TIRZEPATIDA: A REVOLUÇÃO NO MANEJO DA DIABETES TIPO 2 E OBESIDADE- AVANÇOS E PERSPECTIVAS

TIRZEPATIDE: A REVOLUTION IN THE MANAGEMENT OF TYPE 2 DIABETES AND OBESITY – ADVANCES AND PERSPECTIVES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506112238


Cibele Cardoso Amaro
Kelly Bressan Ezequiel
Maria Laura Rodrigues de Oliveira
Sabrina Schmitz PereiraI
Simony Davet Muller*


Resumo: A tirzepatida é um novo fármaco injetável que atua como agonista dual dos receptores GIP e GLP-1, demonstrando eficácia expressiva no tratamento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e da obesidade. Diante disso, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão sistemática sobre a tirzepatida como novo recurso terapêutico e fornecer informações detalhadas sobre seus mecanismos de ação, eficácia clínica, potencial em múltiplas indicações e as implicações de sua adoção no tratamento do DM2, da obesidade e de doenças associadas. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, de natureza descritiva e qualitativa, com o intuito de reunir e analisar criticamente estudos publicados entre 2020 e 2025. As bases de dados utilizadas foram: Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed) e LILACS (Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde). Os termos de busca utilizados foram: “tirzepatide” AND “type 2 diabetes” AND “randomized clinical trial” AND “insulin” AND “obesity”. Os critérios de inclusão consideraram artigos científicos com texto completo gratuito, publicados em português, inglês ou espanhol, e estudos realizados em humanos. Foram excluídos artigos duplicados, publicações disponíveis apenas mediante pagamento, estudos que não abordavam diretamente o tema proposto, além de revisões narrativas ou sistemáticas utilizadas apenas como referencial teórico. Os resultados encontrados evidenciaram uma melhora significativa no controle glicêmico, com reduções expressivas nos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) e perda de peso sustentada em diferentes perfis de pacientes, inclusive naqueles sem diagnóstico prévio de DM2. A tirzepatida demonstrou superioridade em relação a outras terapias comparativas, como insulina basal, dulaglutida e semaglutida. Os efeitos adversos observados foram, em sua maioria, leves e transitórios, com predomínio de sintomas gastrointestinais. Apesar do alto custo e da disponibilidade ainda restrita, o fármaco apresenta potencial promissor como recurso terapêutico de primeira linha no tratamento de doenças metabólicas, desde que acompanhado por monitoramento clínico adequado e políticas públicas que ampliem seu acesso. Os achados da literatura indicam que a tirzepatida representa um avanço significativo no tratamento do DM2 e da obesidade, com implicações relevantes para a prática clínica e para a saúde pública.

Palavras-chave: Diabetes. Tirzepatida. Obesidade. Inovação.

Abstract: Tirzepatide is a new injectable drug that acts as a dual agonist of GIP and GLP-1 receptors, showing significant efficacy in the treatment of type 2 diabetes mellitus (T2DM) and obesity. Therefore, this study aims to conduct a systematic review on tirzepatide as a new therapeutic option and provide detailed information about its mechanisms of action, clinical efficacy, potential in multiple indications, and the implications of its adoption in the treatment of T2DM, obesity, and associated diseases. A systematic, descriptive, and qualitative literature review was conducted in order to gather and critically analyze studies published between 2020 and 2025. The databases used were: Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed), and LILACS (Virtual Health Library – VHL). The search terms used were: “tirzepatide” AND “type 2 diabetes” AND “randomized clinical trial” AND “insulin” AND “obesity”. Inclusion criteria considered scientific articles with free full text, published in Portuguese, English, or Spanish, and studies conducted in humans. Exclusion criteria included duplicate articles, publications only available for purchase, studies that did not directly address the proposed topic, and narrative or systematic reviews used solely as theoretical references. The results showed a significant improvement in glycemic control, with substantial reductions in glycated hemoglobin (HbA1c) levels and sustained weight loss in different patient profiles, including those without a previous diagnosis of T2DM. Tirzepatide demonstrated superiority over other comparative therapies such as basal insulin, dulaglutide, and semaglutide. Adverse effects were mostly mild and transient, predominantly gastrointestinal symptoms. Despite its high cost and still limited availability, the drug presents promising potential as a first-line therapeutic resource for treating metabolic diseases, provided it is accompanied by adequate clinical monitoring and public policies that expand its access. The literature findings indicate that tirzepatide represents a significant advancement in the treatment of T2DM and obesity, with relevant implications for clinical practice and public health.

Keywords: Diabetes. Tirzepatide. Obesity. Innovation.

