TOXICOLOGIA DE COSMÉTICOS: SEGURANÇA DOS PRODUTOS DE LIMPEZA DE PELE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7927247


Ana Maria Cunha Sousa
Vívian Denver Do Vale
Orientador: Profº Me. Bernardo Melo Neto


RESUMO

Com o aumento expansivo das indústrias cosmetologias e a busca pela saúde da pele, faz-se necessário uma abordagem analítica sobre insumos com potencial de sensibilidade nos procedimentos de limpeza de pele. Trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa e descritiva, com base em artigos publicados sobre a temática, em como a inspeção de rótulos e fichas técnicas de produtos utilizados na limpeza de pele. Este artigo tem como objetivo compreender a toxicologia dos cosméticos, identificar os insumos do protocolo de limpeza de pele e compreender os insumos veganos, orgânicos e naturais como alternativa de substituição de insumos com grau de alergenicidade.

Palavras-chave: cosméticos; limpeza de pele; segurança; toxicidade.

1. INTRODUÇÃO

A Cosmetologia é uma atividade que vem de longos anos na vivência da humanidade, tendo-se registros historiográficos da aplicabilidade dos cosméticos de milênios. As civilizações da Antiguidade como os povos egípcios e gregos faziam uso dos cosméticos com a finalidade da preservação da saúde dermatológica, assim como para os aspectos estéticos e aromáticos, por exemplo, óleos e essências corporais, melhorar os odores e hidratar a pele (MORAES et al, 2019).

No entanto foi evidenciado através de observações sistemáticas no processo da produção e administração do uso dos cosméticos, que alguns insumos/matéria-prima detinham potencial toxicológico elevado, substâncias nocivas e venenosas para a saúde humana (OGA; SIQUEIRA, 2003). Assim, fez-se necessário os estudos e pesquisas sobre a toxicidade dos insumos e seus respectivos produtos cosméticos.

O estudo de insumos com possíveis graus de toxicidade tem ganhado notoriedade nos órgãos responsáveis por esta vistoria, para Olga, Camargo e Batistuzzo (2014), a história da toxicologia acompanha a própria história da civilização, o homem possui conhecimento sobre os efeitos tóxicos dos venenos dos animais e da variedade de plantas tóxicas.

A palavra Toxicologia tem seu significado etimológico do latim: toxicum, com definição de veneno. Ao compreender o significado de Toxicologia e que os cosméticos possuem esses insumos, é de suma importância para o profissional que atua no mercado de estética conhecer as composições dos cosméticos, forma de aplicação, bem como seus benefícios e malefícios (SANTOS, 2008).

Os cosméticos estão em amplo destaque e seu uso cresce de maneira acelerada, e os consumidores estão cada vez mais buscando conhecer a composição dos mesmos e sobre a sua ação sob a pele, portanto vemos a importância de utilizar produtos cosméticos que garantem a segurança do consumidor e do profissional que utiliza (MORAES et al, 2019).

Para Garbellotto, Mascarello e Valdameri (2019) o produto cosmético deve ser seguro para o usuário nas condições normais ou razoavelmente previsíveis de uso. Isto significa que os ingredientes devem ser incorporados na fórmula do produto cosmético em um nível de concentração que apresente uma margem de segurança adequada.

 A maioria das informações necessárias na avaliação do risco potencial de um produto cosmético resulta do conhecimento dos ingredientes que compõem sua fórmula. São eles que podem ser diretamente os responsáveis por qualquer efeito local e sistêmico, contudo a fórmula do produto, uma vez que é de livre acesso ao consumidor, o mesmo deve ser seguro nas condições normais ou razoavelmente previsíveis de uso. A busca dessa segurança deve incorporar permanentemente o avanço do estado da arte da ciência cosmética, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) possui um papel fundamental em garantir essa segurança dos cosméticos brasileiros e importados.

Portanto é de suma importância informar e esclarecer sobre a toxicidade dos produtos cosméticos quanto a suas reações adversas que podem ocorrer a partir de suas formulações, possíveis riscos para a pele, e quais testes podem ser realizados.

Diante do exposto o presente estudo tem como problemática o seguinte questionamento: Como os insumos cosméticos utilizados no procedimento estético de Limpeza de Pele podem oferecer riscos à saúde?

