REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7643006
Ângela Maria Gularte Arnaut
Orientadora: Profa. Ms. Maria Ivanildes da Silva Azevedo
1. INTRODUÇÃO
A ansiedade leva o sujeito a reações muito próximas ao medo, o que até certo ponto é algo benéfico ao nosso organismo e nos ajuda a se proteger em situações que envolvem riscos reais, porém em muitos casos essas reações se encontram por acaso, e necessitam de atenção, pois são sintomas disfuncionais, que sugerem uma patologia que nesse caso é necessário um tratamento adequado.
Segundo Dalgalarrondo “ansiedade é definida como estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável (2019, p. 163)”. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 também traz uma definição “…ansiedade a antecipação de ameaça futura (2014, p. 189)”. Logo, se observa que o termo ansiedade se refere a uma resposta emocional produzida pelo ser humano ao ficar apreensivo diante de um evento, e às vezes pode ocorrer até crise, como em uma apresentação de monografia, por exemplo.
Porém, essa apreensão eventual é algo diferente de sintomas físicos e mentais que produzem adoecimento psíquico como no caso de Transtorno de Ansiedade Generalizada, o qual traz características próprias, excessivas, perturbações, sintomas como sensações físicas e psicológicas negativas que afetam o comportamento do sujeito.
Na ansiedade generalizada há uma descarga de sintomas tanto físicos quanto psicológicos, duradouros, que se faz presente sem um motivo aparente, que é uma das principais características que difere a ansiedade generalizada da crise ansiosa, já que esta segunda haverá sempre uma questão ou um motivo anterior, levando ao aparecimento de diversas reações do nosso organismo, como já foi dito anteriormente, reações de defesa perante as situações de ameaça, que serão cessadas logo que o organismo se sentir seguro novamente.
Nesse sentido Dalgalarrondo descreve características do Transtorno de Ansiedade Generalizada “presença de sintomas ansiosos excessivos, na maior parte dos dias, por vários meses. A pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, permanentemente nervosa ou irritada (2019, p. 365)”. E o DSM-5 corrobora descrevendo Transtorno de Ansiedade Generalizada como “preocupações excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional) (2014, p. 222)”. Diante de tais traços de evidências se verifica que para ser considerado patológico requer sintomas físicos (cefaleia, taquicardia) e psíquicos em excesso, com uma certa frequência e que perdure por no mínimo seis meses, vindo a causar prejuízo no cotidiano escolar, se acadêmico, ou profissional.
Ainda considerando a descrição do DSM-V tem como identificar tal transtorno através das características como segue:
As características principais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação persistentes e excessivas acerca de vários domínios, incluindo desempenho no trabalho e escolar, que o indivíduo encontra dificuldade em controlar. Além disso, são experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou sensação de “nervos à flor da pele”; fatigabilidade; dificuldade de concentração ou “ter brancos”; irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono (DSM-V, 2014, p. 223).
Nos últimos anos a prevalência da ansiedade na população brasileira tem sido cada vez mais evidente, porém, parte da população não sabe diferenciar um transtorno de ansiedade generalizada de uma crise ansiosa momentânea e específica, por isso, está pesquisa visa apresentar estas distinções, além de elencar formas manejo e diagnósticos para tal fenômeno psíquico.
2. PROBLEMA
O que diferencia o Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG) de uma crise ansiosa?
3. HIPOTESE
- O transtorno de ansiedade generalizado é duradouro e caracteriza-se como sendo uma ansiedade excessiva e exagerada com os eventos da vida cotidiana sem motivos óbvios;
- Uma crise ansiosa é passageira e manifesta-se diante de situações de específicas e pontuais.
4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Distinguir transtorno de ansiedade generalizado de crise ansiosa, utilizando como base principal o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM- V).
4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
- Diferenciar TAG de crise de ansiedade, principalmente seus sintomas;
- Explanar como é feito o diagnóstico bem como o tratamento do TAG;
- Indicar formas de manejo aplicáveis no cotidiano;
- Elaborar um vídeo explicativo abordando os principais tópicos desse projeto a fim de apresentá-los a sociedade.
5. JUSTIFICATIVA
Esta é uma pesquisa realizada por alunos matriculados na disciplina de Projeto Integrador, ministrada no quinto período do curso de Psicologia, e tem como objetivo debater sobre saúde mental.