1  INTRODUÇÃO

A tirzepatida é uma molécula inovadora que tem se destacado no cenário terapêutico global. Trata-se de um peptídeo sintético composto por uma cadeia de 39 aminoácidos, tendo sua estrutura derivada dos hormônios incretínicos GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon), atuando como agonista duplo de seus receptores, presentes no pâncreas, estômago, intestino, tecido adiposo e cérebro. (Chavda et al., 2022). Desenvolvida pela empresa farmacêutica Eli Lilly and Company, sua pesquisa teve início na década de 2010 com os primeiros estudos clínicos sendo conduzidos a partir de 2016, visando explorar sua eficácia no controle glicêmico e na perda de peso. A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou a injeção de Mounjaro™ (tirzepatida) da Eli Lilly em maio de 2022 e sua comercialização iniciou em junho de 2022 nos Estados Unidos. Já no Brasil, o novo fármaco foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em setembro de 2023 e sua comercialização teve início nas primeiras semanas do mês de maio de 2025, estando disponível para compra nas principais redes de farmácias. No dia 16 de abril de 2025, a Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou, um controle mais rigoroso na prescrição e na dispensação do medicamento. Com a decisão, será necessário a prescrição médica e retenção da receita, com validade de 90 dias a partir da data de emissão para a compra do medicamento que deverá ser feita em duas vias, visando garantir um uso seguro e regulamentado.

Segundo Taylor, Yazdi e Beitel Shees (2021), as opções terapêuticas atualmente disponíveis para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 incluem diferentes classes de fármacos, como biguanidas, sulfonilureias, tiazolidinedionas (TZDs), inibidores da dipeptidil peptidase 4 (iDPP4), inibidores do co-transportador sódio-glicose tipo 2 (iSGLT2) e agonistas do receptor do GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon) (GLP-1 RAs). Cada classe atua por mecanismos distintos e é selecionada conforme o perfil clínico do paciente e sua resposta ao tratamento.

A tirzepatida diferencia-se dos agonistas tradicionais do receptor de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) por atuar também no receptor do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP). O GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon), também conhecidos como incretinas, são hormônios liberados no intestino em resposta à ingestão de nutrientes, e tem como função estimular as células beta pancreáticas a secretar insulina. Essa dupla ação resulta em uma resposta mais potente e eficaz tanto no controle glicêmico quanto na redução de peso. Trata-se do primeiro agonista dual destes receptores incretínicos, integrando os efeitos fisiológicos de ambos os hormônios para oferecer um controle metabólico mais abrangente (Frias, 2020).

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) representa um dos principais desafios de saúde pública no cenário global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil possui cerca de 13 milhões de pessoas com diabetes, sendo que aproximadamente 90% deste público possui diagnóstico de diabetes do tipo 2. Essa condição se manifesta majoritariamente em adultos e decorre da incapacidade do organismo de produzir insulina em quantidade suficiente ou utilizá-la adequadamente, comprometendo o controle glicêmico. Embora a adoção de hábitos saudáveis, como uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos desempenhe um papel fundamental na prevenção e controle da doença, em alguns casos necessitam o uso de medicamentos concomitantemente para um melhor resultado no tratamento (Sociedade Brasileira de Diabetes).

Além do controle glicêmico, a tirzepatida também retarda o esvaziamento gástrico e promove maior sensação de saciedade, o que tem incentivado seu uso no tratamento da obesidade. A obesidade, por sua vez, é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo anormal ou excessivo de tecido adiposo no organismo, capaz de comprometer a saúde e está associada ao desenvolvimento de diversas condições metabólicas, como hipertensão, resistência à insulina, dislipidemias e doenças cardiovasculares. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2024), aproximadamente uma em cada oito pessoas no mundo vive com obesidade, refletindo um aumento expressivo nas últimas décadas e evidenciando a magnitude desse problema de saúde pública.

De acordo com o estudo SURMOUNT-1 (Study to Understand the Mechanisms of Treatment and Impact of Tirzepatide), um ensaio clínico randomizado de fase 3 publicado no New England Journal of Medicine (Jastreboff et al., 2022), indivíduos em uso de tirzepatida nas doses de 10 mg e 15 mg apresentaram uma significativa redução de peso corporal de 20% ou mais ao longo de 72 semanas. O estudo envolveu 2.539 participantes com obesidade, sem diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2, e demonstrou que 64% dos pacientes alcançaram perdas de peso iguais ou superiores a 15%, com melhorias adicionais em parâmetros cardiometabólicos, como pressão arterial e perfil lipídico.

Diante disso, surgem novas possibilidades terapêuticas envolvendo a tirzepatida, não se limitando apenas no manejo do diabetes mellitus tipo 2, sua principal indicação. Esses avanços, no entanto, ainda requerem uma análise mais aprofundada acerca de seus benefícios, limitações e perspectivas. Dessa forma, este trabalho propõe-se a responder à seguinte pergunta norteadora: Como a tirzepatida, enquanto inovação terapêutica, pode transformar o tratamento do diabetes mellitus tipo 2, da obesidade e de outras doenças metabólicas, considerando seus benefícios, avanços, desafios e perspectivas?

O objetivo geral deste trabalho consiste em realizar uma revisão sistemática sobre tirzepatida como novo recurso terapêutico e fornecer informações detalhadas sobre mecanismos de ação, eficácia clínica, potencial em múltiplas indicações e as implicações de sua adoção no tratamento diabetes tipo 2, obesidade e doenças associadas.

2  MÉTODO

Este trabalho caracteriza-se como uma revisão sistemática da literatura, de natureza descritiva e qualitativa, com o objetivo de reunir e analisar criticamente os artigos científicos disponíveis acerca do tema escolhido. 

