TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DIFICULDADES ENCONTRADAS NA ENFERMAGEM

AUTISM SPECTRUM DISORDER: DIFFICULTIES ENCOUNTERED IN NURSING: INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10997557


Aline da Silva Paula;
Dyeili Chagas Pedroso;
Vanessa de Fátima Burdizinski Thomaz;
Etiene Bento dos Santos;
Giulianna Rita Wolski Ribas


RESUMO

Introdução: O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos e restritos. Objetivo: O presente teve objetivo mapear na literatura inter(nacional) o momento em que a família recebe diagnóstico de transtorno espectro autista (TEA) e evidenciar a atuação da enfermagem nesse momento. Métodos: Trata-se de revisão integrativa da literatura, com critérios de inclusão dos artigos: publicados na íntegras no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2022, e os critérios de exclusão foram: editoriais, resenha, dissertação, tese, monografia, carta, resumo de anais e eventos. Foi consultado a base de dados da Scielo, Lilacs e Google Acadêmico, as estratégias de busca foram elaboradas a partir da aplicação dos descritores de ciências da saúde (DeCS), e palavras chaves, combinadas entre si pelos operadores booleanos “OR” e entre eles pelo operador” AND” com os seguintes termos: Autismo, Autismo na enfermagem, Espectro Autista. Resultados: Compôs o corpus final da análise 19 artigos, destes a grande maioria evidenciou a dificuldade e a falta de conhecimento dos enfermeiros quando se trata do autismo. Conclusão: Esse estudo evidenciou a importância que a enfermagem pode fazer na avaliação, desenvolvimento e até mesmo no suporte emocional aos pais.

Palavras-chave: Autismo, Autismo na enfermagem, Espectro Autista.

ABSTRACT 

Introduction: Autism spectrum disorder (ASD) is characterized by difficulties in communication, social interaction and repetitive and restricted behaviors. Objective: The present objective was to map in international literature the moment in which the family receives a diagnosis of autism spectrum disorder (ASD) and highlight the role of nursing at that moment. Methods: This is an integrative review of the literature, with inclusion criteria for articles: published in full between January 2008 and December 2022, and the exclusion criteria were: editorials, review, dissertation, thesis, monograph, letter , summary of proceedings and events. The Scielo, Lilacs and Google Scholar databases were consulted, the search strategies were developed based on the application of health science descriptors (DeCS), and key words, combined with each other using the Boolean operators “OR” and between them by the operator “AND” with the following terms: Autism, Autism in nursing, Autism Spectrum. Results: The final corpus of the analysis comprised 19 articles, the vast majority of which highlighted the difficulty and lack of knowledge among nurses when it comes to autism. Conclusion: This study highlighted the importance that nursing can play in the assessment, development and even emotional support for parents.

Keywords: Autism; Autism in nursing; Autism Spectrum.

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que pode comprometer o desenvolvimento do indivíduo, interferindo na interação social, na comunicação e no desenvolvimento comportamental, podendo ser acompanhados de movimentos repetitivos e estereotipados (Lopez et al.2014).

Saber reconhecer do comportamento manifestado por crianças, pode fazer toda a diferença na hora do diagnóstico precoce, muitas das vezes reconhecido pelos próprios pais, sabe- se que o diagnóstico é clínico, feito a partir da observação na criança e uma anamnese com os pais. A criança com (TEA) pode apresentar algumas dificuldades e prejuízos na comunicação, interação social, comportamentos repetitivos e estereotipados, ciclo de atividades, interesses padrão de inteligência variável e temperamento (Adams et al.2012).

Portanto, esse processo de adaptação no meio familiar pode gerar muito estresse, prejudicando atividades sociais, rotinas diárias, readaptação de papeis, expondo cuidados intensivos à criança e até mesmo financeiro. Em frente aos diagnósticos fechados, a família passa por vários estágios, impacto, negação, luto, enfoque externo e encerramento, tornando-se um momento complexo e desafiador (Ebert, Lorenzini, Silva.2013).

