TRAFICO DE DROGAS E SUAS PECULIARIDADES NO BRASIL

DRUG TRAFFICKING AND ITS PECULIARITIES IN BRAZIL

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102410171636


LAWRENCE DIEGO WALDMANN


Resumo

O artigo tem como objetivo explanar a variedade de crimes que são influenciados e têm sua incidência aumentada devido ao tráfico de drogas. Também é apresentado um panorama das ações necessárias para combater a criminalidade. Certas tendências trazem peculiaridades; é possível observar um crescimento exponencial nas práticas de crimes, como furto, roubo, receptação, tráfico de drogas e homicídio. Esse crescimento de crimes específicos traz motivações e causas que estão interligadas. Se observarmos de maneira racional, um crime em comum interliga a maior parte dos outros crimes que estão em crescimento exponencial: “O tráfico de drogas”. Este fortalece as quadrilhas e, atualmente, tem influência com a maioria dos piores crimes vistos no Brasil. Além disso, o tráfico de drogas, com sua grande lucratividade, permitiram a organização da criminalidade e a criação das facções que atualmente têm todo um sistema de funcionamento. Vamos explanar de maneira separada os principais crimes que cresceram atualmente, entender melhor suas peculiaridades e apresentar algumas ações de combate eficientes.

Introdução

O tráfico de drogas no Brasil tem desempenhado um papel crucial no aumento e na complexidade de tratar com a criminalidade no país. Desde a década de 1980, com a crescente expansão das redes de tráfico, observou-se um crescimento em diversos tipos de crimes, principalmente furto, roubo, receptação e homicídio. Esse fenômeno não apenas transformou o cenário da segurança pública, mas também evidenciou a interligação entre essas práticas criminosas.

O tráfico de drogas, ao consolidar-se no centro desse ciclo criminoso, tem sido responsável pelo fortalecimento de quadrilhas e pela ascensão de facções organizadas que operam de forma evoluída e em constante expansão. A lucratividade do tráfico contribui para a intensificação de crimes, criando um ambiente propício para o aumento e a perpetuação de atividades ilícitas. Especificamente, o tráfico de drogas está diretamente ligado ao aumento de furtos e roubos, uma vez que indivíduos envolvidos no tráfico frequentemente recorrem a esses crimes para sustentar seus vícios ou financiar suas operações. Além disso, a receptação de produtos roubados reforça o poder financeiro das organizações criminosas, enquanto o tráfico também está associado a altos índices de homicídios, seja por disputas territoriais entre facções ou pela violência resultante da cobrança de dívidas.

Neste artigo, será apresentado um panorama abrangente das ações necessárias para combater essa criminalidade crescente. Serão discutidas as possíveis soluções efetivas para enfrentar o problema, considerando as motivações e causas interligadas que perpetuam a violência e a insegurança no país.

Palavras-chave: tráfico de drogas; furto; roubo; receptação; homicídio; combate.

Furto

Com o crescimento da comercialização de drogas ilícitas, aumentou o número de usuários de drogas. Esses, ao mergulharem no vício, acabam por perder sua renda e, em consequência, para manter o vício, vendem coisas de dentro da própria residência para receptadores (SILVA, 2024).

Muitas vezes, eles acabam enfrentando situações mais graves em relação ao vício, criando dívidas imensas com traficantes que ameaçam o usuário e chantageiam os seus familiares. Todo esse cenário acaba criando uma situação insustentável dentro da residência dessas pessoas acometidas pelo vício. Muitas vezes, a desestruturação familiar causada pela droga leva esses usuários a se tornarem moradores de rua.

Com a falta de renda e pela condição em que esses usuários se encontram, é uma consequência o aumento de furtos nas áreas próximas aos locais com maior incidência de usuários de drogas. Os quais, para manter seu vício e até se alimentar, acabam realizando todo tipo de furto.