Segundo Sampaio e Mancini (2007), a revisão sistemática é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura existente sobre um determinado tema, de maneira estruturada e metódica. Além disso, de acordo com Galvão, Sawada e Trevizan (2004), esse tipo de revisão tem como propósito fundamental responder a uma pergunta norteadora a partir da síntese de evidências científicas disponíveis, buscando garantir confiabilidade e reprodutibilidade nos resultados obtidos.

Para a busca dos artigos, foram utilizadas as bases de dados eletrônicas Scientific Electronic Library Online (SciELO) e National Library of Medicine (PubMed) e Literatura latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). O fluxograma PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) apresentado na figura 1, detalha o processo de identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos artigos que atenderam aos critérios estabelecidos (MATOS et al., 2024).

Os critérios de inclusão adotados abrangeram artigos científicos com texto completo disponível gratuitamente, data de publicação entre os anos de 2020 e 2025, publicações nos idiomas de português, inglês ou espanhol, estudos realizados em humanos com foco na tirzepatida, sua eficácia no tratamento de DM2, obesidade e outras comorbidades.

Os critérios de exclusão contemplaram estudos duplicados, artigos disponíveis apenas mediante pagamento, publicações que não abordassem diretamente o tema proposto, e revisões narrativas ou sistemáticas anteriores, exceto aquelas que servissem como base para a síntese de evidências primárias.

Os descritores utilizados foram selecionados com base no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e combinados com o operador booleano “AND”. As buscas foram inicialmente padronizadas utilizando os seguintes descritores: “Tirzepatide”, “Diabetes Type 2”, “Obesity”, “Randomized clinical trial”. No entanto, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão a quantidade de artigos elegíveis reduziu significativamente e tornou-se necessário realizar uma busca adicional com outros descritores na base de dados National Library of Medicine (PubMed), conforme apresentado na Tabela 1. Essa adaptação foi essencial para atender aos objetivos da pesquisa e manter a qualidade da revisão sistemática.

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, os artigos selecionados foram analisados em texto completo.

Tabela 1 – Termos DeCS utilizados na busca de artigos científicos.

Fonte: Autoria Própria.

3  RESULTADOS

A figura abaixo mostra o fluxograma PRISMA de elegibilidade dos artigos selecionados e utilizados no presente estudo.

Figura 1 – Fluxograma de Elegibilidade dos artigos      

Fonte: Autoria Própria.

Após a seleção dos artigos, os dados extraídos de cada estudo foram organizados e apresentados no quadro abaixo, que sintetiza as principais características das publicações analisadas, como título, autores, ano de publicação, o tipo de estudo e principais resultados.

Tabela 2 – Caracterização dos artigos selecionados.

Fonte: Autoria Própria.

4  DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo principal realizar uma revisão sistemática sobre tirzepatida como novo recurso terapêutico e fornecer informações detalhadas sobre mecanismos de ação, eficácia clínica, potencial em múltiplas indicações e as implicações de sua adoção no tratamento diabetes tipo 2, obesidade e doenças associadas.  Também são discutidos os desafios associados ao seu uso clínico, como acessibilidade e efeitos adversos, bem como as perspectivas para sua aplicação terapêutica.

4.1 MECANISMOS DE AÇÃO DA TIRZEPATIDA

As incretinas, como o GLP-1 e o GIP, são hormônios secretados pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos e têm como principal função melhorar a secreção de insulina de forma dependente da glicose. No diabetes mellitus tipo 2, essa função incretínica está comprometida, o que contribui para uma resposta insulinêmica pós-prandial inadequada. O GIP atua principalmente no pâncreas, inibindo a secreção gástrica e estimulando a secreção de insulina. Além disso, possui uma ação semelhante à insulina no tecido adiposo, inibindo a lipólise (quebra de gordura) e promovendo a lipogênese (armazenamento de gordura). Já o GLP-1 é capaz de estimular a secreção de insulina, inibir a liberação de glucagon e retardar o esvaziamento gástrico, causando assim uma sensação de saciedade (Forzano, 2022).

A tirzepatida, por atuar como um agonista duplo, promove efeitos sinérgicos desses dois hormônios, resultando em maior controle glicêmico. Dessa forma, tem sido utilizada no tratamento do diabetes mellitus tipo 2 tanto como monoterapia quanto em associação a outros agentes antidiabéticos. (Sokary; Bawadi, 2025).

4.2 EFICÁCIA GLICÊMICA DA TIRZEPATIDA EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2

Devido ao seu mecanismo de ação como agonista duplo dos receptores do GIP e do GLP-1, a tirzepatida se destaca como uma farmacoterapia inovadora para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2). O DM2 é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia crônica, causada principalmente pela resistência à insulina e disfunção progressiva das células beta pancreáticas. Um componente central da fisiopatologia do diabetes mellitus tipo 2 é a redução do efeito incretínico, condição na qual a resposta à secreção de insulina induzida pelos hormônios intestinais está diminuída. É nesse mecanismo que a tirzepatida exerce sua principal ação terapêutica. Sua eficácia clínica tem sido amplamente evidenciada em estudos multicêntricos randomizados da série SURPASS que avaliaram diferentes cenários terapêuticos (Frias et al., 2021).