Desta maneira, a enfermagem atua com um papel importantíssimo no atendimento a crianças autistas, e no acolhimento aos pais. Observa-se um crescimento significativo quando se trata do (TEA) assim a equipe de enfermagem vem estudando e se familiarizando com as nomenclaturas, para poder dar a melhor assistência a essas crianças (Oliveira, 2019).

Diante deste contexto a presente revisão de literatura tem como objetivo mapear na literatura inter(nacional) o momento em que a família recebe diagnóstico de transtorno espectro autista (TEA) e evidenciar a atuação da enfermagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo é uma revisão integrativa de literatura, seguindo os passos metodológicos de Mendes, Silveira e Galvão (2008), destaca-se que foram seguidos os preceitos éticos na sua elaboração, garantindo os direitos autorais dos artigos inclusos.

Estabeleceram -se os critérios de inclusão dos artigos: enquanto os critérios de exclusão foram: editoriais, resenha, dissertação, tese, monografia, carta, resumo de anais e eventos.

As estratégias de busca foram elaboradas a partir da aplicação dos descritores de ciências da saúde (DeCS), e palavras chaves, combinadas entre si pelo operador booleano “OR” e entre eles pelo operador” AND” com os seguintes termos: Autismo, Autismo na enfermagem, Espectro Autista. 

As buscas dos estudos, seleção, extração, e análise de dados, foram realizadas por dois pesquisadores de formas independentes. Visando reduzir possíveis erros de busca, avaliação, análise e interpretação dos estudos diante das dúvidas que surgiram do processo de revisão, um terceiro pesquisador foi consultado para solucioná-las.

As informações extraídas dos artigos incluídos, autor(es)/ ano de publicação; tipo de estudo, objetivo, os principais resultados e nível de evidência. A Interpretação dos resultados e discussão dos resultados ocorreram simultaneamente, os artigos incluídos no estudo foram analisados de forma detalhada na busca de explicações e resultados, por meio da leitura recorrente, com vistas a responder à questão de pesquisa e fomentar a discussão dos dados relevantes dos estudos e pôr fim a apresentação da revisão redigiu-se o texto por similaridade dos temas.

3 RESULTADOS

A busca inicial nas bases de dados resultou em 79 artigos. Destes, excluíram-se 21 estudos duplicados, sendo selecionados 58 estudos para a avaliação geral, dos quais 27 foram excluídos após leitura de título e/ ou resumo por não estarem relacionados ao tema. Desta forma, 31 artigos completos foram avaliados para os critérios de elegibilidade, sendo 11 excluídos após leitura na íntegra por não responderam à questão de pesquisa, restando 20 artigos que apresentaram as características de elegibilidade para a inclusão na presente revisão. 

Figura 1: Fluxograma da seleção dos artigos incluídos na revisão. 

Fonte: A autora, 2023.

Conforme verifica-se no quadro I, os estudos foram publicados nos anos de 2008 a 2023.

