HISTRIONIC PERSONALITY: A LITERATURE REVIEW ON DIAGNOSTIC FEATURES AND CLINICAL INTERVENTIONS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412061317
Amanda Antônia Corrêa Sobrinho[1]
Amanda Pimentel Ferreira dos Santos[2]
Andressa Sampaio Rafael[3]
Kelli Pedroso de Oliveira Machado[4]
Damião Evangelista Rocha[5]
RESUMO
O Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) é caracterizado por um padrão duradouro de busca por atenção e emoções intensas, que afetam significativamente o comportamento social e as relações interpessoais. Este artigo revisa criticamente a literatura científica com foco nos aspectos neurobiológicos e psicossociais que contribuem para o desenvolvimento e manutenção do TPH. O objetivo desta revisão é investigar os fatores neurobiológicos e psicossociais envolvidos no TPH e discutir suas implicações para o diagnóstico e o tratamento. Para tanto, o método utilizado inclui a revisão de literatura de artigos científicos publicados na base de dados Scielo dos últimos cinco anos e livros científicos, que abordam tanto aspectos biológicos, como estudos de neuroimagem e genética, quanto fatores sociais e psicológicos, como apego, traumas e relações interpessoais. A análise concentra-se na identificação de padrões comuns nos estudos revisados, buscando compreender como esses fatores interagem no desenvolvimento do TPH. Os resultados desta revisão incluíram a identificação de uma base neurobiológica que envolva possíveis disfunções no sistema límbico e na amígdala, regiões do cérebro ligadas à regulação emocional e comportamento social. Adicionalmente, esperou-se verificar como experiências adversas precoces, como negligência e abuso, estariam associadas ao desenvolvimento de traços histriônicos, sugerindo uma vulnerabilidade em indivíduos que experimentaram contextos familiares disfuncionais e instáveis. A revisão também evidenciou a importância do ambiente cultural e social no reforço de comportamentos associados ao TPH. Na conclusão, pretendeu-se propor uma compreensão mais integrada do TPH, reconhecendo que tanto os fatores neurobiológicos quanto os psicossociais desempenham papéis complementares e essenciais no desenvolvimento do transtorno. Esta abordagem integrada foi útil para aprimorar o diagnóstico e personalizar as intervenções terapêuticas, combinando abordagens farmacológicas, quando necessário, com estratégias psicossociais que considerem o histórico de vida e os contextos sociais dos indivíduos. A compreensão aprofundada dos aspectos neurobiológicos e psicossociais do TPH puderam contribuir para a criação de protocolos de tratamento eficazes para essa condição complexa.
Palavras-chave: Personalidade Histriônica; Psicologia; Transtorno de Personalidade; Saúde Mental.
ABSTRAC
Histrionic Personality Disorder (HPD) is characterized by a persistent pattern of seeking attention and experiencing intense emotions, which significantly impact social behavior and interpersonal relationships. This article critically reviews the scientific literature focusing on the neurobiological and psychosocial aspects that contribute to the development and maintenance of HPD. The goal of this review is to investigate the neurobiological and psychosocial factors involved in HPD and discuss their implications for diagnosis and treatment. To achieve this, the method used includes a literature review of scientific articles published in the Scielo database over the past five years and scientific books, addressing both biological aspects, such as neuroimaging and genetic studies, and social and psychological factors, such as attachment, trauma, and interpersonal relationships. The analysis focuses on identifying common patterns across the reviewed studies, aiming to understand how these factors interact in the development of HPD. The results of this review included the identification of a neurobiological basis involving potential dysfunctions in the limbic system and amygdala, brain regions linked to emotional regulation and social behavior. Additionally, the review aimed to explore how early adverse experiences, such as neglect and abuse, might be associated with the development of histrionic traits, suggesting vulnerability in individuals who have experienced dysfunctional and unstable family contexts. The review also highlighted the importance of cultural and social environments in reinforcing behaviors associated with HPD. In conclusion, the review proposed a more integrated understanding of HPD, recognizing that both neurobiological and psychosocial factors play complementary and essential roles in the development of the disorder. This integrated approach proved useful for enhancing diagnosis and personalizing therapeutic interventions, combining pharmacological approaches, when necessary, with psychosocial strategies that consider individuals’ life history and social contexts. A deeper understanding of the neurobiological and psychosocial aspects of HPD could contribute to the development of effective treatment protocols for this complex condition.