SURPASS-1 (Rosenstock et al., 2021): Envolveu 478 pacientes com DM2 inadequadamente controlado apenas com dieta e exercício, sem histórico de terapia injetável. O tratamento durou 40 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas a placebo. O que foi avaliado foi a redução da hemoglobina glicada (HbA1c). O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de -1,87% (5 mg), -1,89% (10 mg) e 2,07% (15 mg), em comparação com -0,04% no grupo placebo.

     SURPASS-2 (Frías et al., 2021): Incluiu 1.879 pacientes com DM2. O tratamento durou 40 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas à semaglutida 1 mg. O que foi avaliado foi a redução da HbA1c. O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de -2,01% (5 mg), -2,24% (10 mg) e -2,30% (15 mg), em comparação com -1,86% no grupo tratado com semaglutida, demonstrando superioridade estatística.

    SURPASS-3 (Gastaldelli et al., 2021): Envolveu 1.444 pacientes com DM2 em uso de metformina, com ou sem inibidores de SGLT2. O tratamento durou 52 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas à insulina degludeca. O que foi avaliado foi a redução da HbA1c. O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de 1,93% (5 mg), -2,20% (10 mg) e -2,37% (15 mg), em comparação com -1,34% com insulina degludeca.

SURPASS-4 (Del Prato et al., 2022): Incluiu 2.002 pacientes com DM2 e alto risco cardiovascular, todos em uso de metformina, com ou sem inibidores de SGLT2 (Cotransportador de Sódio-Glucose 2) ou sulfonilureias. O tratamento durou 52 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas à insulina glargina. O que foi avaliado foi a redução da HbA1c e as taxas de hipoglicemia. O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de -1,93% (5 mg), -2,30% (10 mg) e -2,58% (15 mg), comparada a 1,44% com insulina glargina, com taxas de hipoglicemia de 6-9% (tirzepatida) versus 19,2% (glargina).

SURPASS-5 (Dahl et al., 2022): Envolveu 475 pacientes com DM2 em uso de insulina glargina, com ou sem metformina. O tratamento durou 40 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas a placebo. O que foi avaliado foi a redução da HbA1c. O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de -2,17% (5 mg), -2,24% (10 mg) e -2,23% (15 mg), em comparação com -0,93% no grupo placebo.

SURPASS-6 (Rosenstock et al., 2023): Incluiu 1.018 pacientes com DM2 em uso de insulina basal, com ou sem metformina. O tratamento durou 52 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas à insulina lispro (três vezes ao dia). O que foi avaliado foi a redução da HbA1c. O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de -1,73% (5 mg), -1,98% (10 mg) e -2,10% (15 mg), em comparação com -1,05% com insulina lispro, com níveis médios finais de HbA1c de 7,1% (tirzepatida) versus 7,7% (lispro).

SURPASS J-mono (Yabe et al., 2023): Envolveu 316 pacientes com DM2. O tratamento durou 52 semanas, com doses semanais de 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, comparadas à dulaglutida (0,75 mg). O que foi avaliado foi a redução da HbA1c e a área sob a curva (AUC) da glicose pós-prandial. O resultado principal foi uma redução média de HbA1c de -1,87% (5 mg), -2,03% (10 mg) e -2,10% (15 mg), em comparação com -1,16% com dulaglutida, com reduções significativas na AUC (área sob curva) da glicose.

Apesar das limitações, como o desenho aberto de alguns estudos e a comparação com doses subótimas de outros agentes, os dados reforçam o alto potencial da tirzepatida para o controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Além da melhora significativa dos controles glicêmicos, os estudos ainda ressaltam que os tratamentos realizados com a tirzepatida diminuíram os casos de hipoglicemias (taxa de glicose no sangue inferior ao normal) em comparação com os outros medicamentos estudados, trazendo assim mais segurança ao paciente (Frias et al., 2021).

Tabela 3 – Evidências clínicas da tirzepatida em comparação com outros antidiabéticos injetáveis: Resumo dos ensaios SURPASS.

Fonte: Autoria Própria.

4.3 USO DA TIRZEPATIDA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

A tirzepatida tem se destacado como uma alternativa terapêutica bastante eficaz no tratamento da obesidade. Seu diferencial está diretamente relacionado ao seu mecanismo de ação como agonista duplo dos receptores do GIP e do GLP-1, que atuam de forma sinérgica para controle do apetite e redução da ingestão de calorias. O receptor GLP-1 quando ativado, atua em centros hipotalâmicos reduzindo a fome e promovendo a saciedade, além de retardar o esvaziamento gástrico, o que prolonga a sensação de plenitude pós-prandial. O GIP, por sua vez, potencializa esses efeitos resultando em uma maior redução da ingestão calórica diária (Min; Bain, 2022).

