TRANSPORTE INTER-HOSPITALAR DE PACIENTES CRÍTICOS NA REGIÃO DE SAÚDE DE UMA CIDADE DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, QUE É BASE DO SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

INTER-HOSPITAL TRANSPORTATION OF CRITICAL PATIENTS IN THE HEALTH REGION OF AN INLAND CITY IN THE STATE OF SÃO PAULO, WHICH IS THE BASE FOR EMERGENCY SERVICES.

TRANSPORTE INTERHOSPITALARIO DE PACIENTES CRÍTICOS EN LA REGIÓN DE SALUD DE UNA CIUDAD DEL INTERIOR DEL ESTADO DE SÃO PAULO, QUE ES LA BASE PARA LOS SERVICIOS DE EMERGENCIA Y URGENCIAS.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10573352


Barbosa, Carlos Cesar ¹
Gomes, Rita de Cássia ²
Junior,Cyro Manoel de Oliveira 3
Brunelli, Renata Lucy 4
Silva, Leticia Franciele Gonçalves da 5


RESUMO

Objetivo: analisar as transferências realizadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na microrregião de São João da Boa Vista. Método: a pesquisa adotou uma abordagem exploratória descritiva retrospectiva com pesquisa quantitativa. Foram analisados 107 casos de transporte inter-hospitalar ocorridos no primeiro trimestre de 2023 na microrregião de São João da Boa Vista. Os dados foram coletados por meio do sistema de regulação médica do SAMU e incluem informações sobre patologia, faixa etária, gênero e tempo de resposta. Resultados: Os resultados estão sendo apresentados em tabelas e gráficos, com as características dos pacientes transportados e a eficácia do transporte em termos de segurança do paciente. Conclusão: Esses resultados podem fornecer percepções valiosas para aprimorar a qualidade e a prática do transporte de pacientes críticos na região de São João da Boa Vista.

Descritores: Transportes Inter-Hospitalar; Transferência do Paciente; Serviços Médicos de Emergência; Barreiras de Comunicação; Cuidados da Enfermagem. 

ABSTRACT

Objective: To analyze the transfers conducted by the Mobile Emergency Care Service (SAMU) in the microregion of São João da Boa Vista. Method: The research adopted a retrospective descriptive exploratory approach with quantitative research. A total of 107 cases of inter-hospital transportation that occurred in the first quarter of 2023 in the microregion of São João da Boa Vista were analyzed. Data were collected through the SAMU’s medical regulation system and include information about pathology, age group, gender, and response time. Results: The findings are being presented in tables and graphs, detailing the characteristics of transported patients and the effectiveness of transportation in terms of patient safety. Conclusion: These results may provide valuable insights to enhance the quality and practice of critical patient transport in the São João da Boa Vista region.

Descriptors: Inter-Hospital Transport; Patient Transfer; Emergency Medical Services; Communication Barriers; Nursing Care.

RESUMEN

Objetivo: Analizar las transferencias realizadas por el Servicio de Atención Médica de Urgencia Móvil (SAMU) en la microrregión de São João da Boa Vista. Método: La investigación adoptó un enfoque exploratorio descriptivo retrospectivo con investigación cuantitativa. Se analizaron 107 casos de transporte interhospitalario que ocurrieron en el primer trimestre de 2023 en la microrregión de São João da Boa Vista. Los datos fueron recopilados a través del sistema de regulación médica del SAMU e incluyen información sobre patología, grupo de edad, género y tiempo de respuesta. Resultados: Los hallazgos se presentan en tablas y gráficos, detallando las características de los pacientes transportados y la efectividad del transporte en términos de seguridad del paciente. Conclusión: Estos resultados pueden proporcionar ideas valiosas para mejorar la calidad y la práctica del transporte de pacientes críticos en la región de São João da Boa Vista.

Descriptores: Transporte Interhospitalario; Transferencia de Pacientes; Servicios Médicos de Emergencia; Barreras de Comunicación; Atención de Enfermería.