Keywords: Histrionic Personality; Psychology; Personality Disorder; Mental Health.
INTRODUÇÃO
A Psicologia, como campo de estudo, tem como foco a compreensão da mente e do comportamento humano, com um desenvolvimento científico que se estende por mais de duzentos anos. Um ponto decisivo nessa trajetória aconteceu na segunda metade do século XIX, quando diversos sistemas de psicologia geral emergiram, tentando se firmar como abordagens reconhecidas (HENRIQUES; OLIVEIRA, 2020).
A Psicologia Clínica é uma área complexa que concentra seus esforços na avaliação, compreensão e tratamento de questões psicológicas. Seus estudos iniciaram em 1896, sob a orientação do psiquiatra Emil Kraeplin, que aplicou métodos científicos experimentais a questões psiquiátricas (FURTADO, 2024).
Além de Kraeplin, Sigmund Freud desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da psicanálise clínica, introduzindo novas teorias psicológicas para a compreensão de transtornos mentais por meio de uma abordagem interpretativa. Além de outros teóricos que contribuíram com suas abordagens, sempre no instituto de restabelecer a saúde psíquica dos pacientes.
É, portanto, a partir da base estabelecida pela Psicologia Clínica na compreensão do comportamento humano, que podemos identificar e aprofundar os estudos dos transtornos de personalidade.
Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997, p. 742) a personalidade é geralmente entendida como a combinação dos traços emocionais e comportamentais de uma pessoa e que apresentam uma relativa estabilidade e previsibilidade se considerado condições normais.
Conforme estudos de Oliveira e Garcia (2024), a formação da personalidade está relacionada a transformações psicológicas que acontecem durante o processo de desenvolvimento, ressaltando a relevância da incorporação das significações derivadas das interações sociais. Essa interação resulta em suas estruturas psicológicas.
Um transtorno de personalidade, por sua vez, ocorre quando esses traços se tornam excessivamente rígidos, resultando em sofrimento tanto para o indivíduo quanto para com quem ele convive.
Segundo o DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022, p. 645), os transtornos de personalidade podem se manifestar de várias maneiras, mas acredita-se que sejam influenciados tanto por fatores genéticos quanto pelo ambiente. Embora muitos dos sintomas possam se tornar menos intensos com a idade, alguns traços de personalidade podem continuar a afetar a pessoa.
Existem diversos transtornos relacionados a personalidades e estes são subdivididos em 3 grupos (A, B e C) com base em semelhanças de seus sintomas. O Grupo A é caracterizado por comportamentos excêntricos e desconfiança, o Grupo B por instabilidade emocional e irritabilidade, e o Grupo C por ansiedade e necessidade de controle. (DSM-5-TR, 2022).
Dentre os transtornos de personalidade citados acima, assim, um dos objetivos foi de aprofundar o conceito do Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) que se encontra classifica dentro o grupo (B). A princípio este transtorno era chamado de “histeria”, um distúrbio que se manifestava de diferentes formas e que dependia muito da interpretação de quem realizada o diagnóstico (OLIVEIRA, 2020).
A histeria poderia se expressar por meio de comportamentos, modos de comunicação e vestuário, além de sintomas físicos e psíquicos através de expressões corporais. Enquanto, na época de Freud (1856-1939), os sintomas histéricos eram associados a um sentido inconsciente que podia ser revelado pelo trabalho analítico, atualmente esses sintomas assumem novas formas e o termo histérico foi extinto em 1980 a partir do DSM-III se subdividindo em transtornos distintos, dentre eles o transtorno de personalidade histriônica.
O Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) é caracterizado por um comportamento constante de busca por atenção e aprovação, onde a pessoa tende a se colocar no centro das atenções (DSM-5-TR). Essa necessidade de ser notada, embora comum entre indivíduos com TPH, pode também aparecer em outros transtornos, o que muitas vezes torna o diagnóstico mais complexo (ZUCCHI, 2014; LAZZARINI; VIANA, 2006; LIMA et al., 2015 apud OLIVEIRA; WINTER, 2019).
Pessoas que possuem este transtorno apresentam características que são comumente confundidas com outros transtornos, como o transtorno de personalidade narcisista, o borderline e o transtorno de personalidade dependente. Dentre os sintomas se destacam, expressividade emocional acentuada, sendo extremamente sensíveis e propensas a reações exageradas. Sua instabilidade emocional é notável, manifestando-se em mudanças rápidas de humor e comportamento (DSM-5-TR). Além disso, elas tendem a dar grande importância à própria aparência, escolhendo um estilo de vestir chamativo para atrair a atenção dos outros, e estão sempre em busca de elogios e aprovação. Segundo Dalgalarrondo (2019, p. 316), “no transtorno da personalidade histriônica, verifica-se com alguma frequência um humor infantilizado, superficial, com alta vulnerabilidade a estímulos emocionais do ambiente.”
Em relação ao tratamento do TPH, várias abordagens psicoterapêuticas podem ser eficazes. Pesquisas sugerem que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é eficaz na diminuição dos sintomas relacionados ao Transtorno de Personalidade Histriônica, além de contribuir para melhorias no funcionamento social e interpessoal dos pacientes, ao favorecer um maior controle emocional e uma percepção mais equilibrada de sua própria identidade (RIBEIRO; MENO et al., 2024).Porém segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997, p.147), estudos mostraram que o Transtorno de Personalidade Histriônica está frequentemente associado a problemas como transtornos de somatização e abuso de álcool, neste caso uma abordagem integrada que leve em consideração essas condições pode ser mais eficaz.
O objetivo deste estudo é analisar, a partir de uma perspectiva crítica das revisões bibliográficas, as principais características do Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) e, com uma abordagem clínica, identificar as psicoterapias mais utilizadas em seu tratamento. Além disso, buscamos mapear os estudos mais recentes sobre o tema e acompanhar a evolução dos tratamentos ao longo do tempo.
REFERENCIAL TEÓRICO
O Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) corresponde a um grupo de condições chamado “transtornos dramáticos ou erráticos”, conforme a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).O próprio termo “histriônico”, do latim histrionicus, significa “dramático” ou “teatral”. Ele está na mesma categoria que o Transtorno de Personalidade Narcisista, Borderline e Antissocial (DSM-5)
De acordo com Shapiro (1965), por mais que a repressão seja de certa forma significativa no desenvolvimento da patologia histérica, ele entendia que o “estilo neurótico” da pessoa histérica não se baseia apenas a excluir conteúdo ideais ou emocionais específicos da consciência de uma pessoa (SHAPIRO, 1965, apud NARANJO, 1996, p. 129).
O entendimento de Shapiro (1965), a cognição do paciente histérico é completo, extenso e vazio, independentemente do conteúdo. E assim se tornando incapaz de ter uma intensa ou coerente concentração intelectual, sendo uma pessoa geralmente fácil e distraído, podendo apresentar um conhecimento geral deficiente, mesmo em controle que não é provável assumir sujeitos à influência da repressão (SHAPIRO, 1965, apud NARANJO, 1996, p. 129).
