua totalidade, com data de publicação entre 2018 e 2023, e cujo tema estivesse em conformidade com os objetivos da presente pesquisa.
Assim, foram identificados 428 artigos, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 81 artigos, além de 2 artigos adicionais selecionadas na busca reserva. Após uma análise dos títulos e resumos, foram escolhidos 45 artigos. Contudo, apenas 20 artigos estavam alinhados com os objetivos da pesquisa, consistindo em 6 artigos em português e 14 em inglês. Para essa seleção, foram seguidos os seguintes procedimentos: uma primeira leitura do material para compreender o conteúdo dos artigos, uma leitura focada na descrição e a seleção do material com base em sua relevância para o estudo.
Para exemplificar melhor as ferramentas utilizadas na seleção dos estudos, foi elaborado o fluxograma a seguir:
Figura 1 – Fluxograma PRISMA do processo de identificação e seleção dos artigos para a revisão de literatura sobre transtornos de lactação e seus manejos clínicos no tratamento da mastite puerperal.
Fonte: Elaborado pelos autores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a pesquisa em bancos de dados usando os termos específicos desta investigação e uma análise reflexiva para alcançar os objetivos propostos, este estudo foi estruturado em três áreas de conhecimento, que serão descritos a seguir como os métodos de intervenção, a qualidade da amamentação e as assistências de enfermagem no manejo da mastite puerperal.
Dos tratamentos verificados nos artigos utilizado para esta pesquisa, observou-se: Que a mastite puerperal é uma infecção mamária que pode ocorrer durante a amamentação. Dos artigos selecionados para o trabalho, 15 evidenciaram a mastite puerperal como uma infecção mamária que pode ocorrer durante o período de amamentação, sendo que os principais sintomas surgem entre a 4 a 9 semanas pós-parto devido à pouca frequência das mamadas ou capacidade ineficaz de amamentar o recém-nascido, contribuindo para os seios ficarem dilatatados e doloridos 02,03,04,05,07,08,09,10,11,12,13,14,15, 16 e 18.
Também foi verificado que, o uso da bomba de tirar leite em excesso, pode estimular a produção de leite materno sem extrair leite fisiologicamente, como uma criança faz. O bombeamento não oferece a oportunidade de troca bacteriana entre a boca e o seio da mãe e, portanto, pode predispor à disbiose. Está em um nivel muito alto, ou a mãe está bombeando por um periodo de tempo excessivo. A ordenha do leite deve ser limitada, quando a mãe é separada de seu bebê, ou requer bombeamento por outras razões medicamente indicadas para ela ou seu bebê. As mulheres que usam uma bomba de tirar leite devem extrair leite em uma frequência e volume que imitem a amamentação fisiológica12, 15.
Dessa forma o desenvolvimento de métodos e intervenções para lidar com a mastite vai da prevenção ao tratamento precoce. Para isso, é de suma importância o apoio emocional, além do tratamento multidiciplinar para as mulheres que sofrem de mastite. Sendo fundamental garantir o bem-estar das mães durante o período pós-parto12, 15.
Um método terapêutico utilizado é o ultrassom para o tratamento da mastite, pois ajuda a reduzir a inflamação e aliviar o edema. Pode ser realizado diariamente até que o alívio seja alcançado. O efeito térmico é gerado quando a energia acústica é absorvida pelos tecidos, promovendo uma vibração entre as moléculas. Os efeitos mecânicos ou atérmicos são gerados a partir da relação entre a cavitação estável e a microcorrente. Apresenta efeitos mecânicos consideráveis nas células, alterando a permeabilidade das membranas. Esses efeitos mostraram ser eficazes na redução da dor e no aumento da disponibilidade do leite, além da melhora do enrijecimento e inflamação mamária (YAO et al, 2021).
Já a laserterapia é um procedimento que utiliza a irradiação de um laser semicondutor para estimular a circulação sanguínea local, reduzir o edema tecidual, aliviar a inflamação e proporcionar efeitos analgésicos. Nesse caso específico, o procedimento utiliza um laser de comprimento de onda composto, de baixa potência que não causa lesões e possui uma forte penetração.(SANTOS et al, 2019).
Quadro 1. Distribuição dos artigos: descritor, título, classificação QUALIS, autor(es), ano de publicação, objetivo e recomendação.
