REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/ra10202506100034
Stephany Marques da Silva Ferreira
RESUMO
A pesquisa teve como objetivo revisar a literatura científica sobre o uso da termografia infravermelha na prevenção do pé diabético, analisando sua aplicação clínica e os avanços tecnológicos associados. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Physiotherapy Evidence Database (Pedro), utilizando descritores extraídos do DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), como “termografia”, “pé diabético” e “infravermelho”, combinados com o operador booleano AND. Foram identificadas 55 referências, das quais 15 pertenciam à Lilacs, 15 à SciELO e 25 à Pedro. Após a triagem, 14 artigos foram incluídos na análise qualitativa. Os resultados indicaram que a termografia infravermelha é eficaz na identificação precoce de alterações térmicas associadas ao pé diabético, permitindo a detecção de comprometimentos circulatórios e neuropáticos antes da manifestação clínica. Além disso, a integração da termografia com inteligência artificial tem aprimorado a precisão da técnica, tornando o diagnóstico mais rápido e acessível. A análise das pesquisas revelou que o uso dessa tecnologia pode reduzir a incidência de úlceras, melhorando a qualidade de vida dos pacientes diabéticos. Como conclusão, verificou-se que a termografia infravermelha é uma ferramenta promissora na prevenção do pé diabético, sendo uma alternativa não invasiva, segura e eficiente para triagem e monitoramento de pacientes. No entanto, algumas limitações foram identificadas, como a necessidade de protocolos padronizados para interpretação térmica e maior acessibilidade aos equipamentos. Sugere-se que futuras pesquisas explorem modelos aprimorados de análise térmica, a aplicação de inteligência artificial para otimização do diagnóstico e a viabilidade da incorporação da termografia em triagens clínicas.
Palavras-chave: termografia infravermelha, pé diabético, prevenção de úlceras.
ABSTRACT
The aim of this study was to review the scientific literature on the use of infrared thermography for the prevention of diabetic foot, analyzing its clinical application and associated technological advancements. A bibliographic review was conducted using the Scientific Electronic Library Online (SciELO), Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (Lilacs), and Physiotherapy Evidence Database (Pedro), with descriptors extracted from DeCS (Health Sciences Descriptors) such as “thermography,” “diabetic foot,” and “infrared,” combined using the AND boolean operator. A total of 55 references were identified, with 15 from Lilacs, 15 from SciELO, and 25 from Pedro. After the screening process, 14 articles were included in the qualitative analysis. The results indicated that infrared thermography is effective in early identification of thermal alterations associated with diabetic foot, enabling the detection of circulatory and neuropathic impairments before clinical manifestations appear. Furthermore, the integration of thermography with artificial intelligence has enhanced the accuracy of this technique, making diagnosis faster and more accessible. The analysis of the studies showed that this technology could reduce the incidence of ulcers, improving the quality of life for diabetic patients. In conclusion, infrared thermography is a promising tool for diabetic foot prevention, providing a noninvasive, safe, and efficient method for patient screening and monitoring. However, certain limitations were identified, including the need for standardized protocols for thermal interpretation and improved accessibility to thermographic equipment. Future studies should explore optimized thermal analysis models, the application of artificial intelligence for diagnosis enhancement, and the feasibility of incorporating thermography into clinical screening programs. These advancements could establish thermography as a key strategy for early detection of complications, improving patient outcomes and reducing morbidity associated with diabetic foot.
Keywords: infrared thermography, diabetic foot, ulcer prevention.
INTRODUÇÃO
A Diabetes Mellitus (DM) é uma condição médica em progressão em todo o mundo, o que leva a pesquisadores estudar formas de como prevenir e tratar essa doença (Perin et al., 2021). Pode ser caracterizada como uma doença metabólica, que gera uma elevação dos índices de glicose no sangue que são ocasionados por problemas da ação ou da produção de insulina (Awan et al., 2021).
A termografia infravermelha (IT) é uma técnica que está sendo usada para auxiliar no processo de diagnóstico e monitoramento de fatores predisponentes para o pé diabético (PD). O aumento da temperatura está associado a um processo inflamatório ou a uma infecção e à diminuição e insuficiência do fluxo arterial (Adam et al., 2017). Essa capacidade de diagnóstico precoce é notavelmente promissora no campo do pé diabético, onde mudanças insignificantes podem causar processos ulcerosos (Perin et al., 2021).