Nas regiões centrais de cidades medianas, estão se formando espécies de cracolândias, como as observadas em grandes metrópoles (MARTINS, 2024). Apesar de bem menores, essas pequenas cracolândias estão, aos poucos, ganhando volume e crescendo. Basta olhar por alguns minutos, e é fácil observar o uso de álcool e drogas por essas pessoas, que nem se preocupam com quem transita nas ruas.

A cada dia, em todo o Brasil, é perceptível o aumento da prática de furtos. É difícil encontrar uma só pessoa na sociedade que não tenha passado pela situação de ter algum pertence furtado. Uma boa parcela dos furtos está diretamente relacionada com o vício em drogas como cocaína e crack.

As forças de segurança atuam com patrulhamento ostensivo preventivo e policiamento fixo nas áreas de maior concentração de usuários; porém, é uma medida que não surte efeitos reais, pois, geralmente, ao ver a viatura, os usuários apenas se afastam e evitam realizar qualquer prática delituosa durante a passagem das viaturas, realizando-as um tempo depois, assim que percebem a saída das forças de segurança e percebem a possibilidade de práticas delituosas com boas chances de ficar impunes.

Roubo

            Outro crime que vem tendo maior incidência em todo o Brasil é a prática do roubo. Este também está interligado ao tráfico de drogas em grande porcentagem das incidências, pois alguns usuários, para manter seu vício, acabam optando por também realizar roubos (ALMEIDA, 2022).

Geralmente, esses roubos são de quantias menores em pequenos estabelecimentos, coletivos ou diretamente a pessoas. Os roubos geralmente ocorrem com os autores fazendo menção de estarem armados, utilizando força, lâminas, simulacros, armas de fogo ou outros meios que consigam aterrorizar a vítima e fazê-la entregar algum pertences (PEREIRA, 2021).

Em outros casos, os usuários adquirem tantas dívidas com os traficantes que são forçados a realizar roubos ou serão executados. Muitas vezes, as forças de segurança tentam coibir essas ações com patrulhamento e agindo quando a informação chega ao número de emergência. Reações a essas informações são, na maioria dos casos, ineficazes, pois, até a informação chegar ao número de emergência e a viatura ser acionada e chegar ao local, normalmente se passaram cerca de 10 a 15 minutos, tempo o suficiente para até um suspeito a pé estar bem longe e ter trocado de roupa (LIMA, 2022). Caso os suspeitos estejam com algum veículo de apoio, fica mais difícil realizar a abordagem e prisão.

Nos casos de grandes roubos a banco e carros-fortes, principalmente, pode-se observar outro tipo de ligação com o tráfico de drogas (MARTINS, 2023), pois as facções criminosas que se organizaram e enriqueceram através do tráfico de entorpecentes têm ligação, muitas vezes, com o fornecimento de armamentos, equipamentos e até pessoal para esse tipo de ação (COSTA, 2021).

Nos casos de roubos maiores, envolvendo quadrilhas, as forças de segurança sofrem com a falta de equipamentos minimamente equivalentes aos dos meliantes (SILVA, 2022), o que torna bem complicado enfrentar armamento de guerra, coletes de níveis elevados e carros de luxo blindados, enquanto as forças de segurança contam com equipamentos muito inferiores. Apenas alguns grupos táticos estão dotados de uma possível resposta, mas, como essas situações acontecem de forma aleatória, geralmente os grupos táticos têm poucas unidades disponíveis para dar essa resposta.

Sem contar que cada vez mais as quadrilhas optam por realizar os roubos em cidades do interior dos estados, onde não há a menor chance de resposta pelas forças de segurança e o reforço demoram para chegar, garantindo uma ação sem intromissão e uma fuga geralmente facilitada e sem grandes problemas (GARCIA, 2022).

O roubo, seja de pequena ou grande magnitude, é uma situação grave que causa trauma às vítimas. Muitas vezes também gera ferimentos ou até a morte de pessoas, dependendo das muitas variáveis que possam acontecer durante a ação do roubo (OLIVEIRA, 2022).