A principal motivação para a escolha do tema do presente projeto de pesquisa, reside no fato de os acadêmicos terem notado que uma parte da população não sabe diferenciar um transtorno de ansiedade generalizada de uma crise ansiosa ocasionada por uma situação especifica, causando-lhes assim muitas dúvidas, confusões e dificultando a procura por ajuda adequada.
Desta maneira, o projeto justifica-se por se apresentar como um instrumento importante e contribuinte no que se refere a transmissão de informações de cunho científico no qual ajudará a sanar dúvidas, e contribuirá para a melhoria da saúde mental do respectivo público.
6. REFERENCIAL TEÓRICO
A ansiedade pode se apresentar como um sinal de alerta frente a uma ameaça de perigo, sinalizando com sentimentos de medo, apreensão e tensão. Tais sensações, quando em equilíbrio com nossas reações, se apresentam como normais e até necessárias para nossa sobrevivência. Mas há uma linha tênue entre uma crise de ansiedade considerada comum e a ansiedade patológica, ou seja, a ansiedade generalizada.
Segundo Dalgalarrondo (2019) a ansiedade generalizada é caracterizada a partir de sintomas excessivos e persistentes, por vários meses seguidos. São corriqueiros sintomas como insônia, dificuldade em relaxar, angústia permanente, irritabilidade e falta de concentração; além de sintomas físicos como a cefaleia, dores musculares, dores no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese. O indivíduo, ao contrário de uma crise de ansiedade comum, que se dá em um momento de ameaça real, na ansiedade generalizada ele experiencia a angústia, a tensão, a preocupação quase que permanentemente. Para concluir o diagnóstico de ansiedade generalizada, é preciso analisar se os sintomas causam sofrimento ao paciente e o impede de realizar suas atividades diárias, se afeta o seu social e pessoal. (DALGALARRONDO, 2019)
Para Dalgalarrondo (2019) a ansiedade generalizada pode estar associada a algum transtorno de personalidade. É frequente essa ligação no transtorno borderline e paranoide. A partir do DSM V podemos constatar que na ansiedade generalizada (TAG) é comum a existência de preocupações quanto as relações sociais, com o foco mais voltado para a relação em si e não no julgamento ou medo de uma avaliação negativa. Possuem uma excessiva preocupação quanto ao seu desempenho social, e isso ocorre principalmente em crianças. É suscetível também em momentos onde o indivíduo não necessariamente está em um momento de “avaliação” ou em um momento não social, ou seja, pode se cobrar sem um motivo aparente.
Segundo o Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial de Santa Catarina 2015, a ansiedade generalizada é o transtorno de ansiedade mais comum na atenção primária, e está entre as dez queixas mais frequentes nas consultas. O reconhecimento da patologia na rede pública é ainda pobre, o que resulta em muitas pessoas sem o devido tratamento.
6.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Para se chegar ao diagnóstico de ansiedade generalizada, segundo o DSM V é necessário observar os seguintes critérios:
- A ansiedade e a preocupação excessiva devem estar presentes por, pelo menos, seis meses seguidos, em diversas situações e ambientes;
- O indivíduo se queixa quanto ao controle da preocupação, acha difícil ou não consegue controlar;
- Possui três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fatigabilidade, perda da concentração, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono;
- Os sintomas causam sofrimento significante ou prejuízo no social, profissional e pessoal do indivíduo;
- As perturbações não são efeitos diretos de uma substância psicoativa ou a alguma condição médica
- Os sintomas não são explicáveis por outro transtorno mental.
As características principais do TAG segundo o DSM V são a ansiedade e a preocupação excessiva perante diversas situações e ocasiões. A duração dessa preocupação e ansiedade é desproporcional ao impacto do evento ou situação em questão. O indivíduo tem uma enorme dificuldade para controlar seus pensamentos e preocupação.
O DSM V enfatiza que algumas características são visíveis quanto a diferenciação da ansiedade generalizada de uma crise de ansiedade não patológica, na qual podemos citar o fato de a ansiedade generalizada as preocupações são excessivas e afetam significativamente o psicossocial do indivíduo, e na ansiedade não patológica esse sintoma é facilmente adiável frente a uma situação mais importante. Outro ponto importante é quanto à intensidade, na ansiedade generalizada os sintomas são mais intensos, duradouros e sem precipitantes.
A idade média de início do TAG é de trinta anos de idade, e pode se estender por um longo período de tempo. Os sintomas raramente aparecem antes do início da adolescência e tendem a ser crônicos.