1 Introdução

O transporte inter-hospitalar do paciente crítico, envolve a comunicação entre o enfermeiro de origem/transporte, sendo fundamental a comunicação entre os serviços, para conhecimento do quadro clínico do paciente, pois é essencial para um transporte seguro e padronizado. Antes de realizar o transporte, é fundamental que o enfermeiro em conjunto com o médico e a equipe, reflita sobre o risco/benefício do paciente.1

Ao planejar o transporte, o enfermeiro de origem tem que levar em consideração alguns aspectos como: necessidade dos documentos, estabilização do paciente, preparação do paciente, dispositivos e equipamentos que envolve a prevenção de eventos adversos, com o intuito de prevenir possíveis eventualidades, equipe qualificada que possa conduzir prevenindo e minimizando eventos adversos.2 

Como parte da equipe de transporte, o enfermeiro deve ter um conjunto de habilidades específicas para prestar as intervenções necessárias de imediato, identificando problemas durante o transporte juntamente com a equipe multidisciplinar ali presente. O cuidado com o paciente crítico deve ser contínuo e de alta qualidade, visando que as funções vitais podem estar instáveis, requerendo intervenção imediata, para mantê-las hemodinamicamente estáveis.3

Em uma situação de Transporte Inter-hospitalar (TIH) o paciente tem seus riscos aumentados, além dos riscos da doença/terapêutica, podem também surgir os contratempos durante o trajeto. Assim, qualquer que seja a intercorrência que possa vir a ocorrer, a equipe que efetua o transporte deve estar preparada e capacitada em virtude de prever diminuindo a ocorrência de complicações, aumentando a capacidade de lidar com os riscos, lembrando que não está isenta da possibilidade de surgirem intercorrências que possam agravar o seu estado clínico ou mesmo provocar a morte. Contudo, independentemente da situação que origina o transporte, os benefícios devem ultrapassar os riscos.4

O conhecimento dos riscos associados ao transporte inter-hospitalar do paciente em situação crítica é essencial para melhorar a segurança do mesmo, elaborando uma sistematização adequada do quadro clínico. As recomendações existentes na Portaria N° 2048 de 5 de novembro de 2002, pressupõem que os membros da equipe de transporte sejam capacitados e capazes de garantir a segurança de todos os envolvidos no transporte e garantir que todos os cuidados necessários sejam prestados aos pacientes críticos durante o transporte.5

A Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI), juntamente com a Ordem dos Médicos (OM), elaborou um documento com recomendações para o Transporte de Doentes Críticos (TDC), com o intuito de minimizar os possíveis riscos e deixar mais eficiente a transferência deste paciente, sendo assim criada a escala de estratificação de risco. Através da qual se definem os recursos humanos, a monitorização necessária, a terapêutica mais adequada e os equipamentos mais apropriados ao nível de gravidade do paciente. É primordial que durante o transporte deste paciente se mantenha o nível de cuidados prestados no serviço de origem.4

2 Objetivos

Objetivo Geral

Analisar dentro do período de 3 meses, o transporte Inter-hospitalar de pacientes acima de 18 anos, na microrregião de São João da Boa Vista, dentro da perspectiva do tempo gasto para realizar um transporte seguro e eficaz pelo SAMU.

Objetivos Específicos

Verificar as maiores dificuldades encontradas pelas Equipes do SAV do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, ao chegarem no local de origem do paciente após ser acionado pela central de regulação;

Pontuar as variáveis que acometem o transporte inter-hospitalar;

Analisar a estabilização e adequação do paciente ao ser solicitado o transporte inter-hospitalar, para chegada da equipe do SAMU.