Receptação

Este crime é intrinsecamente ligado ao tráfico de drogas, ao furto e ao roubo, pois, com a multiplicação dos usuários e a dependência dessas pessoas. Como já foi descrito, eles acabam por perder a renda financeira e furtar ou roubar para conseguir comprar as drogas (COSTA, 2020). Porém, os traficantes não aceitam os produtos furtados por uma questão de logística, pois o dinheiro é de fácil troca ao contrário dos produtos de furto, que acabam ocupando espaço, exigindo encontrar compradores e uma série de trâmites.

Receptadores, porém, se especializaram nessa questão de estocar e revender produtos provenientes de ações criminosas. Os receptadores se aproveitam desses usuários desesperados pela droga e compram os objetos de furto a preços extremamente baixos; um notebook de cerca de três mil reais é, às vezes, trocado por cem reais ou até menos, e o usuário, que não tem grandes opções, aceita a transação (SILVA, 2021). O receptador, com o auxílio de contatos especializados, se necessário, tira todos os rastros do produto e o revende, geralmente a preços bastante atrativos (GARCIA, 2022).

A ação das forças de segurança normalmente depende de informações que geralmente surgem após meses de investigação, as quais raramente são realizadas para apurar o crime de receptação, devido ao elevado número de crimes mais graves no Brasil e ao baixo número de investigadores (OLIVEIRA, 2021). Porém, quando a investigação é realizada, os resultados e conclusões são repassados ao Ministério Público, que realiza a avaliação e, se concluir que as investigações têm fundamento, fornece o mandado de busca ao local, sendo só então possível a abordagem.

Como todo esse processo é lento, os criminosos frequentemente alteram os locais onde estocam os produtos, pagando para outras pessoas estocarem os objetos e frequentemente fazem as transações usando formas de levar o dinheiro, seja com empresas de fachada ou uso de terceiros (COSTA, 2022).

As ações do estado em combater a receptação são ineficazes e as penas por esse crime são bastante brandas, o que deixa os receptadores despreocupados, pois, mesmo quando raramente são responsabilizados, acabam sendo liberados sem grandes problemas.

Homicídio

Crime contra a vida, um dos piores crimes que pode ser consumado, acabar com uma vida, interromper uma história e causar cruel dor a diversas pessoas do círculo de amigos, parentes e todos ao redor da vítima. Este crime está bastante ligado ao tráfico de drogas no Brasil (GOMES, 2017). A maioria esmagadora dos homicídios cometidos de maneira violenta, principalmente contra jovens, tem ligação com o tráfico de drogas (SANTOS, 2018).

  1. Execução de usuários de drogas:

Traficantes acabam torturando e executando muitos usuários que não pagam pela droga consumida e não terão mais condições de pagar (BATISTA, 2003). É bastante perturbador que, após as drogas viciarem uma pessoa, elas lhes transformem em um criminoso, lhe tire grande parte do que um ser humano almeja, inclusive a dignidade! Por fim, ainda tiram a vida de muitos usuários (NERY, 2017).

2.         Guerras entre facções rivais por pontos de venda de drogas e outros motivos:

O tráfico de drogas tem outra forma de ceifar as vidas de muitos jovens entre 15 e 25 anos. Diante da competição pelos melhores e maiores pontos de venda de drogas, iniciam-se guerras entre facções em busca de mais poder, controle e dinheiro (ADORNO, 2002). Para conquistar tudo isso, usam a força, por meio de conflitos armados entre traficantes. Essa competição ocorre tanto nas grandes metrópoles, onde são utilizadas armas de guerra como fuzis, granadas e até lança-foguetes (MISSE, 2011), quanto em pequenas cidades, onde são usadas armas com menor poder destrutivo. Seja como for, essas guerras são um enorme problema social que gera rios de sangue, na grande maioria dos casos, sangue de jovens usados como soldados do tráfico (GRILLO, 2020). Após ocorrências de baixas, esses jovens são rapidamente substituídos. Jovens que teriam uma vida inteira pela frente acabam, geralmente, não superando a expectativa de 25 anos. Uma triste e cruel realidade que os brasileiros conhecem e vivenciam há anos.