Nº | Descritor | Título | Autores | Ano de publicação | Objetivo | Recomendação |
01 | (mastitis AND “breastfeeding” AND “lactation disorders” OR abscess) | Recurrent complications of PAAG implants during lactation. | AG BOURKE et al | 2018 | Avaliar através de um estudo de caso os transtornos de amamentação gerados pelo uso do PAAG. | Sugere-se que o implantes pré-existentes de gel de poliacrilamida (PAAG) não seja usado para aumento dos seios e que as mulheres que já recebem injeções de PAAG sejam informadas de que não devem amamentar. |
02 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Conhecimento de gestantes e puérperas acerca da mastite puerperal | COELHO et al | 2018 | Identificar o conhecimento de gestantes e puérperas acerca da mastite puerperal. | Recomenda-se a necessidade de rever as práticas de cuidados na assistência às puérperas, para a integralidade e personalização do cuidado, com vistas para o acolhimento, identificação e maneja adequado de possíveis intercorrências. |
03 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | The Antisecretory Factor in Plasma and Breast Milk in Breastfeeding Mothers-A Prospective Cohort Study in | GUSTAFSSON et al | 2018 | O objetivo do estudo foi descrever os níveis básicos de FA (fator antisecretor) no plasma e no leite materno em Uma coorte de mães lactantes na Suécia para analisar as possíveis relação às complicações mamárias. | O presente artigo demonstraram que os níveis de FA ativa no plasma e no leite podem ser aumentados através de uma dieta indutora de FA, com efeito protetor prole relacionado ao crescimento e à saúde. Em mães lactantes mostrou que a indução de FA endógena no leite materno com cereais especialmente processados (SPC-flakes®) preveniu a mastite. |
Sweden. | ||||||
04 | (mastitis AND “breastfeeding” AND “lactation disorders” OR abscess) | Caracterização clínica e epidemiológica da mastite puerperal em uma maternidade de referência | MOTA et al | 2019 | Analisar o perfil sociodemográfico e epidemiológico da mastite em mulheres internadas em uma maternidade pública no período de 2005 a 2011. | Para prevenir casos de mastite puerperal, torna-se imperativo uma assistência de enfermagem integral, com ênfase na educação em saúde, pois acredita- se que por meio de orientações sobre boas técnicas de amamentação e prevenção da mastite, a puérpera possa usufruir de uma amamentação fisiológica e benéfica, sem comprometer o binômio mãe-filho. |
05 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Efeitos do ultrassom terapêutico no ingurgitamento mamário: estudo piloto | SANTOS et al | 2019 | Verificar o efeito agudo do ultrassom no processo terapêutico do ingurgitamento mamário. | O ultrassom terapêutico se mostrou eficaz na redução da dor, no aumento da disponibilidade do leite e na melhora do enrijecimento característico do ingurgitamento mamário. |
06 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Interventions for preventing mastitis after childbirth. | CREPINSEK et al | 2020 | Avaliar a eficácia de estratégias preventivas (por exemplo, educação sobre amamentação, tratamentos farmacológicos e terapias alternativas) na ocorrência ou recorrência de mastite não infecciosa ou infecciosa em mulheres lactantes pós-parto. | O presente artigo ressalta que: os probióticos podem ser promissores na prevenção da mastite, intervenções que incluem educação e aconselhamento sobre amamentação podem ter de ser realizadas de forma contínua, em vez de numa única consulta. |
07 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso | Incidence of and Risk Factors for Lactational Mastitis: A Systematic Review | WILSON et al. | 2020 | revisar sistematicamente a literatura global disponível sobre a frequência da mastite lactacional e resumir as evidências sobre fatores de risco para mastite lactacional. | A mastite lactacional é uma condição comum, mas a grande variabilidade na incidência entre os contextos sugere que uma parte substancial deste fardo poderia ser evitável. Prestação de cuidados a mulheres que amamentam em risco ou afetados pela mastite é atualmente limitado devido à falta crítica de evidências epidemiológicas de alta qualidade sobre sua incidência e fatores de risco. |