Os estudos clínicos da série SURMOUNT, foram desenvolvidos para avaliar a eficácia e segurança da tirzepatida em diferentes circunstâncias como sobrepeso e obesidade, populações com e sem diabetes tipo 2, além de outros cenários como a utilização contínua do medicamento. O SURMOUNT-1 avaliou 2.539 indivíduos com obesidade sem diabetes mellitus tipo 2, com o objetivo de analisar a eficácia e a segurança da tirzepatida. Administrada semanalmente em doses de 5 mg, 10 mg e 15 mg, a tirzepatida evidenciou reduções de peso corporal entre 15% e 20% após 72 semanas de tratamento, sendo que 64% dos pacientes alcançaram perdas de peso iguais ou superiores a 15% (Jastreboff et al., 2022). Este estudo foi fundamental para comprovar o potencial da molécula como uma abordagem inicial no tratamento da obesidade.

O SURMOUNT-2 investigou os efeitos da tirzepatida para perda de peso em pessoas com obesidade e portadoras de diabetes mellitus tipo 2. A redução de peso após a administração de tirzepatida subcutânea de 10mg e 15mg uma vez por semana foi de -12,8% e -14,7% respectivamente, após 72 semanas de tratamento, em comparação a -3,2% no grupo placebo.  Além da redução de peso corporal, observou-se melhora significativa no controle glicêmico (HbA1c), evidenciando o duplo benefício da tirzepatida, que contribui tanto para a perda de peso quanto para o controle do diabetes tipo 2. (Garvey et al., 2023).

O SURMOUNT-3 trouxe uma abordagem clínica interessante ao avaliar o uso da tirzepatida após uma intervenção intensiva no estilo de vida (incluindo dieta e atividade física), para verificar o benefício adicional do medicamento. O estudo, também de fase 3 e controlado por placebo, demonstrou que a tirzepatida proporcionou redução média de peso corporal de 21,1%, frente a -3,3% no grupo placebo após 72 semanas, indicando seu potencial como terapia adjunta, complementando intervenções não farmacológicas para o manejo da obesidade (Wadden et al., 2023).

O SURMOUNT-4 investigou a manutenção da perda de peso alcançada na fase inicial do tratamento com tirzepatida. Após 88 semanas, 89,5% dos participantes que mantiveram o uso da tirzepatida conseguiram preservar pelo menos 80% da perda de peso inicial, em contraste com apenas 16,6% dos que passaram a receber placebo. Notavelmente, em indivíduos com obesidade ou sobrepeso, a interrupção da tirzepatida resultou em uma recuperação significativa do peso perdido, enquanto a continuidade do tratamento não apenas sustentou, mas também incrementou a redução de peso inicial. Esses resultados destacam a obesidade como uma condição crônica que requer tratamento prolongado, evidenciando a importância da continuidade terapêutica para evitar o ganho de peso, um desafio central no manejo da obesidade a longo prazo (Aronne et al., 2024).

Por fim, o SURMOUNT-CN foi conduzido exclusivamente na China, com o intuito de avaliar a eficácia e segurança da tirzepatida em adultos chineses com sobrepeso ou obesidade, sem diabetes mellitus tipo 2. Os participantes foram tratados com tirzepatida subcutânea nas doses de 10 mg ou 15 mg, ou com placebo, por 52 semanas. As reduções médias de peso foram de -13,6% no grupo de 10 mg, -17,5% no de 15 mg, e -2,3% no grupo placebo. A inclusão de dados de populações étnicas diversas é essencial para fortalecer a aplicabilidade global dos resultados clínicos, e os dados do SURMOUNT-CN reforçam a versatilidade da tirzepatida em diferentes perfis populacionais (Zhao et al., 2024).

Em síntese, os resultados dos estudos da série SURMOUNT evidenciam a eficácia e segurança da tirzepatida para o tratamento da obesidade, tanto isolada quanto associada a outras condições metabólicas, como o diabetes mellitus tipo 2. A ação sinérgica do agonismo duplo sobre os receptores do GIP e GLP-1 representa um avanço comparado aos agonistas do GLP-1 isolados, refletindo em redução de peso significativa.

4.4 UTILIZAÇÃO DA TIRZEPATIDA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS ASSOCIADAS

AO DIABETES MELLITUS TIPO 2

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a incidência de complicações cardiovasculares em pacientes diabéticos é significativamente elevada. Isso ocorre principalmente devido ao aumento dos níveis de glicose no sangue, que acompanhado de colesterol elevado e pressão arterial alterada contribuem para a obstrução das artérias. Indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 apresentam um risco de 3 a 4 vezes maior de sofrer eventos cardiovasculares, além de apresentarem o dobro de chance de falecerem em comparação à população geral. Este risco é ainda mais exacerbado pelo excesso de peso, que favorece o desenvolvimento de alterações metabólicas, incluindo dislipidemia, hipertensão e resistência à insulina, fatores que são reconhecidamente associados ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares. (Sociedade Brasileira de Cardiologia).