A prevalência do diabetes mellitus tem crescido de forma alarmante nas últimas décadas, impulsionada por fatores como sedentarismo, alimentação inadequada e predisposição genética. Segundo Waibel et al. (2024), as complicações associadas ao diabetes, especialmente aquelas relacionadas ao pé diabético, geram custos elevados para os sistemas de saúde, devido ao manejo complexo das feridas, infecções e amputações. A neuropatia periférica diabética, condição frequentemente associada ao pé diabético, tem sido alvo de estudos que buscam identificar sua incidência e mecanismos fisiopatológicos. Rodríguez-Alonso et al. (2023) investigaram a relação entre neuropatia periférica e retinopatia diabética em pacientes com diabetes tipo 2, utilizando imagens termográficas como ferramenta diagnóstica. O diabetes mellitus pode ser classificado em tipo 1, associado a um processo autoimune que destrói as células beta pancreáticas produtoras de insulina, e tipo 2, caracterizado por resistência à insulina e disfunção progressiva dessas células. Segundo Awan et al. (2022), processos inflamatórios crônicos desempenham um papel crucial na patogênese do diabetes tipo 2, sendo mediadores de complicações sistêmicas que afetam diferentes órgãos e tecidos. O controle glicêmico inadequado leva a um aumento do estresse oxidativo, promovendo danos vasculares e favorecendo o desenvolvimento de complicações, incluindo o pé diabético.
Os sinais e sintomas do diabetes mellitus incluem polidipsia, poliúria, fadiga e perda de peso inexplicada, além de complicações crônicas como neuropatia diabética, retinopatia e doença cardiovascular. No caso específico do pé diabético, a progressão da neuropatia e a insuficiência vascular podem levar ao desenvolvimento de úlceras, que são de difícil cicatrização e apresentam um alto risco de infecção. Lima (2023) e Lopes et al. (2021) analisaram imagens termográficas de pacientes com úlceras de membros inferiores, demonstrando que alterações térmicas podem indicar áreas de maior vulnerabilidade à formação de feridas, permitindo uma abordagem preventiva.
A amputação é uma das consequências mais graves do diabetes mellitus e geralmente ocorre devido a complicações do pé diabético, como úlceras infectadas e gangrena. Segundo Pizarro (2020), a termografia infravermelha tem se mostrado uma ferramenta eficaz na prevenção das úlceras diabéticas, ao identificar alterações vasculares e inflamatórias antes do surgimento de lesões avançadas. Além disso, Faus Camarena et al. (2023) reforçam que o uso da termografia pode facilitar o diagnóstico precoce das complicações, permitindo intervenções mais eficazes e reduzindo a necessidade de amputações. O impacto da amputação na qualidade de vida dos pacientes é significativo, pois afeta a mobilidade, a independência funcional e a saúde emocional.
A fisioterapia desempenha um papel fundamental na prevenção das complicações do diabetes, promovendo estratégias para melhorar a circulação sanguínea, reduzir o risco de úlceras e preservar a funcionalidade dos membros inferiores. Ferreira et al. (2021) abordam o uso de inteligência artificial na predição e prevenção do pé diabético, destacando como novas tecnologias podem auxiliar na identificação de áreas de risco antes do desenvolvimento de lesões graves. Além disso, avanços na inteligência artificial estão sendo aplicados no cuidado das úlceras do pé diabético, conforme demonstrado por Apolinário et al. (2024), permitindo uma abordagem mais precisa no manejo das feridas.
A reabilitação pós-amputação também é um aspecto relevante na fisioterapia para pacientes diabéticos. Estal (2022) explorou o uso de plataformas de pressão e termografia na podologia esportiva, demonstrando como essas tecnologias podem contribuir para a adaptação funcional de indivíduos que perderam parte dos membros inferiores. A fisioterapia, quando aliada ao uso de tecnologias inovadoras, pode reduzir significativamente as complicações relacionadas ao diabetes mellitus e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Ferreira e Lopes (2023) expõem a forma de entender a inteligência artificial e trazem algoritmos preditivos em aplicação aos diabéticos, que alcançam melhorias no monitoramento para especializar a predição da área que pode estar em risco de ulcerar usando análise térmica. Eles disseram que a termografia e a IA estão abrindo um novo mundo onde os pacientes podem ser escaneados e monitorados diariamente para essa terapia preventiva, oferecendo atendimento de cinco estrelas aos pacientes com menos cirurgias programadas e internações hospitalares. Além disso, essas ferramentas facilitam a evolução para uma medicina preventiva, preditiva e personalizada compatível com a saúde digital e novos modelos de atenção primária (BarakatJohnson et al., 2022).