3 Justificativa  

Por se tratar de uma questão corriqueira do dia a dia dos suportes avançados do SAMU da regional de São João da Boa Vista, optamos por fazer uma pesquisa de dados de transferências de pacientes críticos em prioridade vermelha, dentro de um período, para obter um resultado referente ao tempo resposta desde o acionamento do SAV até o seu destino final, visando a importância da estabilidade dos pacientes, em busca de melhores recursos, proporcionando uma melhor assistência ao mesmo e a sociedade.

4 Problematização

Quais as dificuldades para o transporte de paciente inter-hospitalar realizado pelo serviço de urgência e emergência SAMU, na microrregião de saúde de São João da Boa Vista?

5 Desenvolvimento

Início do Atendimento Pré-Hospitalar (APH)

O APH teve início a mais de 30 anos na América do Norte e Europa e vem se avançando ano após ano. No Brasil teve início em 1981 no Distrito Federal, seguido por Rio de Janeiro no ano de 1986, São Paulo em 1990 e Belo Horizonte em 1994, como forma de proporcionar um atendimento ágil e adequado, a fim de diminuir os riscos, complicações e sequelas, e por sua vez aumentar a sobrevida das vítimas.6

De acordo com a resolução nº. 1529/98, de 28 de agosto de 1998, foi determinado que a regulação dos serviços de APH é de competência médica. Ao passar dos anos e com a necessidade de mudanças na política de saúde do Brasil, criou-se a Portaria nº 2048 do Ministério da Saúde (MS), 05 de novembro de 2002, visando garantir uma atenção primaria, qualificada e resolutiva para as pequenas e médias urgências regulamentando e normatizando o APH.7-8

No Brasil os sistemas de Atendimento Pré-Hospitalar (APH), se organiza pela rede pública e privada, uma vez que em relação da rede pública está inserido o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – 192) e o CBM (Corpo de Bombeiro Militar-193). No SAMU, o Enfermeiro está presente no SAV (Suporte Avançado de Vida), na qual a equipe é composta por um profissional médico, um enfermeiro e um condutor socorrista.9

Papel do Enfermeiro no Transporte do Paciente Crítico

Segundo os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem (PQCE) da Ordem dos Enfermeiros (OE), como elemento primordial da equipe de transporte, o enfermeiro deverá possuir determinadas competências e evidenciá-las na prática de cuidados, contribuindo e garantindo o cumprimento das recomendações existentes e assim melhorando os resultados do transporte destes doentes. Como exercício profissional os enfermeiros devem atuar com dois tipos de intervenções de enfermagem: autônomas, por prescrição ou intervenção do enfermeiro; e as interdependentes: iniciadas por outro profissional da equipe de transporte.10

Um dos momentos mais delicado dos cuidados de enfermagem no doente em estado crítico é o transporte inter-hospitalar, uma vez que exige a necessidade de manter o suporte das funções vitais em um nível semelhante ao que foi praticado no serviço de origem.11

Com o foco nas recomendações do transporte inter-hospitalar do doente crítico, é necessário estabelecer 3 fases: decisão, planejamento e efetivação. A primeira fase, decisão, como ato médico classificar os benefícios e os riscos do transporte; a segunda fase, planejamento, cabe a equipe médica, enfermagem e multiprofissional de origem, planejar, contatar o serviço receptor e a equipe de transporte através de regulação médica; e por fim a fase de efetivação, é de responsabilidade da equipe de transporte, manter e transportar o doente de forma segura e eficaz, assim evitando quaisquer tipos de intercorrência, até o momento da entrega do doente ao serviço de destino.10

Segurança do Paciente e Comunicação Entre as Equipes

A segurança do paciente tem como aspecto indispensável à redução de erros, o que vem ganhando cada vez mais espaço, e na busca da qualificação dos cuidados ofertados no transporte inter-hospitalar, objetivos e ações são amplamente discutidos e trabalhados, como metas recomendadas pela Joint Commission International (JCI).12

