REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202501121058
Diego Barbosa Rocha1; Kemberly Norrany Alves Ferreira da Silva1; Henrique Andrade Barbosa1; Patrícia Fernandes do Prado2; Letícia Lima Silva de Abreu2; Edna de Freitas Gomes Ruas2; Bruno Carpegiane Ornelas Deles2; José Elson Amaral dos Santos3; Giselly Souza Silva4; Elisabete Cordeiro Muniz1; Lavínia Verdade Gonçalves Ramos3; Cristiano Leonardo de Oliveira Dias2; Welberth Leandro Rabelo Pinto3; Aline Gonçalves Ferreira2; Émile Lilian Pereira de Oliveira3; Ana Carolina Costa Maia Pinheiro2; Simone Guimarães Teixeira Souto2; Laudileyde Rocha Mota4
RESUMO
Introdução: Em março de 2020 iniciou-se a pandemia pelo COVID-19, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma emergência internacional de saúde pública, influenciando os países a adotarem medidas de prevenção como o distanciamento social através de quarentenas, diante da situação caótica muitas pessoas desenvolvem doenças como ansiedade e depressão durante a pandemia evidenciado pela tristeza persistente, oscilações de humor e até pensamentos suicidas. Perante o contexto, o transtorno pós-traumático (TEPT) pode se desenvolver logo após o presenciamento de ameaça ou morte, ferimentos graves, violência sexual ou até mesmo um período de angustia. Em relação aos estudantes de graduação em geral, pesquisas afirmaram que no primeiro semestre de 2020 eles apresentaram comportamentos ansiosos e depressivos independente da área de atuação. Objetivo: Foi identificado as alterações comportamentais relacionadas ao estresse pós-traumático nos acadêmicos. Metodologia: O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa de abordagem quantitativa, descritiva, de corte transversal e também com caráter qualitativo. A coleta de dados se deu através da utilização de um questionário online. O presente trabalho teve como população pesquisada os acadêmicos das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FASI/FUNORTE. A amostra foi constituída pelos cursos da área da saúde, pessoas de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FASI/FUNORTE para aprovação. Resultados: Através da aplicação do questionário por meio de link em redes sociais, nas instituições de pesquisa, houve o resultado de resposta de 13 universitários, gênero masculino e feminino, dentre eles idades entre 17 e 30 anos, destaca-se que mais da metade destes confirmaram que buscou assistência psicoterapêutica no período de pandemia. assim para melhor avaliação foi utilizado a ferramenta PCL-C ao qual tem uma lista de problemas e queixas que as pessoas às vezes apresentam como uma reação a situações de vida estressantes. Conclusão: Os resultados obtidos através da pesquisa reforçam a ideia de que as práticas assistenciais são extremamente importantes em todo elo de uma equipe multidisciplinar, que busque atuar em conjunto em todos processo de terapêutico a saúde mental dos universitários, principalmente em situações de estresse pós-traumático ao qual foi o processo do período pandêmico. Dessa forma, evidenciou-se que as ações voltadas para esse público são de impacto significativamente relevante, visto que os universitários da pesquisa serão os futuros profissionais do mercado de trabalho.
Palavras-chave: Comportamento. Universitários. Pandemia.
INTRODUÇÃO
Em março de 2020 iniciou-se a pandemia pelo COVID-19, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma emergência internacional de saúde pública, influenciando os países a adotarem medidas de prevenção como o distanciamento social através de quarentenas, diante da situação caótica muitas pessoas desenvolvem doenças como ansiedade e depressão durante a pandemia evidenciado pela tristeza persistente, oscilações de humor e até pensamentos suicidas (DIAS et al., 2021). Estudos comprovam que pandemias anteriores sob medidas de quarentena apresentaram consequentemente interrupção das atividades rotineiras, assim, foram associadas aos sintomas característicos de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), além de uma alta prevalência de diversos outros tipos de distúrbios emocionais, como ansiedade, depressão, irritabilidade e insônia. Contudo ainda existem outras características de respostas psicossociais ao surto levando em consideração cada tipo de pessoa, houve alguns relatos de sentimentos de insegurança, incerteza em relação ao futuro e até mesmo medo de morte (SILVA; ROSA, 2021).