3.1 ELEMENTOS DE APOIO PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS 

QUADRO 01 – Descrição dos artigos incluídos na revisão

NAutores (ano)Conclusão
1Monteiro et. Al. (2008).A enfermagem deve ter consciência do sofrimento que acompanha a família das crianças com TEA, sendo camufladas por uma aparente coragem na verdade, mas vendo no contexto são mães que precisam de cuidados para não adoecerem psicologicamente. Nesse contexto o estudo traz uma nova visão trazendo por perto a equipe de enfermagem e a família
2Djalma Francisco Costa Lisboa de Freitas; Danilo Silva Guimarães(2011)É neste espaço vital, que o cuidador deixa livre e vazio sendo sua tarefa justamente a de protegê-lo contra a presença excessiva de objetos e representações, que o sujeito poderá exercitar sua capacidade para alucinar, sonhar, brincar, pensar e, mais amplamente, criar o mundo na sua medida e segundo suas possibilidades
3Cyelle Carmem Vasconcelos Pereira(2011)Conclui-se que o autismo tem um grau específico de deficiência cognitiva que requer tratamentos próprios para cada caso. Pior do que a inexistência de cura é permitir que uma criança com autismo permaneça isolada da sociedade, incapaz de se comunicar, incapaz de compreender e ser compreendida. Portanto, a inclusão deve começar em casa, no seio familiar, quando os pais decidem tomar uma atitude, deixar de lado o preconceito e a prática de um diagnóstico de deficiência e sair em busca dos direitos de cidadania para seus filhos
4Martha Morais Minatel; Thelma Simões Matsukura (2014)Este desafio é colocado não só para os técnicos envolvidos nos tratamentos e/ou educação de autistas, mas também, e talvez, principalmente, para o poder público. Destaca-se que este estudo foi desenvolvido antes da promulgação da Lei 12.764 e do documento que direciona a atenção à saúde de pessoas com autismo e suas famílias no âmbito do SUS
5Ana Gabriela Lopes Pimentel; Fernanda Dreux Miranda Fernandes(2015)De acordo com os resultados encontrados nesta pesquisa, os professores demonstraram estar desorientados sobre inclusão e sobre como trabalhar com o aluno com TEA.
6Sena et.al., (2015).
O enfermeiro fica meio desorientado quando se fala de autismo, compreende-se pelo   simples fato que o TEA apresenta um grande repertório de sinais e sintomas, além de suas variadas etiologias. Por isso estuda-se mais profundamente sinais e sintomas para assim ter o conhecimento específico para poder dar uma assistência cada dia melhor para nossos pacientes
7Pinto et.al., (2016).O impacto do diagnóstico do autismo para os pais é um processo doloroso, pois é uma síndrome pouco conhecida especificamente, isso pode assustar um pouco, e os profissionais de saúde devem estar preparados para dar esse apoio a família que faz toda a diferença.
8Alexandra Rezende Teixeira Bortone; Edna Lucia Campos Wingester.(2016)Identificação do espectro do transtorno autista durante o crescimento e o Desenvolvimento infantil: o papel do profissional de enfermagem
9Wilson Claudino Dos Santos Junior.(2017)Infelizmente se fala muito pouco sobre o TEA, ainda são poucas as bibliografias e estudos que se referem ao assunto. Para melhorar a assistência e o cuidado é necessário estudar mais sobre o assunto, elaborar mais estudos e pesquisas com o intuito de se criar quais os melhores intervenções e cuidados para cada pessoa
10Natália Matos da Silva.(2018)Dentre os estudos analisados observa-se como regra geral que a busca por ferramentas mais eficientes de detecção precoce de TEA, em relação aos instrumentos tradicionais que necessitam ser aperfeiçoados, evidenciam as dificuldades em identificar métodos eficientes para o diagnóstico precoce do TEA, embora neste campo é um impeditivo para a aplicação destes novos instrumentos de detecção precoce de forma
11Sousa et. Al., (2018).A experiência vivenciada no cuidado de enfermagem à criança autista no ambiente escolar superou as expectativas estabelecidas para o estágio profissional em questão, tendo em vista que o maior benefício desta experiência foi a oportunidade gratificante de zelar diariamente pela saúde biopsicossocial de uma criança autista. Além disso, a partir do convívio diário, foi construído um importante elo de empatia e sentimento pessoal com a criança