Eventos adversos estão inerentes, e de forma a prevenir que os mesmos possam ocorrer, deve ser antecipado e minimizado através de um planejamento eficaz, estabilizar o estado do doente e antecipar suas necessidades durante as fases do transporte: decisão, planejamento e efetivação segundo.13

O processo de comunicação deve ser estabelecido entre as equipes de origem, transporte e destino, devido a inexistência de um protocolo e do pouco reconhecimento da sua importância por parte dos profissionais, criando-lhes fragilidades quanto aos seus papeis, na qual uma comunicação verbal de forma clara e sucinta na utilização dos instrumentos de transferência existente, é obtido uma linha de cuidado contínua com o doente.12

6 Metodologia

Trata-se de um estudo exploratório descritivo com delineamento de pesquisa quantitativa, por coletar dados em determinado ponto temporal, possibilitando melhor investigação sobre o problema de pesquisa. A amostra deste estudo se constituiu por 107 ocorrências realizadas no 1º trimestre de 2023 (janeiro, pelas equipes de Suporte Avançando de Vida na microrregião de São João da Boa Vista – SP. Esta pesquisa foi realizada na Central de Regulação Médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da Região de São João da Boa Vista. O instrumento utilizado para coleta de dados das transferências de pacientes críticos, ocorreu através do sistema de regulação da regional de São João da Boa Vista, levantando dados como patologia, faixa etária, gênero, tempo resposta: deslocamento até a unidade de origem, liberação do paciente e deslocamento para o destino final.

A amostra deste estudo foi constituída por 107 prontuários da Unidade do SAMU. Estes estão localizados na Base Regional do SAMU, representados 100% dentro das características do delineamento da pesquisa.

A coleta de dados do apêndice 1 aplicou-se sem prejuízo ao atendimento aos pacientes que fazem uso do SAMU, ou seja, sem interromper o fluxo de atendimento.

Critérios de Inclusão

Transferências de pacientes que necessitam de suporte de ambulância avançada;

Prontuários de pacientes acima de 18 anos;

Transferências de código Vermelho e Amarelo.

Critérios de Exclusão

Menores de 18 anos;

Transferências em códigos Verde.

Procedimentos Éticos

O projeto submeteu-se à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa.  A Base Regional do SAMU concordou com a participação e assinou o Termo de Documento, conforme exigências dos Comitês de Ética em Pesquisa em seres humanos, sendo encaminhado à Diretoria da Instituição o Termo de Responsabilidade e Permissão, para autorização do estudo, estando ciente dos objetivos e fornecendo subsídios para a realização e cumprimento aos requisitos da Res. CNS 466/12 e suas complementares.Com a CAAE : 72918623.7.0000.5382 e Parecer 6.566.245.

Procedimentos Metodológicos Instrumento de Caracterização da População

Utilizou um instrumento para caracterizar os prontuários envolvidos no estudo, o qual foi abordado questões relativas à identificação dos sujeitos e dados de caracterização do transporte inter-hospitalar (APÊNDICE I), que foi preenchido pelo próprio pesquisador.

A identificação dos sujeitos constituiu-se pelas primeiras iniciais do nome, idade e sexo. Os dados de caracterização sociodemográfica foram: raça, estado civil, residência e escolaridade.

Análise dos Resultados

Os dados estatísticos foram tabulados através de frequência simples e apresentados em forma de tabelas.

Para análise dos dados quantitativos, utilizou o método de estatística descritiva, que é usada para descrever e sintetizar os dados, permitindo que o pesquisador resuma, organize, intérprete e comunique a informação numérica.

7 Resultados

          Os resultados foram agrupados da seguinte maneira: sexo e idade; estabilidade do paciente, uso de drogas vasoativas, IOT, SVD e CVC; destino e transferência realizada; preparo do paciente pelo local de origem ao ter ciência que a transferência foi liberada; tempo resposta desde o acionamento da SAV, até o local de origem; e o tempo resposta desde a chegada da equipe no local de origem até o início de deslocamento para o destino.