08 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso | Subclinical Mastitis in a European Multicenter Cohort: Prevalence, Impact on Human Milk (HM) Composition, and Association with Infant HM Intake and Growth | SAMUEL et al. | 2020 | Examinamos os efeitos da mastite subclínica (SCM) na composição do leite humano (HM), no crescimento infantil e na ingestão de (HM) entre as mães-bebês de sete países europeus. | Documentamos, pela primeira vez, num grande estudo europeu padronizado e longitudinal, uma elevada prevalência de SCM no início da lactação e demonstramos que o SCM está associado a alterações significativas na composição de macro e micronutrientes do LH. Estudos futuros que explorem a relação do SCM com comportamentos de amamentação e resultados de desenvolvimento são necessários |
09 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso | Bacterial factors of mastitis in lactating women and its effect on the physical properties and chemical composition of breast milk. | SHUYANG et al. | 2021 | Avaliar a mastite em lactantes e diagnosticar a infecção bacteriana associada e o efeito desses agentes bacterianos nas propriedades físicas e na composição química do leite materno. | Ressalta a importância do aconselhamento e do ensino adequado de técnicas e manejo, tanto no pré e pós-parto, quanto a maneira adequada de abraçar o bebê durante a amamentação e a frequência e duração adequadas da amamentação, são boas maneiras de prevenir o fluxo de leite e causar infecções. E a importância do esvaziamento frequente e completo das mamas. |
10 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Mastite puerperal complicada em paciente com implante de silicone: Um relato de caso | LADEIRA et al | 2021 | Avaliar através de um estudo de caso, a importância dos achados em imagem durante o diagnóstico de mastite e suas complicações. | A ultrassonografia é um método bastante útil na investigação inicial daqueles quadros com suspeita de desenvolvimento de tal complicação e possibilita de maneira segura o tratamento minimamente invasivo e a obtenção de amostra para analise laboratorial. Isto permite a escolha de antibioticoterapia direcionada para os microorganismos causadores. |
11 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Maternal Risk Factors for Lactation Mastitis: A Meta-analysis. | YUAN et al. | 2021 | Esta meta- análise foi realizada para identificar os fatores de riscos maternos para mastite lactacional. | Esta meta-análise fornece aos profissionais de enfermagem informações valiosas baseadas em evidências para ajudar as novas mães a evitar a mastite durante a lactação. A equipe de enfermagem deve avaliar cuidadosamente o histórico de amamentação anterior e outros fatores clínicos relevantes para identificar mulheres com maior risco de mastite durante a lactação antes do nascimento e instruir essas mulheres sobre medidas preventivas para reduzir o risco. |
14 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Mastite Lactacional Grave com Infecção complicada de feridas causada por Streptococcus pyogenes | MAIER et al. | 2021 | Este artigo relata a forma rara de mastite estreptocócica grave em uma mama lactante, com subsequente doença invasiva e problemas de cicatrização de feridas. | Ressalta que é essencial que os profissionais de saúde sejam capazes de diagnosticar a mastite puerperal nasal e tratá-la adequadamente. E alertar a importância de promover a conscientização as lactantes a realizarem de maneira correta a higiene nas mamas para prevenir a transmissão. |
15 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Re: “Academy of Breastfeeding Medicine Clinical Protocol #36: The Mastitis Spectrum, Revised 2022” by Mitchell et al. | MITCHELL et al. | 2022 | Mostrar a importância do novo protocolo clínicos para o gerenciamento de problemas médicos comuns que podem afetar o sucesso da amamentação. Tais como a mastite, que no passado era considerada uma entidade patológica única na mama em lactação. No entanto, evidências científicas agora demonstram que a mastite engloba um espectro de condições resultantes de inflamação ductal e edema estromal. | As recomendações condidas neste protocolo são: as condições que ocorrem no espectro fisiopatológico da mastite podem ser prevenidas e tratadas reduzindo as intervenções iatrogênicas e utilizando princípios simples de manejo, como gelo, AINEs e aleitamento materno fisiológico. Evitando assim possíveis agravamento do quadro. |