6.2 MANEJO
Segundo o Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial de Santa Catarina 2015 deve-se seguir as seguintes recomendações tanto para os indivíduos que sofrem de TAG quanto para com seus familiares:
a) O paciente deve ser estimulado a fazer técnicas de relaxamento diários para minimizar a tensão física;
b)O paciente deve ser encorajado a realizar atividades físicas e prazerosas e retomar atividades que foram úteis e abandonadas no passado;
c)Identificar e enfrentar as preocupações demasiadas e pensamentos negativos podem aliviar os sintomas da ansiedade
d)Identificar os gatilhos pode ajudar a formular estratégias para minimizar a ansiedade
e)Discutir com o paciente o que está sendo feito, identificando e reforçando atitudes positivas;
f)Orientar algumas medidas específicas que o paciente pode tomar nas próximas semanas.
Ainda segundo o Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial de Santa Catarina 2015, o TAG pode se tratar de um transtorno com índices de cronicidade e com fases de remissão e recorrências, sabendo disso é importante seguir um tratamento com o mesmo profissional ou equipe, para assim facilitar a identificação de fatores desencadeantes e possíveis sinais de piora.
Na ansiedade generalizada é necessário um acompanhamento psicológico, tanto com um psicólogo quanto o médico psiquiatra que indicará um possível fármaco para controle dos sintomas.
7. METODOLOGIA
O presente projeto de pesquisa trata-se uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, conforme descrito por Cervo, Bervian e da Silva (2007), na qual será levantado informações e conhecimentos acerca de crises ansiosas e transtorno de ansiedade generalizada a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados, colocando em diálogo diferentes autores e dados.
Trata-se ainda de um estudo descritivo, posto que buscará descrever, explicar e esclarecer sobre o tema e seus desdobramentos, de acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61), ‘‘este tipo de pesquisa ocorre quando se registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem manipulá-los’’.
Como produto final deste projeto, será produzido ainda um vídeo audiovisual em formato de vlog no qual os acadêmicos explanarão sobre os tópicos principais deste projeto, e, afim de atingir um público significativo, pretende-se fazer o vídeo circular nas diversas redes sociais, tais como WhatsApp, Instagram e Facebook.
7.1 Instrumentos de Coleta e Análise de dados
No que diz respeito aos instrumentos de coleta de dados, será utilizado pesquisa bibliográfica de fonte secundárias, mais especificamente livros, artigos científicos, monografias e teses, já tornados públicos em relação ao tema aqui proposto. De acordo com Marconi; Lakato (2019), a finalidade da pesquisa bibliográfica é colocar o pesquisador em contato diretamente com tudo que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, visto que propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusões inovadoras.
Nesse sentido, a análise dos dados coletados, se dará por meio da análise de conteúdo. A análise de conteúdo segundo Vergara (2012) é considerada como uma técnica para o tratamento de dados que tem como fundamento identificar o que está sendo dito a respeito sobre um determinado tema.
8. CRONOGRAMA
8.1 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
9. RESULTADOS
A busca utilizando as palavras ‘‘ansiedade’’ e ‘‘transtorno de ansiedade generalizada’’ gerou um total de 2.240 artigos. Em seguida, foi feito a aplicação dos critérios de exclusão e eliminação. 593 artigos não estavam publicados em português e, portanto, foram excluídos. A fim de analisar apenas artigos relativamente recentes, foram descartados artigos publicados depois do ano de 2017 sobrando assim 454 artigos sendo a grande maioria publicado no ano de 2020 podendo afirmar com base nessa distribuição, um aumento do interesse pelo estudo da ansiedade já que o ano de 2021 ainda está em vigência. Considerando o objetivo e a delimitação da presente pesquisa foram selecionados para a análise 5 artigos além do DSM-5 e o livro Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais.
O gráfico 1 mostra a distribuição dos artigos encontrados por ano de publicação.