  • Guerras dos traficantes contra as forças de segurança:

Confrontos contra as forças de segurança se tornaram corriqueiros. O tráfico de drogas ganhou força, se organizou e, cada vez mais, bem armados e em maior número, entra em confronto com o próprio estado (ZALUAR, 2010). Esses confrontos geram mortes de jovens usados pelo tráfico e de profissionais de segurança pública, que tentam programar medidas necessárias para coibir o tráfico de drogas (RODRIGUES, 2012). Ou seja, mais vidas humanas são desperdiçadas, mais sangue de jovens e de policiais e guardas municipais são derramados, graças ao tráfico de drogas.

  • Overdoses e complicações de saúde diversas:

Ainda temos os homicídios gerados pela própria droga, pois muitas pessoas perdem suas vidas devido a overdoses e outras complicações de saúde causadas por essas drogas. Isso faz com que leitos hospitalares sejam ocupados e gera mais problemas, além dos gastos e da dor e tristeza de toda a situação em si.

O tráfico de drogas é um dos maiores assassinos da juventude brasileira, sem sombra de dúvida, seja diretamente ou indiretamente! Também é um dos maiores assassinos de agentes de segurança pública (SILVA, 2018). Infelizmente, as ações atuais das políticas públicas são ineficientes ou ineficazes para resolver o problema dos homicídios no Brasil, pois apenas cerca de 8% dos homicídios são esclarecidos, devido à falta de investigadores e peritos para o trabalho investigativo, além do baixo investimento em aparelhagem e tecnologias utilizadas nesse setor de perícia e investigação (MARTINS, 2020).

A legislação deveria ser mais rígida quando se trata de crimes dessa magnitude, que encerram vidas (CARVALHO, 2016). Além disso, a educação é falha e isso reflete em uma população com baixa capacidade de argumentação e inteligência pouco exercitada, fato que acaba refletindo em pessoas que terminam resolvendo problemas e diferenças com violência.

Possíveis soluções no combate ao tráfico de drogas

A sociedade mundial há tempos sofre com o crescente aumento do tráfico de drogas e suas ações nocivas. Níveis culturais, intelectuais e soluções racionais interferem no aumento ou diminuição da gravidade dos seus impactos na sociedade atual.

As políticas públicas são de extrema importância para a existência de soluções efetivas no combate ao tráfico de drogas e devem ser empregadas de forma combinada (FERREIRA, 2019). A educação, segurança, infraestrutura, saúde e outras possibilidades funcionais devem ser estudadas, analisadas e empregadas de forma inteligente. Deve existir um esforço real e organizado de todos os setores, expondo as causas e soluções do problema com seriedade.

Infraestrutura e Tecnologias

Os ambientes devem ser estudados e modificados para que possamos agir de maneira mais rápida e eficaz no combate à criminalidade. É possível observar que as áreas de tráfico possuem uma geografia vantajosa para a fuga rápida dos suspeitos e a chegada lenta das forças de segurança, geralmente facilitada por zonas de matas, riachos e outros obstáculos naturais. Além disso, fatores geográficos urbanos, como vielas, corredores apertados e outros tipos de construções, dificultam a aproximação dos locais (SILVEIRA, 2017). Esse problema pode ser minimizado com a criação de novas ruas que agilizem a chegada de viaturas, a construção de pontes e transformações urbanas pertinentes a cada caso. É importante também realizar limpeza efetiva e boa iluminação de alguns setores, além da implantação de câmeras de segurança que monitorem as zonas de maior incidência de crimes (GARCIA, 2020). As imagens das câmeras apoiarão as ações dos agentes de segurança, que poderão se deslocar até o local com base em suspeitas fundamentadas. O sistema de câmeras deve ser composto por software de alta tecnologia, já utilizado em alguns países, que possibilita o reconhecimento de placas e características específicas de carros, motos, entre outros, os quais estejam envolvidos em crimes.