16 | (mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | . Prevalence of and factors associated with lactational mastitis in eastern and southern Africa: an exploratory analysis of communitybased household surveys | OUEDRAOGO et al | 2022 | Avaliar uma necessidade crucial de mais informações sobre a mastite lactacional e os seus factores associados na África Subsariana (ASS). | A prevalência da mastite lactacional em quatro países da ASS pode ser um pouco inferior à estimativa posicionamentos relatados de outras configurações. Mais estudos deverão explorar os factores de risco e de protecção da mastite lactacional em contextos da ASS e abordar as suas consequências negativas na amamentação. |
17 | mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Risk factors and prognosis of acute lactation mastitis developing into a breast | LI et al | 2022 | Este estudo examinou os fatores de risco para a mastite evoluir para abscesso e analisou a distribuição de bactérias patogênicas, resistência bacteriana e resultado do tratamento. | A bactéria patogênica mais comum da mastite e do abscesso mamário é o estafilococo áureo. Existem muitos fatores de risco para a mastite evoluir para abscesso mamário. Deveríamos tomar medidas eficazes para seus fatores de risco e selecionar antibióticos sensíveis de acordo |
abscess: A retrospective longitudinal study in China | com o resultados da cultura bacteriana para reduzir a formação de abscesso mamário. | |||||
18 | mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | The preventive and therapeutic effects of probiotics on mastitis: A systematic review and meta-analysis. | YU et al. | 2022 | A mastite aguda é uma das principais razões pelas quais as mulheres que amamentam param de amamentar e os medicamentos devem ser usados com cautela. | Em conclusão, a mastite é um dos principais problemas relacionados com a amamentação nas mulheres, e a as atuais estratégias de intervenção eficazes ainda são limitadas. Para gestantes ou pacientes com mastite, os probióticos talvez sejam uma intervenção alternativa que possa trazer algum benefício na prevenção da ocorrência de mastite ou na melhoria dos sintomas relacionados. Contudo, ainda existe uma falta de uniformidade e cientificidade na seleção de cepas probióticas e doses de intervenção. |
19 | mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Aplicação de sistema artroscópico no tratamento de abscesso mamário lactacional | LOU et al | 2022 | O tratamento ideal dos abscessos mamários tem sido controverso. Aqui, relatamos um método inovador para o tratamento operatório de abscessos mamários lactacionais. | O desbridamento e a drenagem artroscópicos são métodos eficazes de tratamento dos abscessos mamários lactacionais, com alta taxa de cura, poucas complicações e resultados estéticos satisfatórios. |
20 | mastite AND “aleitamento materno” AND “transtornos de lactação” OR abcesso) | Tratamento do abscesso mamário durante a amamentação. | PILERI et al | 2022 | Avaliar o manejo do Abscesso mamário (AB) guiado por ultrassom (US) sem cirurgia, independente do tamanho do AB. | Os dados observacionais sugerem que ,independente do tamanho e as características clinicas da AB, uma abordagem conservadora com antibioticoterapia direcionada ao Staphilococcus aureus resistente á meticilina (MRSA) identificado por aspiração de agulha, se possível. |
Fonte: Elaborado pelos autores
Considerando a importância da amamentação e a alta prevalência de fissuras mamilares, edemas e ingurgitamento causados pela mastite, a laserterapia é frequentemente utilizada para tratar uma variedade de condições. Este estudo propõe uma nova maneira de controlar a dor mamilar e acelerar o processo de cicatrização das fissuras mamilares por meio do uso da terapia LED ou laser de baixa potência, que é uma técnica não invasiva e sem efeitos colaterais, como as reações alérgicas que podem ser causadas pela ingestão de substâncias (YAO et al, 2021).
Outro tratamento utilizado é a antibioticoterapia, a seleção de antibióticos, dosagem e duração para o tratamento da mastite são determinados de acordo com a necessidade e a colonização da bactéria existente. É seguro que as crianças consumam leite de uma mama com mastite bacteriana. A internação hospitalar de rotina e os antibioticos intravenosos não são necessarios, a menos que o organismo seja multiressistente 01, 02, 04, 07,13,14,19.
Já para mastite subaguda: Microbiomas mamários individuais têm diferentes limites ambientais nos quais patógenos bacterianos oportunistas se tornam sintomáticos. Além disso, a cultura do leite pode não desenvolver um organismo dominante. Portanto, o tratamento deve ser individualizado com base na história clínica e no nível de suspeição para mastite subaguda 18, 15.