Tabela 1: Análise das transferências de pacientes críticos realizadas pela unidade do SAMU no transporte inter-hospitalar na região de saúde de uma cidade no interior do estado de São Paulo segundo sexo e idade, 2023.

Fonte: pesquisa, 2023

Os resultados obtidos em nossa pesquisa, (Tabela 1) apresenta que 54% das ocorrências realizadas são pacientes do sexo feminino e 46% são do sexo masculino, trazendo uma média de idade de 53 anos.

Tabela 2: Análise das transferências de pacientes críticos realizadas pela unidade do SAMU no transporte inter-hospitalar na região de saúde de uma cidade no interior do estado de São Paulo segundo Paciente Estável, uso de drogas vasoativas, IOT, SVD e CVC, 2023.

Fonte: pesquisa, 2023

Podemos ver na Tabela 2 que 85% IOT, 89% DVA, 94% SVD, 93% CVC não utilizavam estes tipos de dispositivos, o que justifica os 92% de pacientes estáveis e que foram transportados sem intercorrências.

Tabela 3: Análise das transferências de pacientes críticos realizadas pela unidade do SAMU no transporte inter-hospitalar na região de saúde de uma cidade no interior do estado de São Paulo segundo Destino, e Transferência realizada, 2023.

Fonte: pesquisa,2023

A Tabela 3 mostra que 79% dos casos analisados no período do início de janeiro ao final de março de 2023, que a distância é de até 50km, e dessa forma com as condições do paciente encontrado no hospital de origem 97% dos casos foram realizadas as transferências sem intercorrências.

Tabela 4: Análise das transferências de pacientes críticos realizadas pela unidade do SAMU na região do estudo segundo questão 9 (A instituição de origem ao saber que foi cedida a vaga para transferência de determinado paciente, deixou este paciente pronto para ser transferido?), 2023.

Fonte: pesquisa, 2023

Por sua vez, podemos evidenciar que a comunicação entre as unidades hospitalares e a regulação médica do SAMU está sendo feita de forma efetiva como mostra a Tabela 4, em que 96% dos casos levantados o paciente já estava pronto para ser transferido pela equipe, não prejudicando o tempo de resposta do transporte.

Tabela 5: Análise das transferências de pacientes críticos realizadas pela unidade do SAMU na região de estudo segundo questão 10 (qual foi o tempo resposta desde o acionamento do SAV, até a chegada no local de origem?), 2023.

Fonte: pesquisa,2023

Tabela 6: Análise das transferências de pacientes críticos realizadas pela unidade do SAMU na região de estudo segundo questão 11 (qual foi o tempo resposta desde a chegada do SAV, até o início de deslocamento para o local de Destino?), 2023.

Fonte: pesquisa, 2023

A Tabela 5 e Tabela 6 permite observar que 86% e 90%, respectivamente, dos atendimentos analisados, obtiveram um bom tempo resposta (<30min.), o que pode proporcionar transferências sem intercorrências e a tempo de dar continuidade ao tratamento dentro do tempo hábil para uma evolução positiva do quadro do doente.

8 Discussão

Diante de um estudo realizado no APH de uma região metropolitana de Curitiba, é mostrado que em um determinado número de atendimentos, que a maioria é do sexo masculino 63% e feminino 37%,14 mas diante de dados coletados na plataforma do IBGE,mostra-se que a população predominante no país, é do sexo feminino, trazendo os dados do PNAD, 48,9% da população brasileira é homens, 51,1% são mulheres,15 o que justifica os resultados obtidos em nossa pesquisa.