Beck (1976) acreditava que uma conceptualização cognitiva do paciente com histeria, se relacionava mais com a histeria de conversão do que com o transtorno de personalidade histriónica. Millón (1981) apresentou a “teoria da aprendizagem biossocial” em relação a esta desordem, que segundo ele o transtorno de personalidade histriónica concorda com o padrão da personalidade dependente ativa (BECK, 1976; MILLÓN, 1981, apud NARANJO, 1996, p. 131).
Uma das hipóteses subentendidas do indivíduo diagnosticado com transtorno de personalidade histriónica é “Sou inadequado e incapaz de gerir a vida sozinho.” Outras confusões também poder ser baseadas numa hipótese análoga, é mais a forma como o sujeito encontra esta crença que especificamente distingue o transtorno de personalidade histriónica. Exemplo, indivíduos depressivos com esta ideia básica enfatizam aspetos negativos de si mesmos: na maioria das vezes se sentem indignos e indefesos. Já os indivíduos com transtorno de personalidade de alguma dependência por maioria das vezes optam por destacar a sua impotência e esperar passivamente que alguém que cuide deles.
Os indivíduos com transtorno de personalidade histriônica tendem serem mais programáticos, não deixando as coisas ao acaso. E pensam que, por não conseguirem cuidar de si mesmos, precisam encontrar uma forma para que os outros cuidem deles. Em resposta, se comprometem-se a procurar a atenção e aprovação, com o intuito de garantir que os outros satisfaçam as suas necessidades.
Eles consideram que outras pessoas são de suma importância para a sua sobrevivência no mundo, o paciente diagnosticado com transtorno de personalidade histriônica também tende a acreditar que é necessário que todos a sua volta o ame pelo que faz, e tenha a atenção das pessoas. Essa forma de pensar cria um grande medo de rejeição.
Mesmo acreditando de que a rejeição pode ser uma realidade é extremamente ameaçadora. Qualquer ameaça de rejeição é avassaladora para esse indivíduo, mesmo que a pessoa que o rejeitou não seja tão importante para o paciente. Porque ele adquiriu com a rejeição um sentimento de inutilidade, e se desespera em busca de aprovação como a sua única hipótese de salvação, a pessoa com transtorno de personalidade histriónica não consegue relaxar ou deixar a realização desse objetivo em vão. Em vez disso, sente uma obrigação constante de qualquer forma atrair a atenção por meios de dramas que aprendeu. As histriónicas femininas (assim como histriônicas masculinas) dão a impressão de terem sido recompensadas desde cedo por serem bonitas, pela sua aparência física, ao invés de sua competência ou por qualquer esforço que impusesse pensamento e roteiros sistemáticos. As histriónicas “masculinas” aprenderam a desempenhar um papel masculino externamente, pois foram recompensadas pela masculinidade, incultura e poder, em vez da sua real capacidade ou capacidade de resolução de problemas. Sendo assim é de certa forma compreensível que as histriónicas masculinas e femininas aprendam a focar-se na interpretação de papéis e utilizar de “performance teatral” para com os outros.
O indivíduo com TPH vive uma luta interna constante para agradar aos outros, e não é necessariamente disfuncional por si só. As pessoas histriónicas focam tanto nesta estratégia de agradar os outros que vão muito além do que realmente é eficaz.
As pessoas diagnosticadas com transtorno de personalidade histriónica se veem como pessoas sociáveis, amigáveis e agradáveis. E de fato, no início podem transparecer ser encantadoras. Porém, com o passar da convivência com as outras pessoas, o encanto desaparece, e começam a mostrar sua verdadeira realidade de pessoas exigentes e necessitadas de apoio constante. Em suas tentativas de receber aceitação e aprovação, realizam várias manobras. Tentando ser assertivo e pedir diretamente o que se quer representar o risco de rejeição, por isso muitas das vezes aplicam abordagens mais indiretas, como usar a manipulação, mas se estes métodos mais subtis falharem recorrem à intimidação, coação, surto de mau feitio e ameaça de suicídio.
