TRABALHO EM EQUIPE E APLICAÇÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) NA UBS FUNASA II: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

TEAMWORK AND APPLICATION OF THE SINGULAR THERAPEUTIC PROJECT (PTS) IN PRIMARY HEALTH CARE (PHC) AT UBS FUNASA II: AN EXPERIENCE REPORT.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8412039


Afonso da Silva Ferreira1, Ketlen Praia de Oliveira2, Layna Monteiro da Costa3, Maria Ideneide Girão de Oliveira4, Raiane Magno Alis5, Silvia Carla Souza da Silva6, Paloma Songila Jasminne Santana De Souza7, Orientador (a): Enfª Noelia Medeiros de Araujo8.


RESUMO

Introdução: O trabalho em equipe e a aplicação do Projeto Terapêutico Singular (PTS) são fundamentais na atenção primária à saúde (APS) para garantir uma abordagem integral e individualizada aos pacientes. A UBS é o primeiro nível de contato dos indivíduos com o sistema de saúde, onde são realizados cuidados básicos, prevenção, promoção da saúde e tratamento de condições comuns. O trabalho em equipe na UBS envolve a colaboração de profissionais de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais e outros, que trabalham juntos para fornecer uma assistência de qualidade aos pacientes. Relato de experiência: visa relatar a vivência de acadêmicos do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Nilton Lins, durante o 7º Período na disciplina de Gerenciamento em Enfermagem, ministrada pela Enf. Docente Noelia Medeiros, que tem por objetivo relatar a experiência vivida durante uma visita realizada na UBS FUNASA II, localizada na Avenida Eduardo ribeiro, nº 1271 centro, Manacapuru- Am. Discussão: Diante de toda a experiência vivida durante nossa visita, decidimos por optar em trabalhar em cima de uma ferramenta de trabalho e sugerir a aplicação da mesma na unidade. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma estratégia utilizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para o cuidado integral e individualizado aos usuários. Ele busca considerar as particularidades de cada pessoa, levando em conta seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais.

Palavras chave: Trabalho em Equipe. Projeto Terapêutico Singular. Equipe Multidisciplinar.

RESUMEN

Introducción: El trabajo en equipo y la aplicación del Proyecto Terapéutico Singular (PTS) son fundamentales en la Atención Primaria de Salud (APS) para asegurar un abordaje integral e individualizado de los pacientes. La UBS es el primer nivel de contacto de las personas con el sistema de salud, donde se realizan cuidados básicos, prevención, promoción de la salud y tratamiento de afecciones comunes. El trabajo en equipo en la UBS implica la colaboración de profesionales de diferentes áreas, como médicos, enfermeros, técnicos de enfermería, psicólogos, trabajadores sociales y otros, que trabajan juntos para brindar una atención de calidad a los pacientes. Informe de experiencia: tiene como objetivo relatar la experiencia de los estudiantes de graduación en enfermería de la Universidad Nilton Lins, durante el 7º Período en la disciplina de Gestión de Enfermería, impartido por la Enf. Docente Noelia Medeiros, que tiene como objetivo relatar la experiencia vivida durante una visita a la UBS FUNASA II, ubicada en la Avenida Eduardo ribeiro, nº 1271 centro, Manacapuru-Am. Discusión: En vista de toda la experiencia durante nuestra visita, decidimos optar por trabajar encima de una herramienta de trabajo y sugerir su aplicación en la unidad.El Proyecto Terapéutico Singular (PTS) es una estrategia utilizada en las Unidades Básicas de Salud (UBS) para la atención integral e individualizada de los usuarios. Busca considerar las particularidades de cada persona, teniendo en cuenta sus aspectos físicos, psicológicos, sociales y culturales.

Palabras clave: Trabajo en equipo, Proyecto terapéutico único, equipo multidisciplinario.

INTRODUÇÃO

A Atenção Primária à Saúde (APS) tem sido o lócus no qual mais avançaram as propostas de organização dos serviços de saúde com base no trabalho em equipe e prática colaborativa. A Atenção Primária à Saúde (APS) abrangente e integral é reconhecida como melhor estratégia para organização dos sistemas de saúde e o modo mais eficiente de enfrentamento dos problemas de saúde e da fragmentação das ações e do próprio sistema. No Brasil, estudos evidenciam a efetividade da APS com impactos positivos no acesso e qualidade da assistência em saúde. (MARINA PEDUZZI 2018).