Nesse contexto a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar os riscos à saúde de insumos contidos nestes produtos cosméticos. E como elementos balizadores do estudo os seguintes objetivos de natureza específica: compreender os aspectos conceituais de Toxicologia; identificar os riscos e nocividade à saúde dos insumos cosméticos manuseados no procedimento estético de Limpeza de Pele; compreender os produtos veganos, orgânicos e naturais, como alternativas de substituição de produtos com algum grau de sensibilização.

A justificativa fundamentou-se no interesse das autoras nos aspectos: pessoal, acadêmico, científico e profissional sobre os saberes e fazeres da funcionalidade de cada composição cosmética, as normativas de segurança oriundas da ANVISA no que se refere ao procedimento estético de limpeza de pele, bem como seus mecanismos de ação, além de suas contraindicações para os diferentes tipos de pele e condições fisiológicos de cada paciente.

Portanto torna-se imprescindível o estudo científico de insumos que de alguma forma podem causar riscos à saúde, bem como investigar matérias primas que não ocasionem impactos negativos ao ser humano, torna-se esta, uma pesquisa de bastante relevância acadêmica.

A importância deste estudo para a comunidade acadêmica, científica e em geral é de caráter formativa, sistêmica e satisfatória na conjuntura sobre a composição química dos produtos cosméticos, os riscos à saúde humana dos insumos, dos procedimentos de limpeza de pele, assim como a normatização sobre os produtos cosméticos.

2. MÉTODOS E MATERIAIS

A presente pesquisa, trata-se de um estudo e revisão integrativa da literatura sobre a toxicologia de cosméticos – segurança dos produtos de limpeza de pele. De acordo com Mendes, Silveira e Galvão (2008) a revisão integrativa é um processo técnico/científico que tem a finalidade de pesquisar, revisar, analisar e sintetizar dados para auxiliar o desenvolvimento de novos conhecimentos de maneira elucidativa de um determinado objeto de estudo e temática.

O processo de coleta de dados foi realizado com auxílio das plataformas de busca científicas: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), PubMed, Literatura Latino-Americana e ciências do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). O levantamento das publicações indexadas no intervalo de 2013-2023 foi realizado no período de fevereiro a março de 2023 com os seguintes descritores: Toxicidade, Cosméticos, Limpeza, Pele e Segurança. Com a finalidade de enriquecer o presente estudo e o processo de revisão integrativa foram utilizadas partes das referências dos artigos devidamente selecionados.

Além disso, para uma análise mais abrangente, realizou-se uma pesquisa descritiva, ou seja, foram realizados alguns registros fotográficos de embalagens e rótulos de produtos de limpeza de pele disponíveis no mercado, com valores de custo médio entre 250 reais (Duzentos e cinquenta reais) a 600 (Seiscentos reais), verificando a composição do sabonete, esfoliante, solução emoliente, creme emoliente e máscara calmante e fator de proteção solar examinando se contém insumos com potencial de sensibilidade, como o propileno glicol, trietanolamina, parabenos, petrolato e sulfatos.

Para resguardar os nomes dos produtos e marcas, eles foram designados: Califórnia, Arizona, Texas, Kansas, Havaí, Colorado e Alasca Segue nos resultados o detalhamento dos sete produtos que serão devidamente analisados de acordo com os dados e informações técnicas dos rótulos dos produtos cosméticos em questão.

Souza, Silva e Carvalho (2010) ressalta que a revisão integrativa da literatura requer de maneira imprescindível a efetivação do processo de coleta, seleção e análise das fontes em conformidade com os seguintes aspectos de classificação – identificação, seleção, elegibilidade e inclusão. Desse modo, segue abaixo o detalhamento do processo da coleta e seleção dos artigos científicos na Figura 01 – Fluxograma da Coleta e Seleção dos artigos científicos:

Figura 01 – Fluxograma da Coleta e Seleção dos artigos científicos.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

A avaliação dos estudos selecionados foi executada em conformidade com as técnicas e métodos da análise de conteúdo de Bardin (2015) por tratar-se de uma revisão integrativa de estudos já publicados com abordagem qualitativa. O processo analítico será realizado de maneira gradual de acordo com os objetivos do presente trabalho em consonância com as etapas técnicas: a primeira é a pré-análise envolve a revisão e seleção apurada das fontes de estudos selecionadas; a segunda avaliação do material que consiste no procedimento de significação/ressignificação o nível de relevância das fontes para o estudo; terceira e última, o processo de inferência e intepretação científica dos resultados identificados.