Perante o contexto, o TEPT pode se desenvolver logo após presenciar ameaça ou morte, ferimentos graves, violência sexual ou até mesmo um período de angustia. Os sintomas incluem lembranças intrusivas, negação de estímulos que lembrem o trauma, alterações na cognição, humor rebaixado ao nível de tristeza e hiperexcitação. Portanto sabe-se que a capacidade sociofuncional dos acometidos pelo transtorno é extremamente prejudicada, sendo o TEPT caracterizado como um problema de saúde pública, Entretanto, passar por uma situação eventual traumática ao decorrer da vida não seja uma situação extremamente rara, estudos apontam que cerca de 6 em cada 10 homens e 5 em cada 10 mulheres tenham sofrido pelo menos um trauma ao longo da vida (DURAN et al., 2020).
Em relação aos estudantes de graduação em geral, pesquisas afirmaram que no primeiro semestre de 2020 eles apresentaram comportamentos ansiosos e depressivos independente da área de atuação, Portanto, isso é justificado o aumento do sedentarismo, uso de dispositivos eletrônicos e até mesmo abuso de álcool e drogas, Além do mais, foram observados fatores como a interrupção da socialização e afetos negativos, em universitários durante as duas primeiras semanas de confinamento (MARIN et al., 2021). Diante da complexidade do curso de enfermagem em estar diretamente ligado a assistência direta, lidando com os limites humano como nascimento e morte, os estudantes desse curso estão propícios ao desenvolvimento de sentimentos de incapacidade, estresse pós-traumático e consequentemente a diminuição do rendimento acadêmico e assistência durante os estágios (SANTOS et al., 2018).
De acordo com o exposto acima, levando em consideração o atual panorama de saúde pública que afeta diretamente no desempenho estudantil, pessoal e profissional durante a formação acadêmica e que desenvolvem diversas consequências psicológicas e físicas prejudiciais com resultados momentâneos ou permanentes, reflete-se sobre a importância da investigação da ocorrência do transtorno do estresse pós-traumático em acadêmicos. Buscou-se as alterações comportamentais relacionadas ao estresse após o decreto da pandemia de COVID-19.
No âmbito universitário não é rara a constatação de elevada prevalência dos fatores de risco para adoecimento psíquico e físico, principalmente em estudantes de cursos da área da saúde que têm carga horária extensa. Esses determinantes são agravados pela interferência dos hábitos de vida e outros fatores como obesidade, sedentarismo, uso excessivo de álcool, cigarro, além do estresse a qual é submetida essa população. Neste sentido, e devido a pandemia e o atual cenário da saúde mundial e isolamento social muitos acadêmicos foram submetidos ao modelo remoto de ensino. Em virtude disso, foi necessário conhecer os comportamentos dos universitários no período pós-pandemia, visto que isto evidenciou casos de estresse pós-traumático, uma vez que pouco se conhece acerca dos impactos deste tempo sobre a saúde dos acadêmicos.
METODOLOGIA
O estudo baseou-se em um método de pesquisa quantitativo, descritivo, analítico e transversal. Dessa forma, este estudo foi desenvolvido como um subprojeto e/ou parte integrante do projeto “Determinantes comportamentais dos acadêmicos após decreto da pandemia Covid-19”.
O estudo foi conduzido em duas faculdades particulares, localizadas na cidade de Montes Claros – MG, Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE e Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna – FASI. A população-alvo de análise da presente pesquisa foi composta por 13 acadêmicos, e como amostra os estudantes especificamente dos cursos da área da saúde. Assim, foi utilizado um questionário de levantamento de dados do perfil acadêmico, sociodemográfico e econômico, com intuito de aplicar a lista de verificação Posttraumatic Stress Disorder Checklist – Civilian Version – PCL-C, que se trata de uma ferramenta utilizada para o rastreamento de sintomas do TEPT (LAWRENZ; PEUKER; CASTRO; 2016).