| Autores | Título | Objetivos | Delineamento | Conclusão |
| Karoline dos Santos Nava et.al | Transtorno de ansiedade generalizada: intervenções da terapia cognitivo comportamental. | Falar sobre o transtorno de ansiedade generalizada, sua descrição clínica, e sugerir os tratamentos adequados para esse transtorno, dentro da abordagem cognitivo comportamental. | Pesquisa qualitativa a partir de uma revisão narrativa da literatura acerca dos estudos do Transtorno de Ansiedade Generalizada e dos instrumentos disponíveis para a avaliação, bem como intervenções da Psicoterapia Cognitivo- Comportamental. | Evidencia-se que a ansiedade excessiva leva ao transtorno de ansiedade generalizada, onde diariamente o indivíduo se preocupa com situações desnecessárias por medo de tudo dar errado. |
| Inara Moreno Moura et.al | A terapia cognitivo comportamental no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada | Tem como objetivo a realização de uma breve revisão bibliográfica a respeito do TAG e das técnicas Cognitiva e Comportamentais mais eficazes no tratamento do TAG, descrever os sintomas da ansiedade generalizada e compreender como as estratégias da Terapia Cognitivo Comportamental podem ser aplicadas no tratamento psicoterapêutico da ansiedade generalizada. | Refere-se a um trabalho de revisão bibliográfica, o qual se utilizou de vinte materiais bibliográficos para sua produção. | A ansiedade é possivelmente a disfunção emocional que mais atinge a qualidade de vida de um indivíduo, e pode desencadear uma série de prejuízos nas áreas do funcionamento social, acadêmicos e ocupacional. O TAG é um transtorno complexo, com uma grande variedade de sintomas para os quais existem diferentes técnicas na TCC. |
| Luana Leal Fernandes | Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): uma breve análise. | O objetivo dessa pesquisa foi realizar uma revisão bibliográfica acerca do Transtorno de Ansiedade (TAG). | A metodologia empregada foi a revisão dos artigos realizadas nas bases de dados eletrônicas LILACS, SCIELO e PUBMED | O presente trabalho possibilitou uma melhor compreensão a respeito do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Ao realizar buscas na literatura, foi possível a compreensão acerca da etiologia, transtorno associados ou comorbidades, grupos de risco, diagnóstico, tratamento e as melhores formas de atuação no contexto. |
| Lívia Ivo D’ávila et.al | Processo patológico do transtorno de ansiedade segundo a literatura digital disponível em português – revisão integrativa | Com o objetivo de discutir as possibilidades estratégicas quanto aos processos patológicos que envolvem o transtorno de ansiedade, para embasar os profissionais quanto à ansiedade e aos seus tipos | Configura-se como uma pesquisa de caráter integrativo sistematizado, com uma busca on-line das produções científicas na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando os descritores “Transtorno de ansiedade”, “Ansiedade” e “Tratamento da ansiedade”, veiculados em periódicos de estratos de A1, A2, B1, B2, B3 e B4, disponíveis para download na íntegra, escritos na língua portuguesa. | Evidencia-se que o TAG é uma patologia que vem se expandido nos últimos tempos, causando grande sofrimento à população. Pontuamos que esse transtorno é uma doença bem significativa, que acarreta um sofrimento físico e psíquico considerável e, como toda patologia, precisa ser compreendida e tratada em sua totalidade e de forma singular a cada indivíduo que a sofre. |
| Cristhiane Luiza Furquim do Nascimento et.al | Ampliando o conhecimento sobre o transtorno de ansiedade generalizada | Aprofundar os conceitos de Transtorno de Ansiedade Generalizada, caracterizado por uma preocupação ou ansiedade excessivas, com motivos injustificáveis ou desproporcionais, com duração de mais de seis meses; geralmente crônico e duradouro | O trabalho é de natureza bibliográfica baseando-se no DSM IV, em autores clássicos e autores pós-modernos, assim como em uma entrevista realizada com uma profissional da área de Psicologia | Este trabalho traz como contribuição um conhecimento específico que vai além do senso comum, que deturpa este transtorno confundido-o IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1953 com outros distúrbios, impossibilitando o tratamento adequado. |
A Tabela 1 apresenta uma síntese dos estudos encontrados.
10. DISCUSSÃO
Os resultados da pesquisa mostram que a literatura é muito rica quanto ao assunto da ansiedade, mas há uma pobreza considerável quanto ao enfoque na patologia em si, ou seja, na ansiedade generalizada. Percebe-se certa generalização quando nos referimos à ansiedade, mas é certo também que os transtornos ansiosos são muitos e há a necessidade de ser apontado separadamente, tanto para conhecimento, quanto para reconhecimento e tratamento dos mesmos. E a ansiedade generalizada (TAG) pode ser confundida com muitos outros transtornos ansiosos, e para isso é necessário um conhecimento profundo de sua sintomatologia. A pesquisa mostra que o que marca a distinção entre a ansiedade não patológica do transtorno de ansiedade generalizado é a intensidade dos sintomas e a duração dos mesmos. A ansiedade é um estado de humor negativo e momentâneo caracterizado por sintomas corporais de tensão física e apreensão em relação a uma situação específica. Na contramão, no Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG, ansiedade estar presente em todos os eventos da vida diária. O indivíduo se preocupa com tudo, e independentemente do quanto se preocupa, não consegue tomar uma decisão a respeito de um problema ou situação, afetando seu bem-estar emocional, e das pessoas com quem convive. Mesmo diante desses infortúnios, sabendo que isso não as fazem bem, as pessoas com TAG, não conseguem simplesmente, pararem de se preocupar (LEAHY; TIRCH; NAPOLITANO, 2013).