A Diretriz Brasileira de Dislipidemias (2017) caracteriza a dislipidemia em alterações nos níveis de lipídios e lipoproteínas no sangue. Pode ser classificada laboratorialmente como hipercolesterolemia isolada (níveis elevados de LDL no sangue), hipertrigliceridemia isolada (níveis elevados de triglicerídeos no sangue) ou dislipidemia mista (elevação simultânea dos níveis de colesterol LDL e de triglicerídeos no sangue) e HDL-c baixo. Estudos indicam que a razão entre triglicerídeos e colesterol HDL (TG/HDL-C) é um importante marcador para identificar resistência à insulina, sendo mais eficiente do que a avaliação isolada de HDL ou triglicerídeos. Essa relação é interessante, em especial, para pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), nos quais a dislipidemia contribui para o aumento do risco cardiovascular.

Além desses marcadores tradicionais, a apolipoproteína C-III (apoC-III) tem se mostrado um importante biomarcador lipídico e inflamatório. Trata-se de uma proteína pequena presente principalmente nas lipoproteínas ricas em triglicerídeos (como VLDL e quilomícrons), que atua retardando o processo pelo qual o organismo remove os triglicerídeos do plasma sanguíneo (depuração plasmática de triglicerídeos). Níveis elevados de apoC-III estão associados ao aumento dos níveis de triglicerídeos e o aumento do risco de doenças cardiovasculares, independentemente do perfil lipídico tradicional. Além disso, a apoC-III pode desenvolver inflamação vascular e contribuir para a aterogênese, sendo considerada uma possível via de intervenção clínica na redução do risco cardiovascular em populações com dislipidemia e resistência à insulina, como os pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (Tahir; Gerszten, 2023).

Neste contexto, o estudo clínico realizado por Wilson et al. (2020) com indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo 2, durante 26 semanas demonstrou melhorias em fatores de risco associados à doença. Foram administradas doses semanais de 1 mg, 5 mg, 10 mg e 15 mg, resultando na diminuição dos níveis de triglicerídeos em 31% (doses de 10mg) e 35% (doses de 15mg). O estudo evidenciou também a redução da apoC-III em média em 32% (doses de 10mg) e 44% (doses de 15mg), indicando o potencial da tirzepatida em amenizar riscos cardiovasculares e na melhora do perfil lipídico nesses indivíduos. No entanto, é importante observar que o estudo teve uma curta duração, de apenas 26 semanas, o que limita a avaliação de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC e morte cardiovascular. Outro ponto a considerar é a ausência de dados neste estudo sobre os efeitos após a suspensão do medicamento, sendo necessário estudos a longo prazo que avaliem a persistência dos efeitos metabólicos.

Um outro estudo que corrobora para esse desfecho da tirzepatida em perfis lipídicos é o estudo realizado por Pirro et al. (2022), que comparou os efeitos da tirzepatida (em doses de 5mg, 10mg e 15mg) com a delaglutida (1,5mg) e placebo, administrados semanalmente em 256 indivíduos também portadores de diabetes mellitus tipo 2. A tirzepatida obteve melhores resultados na redução do peso corporal, controle glicêmico e no controle de metabólicos ligados a resistência à insulina (lipídios, aminoácidos, glicose e outros metabólitos), demonstrando que a tirzepatida proporciona, além de benefícios já mencionados anteriormente, benefícios no tratamento de doenças relacionadas, como dislipidemias. Como o estudo trata-se de uma população relativamente pequena, ainda é preciso ter cuidado ao aplicar esses dados a grupos de pessoas mais variados.

A tirzepatida também tem sido estudada quanto ao seu efeito em algumas condições cardiovasculares. O estudo denominado SUMMIT (Packer et al., 2025) investigou os efeitos da tirzepatida em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) e obesidade.

Tabela 4 – Resultados do estudo SUMMIT: tirzepatida vs. placebo

Fonte: Autoria Própria. 

Os resultados demonstraram que a proporção de pacientes com agravamento da insuficiência cardíaca foi menor no grupo tratado com tirzepatida (8,0%) em comparação ao placebo (14,2%), indicando uma redução de 6,2% no risco de piora clínica da ICFEp. Em contrapartida, observou-se uma taxa ligeiramente superior de mortalidade por causas cardiovasculares no grupo da tirzepatida (2,2%) em relação ao placebo (1,4%). Embora essa diferença de 0,8% não seja estatisticamente significativa e o estudo não tenha sido desenvolvido para avaliar mortalidade como desfecho primário, esse dado evidencia a necessidade de acompanhamento em estudos de maior duração e com populações maiores. Além disso, observou-se uma melhora na qualidade de vida dos pacientes tratados com tirzepatida, medida pelo KCCQ-CSS (que avalia sintomas, limitações físicas e qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca), com uma diferença média de 6,9 pontos entre os grupos. Essa melhora demonstra que os pacientes tratados relataram melhor capacidade funcional e bem-estar geral após 52 semanas de tratamento.

Os efeitos da tirzepatida observados no controle dos perfis lipídicos tradicionais e na apoC-III e outras condições cardiovasculares embora recentes, evidenciam o potencial da molécula de atuar em diversos componentes do metabolismo. Os estudos apresentados demonstram uma ação mais abrangente da tirzepatida, podendo explicar sua distinção em relação aos outros agonistas tradicionais do receptor de GLP-1.