A coleta de dados da pesquisa se deu através da modalidade de processo online. Onde foram encaminhados aos estudantes os questionários em formato documento do Google, por link, disponibilizados nas redes sociais e e-mail. O link não foi liberado para o acadêmico que estava em horário de aula ou em outras atividades acadêmicas. E integrado ao questionário, foi concedido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE que constitui da assinatura digital no caso de escolha da opção “aceito”.
A análise dos dados foi realizada a partir da utilização do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®) versão 20.0 for Windows® e, posteriormente, submetidos a tratamentos estatísticos específicos. Assim, foi feita a análise descritiva com verificação de frequências relativas e absolutas, medidas de tendência central e de dispersão, associação de variáveis categóricas utilizando o teste quadrado de Pearson. Para todos os testes estatísticos foi considerado o nível de significância p valor <0,05. Após os resultados foram comparados e discutidos de acordo com a literatura pesquisada e o olhar dos pesquisadores.
Foram seguidos os preceitos éticos da Resolução 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sendo assim, o presente projeto passou pela apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) a fim de obter a aprovação para execução. Os nomes dos participantes foram mantidos em sigilo absoluto. O projeto maior, do qual este estudo deriva, foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa para apreciação e foi emitido o parecer consubstanciado de aprovação número 4.583.539 de 10 de Março de 2022.
RESULTADOS
Através da aplicação do questionário por meio de link em redes sociais, nas instituições de pesquisa, houve o resultado de resposta de 13 universitários, gênero masculino e feminino, dentre eles idades entre 17 e 30 anos, destaca-se que mais da metade destes confirmaram que buscou assistência psicoterapêutica no período de pandemia. assim para melhor avaliação foi utilizado a ferramenta PCL-C ao qual tem uma lista de problemas e quiexas que as pessoas às vezes apresentam como uma reação a situações de vida estressantes. Assim, os avaliados indicaram de forma objetiva o quanto foram incomodados por determinados problemas durante o último ano. Dessa forma, eles marcaram “nada”, “um pouco”, “médio”, “bastante” e “muito”.
Tabela 1: Dados devidamente apurados por pesquisa.
Variável | n | % |
Memória, pensamentos e imagens repetitivos e perturbadores referentes a uma experiência estressante do passado? | ||
Nada | 1 | 7,7% |
Um pouco | 2 | 15,4% |
Médio | 4 | 30,8% |
Bastante | 3 | 23,1% |
Muito | 3 | 23,1% |
Sonhos repetitivos e perturbadores referentes a uma experiência estressante do passado? | ||
Nada | 3 | 23,1% |
Um pouco | 3 | 23,1% |
Médio | 1 | 7,7% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 4 | 30,8% |
De repente, agir ou sentir como se uma experiência estressante do passado estivesse acontecendo de novo (como se você a estivesse revivendo)? | ||
Nada | 1 | 7,7% |
Um pouco | 4 | 30,8% |
Médio | 3 | 23,1% |
Bastante | 3 | 23,1% |
Muito | 2 | 15,4% |
Sentir sintomas físicos (por exemplo, coração batendo forte, dificuldade de respirar, suores) quando alguma coisa lembra você de uma experiência estressante do passado? | ||
Nada | 4 | 30,8% |
Um pouco | 1 | 7,6% |
Médio | 1 | 7,6% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 5 | 38,5% |
Evitar pensar ou falar sobre uma experiência estressante do passado ou evitar ter sentimentos relacionados a esta experiência? | ||
Nada | 3 | 23,1% |
Um pouco | 3 | 23,1% |
Médio | 0 | 0% |
Bastante | 3 | 23,1% |
Muito | 4 | 30,8% |