E reconhecimento facial interligado a um banco de dados. Isso permitirá captar e reconhecer imagens de suspeitos com mandado de prisão e pessoas envolvidas em crimes anteriores, além de fornecer filtros para buscas específicas, referentes a características de autores de crimes em andamento (MARTINS, 2019). Tais filtros conseguem selecionar indivíduos com características específicas, como a cor das vestes ou outras características inseridas no filtro. Outra melhoria necessária é no serviço de teleatendimento, que deve ser equipado com identificador de chamadas e de endereços. Assim, quando o solicitante ligar para emergência, o endereço deve aparecer na tela do computador junto com o telefone. A compra e a atualização frequente de equipamentos também são essenciais, principalmente no que diz respeito a investimentos em viaturas com blindagem completa para proteger a vida dos agentes de segurança pública. Além disso, é necessário um sistema embarcado para consulta e registro de ocorrências de forma ágil e funcional, bem como a aquisição e atualização de armamentos, incluindo a equipagem com equipamentos não letais, como tasers, e armamentos de apoio com munição não letal (COSTA, 2022).

Uma importante mudança que, com certeza, teria bons resultados no combate ao tráfico de drogas, armas e contrabando seria a maior atuação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, de forma organizada no controle das fronteiras. O Exército cobriria as fronteiras terrestres com tropas regulares e temporárias, criando bases e cercas em toda a extensão da fronteira. Embora o investimento seja alto, os resultados seriam incontestáveis, com patrulhas 24 horas por dia e reforços nas regiões de passagem de veículos, onde seriam instalados escâneres para localizar ilícitos (ALMEIDA, 2021). Todo esse trabalho seria integrado, compartilhando informações com as forças policiais, para os devidos encaminhamentos judiciais dos detidos. A Aeronáutica deveria cobrir o espaço aéreo com radares para monitorar movimentações por ar e terra. Após interceptar movimentações irregulares, a informação seria repassada às equipes aéreas ou terrestres, que realizariam a interceptação e abordagem para verificação (BARROS, 2018). A Marinha deveria monitorar e interceptar qualquer embarcação que tentasse transportar ilícitos por rios e mares, sendo que utilizando de embarcações pequenas e médias com grande agilidade, as quais teriam maior facilidade para realizar as interceptações e abordagens (SOUZA, 2020).

Essa ação conjunta entre Exército, Marinha, Aeronáutica, policiais e sistema judiciário seria extremamente proveitosa e surtiria um enorme efeito no desabastecimento de ilícitos que entram no Brasil. Seria um duro golpe no tráfico de drogas e suas finanças. Com o enfraquecimento das finanças do tráfico de drogas e armas, enfrentar e desmantelar as quadrilhas se tornaria muito mais simples. Sem dúvida, seria um dos maiores golpes da segurança pública contra as quadrilhas e o sistema organizado que elas dispõem atualmente. Por fim, é importante criar um sistema integrado entre as organizações, ou seja, um sistema onde as corporações se comuniquem de forma ágil e efetiva. Atualmente, há muita demora nos trâmites, pois as corporações trabalham parcialmente separadas, o que atrasa a chegada de processos e provas ao Ministério Público (REIS, 2022).