12Araújo et.al., (2019).Toda a equipe de saúde envolvida no tratamento com crianças com TEA a enfermagem e o que passa mais tempo com esse paciente, é ele que desempenha a função de mediador entre a família e outros profissionais da área de saúde, encaminhando-os a uma equipe multiprofissional. Corroboramos aqui a importância do enfermeiro criança e a família, e assim dar o apoio necessário no que diz respeito aos cuidados com a criança autista. paciente quanto da família
13Maria de Fátima Silva dos Anjos; Michelle Cristina Guerreiro dos Reis.(2019)Observou-se que o papel da enfermagem no atendimento, acompanhamento e acolhimento de crianças com TEA é muito importante, porém, ainda não está completamente inserido em seu dia a dia, pois há uma complexidade de fatores que podem acrescer em seu trabalho junto às equipes multidisciplinares na detecção e acompanhamento do tratamento dos pacientes.
14Hofzmann et.al., (2019).Familiares no convívio com crianças com TEA, conclui-se que recebem pouco suporte, apoio e acolhimento vindo da rede e dos profissionais. Deve-se ter estudos voltados a acerca da atenção à família da criança com TEA, desta maneira o profissional saberá detectar e intervir diante do autismo
15Verônica Giuliane da Silva Souz; Sandra Godoi de Passos.(2021)A assistência de enfermagem à criança com transtorno de espectro autista tem a finalidade de promover resultados exitosos, necessitando de um olhar cuidado, desprovido de preconceitos visto que na maioria das vezes haverá dificuldade de expressão por parte do autista. Observa-se que ainda a necessidade demais cursos, treinamentos e ampliação de ações que diversifiquem os métodos hoje utilizados na rede de atenção básica para intervenções mais acertadas na assistência de crianças com TEA
16Clariana Andrioli Romeu; Rosana Ap. Salvador Rossit.(2022).Nos últimos cinco anos, verifica-se um número crescente de crianças diagnosticadas com TEA; entretanto, constata-se publicações que abordam a relação entre TEA e o trabalho interprofissional em equipe. Um número reduzido de estudos utilizou instrumentos padronizados para orientar os processos de avaliação e de planejamento da intervenção. Entende-se, porém, a necessidade de maiores investimentos para o desenvolvimento de pesquisas que possam propor inovações na avaliação, na intervenção e na sistematização do trabalho junto às pessoas com TEA e seus familiares.
17Beatriz Carneiro Passos; Mariana Sayuri Cabral Kishimoto (2022)A maneira como a notícia é recebida, evidenciando as limitações ou potencialidades, interfere em como a família investe na criança, o que é determinante para o seu desenvolvimento. O tratamento é a longo prazo e a família necessita de apoio psicológico, emocional e financeiro. A aceitação é um grande passo para prognóstico da criança e da família, algumas vezes não é 100% atingida, porém a disseminação de informações e conscientização auxiliam bastante o processo
18Adriele Josiele Neves Oliveira; Andreara De Almeida e Silva(2022)A atuação nos cuidados do desenvolvimento e crescimento da criança e suas peculiaridades, estão ligadas diretamente com a enfermagem, bem como estar apto para atuar no acompanhamento assertivo, como: aceitação do diagnóstico, orientações, compreensão, apoio entre A integração entre saúde e o diagnóstico precoce contribui para o cuidado dessas crianças
19Ana Beatriz Ferreira De Lira;
Alessandra Gabriele Dos Santos(2023)
A literatura científica mostra que a enfermagem desempenha papel essencial na assistência à criança autista na APS, visto que é capaz de auxiliar na detecção precoce do TEA, percebendo sinais de desenvolvimento inadequado do paciente e, além disso, também é capaz de auxiliar efetivamente no tratamento por meio de métodos alternativos, contribuindo com a equipe multiprofissional e orientando pais e cuidadores dos manejos adequados com a criança autista. Apesar de sua importância ser reconhecida, sua participação no manejo da criança com TEA ainda é deficiente, pois muitos profissionais reconhecem que não possuem o devido conhecimento sobre o tema ou sentem-se inseguros