Wilhelm Reich, acreditava que o indivíduo histriónico tende a assumir que, se sente inadequado, e estúpido. Em relação as abordagens de tratamento pouco se têm escrito sobre o tratamento da histeria do ponto de vista comportamental, e dessas poucas obras existentes ainda foram limitadas ao tratamento da histeria de conversão e confusão de somatização (REICH, apud NARANJO, 1996, p. 130).
Segundo Naranja, utilizando dos mesmos critérios dos autores anteriores, Woolson e Swanson (1972) apresentaram uma abordagem ao tratamento de “quatro mulheres com histéria” essa abordagem é principalmente psicodinâmica, e inclui alguns componentes comportamentais (WOOLSON; SWANSON, 1972, apud NARANJO, 1996, p. 130).
Foram usados diagramas e gráficos para ensinar comportamentos mais empáticos aos pacientes, e com esse experimento também aprenderam a reforçar de forma seletiva os seus parentes para melhorar as relações interpessoais. As abordagens que descrevemos são focadas nas mudanças do comportamento histriónico interpessoal; no entanto, o modelo cognitivo do transtorno de personalidade histriónica apresentado nessa pesquisa sugere que também seria um importante objetivo para ajudar o indivíduo a passar de um estilo de pensamento global e impressionista para um pensamento que seja mais sistemático e centrado em problemas. Se tem a ideia de que temos que “ensinar os histéricos a pensar e os obsessivos a sentir”. Com essa ideia de pensamento característico do paciente com transtorno de personalidade histriónica é nitidamente desordenado em muitos aspetos, sendo assim a terapia cognitiva pode trazer um tratamento particularmente mais adequado.
Esta definição do transtorno de personalidade histriónica nos sugere que para alcançar mudanças que persistem muito depois do tratamento terminar, é necessário questionar se os pressupostos subentendidos “Sou inadequado e incapaz de gerir a minha vida sozinho” e “Preciso de ser amado (por todos e sempre).”
MÉTODO
Com essa pesquisa empregou-se uma abordagem metodológica que faz a combinação de exploração do material referencial, além de análise e descrição. A pesquisa foi fundamentada em uma nova leitura integrativa existente. O principal objetivo desse estudo foi unir, resumir e avaliar resultados de estudos feitos anteriormente, sobre Transtorno da Personalidade Histriônica.
Para Gil (2008, p 41), a pesquisa exploratória tem como registro proporcionar maior familiaridade com o problema, objetivando maior clareza na construção de hipóteses de estudo.
Esse estudo uniu informações previamente publicadas, nos mostrando uma visão analítica e estruturada do conhecimento atual. Nesse trabalho utilizou-se uma metodologia com diversas estratégias e tipos de pesquisa, assim nos permitindo uma melhor avaliação da qualidade e a coerência das evidências e integrar os resultados.
Para a coleta de dados, foi utilizada a base de dados Scielo, além de livros científicos. Foram analisadas e consideradas várias categorias de publicações anteriores, como artigos acadêmicos e estudos.
Os critérios de inclusão dos artigos utilizados foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2018 e 2024. Artigos não científicos, foram excluídos.
Exemplos resumos, textos incompletos, dissertações e teses. Foi feita a seleção de estudos com critérios rigorosos com inclusão e exclusão. Após a análise e definição dos critérios, após essa construção, realizou-se uma busca detalhada com base em pesquisa utilizando os descritores e verídicos.
Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.
RESULTADOS
A revisão das estratégias terapêuticas para o Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) revela uma diversidade de abordagens com diferentes níveis de eficácia. Entre elas, destaca-se a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) como uma das intervenções mais bem estudadas e promissoras. A TCC foca na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, ajudando pacientes a lidar com a necessidade constante de atenção e a tendência a comportamentos exagerados.
Estudos recentes indicam que a TCC contribui significativamente para a redução dos sintomas histriônicos, promovendo melhorias no funcionamento interpessoal, autorregulação emocional e construção de uma autoimagem mais equilibrada (Torrico et al., 2024).