O trabalho em equipe tem sido de fundamental importância dentro da APS fortalecendo o vínculo entre os profissionais melhorando o atendimento dentro ou fora das unidades, com equipes humanizadas e comprometidas com o bem-estar da população. 

O trabalho em equipe multiprofissional tem sido definido como aquele que envolve diferentes profissionais, não apenas da saúde, que juntos compartilham o senso de pertencimento à equipe e trabalham juntos de maneira integrada e interdependente para atender às necessidades de saúde. Constituir-se como uma equipe requer trabalho é uma construção, um processo dinâmico no qual os profissionais se conhecem e aprendem a trabalhar juntos para reconhecer o trabalho, conhecimentos e papéis de cada profissão; conhecer o perfil da população adstrita, ou seja, as características, demandas e necessidades de saúde dos usuários e população; definir de forma compartilhada os objetivos comuns da equipe; e realizar  também de forma compartilhada – o planejamento das ações e dos cuidados de saúde. (MARINA PEDUZZI 2018).

A proposta de trabalho em equipe vem sendo discutida e implementada desde os anos 1950 (PEDUZZI, 2009) e recebe novo destaque por parte da Organização Mundial da Saúde e outros organismos nacionais e globais a partir dos anos 2000, culminando com a publicação de um marco de referência para prática e educação multiprofissional em 2010 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS, 2010).

Trabalho em equipe multiprofissional é entendido como uma forma de trabalho coletivo que se configura na relação recíproca entre as intervenções técnicas e as interações dos múltiplos agentes envolvidos, visto que requer, de um lado, a articulação das ações das diversas áreas profissionais, a partir do reconhecimento da sua interdependência, e de outro a complementaridade entre agir instrumental e agir comunicativo. A análise do trabalho em equipe multiprofissional (PEDUZZI, 2001) fundamenta-se em parte no legado teórico da saúde coletiva aqui referido e considera o crescente aumento da complexidade do objeto peculiar do trabalho em saúde: as necessidades manifestas pelos usuários e população demandante de entendimento dos profissionais de saúde.

Para CHIAVENATO (2000) o comportamento humano é muito complexo, principalmente dentro do trabalho, em que as pessoas dependem de fatores internos e externos. 

Dessa forma podemos dizer que o tema trabalho em equipe abrange algumas variedades de cenário, mas para que tenha uma boa funcionalidade é importante ser um ambiente efetivo e de pessoas que tenham contribuição para a qualidade de serviço ofertados.

Para reforçar essa ideia FIORELLI (2004) diz que: Uma equipe é o conjunto de pessoas com um senso de identidade, manifestado em comportamento desenvolvido e mantido para o bem comum e em busca de resultados de interesse comum a todos os seus integrantes, decorrentes da necessidade mútua de atingir objetivos mais especificados. (FIORELLI, 2004, P.170). 

O trabalho em equipe é a capacidade em que o ser humano possui para auxiliar e ser auxiliado. Quem trabalha em equipe trabalha com a finalidade de superar obstáculos e resolver os problemas buscando ter bons resultados. As equipes de trabalho se caracterizam por ter um objetivo de trabalho compartilhado. Ainda que cada pessoa possa ter metas específicas que devam ser atingidas, haverá um objetivo global, da equipe, que é a razão pela qual foi criada e que é compartilhado por todos.

A equipe que trabalha em colaboração conjunta dentro da UBS de forma organizada e dinâmica reflete o seu resultado na melhoria da saúde, em um ambiente mais agradável, elevando assim o potencial e a qualidade no serviço aos usuários, criando novas ações e estipulando novas metas a serem conquistadas pela equipe implantando e desenvolvendo ações como o projeto terapêutico singular.