O presente trabalho de pesquisa enquadrou-se e foi realizado de maneira experimental através da análise das informações técnicas dos rótulos dos produtos cosméticos somado aos procedimentos metodológicos da revisão bibliográfica e integrativa da literatura. Desse modo, não seguiu a Resolução 466/2012 do Ministério da Saúde no Brasil, não havendo necessidade de ser submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Santo Agostinho (CEP/UNIFSA). Destarte, em conformidade com as normas éticas dos trabalhos de pesquisa todos os nomes dos produtos cosméticos analisados foram resguardos com a finalidade de preservar as marcas (empresas/fabricantes) e seu respectivo know-how no mercado cosmético e estética.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As respectivas marcas foram intituladas pela letra do alfabeto grego– alfa (α) –, isto é, cada quadro com a letra alfa (α) é um kit de limpeza de pele de alguma marca, logo: α1, α2, α3, α4, α5, α6 e α7. Os quadros representados pela cor cinza são kits sem selo de classificação vegana, orgânica ou natural; pela cor verde são kits com selo de classificação vegana; pela cor azul é o kit com selo de produto natural (conforme as legendas abaixo).

Os quadros 5, 6 e 7 dizem respeito aos produtos com dados extraídos por meio de inspeção da ficha técnica.

De acordo com os dados coletados, é possível observar que os produtos certificados como veganos e naturais não contêm insumos com trietanolamina, parabenos, petrolato ou sulfatos.

Para uma análise descritiva sobre os insumos mencionados anteriormente, sete kits de limpeza de pele de marcas distintas foram listados em: itens que compõe os kits, insumos investigados e a categoria do produto, caso algum dos insumos explorados seja detectado.

A presente pesquisa selecionou 06 artigos científicos como base de estudo, os mesmos foram coletados e selecionados nas plataformas de busca científica: SciELO, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e PubMed. Entre os 06 artigos, 04 são estudos de revisão integrativa e 02 são estudos de caso. Em conformidade com a leitura e análise integrativa das fontes de pesquisas selecionadas de acordo com os critérios de inclusão deles foi realizado a reunião descritiva dos dados informativos relevantes de cada artigo para a presente pesquisa. Os dados informativos são: ano, título, autor (es), objetivos e resultados como exposto no Quadro 01.

Quadro 01 – Artigos Científicos selecionados e utilizados como fonte de estudo da revisão integrativa da literatura. Teresina, Piauí, Brasil. 2023.

ANOTÍTULOAUTOR(ES)OBJETIVOSRESULTADOS
2008Toxicologia: a garantia de cosméticos segurosSANTOS.Informar sobre os saberes e fazeres da Toxicologia como uma ciência que concede garantia aos produtos cosméticos.O estudo demonstrou as concepções, características, tipos de toxicidade, matérias-primas da Toxicologia referente a formulação e uso dos cosméticos.
2017Avaliação da toxicidade de parabenos em cosméticos.HOPPE; CASTELLO NOVO PAIS.Avaliar o risco quanto à utilização de cosméticos e produtos de higiene que contenham parabenos como conservante.Os produtos cosméticos avaliados, considerando como endpoint os efeitos estrogênicos, os parabenos apresentam-se seguros para uso adulto e não seguro para uso infantil, nas condições de exposição dispostas neste trabalho.
2018Avaliação de segurança de Trometamina, Aminometilpropanodiol e Aminoetil propanodiol usados em cosméticos.BECKER et al.Avaliar o nível de segurança ou biossegurança das seguintes substâncias: Trometamina, Aminometilpropanodiol e Aminoetil propanodiol como insumos dos produtos cosméticos.O Painel de Especialistas do CIR concluiu que a trometamina, o aminometil propanodiol e o aminoetil propanodiol são seguros em cosméticos nas práticas de uso e concentração fornecidas nesta avaliação de segurança.
2019Cosmetologia: origem, evolução e tendências.MORAES.Revisar a literatura sobre a Cosmetologia nos aspectos da origem, evolução, tendências e toxicidade.Os cosméticos orgânicos e veganos, são a nova tendência do Mercado, e o Engenheiro Químico, é um dos profissionais que podem garantir a qualidade dos produtos na indústria cosmecêutica.
2019Cosméticos naturais, orgânicos e veganos.FLOR; MAZIN; FERREIRA.Estudo sobre os principais conceitos envolvidos no desenvolvimento de cosméticos naturais, orgânicos e veganos, de forma a fornecer, aos formuladores de cosméticos, as informações mais recentes adotadas sobre esse tema.A confirmação do crescimento e tendência do uso dos cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Assim, como a existência de inúmeros desafios no desenvolvimento dos produtos cosméticos que seja de fato naturais, orgânicos e veganos (certificados). Para que isso ocorra os fornecedores de matéria-prima e os formuladores cosméticos devem ter ciência dos conceitos de cada tipo de cosmético, e devem esta sintonizados em uma busca conjunta das soluções tecnológicas que atendam as expectativas dessa classe especial de consumidores.
2020Descomplicando a toxicidade dos cosméticos.GARBELLOTTO; MASCARELLO; VALDAMERI.Informar/esclarecer aos profissionais sobre a toxicidade dos produtos cosméticos, quanto as reações adversas que podem ocorrer a partir de suas formulações, identificando quais os possíveis riscos que o uso pode causar à pele e à saúde e quais os testes utilizados para a avaliação de segurança.O estudo observou-se a grande necessidade da realização de testes de segurança para garantir produtos cosméticos seguros, não só aos profissionais da área, mas também aos consumidores que diariamente se expõem a eles e necessitam que maiores informações sejam oferecidas para evitar malefícios indesejáveis.  