Fonte: A autora, 2023

4. DISCUSSÃO

4.1 Espectro do Transtorno Autista

Segundo Lopes et.al. (2014) o autismo pode ser definido como uma síndrome neurológica que se manifesta de diversas formas e que compromete e afeta as habilidades motoras, físicas, de comunicação e interação social.

Portanto o autor Araújo et.al., (2021) afirma que o TEA pode ser identificado por observação repetitiva e restrita e comportamento que interrompe a interação social e a comunicação verbal e não verbal.

De acordo com a Secretaria do Estado de Saúde do Paraná (2022) esta doença geralmente é diagnosticada em crianças de 2 a 3 anos é uma alteração que prejudica certas áreas do desenvolvimento neural da criança percebidas através de observação pelos próprios pais.

Hofzmann et.al., (2022) enfatizam unanimemente as mudanças comportamentais da criança que são acompanhadas por mudanças cognitivas e estereotipadas precoces, portanto a mudanças na comunicação interação social, hiperatividade e muito mais.

Pesquisa realizada por Griesi-oliveira e Senti (2017) ressalta que o transtorno é um fator bastante desconhecido e muito complexo tendo várias apresentações em cada pessoa. Para o autor a genética é um grande potencial para potencializar o autismo.

Segundo o ministério da Saúde do governo do estado do Paraná gov-pr 2022 TEA ainda uma doença desconhecida e está sendo estudada com mais detalhes, mas estudos mostram que fatores ambientais e genéticos são uma das causas do TEA por exemplos filhos de pais quimicamente dependentes que são prematuros ou pesam menos de 2500 falta de vitamina D e infecção materna durante a gravidez.

Matematicamente, a autora Griesi-oliveira (2017) relata que o autismo afeta 1% da população do país, apresentando quatro vezes mais em meninos que meninas e na maior parte dos casos o autismo e de 50% a 90% hereditário.

Considerando isso Gov-pr (2022) o TEA pode ser identificado mais facilmente pelos pais, parentes ou cuidadores justamente pelo comportamento repetitivo da criança ou ainda pelas brincadeiras repetitivas, baixa interação social e déficit na comunicação a estereotipadas repertórios de atividades contidas. 

Todavia para Araújo et.al., (2019) os seres humanos que têm o diagnóstico TEA podem levar uma vida normal, mas teoricamente podem apresentar outras comorbidades como distúrbio de sono hiperatividade, epilepsia e problemas gastrintestinais desta maneira a deficiência intelectual tende a variar do leve ao severo com base na deficiência linguística agregada.

4.2 Impacto aos familiares ao receberem o diagnóstico do TEA

Portanto para Samson et al, (2013), o momento em que a família recebe um diagnóstico de uma doença ou síndrome crônica recebe junto um conjunto de sensações e sentimentos diversos, a exemplo da frustração, insegurança, culpa, luto, medo e desesperança, principalmente quando o paciente remete-se a uma criança.

Em concordância Ebert et al, (2013), o nascimento de um filho é considerado uma nova fase da vida como se fosse um novo ciclo vital, o qual passa a ser sonhado e idealizado pelos pais e por toda a família. Entretanto, quando ocorre alguma ruptura nesses planos, todos os membros familiares são afetados.

Em relevância Heidegger M (2022) nos discursos das mães compreende-se que inicialmente ter um filho autista não era algo sequer imaginável e que essa realidade muda a compreensão de sua própria existência. A mulher ao engravidar planeja um novo mundo no qual o filho passa a ocupar o centro desse mundo, mas sempre o imaginando saudável. O ser humano tem essa capacidade de no hoje sempre projetar o amanhã. Para as mulheres deste estudo durante o período gravídico a projeção do futuro sempre foi de ser mãe de um bebê perfeito.

O autor Reddy et.al. (2013), ressalta que o momento do diagnóstico se constituiu como um evento estressor e marcante, quando recebem a notícia de uma criança fora do conceito de normalidade, ocasionam importantes dificuldades no contexto familiar, os sentimentos variam entre tristeza, sofrimento e negação. A maioria busca a negação de uma estratégia de fuga, apesar da confirmação do diagnóstico.

De acordo com autores Mazurek MO et.al. (2012), o estabelecimento de um vínculo entre o profissional de saúde paciente-família é muito importante no momento do diagnóstico, visto que a qualidade das informações pode repercutir positivamente na forma como os familiares enfrentam o problema, encorajando-os a realizarem questionamentos e a participarem nas tomadas de decisão. 

O autor MacDonald M et.al., ressalta que é muito difícil para os pais, especialmente para as mães, vivenciarem essas diferenças. Para elas, perceber que as pessoas se sentem incomodadas pela presença da criança autista constitui um gesto de preconceito. Ademais, qualquer ofensa direcionada ao filho é tomada como se fosse para si própria. O prejulgamento e a discriminação fazem com que a mulher busque superproteger ainda mais o filho, caracterizando-o como um ser frágil e indefeso ao tratamento da problemática vivenciada.