Existe intervenções também para diminuir a inflamação e dor: Como o gelo e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem reduzir o edema e a inflamação e proporcionar alívio sintomático, e podem fornecer analgesia. Por exemplo, gelo pode ser aplicado a cada hora ou com mais frequência, se desejar. Lecitina de girassol ou soja, para reduzir a inflamação nos ductos e emulsionar o leite (BAEZA et al. 2022).
Além dessa forma de tratamento, observasse que para o abcesso gerado pela mastite: O tratamento com aspiração por agulha de AB (abcesso mamário) em mulheres que amamentam é um método custo-efetivo por vários motivos. Ao contrário da incisão e drenagem, é um procedimento ambulatorial, facilmente repetível, sem danos estéticos e com riscos potencialmente menores de recorrência. Também permite verificar com precisão os microrganismos presentes no material do abcesso aspirado e direcionar a antibioticoterapia. É aconselhável tratar os abcessos mamários em centros de referência, onde pacientes são atendidos por equipe multidisciplinar (PILERI et al, 2022).17
A tecnica considerada a mais bem sucedida é a drenagem linfática manual com varredura leve da pele, para aliviar o edema intersticial, reduzir o inchaço e auxiliar o movimento do fluido linfático, diminuindo o edema e suavizando a fibrose. Técnica de drenagem: Continue com uma massagem leve do mamilo em direção à clavícula e axila. Comece durante a gravidez se houver crescimento rápido e doloroso dos seios e use conforme necessário no pós-parto para ingurgitamento. “Tração de toque muito suave, como se estivesse acariciando um gato” (levante a pele para permitir o fluxo de drenagem linfática/descongestão vascular). Dez pequenos círculos na junção da veia subclávia emprestada. Dez pequenos círculos na axila (MITCHEL et al, 2022).
Segundo Protocolo 36 da ABM (Academy of Breastfeeding Medicine revisado em 2022), cabe a enfermagem durante a assistência da mastite puerperal,identificar os sinais e sintomas, bem como, elaborar diagnosticos segundo as especificidades da paciente. Deve ainda promover processos de educação permanente, orientando sobre a anatomia da mama e as fisiologias pós parto da lactção, tais como: apojadura, plenitude mamária, mudanças hormonais e alterações morfolóficas da mama. Por tanto a enfermagem deve elaborar protocolos baseados em evidencias cientificas e atuar de maneira clara e eficáz dentro da demanda de cada paciente.
Nesse contexto, o enfermagem exerce um papel estratégico no processo de orientação, a fim de diminuir as intercorrências nesse período, sendo assim, a enfermagem é essencial na detecção precoce de condições de risco e na educação em saúde a fim de diminuição da incidência da mastite puerperal (MOTA et al, 2019.)
Tabela 2 – Resumo comparativo entre o protocolo da ABM anterior ( 2014) e o protocolo atual (2022), com foco na justificativa da mudança.
Protocolo anterior (2014) | Protocolo atual (2022) | Justificativa da mudança | |
Fisiopatologia | Estase de leite Bactérias oriundas de trauma mamilar. | Hiperlactação, Disbiose Mamária (desequilíbrio do microbioma mamário), Inflamação com estreitamento dos ductos lactíferos + edema do estroma Mámario . | Não existem evidências científicas que suportem uma relação de causalidade entre a estase do leite e/ou lesões nos mamilos e a Mastite Hiperlactação e Disbiose mamária causam inflamação e estreitamento ductal. |
Apresentação clínica | Patologia isolada. | Espectro de condições associadas. | A mesma fisiopatologia (inflamação ductal e edema estromal) como causa e progressão de gravidade do espectro da mastite (Mastite inflamatória-> Mastite bacteriana -> Abscesso / Galactocele /Galactocele infectada.) |
Plano de cuidados da enfermagem | Descanso, consumo de líquidos adequados e nutrição. | Orientação antecipatória e intervenções comportamentais Educar lactantes sobre a anatomia normal da mama e fisiologia da lactação. | Melhores resultados clínicos na vigência de uma abordagem holística no pré-natal e nos cuidados de pós-parto, abordando a saúde mental, as necessidades psicossociais e aconselhamento sobre amamentação. |