“Projeto Terapêutico Singular” (PTS) é uma proposta do Ministério da Saúde compreendida como uma estratégia de cuidado organizada por meio de ações articuladas e desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar, dirigida a indivíduos ou coletividades e resultante da discussão coletiva entre a equipe e o usuário implicado. O PTS busca constituir- se como instrumento de organização e sistematização do cuidado, considerando as singularidades do sujeito e o contexto social em que está inserido, sendo dedicado a situações de maior complexidade clínica (BRASIL, 2009A; BOCCARDO ET AL., 2011).

Esta visita foi realizada com o objetivo de observar a rotina do enfermeiro gerente no cotidiano do trabalho em equipe, sugerindo ferramentas de gestão que possam potencializar um bom funcionamento do trabalho em equipe. 

RELATO DE EXPERIÊNCIA 

Trata-se de um relato de experiências, elaborado mediante a vivência de acadêmicos do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Nilton Lins, durante o 7º Período na disciplina de Gerenciamento em Enfermagem, ministrada pela Enf. Docente Noelia Medeiros, que tem por objetivo relatar a experiência vivida durante uma visita realizada na UBS FUNASA II, localizada na Avenida Eduardo ribeiro, nº 1271 centro, Manacapuru- Am.

As 08:00 do dia 15.03.2023, fomos recebidos pela Enf. R.R que no momento estava respondendo pela unidade pois a enfermeira gerente estava em atividades externas. Nós acadêmicos de enfermagem fomos recebidos muito bem pela mesma que nos conduziu a sua sala de atendimento onde nos relatou que no momento estava atuando como enfermeira atendente, mas que já havia exercido o cargo de enfermeira gerente daquela unidade.

Naquela ocasião foi feito alguns esclarecimentos sobre a rotina do enfermeiro gerente e da unidade, a mesma relatou que sempre haverá conflitos, entre profissionais como entre pacientes. O enfermeiro gerente tem que ter autocontrole e expertise para saber lidar com cada situação, e um dos métodos utilizados é o diálogo em equipe e individual.

Dando seguimento, a enfermeira nos apresentou a unidade, onde possui 34 funcionários, começamos a conhecer pelo próprio consultório da enfermeira naquele  local ela realiza suas consultas em atendimento as grávidas, as realizações de PCCU entre outras atividades, seguimos a conhecer a recepção, a mesma é a porta de entrada para todos os pacientes que ali procuram acompanhamento, fomos conduzidos até a copa onde é realizado as refeições dos funcionários da unidade, observamos a sala dos Acs da unidade que estavam em atendimento realizando as pesagens do bolsa família, a seguir fomos conduzidos á sala de tuberculose  onde observamos e conversamos com as técnicas que realizam o início de tratamento com pacientes diagnosticados, por relatos das mesmas podemos observar o quão desafiador é para elas trabalhar com pessoas que reagem de forma negativa para o tratamento e se recusam a dar continuidade, após este momento fomos encaminhados para a sala de hanseníase, presenciamos paciente sendo atendido e tendo toda orientação necessária  para o seu problema, na sala de vacinas os relatos foram de formas positivas e negativas, pois as vacinadoras relatam que da mesma forma que existe mães que procuram deixar as vacinas em dias de suas crianças, outras mães se recusam a vacinar, a unidade possui dois consultórios médicos e a sala de curativo.

No decorrer da visita realizada observamos que um dos maiores problemas encontrado na unidade é a desistência dos usuários em tratamento da tuberculose e hanseníase, e a resistência de algumas grávidas em iniciar ou dar continuidade no seu pré-natal. 

O que foi perceptível para nós é que os funcionários da unidade tentam trabalhar em conjunto para que o trabalho possa fluir da melhor maneira possível, garantindo melhorias na qualidade da assistência e comprovando o dito popular de que “ a união faz a força”, trabalhando com dinamismo, carisma e comprometimento na assistência dos usuários.  

A visita foi muito produtiva e contribuiu para o aprendizado dos acadêmicos, tanto no trabalho em equipe, quanto no gerenciamento em enfermagem.

DISCUSSÃO

As diferentes condições socioeconômicas, culturais e ambientais em que as pessoas vivem em determinada sociedade incidem, igualmente de modo distinto, sobre sua situação de saúde, tomando indivíduos e grupos populacionais mais susceptíveis do que outros a contrair doenças. Nesta perspectiva, urge reconhecer a importância de identificarem-se os fatores individuais que indicam quais sujeitos no interior de um grupo são mais suscetíveis do que outros para adoecer (BUSS, PELLEGRINI FILHO, 2007).