4.3 DESAFIOS DA TIRZEPATIDA

Apesar do grande potencial da tirzepatida no tratamento do diabetes mellitus tipo 2 e outras doenças metabólicas, sua utilização enfrenta alguns desafios. Entre os principais obstáculos estão questões relacionadas à acessibilidade e os efeitos adversos, que podem impactar tanto a adesão ao tratamento quanto a eficácia clínica em diferentes pacientes.

4.3.1 Acessibilidade

A acessibilidade da tirzepatida é um dos maiores desafios para sua implementação ampla no tratamento do diabetes mellitus tipo 2 e da obesidade. Embora a tirzepatida tenha demonstrado eficácia significativa, sua disponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não é garantida, o que limita o acesso de muitos pacientes a esse medicamento. O processo de inclusão de novos tratamentos no SUS envolve etapas rigorosas de avaliação e recomendação, o que pode resultar em longos períodos de espera até que medicamentos inovadores, como a tirzepatida, sejam disponibilizados à população (Ministério da Saúde, 2022).

Além disso, as questões econômicas também desempenham um papel importante. A tirzepatida é um medicamento de custo elevado, o que pode dificultar o acesso de pacientes, especialmente aqueles sem cobertura de planos de saúde. A regulação da venda de medicamentos como a tirzepatida pela ANVISA também afeta sua distribuição no mercado, o que pode gerar escassez e preços elevados, limitando ainda mais o acesso. A recente normativa da ANVISA, que determina a retenção de receita para a venda de medicamentos usados para emagrecimento, incluindo a tirzepatida, visa controlar a utilização indiscriminada do medicamento, o que pode impactar o acesso de alguns pacientes, dado que a prescrição precisa ser acompanhada de cuidados rigorosos (ANVISA, 2025). No contexto internacional, a situação é semelhante, com a FDA observando a necessidade de regular o fornecimento e a venda desses medicamentos, incluindo a tirzepatida, para garantir que eles cheguem adequadamente ao mercado (FDA, 2025). 

Portanto, a acessibilidade à tirzepatida não se limita apenas à sua inclusão no SUS ou à regulação governamental, mas também envolve o impacto das questões econômicas e políticas que moldam o acesso a tratamentos inovadores. Isso destaca a necessidade de políticas públicas eficazes que garantam que pacientes de diferentes classes sociais possam ter acesso a terapias que podem melhorar significativamente sua qualidade de vida.

4.3.2 Efeitos Adversos

Os efeitos adversos da tirzepatida, predominantes no sistema gastrintestinal, incluem náusea, diarreia, vômitos e desconforto abdominal, com a maioria dos eventos sendo classificados como leves a moderados. Dados provenientes de estudos clínicos das séries SURMOUNT e SURPASS indicam que as taxas de descontinuação do tratamento devido a efeitos adversos são inferiores a 10,5%, mesmo nas doses terapêuticas mais elevadas (10mg e 15mg), que são as mais frequentemente utilizadas. No entanto, em uma análise detalhada da literatura, Zweihary et al. (2024) destacam que, embora esses efeitos adversos sejam temporários na maioria dos casos, o monitoramento clínico contínuo é essencial, especialmente quando a tirzepatida é utilizada em contextos como a obesidade não associada ao diabetes tipo 2.

No estudo de perfil lipídico desenvolvido por Wilson et al. (2020), os efeitos adversos também foram, em sua maioria, gastrointestinais e coerente com os observados nas séries de estudo mencionadas anteriormente, sem registros de eventos adversos graves relacionados ao perfil lipídico alterado. Ainda assim, alguns dos participantes relataram constipação e episódios de desconforto abdominal em uso de doses mais altas.

Além dos efeitos gastrintestinais, estudos mais recentes sugerem que a tirzepatida pode ter implicações para a saúde cardiovascular, com poucos casos de taquicardia e aumento da pressão arterial observados em alguns indivíduos, particularmente aqueles com histórico de comorbidades cardíacas (Packer et al., 2025). Por isso, apesar do seu perfil de segurança geral, é necessário um acompanhamento rigoroso, principalmente em pacientes idosos ou com comorbidades, como hipertensão e doenças cardíacas.

A literatura ainda aponta para a necessidade de mais estudos a longo prazo para avaliar a segurança da tirzepatida, considerando subpopulações específicas, como indivíduos com insuficiência renal ou doenças hepáticas, que podem ter uma resposta diferente ao tratamento (Zweihary et al., 2024).

4.3 PERSPECTIVAS

Com base nos resultados analisados e nos estudos clínicos revisados, pode-se afirmar que a tirzepatida é uma inovação promissora no tratamento do diabetes tipo 2 (DM2), da obesidade e de outras doenças metabólicas (Jastreboff et al., 2022). No entanto, é importante considerar diferentes perspectivas para garantir que os benefícios observados em pesquisas sejam aplicados com sucesso na prática clínica e na saúde pública.

Uma das principais perspectivas refere-se à ampliação do acesso ao medicamento, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A incorporação da tirzepatida na saúde pública brasileira, embora ainda não prevista, representaria um avanço significativo, tendo em vista a elevada prevalência do diabetes mellitus tipo 2 e da obesidade no país (Moreira et al., 2024). Para isso, será importante a realização de estudos que avaliem seu custo-benefício, sua viabilidade econômica e sua contribuição para a melhora da saúde da população a longo prazo.