Educação

A educação tem uma grande influência no futuro de um país. No Brasil, infelizmente, a educação está declinando em diversos setores. Não é raro encontrar pessoas com formação acadêmica que são analfabetas funcionais. Estatísticas podem relatar melhorias significativas, mas, na prática, a qualidade da educação não tem sido das melhores. No combate à criminalidade, a educação desempenha um papel fundamental e definitivo (MARTINS, 2019). Deve-se conscientizar os estudantes, de forma séria, sobre o mal que as drogas causam e sobre o sangue que o tráfico de drogas traz para a sociedade (OLIVEIRA, 2021). Não se deve maquiar a triste e violenta realidade das drogas e da criminalidade que sustenta o tráfico.

As grades curriculares, principalmente para crianças e adolescentes, devem ser reformuladas, com o objetivo de incluir novas disciplinas das quais ensinariam, direitos e deveres. Essas reformas devem se basear em modelos de países com sistemas educacionais eficientes e que geram ótimos resultados, como Japão, Suíça, Suécia, entre outros bons exemplos, porém com as devidas adaptações para as necessidades do nosso país (FERREIRA, 2017). Com essas mudanças, a melhoria da nação em diversos setores seria praticamente garantida. No entanto, até o momento, não parece haver muito interesse em realizar essas alterações indispensáveis para a evolução social. Sem iniciarmos uma reformulação da educação de forma sistêmica e eficiente, acabamos atrapalhando todos os outros objetivos de soluções, pois com a evolução da educação, é praticamente inevitável a diminuição da violência e a melhoria de todos os setores (REIS, 2021).

Saúde

A saúde desempenha um papel relevante na reabilitação de pessoas e é parte fundamental da ação conjunta com outros setores para melhorar o combate ao uso de drogas. O tratamento de pessoas em situação de dependência química deve ser observado e ajustado. Muitos que buscam ajuda e não possuem condições financeiras acabam desamparados (ALMEIDA, 2022). Algumas famílias conseguem convencer o usuário a buscar ajuda, mas, sem condições financeiras, é complicado obter o tratamento necessário (COSTA, 2020). Igrejas, que geralmente fornecem internamento gratuito, têm um número reduzido de leitos, e o Estado não possui um sistema de assistência funcional para essas pessoas que buscam ajuda. É necessário um sistema de tratamento e internamento eficiente, fornecido pelo governo, para que essas pessoas possam voltar a ter uma vida saudável, produtiva e digna (OLIVEIRA, 2021).

Além do internamento opcional, é necessária a regulamentação do internamento de pessoas que não têm mais controle sobre si mesmas devido ao vício em drogas (REIS, 2017). Embora esse tema já seja discutido, não tem evoluído de maneira decisiva. Devemos considerar que uma pessoa que perdeu o emprego, os laços familiares e vive na rua, passando por todo tipo de privações devido ao vício, não está em suas capacidades mentais plenas (MARTINS, 2018). É essencial entender que essa pessoa precisa de ajuda e já não toma decisões com clareza. O internamento compulsório deve incluir medicação, terapias e apoio profissional adequado, alinhado com um sistema de ressocialização e treinamento profissional. Isso permitirá que a pessoa volte a trabalhar, ganhar sua renda, reconstituir laços familiares e ter uma vida com dignidade e liberdade (ALMEIDA, 2021).

Legalização ou Proibição das Drogas

Existe uma longa e conturbada discussão sobre a questão da legalização das drogas. Esta discussão é complexa e cheia de possibilidades. A guerra entre facções e também entre as forças de segurança contra o tráfico de drogas poderia, de fato, diminuir, mas não acabaria (MARTINS, 2019). As drogas que eventualmente fossem legalizadas poderiam, muitas vezes, ser contrabandeadas, como ocorre atualmente com os cigarros e bebidas (ALMEIDA, 2022).

Além disso, seria impraticável a legalização de drogas como cocaína, crack, heroína, ópio e outras consideradas de grande poder destrutivo e que causam alta dependência. Essas substâncias continuariam a ser vendidas pelas quadrilhas. A liberação dessas drogas poderia manter ou até piorar o problema que já ocorre: pessoas que perdem família, emprego e vivem na miséria, sobrevivendo pelo vício, acabam furtando e roubando para sustentar esse vício (COSTA, 2021). Além disso, os casos de overdose ocorreriam e seriam todos atribuídos ao estado em caso de legalização (OLIVEIRA, 2019).