Brisson j et.al, (2012) ressalta outro aspecto que causa consequência e ameaça a aceitação da doença na família provavelmente está relacionada ao atraso na conclusão do diagnóstico clínico isso porque mesmo na ausência de um diagnóstico indefinido os pais esperam que o problema da criança seja mais fácil criando uma falsa expectativa de que os sinais e sintomas apresentados seja transitório e corrigível apesar dos sintomas clínicos da doença.

Ressalta-se que Hahn S. (2012) o total comprometimento e foco nos cuidados da mãe, que ainda tem que renunciar à carreira profissional e se dividir entre os outros filhos, o marido e as tarefas domésticas, pode trazer graves consequências físicas e psíquicas. Dores nas articulações, como dores no pescoço e nas costas, bem como insônia, ansiedade, fadiga e depressão estão entre as queixas mais comuns dos paramédicos. No entanto, a maior sobrecarga para os cuidadores de autistas está relacionada ao aspecto emocional, sendo o declínio cognitivo em autistas citado como uma das principais causas de estresse para os cuidadores principais.

4.3 Espectro Autista e a enfermagem

Strunk et al (2017) afirmam que estudos com crianças diagnosticadas com TEA mostram que a equipe da enfermagem como iniciativa aumenta a eficácia desses serviços aumentando os diagnósticos precoce e o tratamento.

Segundo Mapelli e outros (2018) além de afirmar sobre o tratamento de pacientes que apresentam TEA os enfermeiros também podem utilizar seus conhecimentos e experiências par auxiliar esses pais ou até mesmo a cuidadores dessas crianças com TEA, podendo deixar esses tratamentos mais leves e eficazes.

Ou seja, segundo Mapelli e outros (2018) um enfermeiro qualificado que realmente queira influenciar o cuidado de paciente com TEA deve considerar que não cuida apenas de seu paciente, mas de toda a família e se torna um profissional que tem condições de participar dos cuidados domiciliar e do manejo familiar pode visualizar e ampliar o tratamento.

Contudo, segundo Neyoshi (2018) o apoio dos enfermeiros a este tipo de paciente e aos seus familiares ainda precisa de muitas adaptações tanto de acordo com o grau do autismo da criança quanto a aceitação dos pais ou cuidadores característica locais e experiências cotidianas.

Segundo Zanot (2018) eles também têm o papel de se comunicar com os pacientes e ajudá-los a enfrentar os desafios diários de uma deficiência de desenvolvimento neurológico devido ao TEA. Sansão e Sandra (2018) apontam que o papel dos enfermeiros pediátricos e psiquiátricos por exemplo centra-se no cuidado da fala e linguagem para crianças além disso a mudança do ambiente de trabalho das crianças espectro do autismo no passado as informações sobre os espectros do autismo eram obtidas através de trabalho de campo e treinamentos clínicos para continuação desses profissionais.

De Souza et al (2020) acrescente que a enfermagem tem que ter uma abordagem criativa no tratamento de crianças com TEA deve ser inovadora e ir além dos métodos tradicionais por exemplo os autores mencionam jogos e músicas que informam aos pacientes sobre a importância do autocuidado além disso trazendo inovações que apresentem seu cotidiano no dia a dia.

Ou seja o papel do enfermeiro vai além da epidemiologia, rastreamento, diagnóstico e decisões do TEA intervenções para suspeita de TEA considerando a representação dos enfermeiros nas recomendações de atividades física e métodos modernos que quebram barreiras arcarias no tratamento de pacientes e beneficiam os pacientes na saúde física e mental de pessoas com transtorno do espectro do  autismo Tíner et al(2021) Ault et al(2021) de como exemplos os programas de intervenções parental reduzem o estresse no cuidado.

Neste momento no Brasil o ano de (2013) nos traz que o enfermeiro e a primeira pessoa sendo capaz de reconhecer os sinais e sintomas do TEA através dos marcos da história e do desenvolvimento podendo trazer o diagnóstico precoce.