Dificuldades para lembrar-se de partes importantes de uma experiência estressante do passado? | ||
Nada | 2 | 15,4% |
Um pouco | 6 | 46,2% |
Médio | 2 | 15,4% |
Bastante | 1 | 7,6 |
Muito | 2 | 15,4% |
Perda de interesse nas atividades de que você antes costumava gostar? | ||
Nada | 2 | 15,4% |
Um pouco | 3 | 23,1% |
Médio | 2 | 15,4% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 4 | 30,8% |
Sentir-se distante ou afastado das outras pessoas? | ||
Nada | 2 | 15,4% |
Um pouco | 3 | 23,1% |
Médio | 1 | 7,6% |
Bastante | 5 | 38,5% |
Muito | 2 | 15,4% |
Sentir-se emocionalmente entorpecido ou incapaz de ter sentimentos amorosos pelas pessoas que lhe são próximas? | ||
Nada | 7 | 53,8% |
Um pouco | 1 | 7,6% |
Médio | 1 | 7,6% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 2 | 15,4% |
Sentir como se você não tivesse expectativas para o futuro? | ||
Nada | 3 | 23,1% |
Um pouco | 5 | 38,5% |
Médio | 1 | 7,6% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 2 | 15,4% |
Ter problemas para pegar no sono ou para continuar dormindo? | ||
Nada | 2 | 15,4% |
Um pouco | 5 | 38,5% |
Médio | 2 | 15,4% |
Bastante | 1 | 7,6% |
Muito | 3 | 23,1% |
Sentir-se irritável ou ter explosões de raiva? | ||
Nada | 2 | 15,4% |
Um pouco | 4 | 30,8% |
Médio | 3 | 23,1% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 2 | 15,4% |
Ter dificuldades para se concentrar? | ||
Nada | 2 | 15,4% |
Um pouco | 4 | 30,8% |
Médio | 1 | 7,6% |
Bastante | 2 | 15,4¨% |
Muito | 4 | 30,8% |
Estar “superalerta”, vigilante ou “em guarda”? | ||
Nada | 1 | 7,7% |
Um pouco | 2 | 15,4% |
Médio | 5 | 38,5% |
Bastante | 3 | 23,1% |
Muito | 2 | 15,4% |
Sentir-se tenso ou facilmente sobressaltado? | ||
Nada | 1 | 7,7% |
Um pouco | 2 | 23,1% |
Médio | 4 | 30,8% |
Bastante | 2 | 15,4% |
Muito | 3 | 23,1% |
Fonte: elaboração própria.
Diante da avaliação dos resultados obtidos, os principais pontos que despertaram a atenção foram onde 6 pessoas, que representam 46,2% relataram Um Pouco de “Dificuldades para lembrar-se de partes importantes de uma experiência estressante do passado” . Outro ponto que também despertou o interesse foi onde 7 pessoas, que representam 53,8% relataram Nada em relação a “Sentir-se emocionalmente entorpecido ou incapaz de ter sentimentos amorosos pelas pessoas que lhe são próximas”. Por fim, 5 pessoas que representam 38,5% relataram Muito em “Sentir sintomas físicos (por exemplo, coração batendo forte, dificuldade de respirar, suores) quando alguma coisa lembra você de uma experiência estressante do passado”.
DISCUSSÃO
Frente ao estresse e à ansiedade, podemos apresentar respostas involuntárias/ automáticas e respostas voluntárias. Se apresentamos mais respostas involuntárias, quer dizer que estamos apenas reagindo à situação, tendo pouco controle sobre nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos frente ao estresse. Dessa forma, podemos ter mais dificuldade para lidar com os acontecimentos. A situação apresentada a seguir é um exemplo: ter pensamentos repetitivos, que invadem a nossa mente de forma automática atrapalhando as nossas atividades cotidianas, como conseguir dormir ou prestar atenção em algum assunto (Weide et al. 2020).
Nas respostas voluntárias, temos maior controle sobre nós mesmos frente às situações estressantes e que causam ansiedade. Esse tipo de enfrentamento do estresse permite que possamos reagir de forma a superar as dificuldades com mais facilidade. Um exemplo que ilustra essa situação é o seguinte: fazer chamadas de vídeo para pessoas importantes, que consigam acolher os seus sentimentos. Esse comportamento pode promover a sensação de proximidade, mesmo que as pessoas estejam fisicamente afastadas (Weide et al. 2020).