Dalgalarrondo (2008) reafirma que o quadro de Ansiedade Generalizada se caracteriza pela presença de sintomas ansiosos excessivos na maior parte do dia, a pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, nervosa ou irritada, são frequentes sintomas como insônia, dificuldade em relaxar, angústia constante, irritabilidade aumentada e dificuldade em concentrar-se.
Tais definições corroboram a hipótese de que transtorno de ansiedade generalizado é duradouro e caracteriza-se como sendo uma ansiedade excessiva e exagerada com os eventos da vida cotidiana sem motivos óbvios.
No que se refere aos sintomas da TAG à pesquisa identificou que em 25% dos casos, o TAG está acompanhado de outras doenças psiquiátricas, sendo a depressão a mais comum. Dependendo das doenças relacionadas e da intensidade do transtorno, os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada podem variar. Porém, os mais fáceis de reconhecer são os físicos, tais como fadiga, tensão muscular, palpitação, suor excessivo dor de cabeça, disfunção sexual, disfunção gastrointestinal.
Por isso, para considerar um diagnóstico, os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada devem estar presentes por, pelo menos, seis meses e causar desconforto ou prejudicar a rotina da pessoa e/ou seu relacionamento social, familiar e de trabalho. O diagnóstico não deve ser feito com pressa, pois há risco de identificar errado os sintomas, o chamado “falso positivo”.
No presente estudo, constatou-se que o TAG possui uma alta taxa de prevalência presente nas clínicas. E é ainda mais preocupante, pois um grande número não procura ajuda de um profissional, o que torna mais grave o seu quadro. É possível, quando não há uma busca de tratamento, a evolução do quadro para outras patologias. Outro aspecto que muitas vezes prejudica o tratamento é a dificuldade em se fazer o diagnóstico correto, pois o TAG pode ser facilmente confundido com outras patologias.
Além disso, foi possível perceber que o TAG está evoluindo com o passar dos anos, o que é preocupante por se tratar de um transtorno que causa prejuízos significativos na vida do indivíduo. A pobreza de conhecimento, de saber reconhecer os seus próprios sintomas, a falta coragem em assumir que tem algo para além da funcionalidade normal do seu próprio organismo, a falta de conhecimento de onde procurar ajuda, tudo isso é agravante para a evolução dos sintomas, pelo fato de um não tratamento ou de um tratamento tardio. Os motivos para o desenvolvimento da TAG são diversos, e cabe ao profissional um olhar atento na singularidade de cada sujeito.
Os dados da presente pesquisa também revelam que a Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) é a mais eficaz no manejo da ansiedade generalizada, por se tratar de uma abordagem que trabalha com as crenças centrais e possui diversas técnicas eficazes para a evolução do quadro do paciente. A Ansiedade Generalizada muitas vezes, se inicia por crenças irreais, medos infundados, por um excesso de preocupação, algo que está além das defesas do nosso organismo. A TCC vai abordar a origem de suas crenças e eliminá-las, usando técnicas diversas. Essa abordagem é a que se tem mostrado melhores resultados em um espaço de tempo menor comparado as outras abordagens.
No que se referem às intervenções que objetivam manejar a ansiedade, as pesquisas revelam que além da psicoterapia, práticas básicas são bastante relevantes, tais como técnicas de relaxamento, atividades físicas, alimentação saudável, controle da sua respiração, relaxar antes de dormir, evitar o uso de drogas e entre outros.
Com tudo, os achados revelam que a ansiedade e consequentemente o TAG são patologias crescentes na população, principalmente no Brasil que ganhou o preocupante título de campeão de ansiedade, no mais recente relatório sobre o tema publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dessa forma, fica evidente relevância da presente pesquisa tal como a necessidade de um olhar mais atento e de psicoeducação relacionado ao tema.