A estabilidade do paciente crítico no âmbito do transporte inter-hospitalar, protagoniza o cenário, a IOT (intubação orotraqueal) vem como ferramenta para estabilizar, monitorizando os sinais vitais e a ventilação mecânica, associado a infusão de DVA (Drogas vasoativas). Por se tratar de medicamentos com ações para controle hemodinâmicos devido ao quadro crítico do paciente, são muito utilizados em UTI – Unidade de Terapia Intensiva e no transporte inter-hospitalar, onde pode ocorrer instabilidade hemodinâmica do doente.16

O CVC – Cateter Venoso Central, é comumente utilizado em pacientes debilitados, e que necessitam de antibioticoterapia, e o uso das DVA, apesar de ser amplamente aceito e oferecer benefícios indiscutíveis aos pacientes, este dispositivo pode acarretar alguns riscos maiores, como uma perfuração pulmonar, quando não executada a técnica de maneira correta, ICSRC – Infecções de Corrente Sanguínea Relacionada a Cateter Centrais, Sepse e até mesmo levar a Óbito. O surgimento dessas complicações varia de acordo com a permanência, tipo de técnica utilizado e fatores relacionados ao paciente.17

O transporte inter-hospitalar deve ser pensado quando o hospital, onde se encontra o paciente, não dispõe de mais recursos. Diante desse cenário em que a equipe médica toma a decisão de transferir esse paciente, existe duas maneiras de transporte: transporte terrestre (Ambulâncias) e transporte aéreo (Helicóptero ou Avião). Um dos fatores que mais influenciam na escolha do modo de transporte daquele determinado paciente, é a distância do seu local de origem para o seu local de destino. O uso das ambulâncias é o mais utilizado em nossa região e é a forma mais segura para distancias inferiores a 60km, muitas vezes podendo ser indicado para distâncias até 150km.18

O processo de comunicação entre as unidades hospitalares, regulação médica e equipe de enfermagem são complexos e dinâmicos no ambiente hospitalar. Pelo alto fluxo de informações, a comunicação é crucial quando se trata de uma transferência inter-hospitalar, sendo que sua falta pode ocasionar o comprometimento da segurança do paciente. Foram evidenciadas fragilidades no conhecimento dos profissionais quanto a comunicação verbal entre as equipes, dificultando a continuidade de uma linha de cuidados.12

Com o intuito de dar continuidade ao cuidado prestado ao paciente desde sua entrada no ambiente hospitalar, a solicitação do transporte para um melhor recurso, o tempo resposta da chegada do SAV ao local de origem e o início do seu deslocamento para o local de destino, são fundamentais dada a sua importância pela possibilidade de agravamento, sofrimento, sequelas ou até mesmo a morte, independentemente da natureza causadora. Assim, quando esses aspectos não são seguidos, o estado clínico dos pacientes pode seguir um quadro evolutivo e na maioria das vezes desfavorável.19

9 Conclusão

Mediante o estudo realizado, com dados coletados no primeiro trimestre do ano de 2023, verificou-se que as transferências inter-hospitalares realizadas pelo SAMU da região de São João da Boa Vista, estão de acordo com os protocolos vigentes e índices de segurança nacionais.

Foram analisados 107 prontuários: 54% dos atendimentos foram do gênero feminino, 43% maiores de 60 anos, 92% pacientes estáveis, 79% a distância entre o local de solicitação até a chegada (o translado) foi inferior a 50 Km, 89% não necessitaram de DVA, 85% não precisaram de IOT, 94% não foi realizado SVD, 93% não foi necessário CVC, 97% das solicitações de transferências foram finalizadas com sucesso e 86% dos mesmos foram realizados com tempo inferior a 30 minutos.

Assim sendo a idealização de que os pacientes poderiam sofrer atraso ou até mesmo a perda da continuidade da assistência em outro serviço não se concretizou, pois a referida pesquisa mostrou exatamente o contrário. O serviço é realizado em tempo hábil para que se tenha o atendimento necessário.

Ressalvamos após essa pesquisa que a comunicação efetiva, a capacitação da equipe multiprofissional é fundamental para que todo o processo relacionado ao transporte Inter hospitalar seja realizado com êxito e excelência.

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