Fonte: Dados da Pesquisa, 2023. (Elaborada pelas autoras, 2023).

Os processos de compreensão/entendimento das concepções da Toxicologia perpassam pelo estudo científico minucioso sobre a composição química das substâncias – naturais e sintéticas, assim como a manipulação e combinação de ambas com foco no nível de toxicidade e seus respectivos efeitos noviços que resultam em problemas de saúde dos seres vivos – os humanos, animais e plantas.

 Santos (2008) afirma que a Toxicologia é uma ciência abrangente que pesquisa de maneira sistematizada as composições químicas das substâncias naturais, sintéticas e manipuladas com foco nos efeitos tóxicos que elas podem provocar nos seres vivos de forma genérica ou específica através do contato direto ou indireto com as mesmas.

Desse modo, compreende-se que a Toxicologia referente aos cosméticos tem a sua base de estudo com seus aspectos técnicos, metodológicos e científicos com foco específico referente aos níveis de toxicidade dos insumos que formulam e compõe os produtos cosméticos em relação a saúde dos seres humanos após o contato direto ou indireto com os mesmos durante os procedimentos estéticos e clínicos, por exemplo a limpeza de pele.

Garbellotto, Mascarello e Valdameri (2019) afirma de forma categórica que os produtos cosméticos devem passar por testes de biossegurança antes da sua utilização, tanto pelos profissionais de estética e principalmente junto aos clientes, pois as substâncias que formulam e compõe os insumos dos cosméticos possuem componentes com potencial alergênico e com nível de toxicidade que podem provocar sérios problemas de saúde aos clientes – internos e externos durante a sua utilização nos procedimentos estéticos e clínicos.

De acordo com os autores a Toxicologia é uma ciência que busca descomplicar o conhecimento referente a toxicidade dos cosméticos no que tange a composição química dos insumos naturais e sintéticos, e que ela auxilia de maneira essencial o processo da formulação, produção e uso dos produtos cosméticos no dia a dia através dos informes técnicos relacionados ao potencial alergênico.

Em relação a toxicidade e os respectivos problemas de saúde que os produtos cosméticos utilizados no dia a dia, por exemplo, assepsiam da pele, Hoppe e Castello Novo Pais (2017) afirma que os produtos cosméticos que contém parabenos possuem uma taxa de biossegurança relativamente razoável para os usuários da fase adulta mesmo com os chamados efeitos estrogênicos e extremamente nocivo para as crianças. O estudo de Hoppe e Castello Novo Pais focou apenas no parabenos como um dos insumos dos produtos cosméticos de natureza genérica e específica já que este atua como conservante e está presente em vários produtos de vários gêneros, exemplos alimentícios e medicamentos.

Assim, segundo as autoras os parabenos é um insumo que possui um nível de biossegurança relativamente razoável, ou seja, a segurança para a saúde dos usuários dos cosméticos que contém este insumo é baixa, o mesmo pode provocar alguns efeitos colaterais – reações alérgicas e irritações cutâneas.

Em contrapartida os parabenos agem como um agente antimicrobiano no organismo, mas existem estudos que confirmam que está substância provoca inúmeros prejuízos à saúde humana, por exemplo, câncer de mama. A indústria cosmética utiliza este insumo devido ao baixo custo da sua implementação e formulação nos produtos.