Diante de toda a experiência vivida durante nossa visita, decidimos optar por trabalhar em cima de uma ferramenta de trabalho e sugerir a aplicação da mesma na unidade.

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma estratégia utilizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para o cuidado integral e individualizado aos usuários. Ele busca considerar as particularidades de cada pessoa, levando em conta seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais.

O PTS é desenvolvido por uma equipe multiprofissional da UBS, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, entre outros profissionais de saúde. Essa equipe realiza uma avaliação global do paciente, considerando não apenas sua queixa principal, mas também suas condições de vida, recursos disponíveis, apoio social e outros aspectos relevantes.

Um de seus objetivos principais é aprofundar as possibilidades de intervenção sobre determinado caso. Costuma ser utilizado em situações mais complexas, contudo, eventualmente, também pode ser usado em qualquer equipe para discussão e responsabilização de problemas complexos. (OLIVEIRA, G.N)

Com base nessa avaliação, é construído um plano terapêutico individualizado, que engloba o tratamento das condições de saúde identificadas, bem como ações preventivas, orientações e encaminhamentos necessários. O PTS busca promover a autonomia do paciente, incentivando sua participação ativa no processo de cuidado e favorecendo a construção de um vínculo terapêutico sólido entre o usuário e a equipe de saúde.

Além disso, o PTS também considera a rede de apoio do paciente, envolvendo familiares, amigos e outros profissionais de saúde que estejam envolvidos em seu cuidado. O trabalho em rede é fundamental para garantir a continuidade e a integralidade do cuidado, facilitando o acesso a outros serviços de saúde e promovendo a coordenação entre diferentes pontos de atenção.

CAMPOS (2003) aponta o vínculo como recurso terapêutico. Sendo a terapêutica parte “essencial da clínica que estuda e põe em prática meios adequados para curar, reabilitar, aliviar o sofrimento e prevenir” danos futuros. Defende a ideia de que o vínculo, assim como a responsabilização e o acolhimento fazem parte do arsenal tecnológico da terapêutica e, por consequência, da clínica (p.68). Sendo assim, se o acolhimento, a responsabilização e o vínculo, nessa perspectiva, podem ter função terapêutica e fazem parte da clínica. Este trabalho incorpora a ideia de que todos podem produzir ações terapêuticas.

Para Cunha, o PTS é produzido em “uma variação da discussão de caso clínico”. Configura-se em formato de reunião de equipe em que os profissionais de saúde trocam percepções e constituem uma compreensão coletiva do sujeito doente, a qual subsidia o desenho de intervenções sobre o caso. Segundo esse autor, o PTS conteria quatro momentos: “o diagnóstico”, com olhar sobre as dimensões orgânica, psicológica, social e o contexto singular em estudo; “a definição de metas”, dispostas em uma linha de tempo de gestão da clínica, incluindo a negociação das propostas de intervenção com o sujeito doente; “a divisão de responsabilidades e tarefas” entre os membros da equipe e “a reavaliação”, na qual se concretiza a gestão do PTS, através de avaliação e correção de trajetórias (p.186)

1)Definir hipóteses diagnósticas: o sujeito é escutado/acompanhado por diferentes profissionais da equipe de Atenção Primária à Saúde em atendimento individual, atividades coletivas, atendimentos domiciliares, entre outras abordagens. As hipóteses de todos os profissionais são importantes para a construção do Projeto. Portanto, para além do diagnóstico formal, é imprescindível que a equipe tenha um compartilhamento e discussão entre si dos diferentes modos como cada profissional percebe o sujeito. É necessário realizar uma avaliação de vulnerabilidades, compreensão dos desejos, dos modos de trabalho, da cultura, da família, da rede social e da rede de apoio. Para isso, possivelmente serão necessários vários momentos com o sujeito atendido por diferentes profissionais, ou um suporte da equipe para que um ou dois profissionais possam coletar a maior e mais ampla quantidade de informações.