Quadro 02: Comparação da Avaliação do C/D normal com os Sinais de TEA

IDADEC/D NORMALC/D COM SINAIS DE TEA
2 A 4 MESESFixa o olhar no rosto do examinador ou da mãe; segue objeto na linha média; reage ao som; eleva a cabeça.Por volta dos 3 meses de idade Criança com TEA pode apresentar realização oftálmica com menor frequência ou se ausentar dessa efetuação visual
6 MESESAlcança um brinquedo; se leva objetos à boca; localização do som; se rola.e leva objetos à boca; localização do som; se rola. Pode apresentar atração em objetos; apatia; não há sorrisos e expressões faciais e é um do marco mais importante para avaliação dos sinais
9 MESESBrinca de esconde-achou; transfere objetos de uma mão para outra; bate um objeto no outro; solta objetos voluntariamente; duplica sílabas; senta-se sem apoio.Apresentam apatia; não realiza a interação, evita emitir sons, caretas ou sorrisos.
12 MESESImita gestos; faz pinça; jargão; anda com apoio.Não balbuciam ou se expressam como bebê; não responde ao seu nome quando chamado; ausência em apontar para objetos no intuito de compartilhar atenção; não segue com olhar a gesticulação que outros lhe fazem.
15 MESESExecuta gestos a pedido; coloca blocos na caneca; produz uma palavra; anda sem apoioApresentam mutismo ou quando há fala pronunciam palavras em jargão e abulia (ausência da vontade).
18 MESESIdentifica dois (2) objetos; rabisca espontaneamente; produz três (3) palavras; anda para trás.Apresentam ecolalia; mutismo e abulia ou hipobulia.
24 MESESForma frase de duas palavras com sentido que não seja repetição; gosta de estar com crianças da mesma idade e tem interesse em brincar conjuntamente.Apresentam ecolalia; mutismo e estereotipia verbal.
36 MESESBrinca com crianças da mesma idade expressando preferências; tira roupa.Apresentam apatia; hipotimia, isto é, não empenham, ou evitam interações com outras crianças; quando procurados; constroi torre de 3 (três) cubos.

Fonte: Brasil, 2013.

Porém segundo Brown et al (2021) a equipe de enfermagem deve ser uma visão crítica visando as necessidades e preocupações dos familiares e seus pacientes. Os enfermeiros estão mais bem equipados para responder às necessidades dos pais das crianças com TEA especialmente em relação às necessidades e preocupações de um diagnóstico confirmando o TEA.

Por fim de forma simples para Araújo Nascimento e Dutra (2021) o enfermeiro e um dos melhores profissionais quando se fala de saúde infantil ele é o primeiro especialista que oferece ajuda a crianças autista porque ensina e desempenha um papel importante no cuidado mental e físico do paciente utilizando testes de triagem de TEA para identificar e avaliar o desenvolvimento sintomas e riscos do paciente com TEA.

5 CONCLUSÃO

Diante dos estudos apresentados na revisão integrativa de literatura o enfermeiro e uma das peças mais importantes na identificação do TEA, ele entra como mediador entre o paciente, família e a equipe de multiprofissional auxiliando na resolutividade e enfrentando os problemas e agravos na saúde, que podem ser vistas e apontadas diante de uma consulta de enfermagem, pois o enfermeiro e respaldado diante do contexto através da legislação.

Podemos ressaltar que a equipe de enfermagem possui um grande desconhecimento quando se fala sobre o TEA, isso pode ser compreendido pelo simples fato de que o autismo ainda é uma patologia nova, e se apresenta com sinais e sintomas muito diferente, o enfermeiro deve ter uma visão ampla que busca melhorias no conhecimento e novas estratégias para ter um diagnóstico eficaz. O enfermeiro deve ter uma percepção crítica e construtiva que foque no desenvolvimento do seu paciente levando em consideração o contexto familiar e social criando adaptações que devem ser introduzidas na rotina de seus pacientes.

Por fim os estudo analisados observou-se que a busca por meios mais eficazes a detecção precoce do TEA precisa ser melhorada enfrentando vários desafios técnicos e sociais em geral, destaca a grande dificuldade que os profissionais de saúde encontram para detectar os sinais e sintomas para assim seus pacientes ter um tratamento mais rápido e produtivo.

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