No caso das substâncias Trometamina, Aminometil propanodiol e Aminoetil propanodiol que compõe vários tipos de produtos cosméticos, Becker et al (2018) confirma que esses insumos nas formulações dos cosméticos contém um nível de biossegurança aprovado mediante testes que foram realizados em animais e humanos pelo Painel Cosmetic Ingredient Review-CIR no contexto das práticas atuais de uso e concentração de até 1%.

De acordo com o estudo de Becker confirma-se que as substâncias citadas são seguras na formulação e nas práticas do uso de produtos cosméticos como instrumentos de higiene pessoal e geral, desse modo compreende-se que estes resultados contemplam as práticas da assepsia de pele no contexto estético, cosmetológico e clínico.

Porém, devem sempre seguir a normatização do teste de biossegurança dos cosméticos e principalmente na verificação do nível de concentração Trometamina, Aminometil propanodiol e Aminoetil propanodiol de até 1% nas informações técnicas no rótulo dos produtos. Caso, contrário pode ocorrer problemas de saúde devido a dosagem irregular da concentração das substâncias.

Os cosméticos a base de propilenoglicol possuem um nível de toxicidade relativamente baixo, Moraes (2019) afirma que está substância provoca na pele humana inúmeras irritações, alergias, urticária e eczemas, esses efeitos colaterais podem surgir devido este álcool diol provocar o desequilíbrio da barreira cutânea e resultar na reação de sensibilização facial.

Em contrapartida esse insumo concede inúmeros benefícios a saúde cutânea e corporal, ação antimicrobiana, umectante entre outros. A trietanolamina (TEA) nos cosméticos, Moraes (2019) afirma que este insumo promove inúmeros benefícios a saúde cutânea, é um emoliente, acelera a cicatrização, regeneração cutânea, efeito calmante e reduz o desconforto da assepsia da pele. Este insumo é contraindicado para um público minoritário e específico como, as gestantes e pessoas com histórico alergênico referente a sua composição química.

De acordo com a autora confirma-se que na Cosmetologia e Toxicologia tudo depende dos níveis de concentração dos insumos, no caso do propilenoglicol e a trietanolaminao percentual admissível em formulações é de 0,5% a 10%, por produto cosmético e a realização dos testes de biossegurança antes da aplicação nos clientes e usuários nos procedimentos estéticos de limpeza de pele entre outros.

No contexto da concepção e uso dos cosméticos naturais, orgânicos e veganos como uma alternativa para evitar problemas de saúde aos profissionais e usuários Flor, Mazin e Ferreira (2019) ressalta que existe uma demanda mercadológica ávida e crescente por estes tipos de cosméticos (naturais, orgânicos e veganos). Porém, existem alguns desafios quanto ao processo de conceituação, formulação e produção, pois tanto os fornecedores como a indústria cosmética necessitam de conhecer de fato a concepção da cosmetologia natural, orgânica e vegana e definir-se nesse nicho de mercado, assim como adquirir a certificação especializada dos órgãos competentes, por exemplo, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA no que tange as substâncias que compõe as matérias-primas, insumos e os próprios produtos cosméticos.

Para as autoras, os cosméticos de origem natural, orgânica e vegana é uma opção assertiva e saudável, pois eles são uma tendência mercadológica crescente e consolidada devido a biossegurança que os mesmos aferem aos procedimentos técnicos do mercado estético, cosmetológico e clínico.

Porém, existe a questão complexa da certificação desses tipos de produtos, esta perpassa pelo domínio do conhecimento (saberes e fazeres) sobre a concepção e composição da tipologia dos cosméticos – naturais, orgânicos e veganos e os respectivos insumos que cada um necessita e a atuação conjunta dos fornecedores da matéria-prima e os formuladores cosméticos no desenvolvimento de tecnologias que atuem de fato nesse tipo de mercado especializado.

4. CONCLUSÃO

Portanto, diante das argumentações e da análise acerca dos insumos com potencial de sensibilização, verificamos que a controvérsia que circunda sobre a aplicabilidade de alguns produtos dos kits do protocolo de limpeza de pele apresenta respaldos científicos, não podendo ser negligenciados.

Porém, observamos que alguns insumos apresentam risco de sensibilização para o paciente, dependendo da dosagem que contém na formulação do produto, como a trietanolamina, Aminometil propanodiole o propilenoglicol.