2)Definição de metas: pactuação de metas a serem desenvolvidas em curto, médio e longo prazo. Será importante, para isso, reconhecer as prioridades que o sujeito elenca (o que para ele é mais importante e/ou viável) e o que do ponto de vista da equipe é mais urgente e/ou viável. É importante considerar outros atores, como familiares e cuidadores. É indicado que essa pactuação seja realizada pelo profissional que possua maior vínculo com o sujeito, pois é um momento de planejamento conjunto e também de negociação.

3)Divisão de responsabilidades: o seguimento do PTS pode ser mais ou menos complexo, de acordo com as metas pactuadas e com as possibilidades do sujeito. Neste sentido, é importante que tenha um profissional com quem o sujeito ou família tenha vínculo e que conheça seu Projeto para que possa, quando tiver necessidade, solicitar apoio. Este será o profissional de referência, aquele a quem a pessoa vai contatar com facilidade (não deve depender de agendamentos a médio ou longo prazo). Pode-se considerar que seja um profissional mediador: não é necessariamente quem vai resolver a demanda do sujeito, mas quem vai buscar meios para. Pode ser qualquer profissional da equipe, de qualquer nível técnico, contanto que conheça o PTS, tenha vínculo e disponibilidade para acolher e boa articulação com a equipe.

4)Reavaliação: o Projeto Terapêutico Singular deve acompanhar a vida do sujeito e, portanto, estará sempre passível a ser revisto. A reavaliação deve ocorrer em discussões feitas pela equipe e com o sujeito/família e pode ser conduzida pelo profissional de referência (aquele com quem tem mais vínculo), mas não necessariamente.

Mediante a anamnese ampliada o tema da intervenção ganha destaque. Quando a história clínica revela um sujeito doente imerso em teias de relações com as pessoas e as instituições, a tendência dos profissionais de saúde é de adotar uma atitude “apostólica” (BALINT, 1988). Propomos que não predomine nem a postura radicalmente “neutra”, que valoriza sobremaneira a não-intervenção, nem aquela típica na prática biomédica, que pressupõe que o sujeito acometido por uma doença seja passivo diante das propostas.

Na área de enfermagem a proposta do ‘trabalho em equipe’ surge na década de 1950, nos EUA, através de experiências realizadas no Teacher’s College da Universidade de Columbia, que preconizam a organização do serviço de enfermagem com base em equipes lideradas por médicos. Esse modelo de organização do trabalho de enfermagem expressa tanto uma crítica ao modelo funcional, centrado na tarefa em detrimento do paciente, bem como a busca de solução para a escassez de pessoal de enfermagem nos anos pós Segunda Guerra Mundial (Almeida & Rocha, 1986; Peduzzi & Ciampone, 2005).

 A chave para o sucesso de um trabalho em equipe é a íntima cooperação entre os membros da equipe. Preocupe-se sempre em acompanhar os trabalhos dos companheiros e ofereça ajuda a quem aparenta precisar. Saber trabalhar em equipe é uma das habilidades mais valorizadas nos profissionais e isso acontece porque ela é essencial na hora de desenvolver algum serviço. Dentro de uma organização existem diversos setores e especialistas, mas se não souber trabalhar em grupo, tanto os profissionais como a gestão podem não conseguir bons resultados.

O trabalhar em equipe – equipe como expressão deste coletivo-rede – é o que permite passar de uma dimensão estritamente prescritiva do processo de trabalho para uma dimensão ampla do agir – potência da em situação de trabalho (BARROS; BENEVIDES DE BARROS, 2007, p.83).

O profissional de enfermagem é formado para trabalhar em vários espaços e reconhecer de maneira mais aprofundada cada integrante da equipe, o que possibilita identificar afinidades com um ou outro setor. Assim, a tendência não é a acomodação do profissional, e sim a busca pelo conhecimento dentro de uma área que lhe seja agradável. Nessa compreensão, o trabalho é fundamental para o homem, pois por meio dele atinge sua realização profissional, afirma-se como um ser social, um ser capaz de dar respostas práticas e conscientes às suas necessidades (LIMA ET AL., 2013).