Outra abordagem amplamente explorada é a Terapia Psicodinâmica, que busca compreender os conflitos internos e as origens inconscientes dos comportamentos histriônicos. Essa abordagem permite ao paciente ganhar insights sobre as motivações subjacentes de seus comportamentos e desenvolver uma autoimagem mais estável e menos dependente de validação externa.
Embora os resultados possam ser mais lentos em comparação à TCC, a terapia psicodinâmica é frequentemente associada a mudanças profundas e duradouras no padrão comportamental (Van den Heuvel et al., 2023).
Intervenções baseadas no desenvolvimento de habilidades sociais também têm se mostrado eficazes no manejo do TPH. Programas de treinamento em comunicação assertiva e regulação emocional ajudam os pacientes a melhorarem suas interações sociais, reduzindo impulsividade e a busca exacerbada por atenção. Essas estratégias complementam terapias centrais, fornecendo ferramentas adicionais para o enfrentamento diário dos sintomas (Moura.Faria Soares.2019).
No contexto farmacológico, embora não existam medicamentos aprovados especificamente para o TPH, antidepressivos e ansiolíticos têm sido utilizados para tratar comorbidades, como depressão e ansiedade, que frequentemente coexistem com o transtorno. A combinação de intervenções farmacológicas e psicossociais fornece uma abordagem mais abrangente, especialmente em casos de maior gravidade ou resistência ao tratamento (Ekselius, 2018).
Os resultados sugerem que a personalização do tratamento, com a integração de abordagens psicossociais e farmacológicas, é essencial para atender às necessidades individuais dos pacientes. Assim, a TCC surge como uma ferramenta central para o manejo dos sintomas, enquanto a psiquiatria complementa o tratamento em casos de comorbidades ou sintomas refratários. Uma abordagem multidisciplinar, portanto, é fundamental para o sucesso terapêutico no TPH (D’Huart et al., 2023).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegou-se à conclusão de que na revisão das abordagens terapêuticas para o TPH, que existe eficácia de várias estratégicas, surgindo como intervenções principais a terapia psicodinâmica e a terapia cognitivo comportamental. Em relação ao TCC ele se mostra muito eficaz na diferenciação de padrões do pensamento disfuncional e na elevação das habilidades de regulação emocional, por outro lado a terapia psicodinâmica oferece insights mais profundos em relação aos conflitos internos e motivações subjacentes dos pacientes.
Além disso, as intervenções baseadas em habilidades sociais e o uso do tratamento farmacológico para sintomas concorrentes ampliam as opções disponíveis para o manuseio do transtorno.
A personalização das abordagens terapêuticas, adaptando-as às necessidades e características individuais de cada paciente, é de suma importância para aprimorar os resultados. Essa combinação de terapias psicossociais com as estratégias farmacológicas, quando bem aplicado, tem o resultado uma abordagem mais ampla e eficaz para o tratamento do transtorno de personalidade histriônica.
A constância de pesquisas e a melhoria nas adaptações de práticas clínicas com base em novas certezas são importantíssimas para melhorar as intervenções e elevar um tratamento mais eficaz e individualizado.
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[1] Graduanda em Psicologia no Centro Universitário São Roque. E-mail: amanda.correa@uni9.edu.br
[2] Graduanda em Psicologia no Centro Universitário São Roque. E-mail: pimentel.amanda@uni9.edu.br
[3] Graduanda em Psicologia no Centro Universitário São Roque. E-mail: andressa.sr@uni9.edu.br
[4] Graduanda em Psicologia no Centro Universitário São Roque. E-mail: kelli.machado@uni9.edu.br
[5] Mestre em Psicogerontologia; Docente de Graduação em Psicologia – Centro Universitário São Roque. E-mail: damiao.rocha@unisaoroque.pro.br