Em contrapartida, nas formulações que contenham petrolatos e seus derivados, sulfatos e parabenos, recomendam-se a sua abstenção pelo fato de não apenas acarretar sensibilização à pele ou lesões cutâneas, mas impactar negativamente a saúde e o meio ambiente.

Assim, concluímos a viabilidade da utilização de produtos veganos e naturais como alternativas de substituição dos kits de limpeza de pele que não têm essa classificação.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2015.

BECKER, Lillian C et al. Safety Assessment of Tromethamine, Aminomethyl Propanediol, and Aminoethyl Propanediol as Used in Cosmetics. International journal of toxicology vol. 37, 1_Suppl (2018): 5S-18S. Disponível em: https://doi:10.1177/1091581817738242. Acesso em: 18 de abril em 2023.

BURNETT, Christina L et al. Final amended report on safety assessment on aminomethyl propanol and aminomethyl propanediol.” International journal of toxicology vol. 28, 6_Suppl (2009): 141S-61S. Disponível em: https://doi:10.1177/1091581809350932.Acesso em: 18 de abril em 2023.

DAMAZIO, Mariene Gabriel. GOMES, Rosaline Kelly. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 5 ed São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2017.

FLOR, Juliana; MAZIN, Mariana Ruiz; FERREIRA, Lara Arruda. Cosméticos Naturais, Orgânicos e Veganos.Cosmetics & Toiletries (Brasil), vol. 31, mai-jun 2019.Disponível em: https://www.cosmeticsonline.com.br/ct/painel/class/artigos/uploads/f1fdc-CT313_32-38.pdf. Acesso em: 18 de abril em 2023.

GARBELLOTTO, Daiani; MASCARELLO, Daniela; VALDAMERI, Gildete Aparecida. Descomplicando a toxicidade dos cosméticos. Universidade do Vale do Itajaí. Vale do Itajaí, 2019. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane%20Garbellotto,%20Daniela%20Mascarello.pdf. Acesso em: 21 de março de 2023.

HOPPE, Ana Caroline; CASTELLO NOVO PAIS, Mariana. Avaliação da toxicidade de parabenos em cosméticos. Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 10, n. 3, 30 out. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.22280/revintervol10ed3.301. Acesso em: 18 de abril em 2023.

MORAES, Amanda Luzia Soares de. Et al. Cosmetologia: origem, evolução e tendências. Única Cadernos acadêmicos.v2 (5) 2019 , 13 p. Disponível em: http://co.unicaen.com.br:89/periodicos/index.php/UNICA/article/view/119. Acesso em: 21 de março de 2023.

OGA, Seizi; SIQUEIRA, Maria Eliza Pereira Bastos de. Fundamentos da Toxicologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003.

OLGA, Seizi. CAMARGO Márcia Maria De A. BATISTUZZO José Antonio de Fundamentos da Toxicologia. 4. ed São Paulo: Atheneu, 2014.

MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão Integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na Enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-64, out./dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/XzFkq6tjWs4wHNqNjKJLkXQ/?lang=pt&format=pdf.Acesso em: 21 de março de 2023.

SANTOS, Hamilton. Toxicologia: a garantia de cosméticos seguros. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 20-23, mar./abril. 2008. Disponível em: https://www.cosmeticsonline.com.br/pdfs/abril2008.pdf. Acesso em: 21 de março de 2023.

SANTOS, Hamilton. Toxicologia: a garantia de cosméticos seguros. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 20-23, mar./abril. 2008. Disponível em: https://www.cosmeticsonline.com.br/pdfs/abril2008.pdf. Acesso em: 18 de abril de 2023.

SOARES, Valeria Pereira. Cosméticos naturais e orgânicos: uma opção de inovação sustentável. 2020. 49 f. Monografia (Graduação em Engenharia Química) – Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/22961. Acesso em: 18 de abril em 2023.

SOARES, Valeria Pereira. Cosméticos naturais e orgânicos: uma opção de inovação sustentável. 2020. 49 f. Monografia (Graduação em Engenharia Química) – Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/22961. Acesso em: 21 de março de 2023.

SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias; CARVALHO, Rachel de. Revisão integrativa:o que é e como fazer. Einstein, Morumbi, v. 8, n. 1, p. 102-106, 2010. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/56528038/A2-Revisao-integrativa-o-que-e-e-como-fazer. Acesso em: 21 de março de 2023.


FILIAÇÃO