Peduzzi (1998) propõem duas categorias que dão sentido a diferentes noções de trabalho de equipe: 1) equipe como agrupamento, caracterizada pela justaposição e fragmentação entre ações e agrupamentos de agentes e 2) equipe como integração, em que ocorre a articulação das ações e dos agentes, sendo caracterizada pela construção de possibilidades de recomposição dos saberes e trabalhos especializados – estando em consonância com os princípios da integralidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Diante da experiência vivenciada pelos acadêmicos, sugerimos como ferramenta o projeto terapêutico singular (PTS), para fortalecer o vínculo entre os funcionários e proporcionar uma assistência integral e com qualidade aos usuários. Se dedicar a qualquer paciente é um projeto que requer estudo e dedicação.  

Nesta trajetória é de suma importância a equipe acadêmica ressaltar que a implementação do PTS pode enfrentar desafios, como a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde, a gestão adequada dos recursos e a garantia da continuidade e integração dos cuidados em saúde. No entanto, os benefícios do PTS são evidentes, promovendo uma abordagem centrada no paciente, que valoriza sua individualidade, respeita suas escolhas e necessidades e busca alcançar melhores resultados em saúde.

REFERÊNCIA

1 ALMEIDA, M. C. P & ROCHA, J. S. Y O Saber de Enfermagem e sua Dimensão Prática. São Paulo: Cortez, 1986.

2 BARROS, Maria Elizabeth; BENEVIDES DE BARROS, Regina. A potência formativa do trabalho em equipe no campo da saúde. Em: Trabalho em equipe sob o eixo da integralidade: valores, saberes e práticas. PINHEIRO, R; BARROS, E; MATTOS, R. (Orgs). Rio de Janeiro: IMS/UERJ: CEPESC: ABRASCO, 2007. pp. 75-84.

3 CHIAVENATO, Idalberto. Trabalhar em grupo ou trabalhar em equipe. 2004. Qual a diferença?

4 Gestão de pessoas segundo Chiavenato: o que é e aplicação. 12 de dezembro de 2022, https://www.gupy.io/blog/gestao-de-pessoas-segundo-chiavenato. Acesso em: 25 maio 2023.

5 LIMA, Fabiano. B. et al. Fatores de motivação no trabalho de enfermagem. Revista de Pesquisa: Cuidado É Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 5, n. 4, p. 417-423, 2013.

6 Núcleo de Telessaúde Mato Grosso do Sul. Quais são os passos para o desenvolvimento de um Projeto Terapêutico Singular na APS?https://aps.bvs.br/aps/quais-sao-os-passos-para-o-desenvolvimento-de-um-projeto-terapeutico-singular-na-aps/ Acesso em: 25 maio 2023.

7 Peduzzi, Marina, e Heloísa Fernandes Agreli. “Trabalho em equipe e prática colaborativa na Atenção Primária à Saúde”. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, vol. 22, 2018, p. 1525–34. SciELO, https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0827.

8 Peduzzi, Marina, et al. “ TRABALHO EM EQUIPE: UMA REVISITA AO CONCEITO E A SEUS DESDOBRAMENTOS NO TRABALHO INTERPROFISSIONAL”. Trabalho, Educação e Saúde, vol. 18, março de 2020, p. e0024678. SciELO , https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00246.  

9 Peduzzi, M. (2001), Equipe multiprofissional de saúde: Conceito e tipoings. Revista de Saúde

10 PEDUZZI, Marina. Equipe multiprofissional de saúde: a interface entre trabalho e interação [Tese]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 1998.

11 UFSC – Saúde da Família. https://unasus2.moodle.ufsc.br Acessado 01 de junho de 2023.


1Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins:19003070@uniniltonlins.edu.br,
2Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins:20004353@uniniltonlins.edu.br,
3Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins:19002269@uniniltonlins.edu.br,
4Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins:19002934@uniniltonlins.com.br,
5Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins:20004439@uniniltonlins.edu.br,
6Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins:19003597@uniltonlins.com.br, 
7Académico em Enfermagem, Universidade Nilton Lins
8Orientadora: ES: Enfermeira Epidemiologista, Preceptora de Gerenciamento em Enfermagem.