Outra linha de pesquisa relevante diz respeito à segurança da tirzepatida a longo prazo. Apesar de os ensaios clínicos atuais indicarem boa tolerabilidade, alguns dados iniciais levantam a necessidade de atenção. Um exemplo é o estudo SURMOUNT-1, que, embora tenha demonstrado grande eficácia na perda de peso, não foi projetado para avaliar desfechos cardiovasculares e não mostrou um aumento significativo na mortalidade por causas cardiovasculares. (Jastreboff et al., 2022)

Adicionalmente, há perspectivas para o uso da tirzepatida em outras indicações terapêuticas, como síndrome metabólica, esteato-hepatite não alcoólica (NASH) e, possivelmente, em doenças cardiovasculares em indivíduos não diabéticos, dado seu efeito sistêmico sobre o metabolismo energético (Packer et al., 2025). Esses estudos poderão expandir o escopo clínico da molécula e consolidar sua aplicabilidade terapêutica.

Outra possibilidade promissora é o desenvolvimento de novas formas de apresentação da tirzepatida, como formulações orais ou de liberação prolongada. Essas alternativas podem facilitar o uso contínuo do medicamento, melhorar a adesão ao tratamento e até reduzir os efeitos colaterais no início da terapia. Além disso, a personalização da dose com base em biomarcadores genéticos ou metabólicos alinha-se às diretrizes contemporâneas da medicina personalizada e de precisão (Sokary; Bawadi, 2023).

Dessa forma, as perspectivas reforçam o caráter inovador e o potencial transformador da tirzepatida no manejo do DM2 e da obesidade, ao passo que evidenciam a importância de aprofundamento científico, regulação rigorosa e monitoramento contínuo antes de sua ampla implementação na prática clínica (Moreira et al., 2024).

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Concluímos com esse estudo que, o uso da tirzepatida traz resultados positivos e significativos como novo recurso terapêutico no tratamento de doenças metabólicas como a diabetes mellitus tipo 2 e obesidade. 

Assim como foi apresentado anteriormente, a tirzepatida é uma molécula nova que atua como um agonista duplo dos hormônios GLP-1 e GIP que são liberados pelo intestino quando há uma ingestão de nutrientes pelo corpo, ambos têm a função de estimular a secreção de insulina. O GIP também atua inibindo a lipólise (quebra de gordura) e promovendo a lipogênese (armazenamento de gordura) enquanto o GLP-1 é capaz de retardar o esvaziamento gástrico causando assim uma sensação de saciedade. Dessa forma, a tirzepatida promove efeitos sinérgicos desses dois hormônios assim controlando os níveis glicêmicos e reduzindo o peso corporal. 

Os dados obtidos em ensaios clínicos randomizados das séries SURPASS e SURMOUNT evidenciaram que a tirzepatida apresenta superioridade em comparação a outras terapias antidiabéticas injetáveis já estabelecidas, tanto na redução dos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) quanto na perda de peso. Estudos recentes têm demonstrado efeitos positivos da tirzepatida não apenas no controle glicêmico como de início, mas também em múltiplas indicações, como no tratamento da obesidade, perfil lipídico e melhorias nos fatores de risco cardiovascular em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. 

No que se refere ao perfil de segurança, observou-se predominância de eventos adversos gastrointestinais, em sua maioria leves a moderados, os quais tendem a diminuir com o tempo de uso e raramente motivam a descontinuação do tratamento. Apesar dos benefícios terapêuticos demonstrados, a implementação da tirzepatida na prática clínica encontra desafios, sobretudo relacionados ao custo alto do tratamento e à sua acessibilidade, podendo implicar em sua ampla utilização. 

Ainda não há uma garantia sobre a incorporação e a distribuição da tirzepatida pelos sistemas públicos de saúde, o que traz à tona a necessidade de políticas públicas eficazes que garantam que pacientes de todas as classes sociais possam ter acesso a essas novas terapias que podem melhorar significativamente sua qualidade de vida. 

Destaca-se, ainda, a necessidade de estudos adicionais e complementares que avaliem os efeitos do uso prolongado da tirzepatida e a sustentabilidade dos benefícios clínicos após a interrupção do tratamento. É fundamental enfatizar que os efeitos do fármaco dependem do uso contínuo e a interrupção do tratamento pode trazer consequências graves, caso o estilo de vida não seja alterado. Além disso, por ser um medicamento novo, ainda não se tem respostas definitivas sobre as consequências, efeitos colaterais ou adversos a longo prazo, o que reforça a importância de monitoramento contínuo e pesquisas futuras. Dessa forma, considera-se essencial a continuidade da investigação científica para a consolidação da tirzepatida como uma estratégia terapêutica de referência no tratamento das doenças metabólicas.

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IAcadêmicos do curso Farnácia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. E-mail: endereço de email do acadêmico. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Farmácia da UNISUL. 2025. Orientador: Prof., Dra. Simony Davet Muller*.