Não podemos romantizar a ideia de que legalizar as drogas seria um paraíso e resolveria todos os problemas (REIS, 2022). É incerto o que aconteceria e, provavelmente, diversos problemas permaneceriam e novos surgiriam. No entanto, não se deve excluir a possibilidade de que uma legalização parcial e bem estudada certamente teria efeitos que afetariam as finanças do tráfico de drogas (GARCIA, 2023). Além disso, haveria maior arrecadação para o estado e controle de qualidade das substâncias vendidas, pois atualmente há todo tipo de substância nociva misturada nas drogas, sem controle de qualidade.

Uma possibilidade a ser discutida, embora bastante delicada, é dar autonomia aos estados para liberar certas substâncias, dentro das regras federais. Alguns estados poderiam optar por essa liberação parcial, enquanto outros manteriam a proibição total. Esse cenário permitiria avaliar parcialmente os efeitos diversos dentro das diferenças culturais do país, mas ainda seria uma solução arriscada e com possibilidades complicadas, semelhante a um experimento social com pessoas, onde seria difícil reverter a decisão após sua implementação (FERREIRA, 2021).

A liberação é uma possibilidade complexa, e não há exemplos de nações que liberaram 100% a utilização de drogas. As nações que realizaram liberações o fizeram de forma parcial e sob diversas regras, geralmente em países que contam com um sistema educacional bem avançado e taxas menores de incidência de tráfico de drogas, mesmo antes de inserir a liberação parcial (REIS, 2021). No Brasil, o assunto está em discussão, mas não evolui de forma efetiva.

Considerações Finais

O principal objetivo deste artigo é expor o problema e abrir os olhos de todos que querem observar possíveis soluções que, trabalhadas da maneira correta e com inteligência, podem gerar resultados reais e benéficos para toda a sociedade.

É necessário entender e observar que os usuários de drogas em todas as faixas etárias têm uma percepção de não assumir a autor responsabilidade. Em certas fases do uso de drogas, consideram-nas algo divertido e retiram toda e qualquer culpa de financiar o tráfico de drogas e as vidas que ele ceifa diariamente. Preferem não assumir a responsabilidade sobre os aspectos negativos do uso de drogas, pois é mais conveniente abraçar o ego e o egoísmo nessa situação, apesar do risco de viciar-se e ter a vida destruída.

Os governantes não demonstram interesse sério nesse verdadeiro mal no país e não lhe dão a devida importância. Os investimentos em saúde para essas pessoas em situação de vício são mínimos, e não há preocupação em recuperar esses indivíduos para que possam voltar a ser produtivos de forma digna.

No que diz respeito à educação, a abordagem sobre drogas e o tráfico é desorganizada e varia conforme a instituição. Normalmente, a situação é apresentada de forma maquiada, o que contribui para a banalização da utilização de drogas.

O governo realiza investimentos em segurança pública, mas de forma desorganizada e sem foco em discussões inteligentes e eficientes. Muitas vezes, os investimentos estão mais voltados para a venda de imagem política, com grandes entregas de viaturas, muitas das quais não têm um plano de manutenção adequado. Em outros casos, o foco é investir em grandes operações filmadas pela televisão, que são encerradas uma semana depois do alarde.

A sociedade está em constante fase de evolução, e o Brasil deve acompanhar essa evolução. A população deve colaborar e os setores devem se unir para enfrentar o tráfico de drogas. Principalmente, os governantes eleitos pelo povo devem pensar e discutir soluções em vez de focar apenas em carreiras e votos. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, e uma decisão mal tomada por alguém com influência pode fazer a diferença entre a vida e a morte de muitas pessoas.

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