Não há descrição sobre suporte das mamas e protetores/cremes de mamilos. | Uso de sutiãs de suporte adequado. Evitar uso de protetores de mamilo. | As mamas em lactação são altamente vasculares e requerem suporte para evitar linfedema dependente e dores progressivas nas costas e no pescoço. | |
“Esvaziar a mama” (Amamentação / bombeamento frequente para remoção de leite) Adicionar o uso de bomba tira leite após as mamadas | Evitar a superestimulação e bombeamento excessivo das mamas Amamentar em livre demanda e drenagem de alívio nas mamas Minimizar o uso da bomba tira leite e evitar o uso de protetor de mamilos. | A remoção frequente do leite pode exacerbar a hiperlactação, levando a inflamação e mastite Bombas de mama e protetores de mamilo não permitem a troca de bactérias saudáveis entre mãe e bebê, o que pode ser um fator de risco para disbiose o uso de protetor de mamilos O ajuste ou a sucção inadequada das bombas tira-leite podem causar danos nos tecidos e inflamação. | |
Compressas mornas antes da amamentação e compressas frias após a amamentação | Gelo/compressas frias após amamentação. | Compressas quentes podem aumentar o processo inflamatório por induzir à vasodilatação. | |
Massagem das mamas (manual /vibração) | Sem massagem profunda nos seios Drenagem linfática Ultra-som terapêutico. | A massagem profunda pode aumentar a inflamação e o edema A drenagem linfática reduz o edema estromal Pode aliviar o edema e reduzir a inflamação. | |
Não há descrição de uso de molho salino | Evitar molho salino. | A imersão em sal deve ser evitada, pois pode macerar o tecido do mamilo. | |
Diferentes posições para amamentar, incluindo a posição de quatro apoios | Posições confortáveis para amamentar. | Não existem evidências para apoiar a “amamentação em quatro apoios” ou outras posições inseguras para a criança. Pode-se considerar variações seguras nas posições de alimentação padrão, com o entendimento de que isso pode melhorar o conforto. | |
Medicamentos | Paracetamol Ibuprofeno | Paracetamol Ibuprofeno Lecitina de girassol ou soja. | Medicamentos analgésicos e antiinflamatórios aliados à uso de emulsificadores do leite auxiliam na diminuição do processo inflamatório. |
Antibióticos empíricos como primeira linha de tratamento | Reservar antibióticos apenas para mastite bacteriana Recomenda probióticos como prevenção e possível tratamento da mastite inflamatória A cultura do leite pode ser útil antes do tratamento com antibióticos. | A mastite inflamatória geralmente se resolve sem tratamento com antibióticos. O uso de antibióticos pode levar à disbiose mamária (fator de risco para mastite recorrente). |
Fonte :Tratado do especialista em cuidado materno-infantil com enfoque em amamentação/Tatiana Vargas Castro Perilo (org.)-2 Vol.-Belo Horizonte:Editora Mame Bem, 2023.486p.218p.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre os tratamentos citados a Ultrassonografia apresentou melhores resultados para alivio de dor e inchaço, além de ser mais acessível, com 3 sessões já se tem um bom resultado. A laserterapia apesar de não ser tão efetiva e barata quanto a ultrassonografia e uma boa opção para quem não tem tanta disponibilidade e maior condição financeira. Nos casos estudados de mastite bacteriana o uso da antibioterapia não apresentou alterações na amamentação, apenas em caso de multirresistência. Somando a esses tratamentos com melhores resultados, com o uso de gelo e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), eles ajudam como complemento do tratamento em picos de dor.
A atuação da enfermagem na prevenção e tratamento da mastite puerperal é baseada em orientaçoes e cuidados adequados às mães durante o período de pós-parto. Enfermeiros e enfermeiras têm a expertise necessária para fornecer informações essenciais sobre a amamentação, bem como, habilitações para tratamento com laserterapia, ultrassom terapeutico,drenagens e antiinflamórios. Desempenhando um papel fundamental na promoção de um ambiente de apoio e confiança, encorajando as mães a compartilharem suas preocupações e dúvidas. Essa orientação eficaz ajuda a prevenir a ocorrência da mastite puerperal, promovendo uma experiência mais positiva e saudável para as mães e seus bebês durante esse período.
5 REFERÊNCIAS
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