Wang et al. (2020) realizaram um estudo em 194 cidades da China com a participação 1210 pessoas entre 21 e 30 e encontraram com sintomas moderados ou severos de ansiedade 28,8% e 8,1% de estresse, com diferenças significativas por sexo. Esses resultados são um pouco diferentes do presente estudo visto que encontramos diferenças significativas dos níveis de estresse, por sexo, apenas entre os docentes. Outros estudos, tais como os de Wenjuan et al. (2020), encontraram maiores indicadores de estresse e ansiedade em mulheres. Dessa forma, as médias das escalas foram maiores entre as mulheres, tanto docentes quanto discentes, porém com diferenças não significativas. No entanto, durante o período de crise econômica identificaram aumento desses sintomas entre os homens.
Os aspectos da saúde mental investigados nos artigos científicos foram ansiedade, depressão, estresse, solidão e sofrimento mental. Há um consenso majoritário dos fatores estressores abordados na literatura referente a sexo, idade, renda e ocupação laboral. Nível de escolaridade, dividir moradia, histórico pregresso de problemas de saúde e estado civil também foram apontados como fatores estressores. Assim, 16 artigos (55%) citam o sexo feminino, 20 artigos (69%), a idade mais jovem e 11 artigos (38%), o desemprego ou a perda financeira. Além disso, 7 artigos (24%) citam como fatores estressores a menor renda enquanto 6 deles (20%) citam ser do grupo de risco morar sozinho e apresentar histórico de problemas em saúde mental. apenas 5 artigos indicam a baixa escolaridade e ser solteiro como fatores associados ao adoecimento mental (MEIRELLES et al. 2022).
O perfil predominante dos estudantes da graduação de enfermagem do campus universitário do interior do estado do Rio de Janeiro que compôs a presente pesquisa é caracterizado por mulheres jovens, solteiras, que mudaram de cidade, residem sozinhas ou com pessoas que não compõem o seu núcleo familiar. Estas características podem ser potencializadoras das dificuldades enfrentadas na graduação, como mostrou um estudo realizado com estudantes de enfermagem, que apontou o sexo feminino, a idade mediana de 20 anos, a distância familiar, os problemas financeiros e os emocionais como fatores influentes no desenvolvimento de sentimentos negativos e estresse. Em consonância com os resultados, um estudo realizado em uma universidade pública no sul do país, constatou que as participantes eram, em sua maioria , solteiras (72%), com média de idade de 25 anos e não trabalhavam. apesar da maioria dos participantes não trabalharem, considera-se uma queda na renda familiar durante o período pandémico (BRUN et al. 2022).
Os resultados confirmam um aumento significativo de perturbação psicológica (ansiedade, depressão e estresse) entre os estudantes universitários no período pandêmico comparativamente a períodos normais. Esses resultados vão ao encontro de outros estudos internacionais que analisaram o efeito psicológico da COVID-19 e de outras pandemias (Wang et al., 2020; Weiss & Murdoch, 2020). As informações transmitidas pelos diversos meios, bem como a discussão que se colocou socialmente a propósito das medidas de confinamento, podem ter contribuído para o aumento das pontuações médias. Apesar de, naquela altura, ainda não serem contabilizados os óbitos, o acompanhamento da situação em nível global e o aumento dos casos positivos para COVID-19 parecem ter gerado níveis de ansiedade, depressão e estresse entre os estudantes universitários, mesmo se sabendo que este não seria um grupo de maior risco em termos de letalidade (Weiss & Murdoch, 2020; Zhou et al., 2020).
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos através da pesquisa reforçam a ideia de que as práticas assistenciais são extremamente importantes em todo elo de uma equipe multidisciplinar, que busque atuar em conjunto em todos processo de terapêutico a saúde mental dos universitários, principalmente em situações de estresse-pós traumático ao qual foi o processo do período pandêmico. Dessa forma, evidenciou-se que as ações voltadas para esse público são de impacto significativamente relevante, visto que os universitários da pesquisa serão os futuros profissionais do mercado de trabalho.
Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas voltadas para esta temática, que façam coletas de dados com informações mais aprofundadas, reforçando a importância da atenção de todos os profissionais de saúde a uma discussão mais detalhada para buscar proporcionar o melhor tipo de assistência aos universitários, assim possibilitando a redução dos casos de estresse-pós traumático, causando um impacto de motivação frente às dificuldades principalmente encorajá-los para futuros novos processos da vida.
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