10.1 PRODUTO FINAL
Como produto final deste projeto, será produzido um vídeo audiovisual em formato de vlog com duração média de 7 minutos no qual os acadêmicos explanarão sobre os tópicos principais deste projeto, com o objetivo de fazer o vídeo circular, ele será postado no YouTube afim de levar as informações ao maior número de pessoas que sentem interesse pelo tema abordado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto teve como objetivo de pesquisa distinguir transtorno de ansiedade generalizado de uma crise ansiosa, tema relevante que contribuirá para esclarecer sobre a saúde mental da comunidade. Nos últimos anos a prevalência da ansiedade na população brasileira tem sido cada vez mais evidente, porém, parte da população não sabe diferenciar um transtorno de ansiedade generalizada de uma crise ansiosa momentânea e específica, por isso, tal observação motivou o presente trabalho.
Na presente busca foi possível evidenciar e apresentar aqui a diferença de um transtorno de ansiedade generalizado, seus sinais, sintomas e características, o quanto neste há preocupações excessivas, com maior intensidade e duradouras que afetam significativamente o psicossocial do indivíduo, porquanto na crise de ansiedade esse sintoma é menos prejudicial, facilmente adiável frente a uma situação mais importante. Esta análise demostrou como é feito o diagnóstico clínico com base no DSM-V e trouxe técnicas e estratégias de tratamento para o transtorno de ansiedade generalizado, indicando variadas formas de manejo para tal fenômeno psíquico, inclusive trazendo formas de lidar caso o paciente tenha recaídas e possíveis sinais de piora.
Nesse sentido pode se compreender o quanto é relevante saber diferenciar uma ansiedade generalizada é uma crise de ansiedade, uma vez que o transtorno de ansiedade generalizado é uma patologia grave e que requer um acompanhamento psicoterapêutico tanto com um psicólogo quanto com médico psiquiatra que indicará um possível fármaco para controle dos sintomas, proporcionando ao indivíduo uma qualidade de vida melhor.
Após análises e discussões conclui-se que o tema ansiedade tem despertado interesse das pessoas e estudiosos. Evidencia-se que o TAG é uma patologia que vem se expandido nos últimos tempos, causando grande sofrimento à população, e, como toda patologia, precisa ser compreendida e tratada em sua totalidade e de forma singular a cada indivíduo que a sofre.
A presente pesquisa foi bibliográfica de cunho qualitativo, na qual foi elencada informações e conhecimentos acerca do tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados, colocando em diálogo diferentes autores e dados. Através de um estudo descritivo, restou explicado e fundamentado no que tange ao fenômeno psíquico apresentado.
REFERENCIAS
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DMS-5 [Recurso eletrótrico]. (5ª ed.; M.I.C. Nascimento, Trad.); revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014.
AKATOS, E. M..; MARCONI, M. de A. Metodologia cientifica. 5. ed. ver. ampl. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. Fundação Osvaldo Cruz. O que é uma pandemia. Publicado em 14 de outubro de 2020.
<https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1763-o-que-e-uma-pandemia>Acesso em 01 de abril de 2021.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Metodologia cientifica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Ed. 3, Artmed 2019. Porto Alegre. Pág. 163 e 365.
DUGAS, Michel Joseph; ROBICHAUD, Melissa. Tratamento cognitivo-comportamental para o transtorno de ansiedade generalizada: da ciência para a prática. Rio de Janeiro: Cognitiva, 2009.
ERVO, Amado. Luiz.; BERVIAN, Pedro. A.; SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
LEAHY, Robert L; TIRCH, Dennis; NAPOLITANO, Lisa A. Regulação emocional em psicoterapia: um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2013.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATO, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia do Trabalho Cientifico. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2019
Organização Mundial da Saúde. (1993). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas
SAMPAIO, Luciana Coelho Leite at al. Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG) e as funções psíquicas. 2015. Disponível em Acesso em outubro de 2019
SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Maríadel Pilar. Métodos de pesquisa: Metodologia de Pesquisa. 5 ed. – Porto Alegre: Penso, 2013.
SILVA, Ana Beatriz B. Mentes ansiosas: medo e ansiedade além dos limites. Rio de janeiro: Objetiva, 2011. Cap.4.
TOZONI-REIS, M. F. C. Contribuições para uma pedagogia crítica na educação ambiental: reflexões teóricas. In: LOUREIRO, C. F. B. A questão ambiental no pensamento crítico: natureza, trabalho e educação. Rio de Janeiro: Quartet, 2007. p. 177-22