Devido ao surgimento de novos desafios, como um sistema de saúde exaustivo na Rede de Saúde Pública (Perin et al., 2021) e seu efeito nos países em desenvolvimento, o uso da termografia evoluiu, tornando seu acesso fácil. Além disso, deve-se reconhecer que o teste de estresse dessa tecnologia e como torná-la parte integrante do fluxo de trabalho clínico são realizados de forma heterogênea (Waibel et al., 2024).
Faus Camarena et al. (2023) pedem estudos sintéticos para estabelecer parâmetros clínicos voltados para a interpretação de imagens termográficas e estabelecer diretrizes específicas voltadas para o uso clínico dessa técnica de acordo com seus contextos. Os custos e resultados da assistência à saúde podem facilmente ser transformados em um modelo de negócios, pois o objetivo é diminuir as despesas com saúde investindo em tecnologia relacionada à saúde (Waibel et al., 2024). Portanto, o desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico precoce e a redução das hospitalizações explicam estudos bem-sucedidos nesse campo, que envolvem uma melhor qualidade de vida a um custo mais baixo para as empresas.
O objetivo geral da pesquisa é revisar a literatura sobre o uso da termografia por infravermelho para a prevenção do pé diabético.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, onde foram utilizados as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Physiotherapy Evidence Database (Pedro), utilizando descritores específicos.
A estratégia de busca incluiu descritores extraídos do DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), garantindo maior precisão na seleção dos estudos. Os principais termos utilizados foram “termografia”, “pé diabético” e “infravermelho”, combinados por meio do operador booleano AND. Dessa forma, foi possível refinar os resultados e obter estudos que abordassem diretamente a relação entre esses temas.
Na busca inicial, foram identificadas 55 referências, sendo 15 na base Lilacs, 15 na SciELO e 25 na Pedro, evidenciando a diversidade de fontes consultadas. Após a fase de triagem dos títulos, 15 artigos foram excluídos, restando 40 estudos para análise. Em seguida, verificou-se a duplicidade, o que levou à eliminação de 5 artigos repetidos, reduzindo o número total para 35 estudos únicos.
A próxima etapa envolveu a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Como critério de inclusão, foram selecionados estudos publicados entre 2017 a 2025, garantindo a atualidade das evidências científicas sobre o tema. Já os critérios de exclusão eliminaram pesquisas que não abordavam diretamente a termografia como ferramenta preventiva para o pé diabético, bem como estudos que apresentavam limitações metodológicas significativas. Com essa análise, 21 artigos foram excluídos, restando 14 artigos finais, os quais foram incluídos na revisão.
Por fim, a análise dos estudos adotou uma abordagem qualitativa, possibilitando uma avaliação aprofundada dos achados, bem como uma discussão crítica sobre a contribuição da termografia na prevenção do pé diabético. A metodologia rigorosa empregada visa garantir a qualidade e a relevância dos artigos selecionados, oferecendo uma visão abrangente e fundamentada sobre o tema investigado. Abaixo apresenta-se uma tabela dos 14 artigos selecionados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão 14 artigos foram selecionados para compor essa pesquisa.
Tabela 1: Artigos selecionados












Fonte: Autora (2025)
DISCUSSÃO
Os trabalhos de Faus Camarena et al. (2023), Pizarro (2020) e RodríguezAlonso et al. (2023) enfatizam a capacidade da termografia infravermelha de identificar alterações térmicas precoces nos pés de pacientes diabéticos antes da manifestação clínica de úlceras ou neuropatia periférica. Esses estudos concordam que a detecção antecipada permite intervenções fisioterapêuticas mais eficazes, como ajustes na postura, uso de órteses e prescrição de exercícios terapêuticos para minimizar riscos. Por outro lado, pesquisas como as de Ferreira et al. (2021) e Vázquez et al. (2023) exploram a integração da inteligência artificial à termografia para aprimorar a predição de lesões e otimizar protocolos clínicos. Essas abordagens indicam que a termografia pode ser ainda mais precisa quando combinada com algoritmos que identificam padrões térmicos e avaliam o risco individual de complicações.
A fisioterapia preventiva é destacada nos estudos de Estal (2022) e Lopes et al. (2021), que analisam a aplicação da termografia em contextos esportivos e clínicos para prever sobrecarga plantar e agravamento de úlceras diabéticas. Esses estudos reforçam que a termografia pode ser uma aliada na reabilitação funcional e na adaptação da marcha, ajudando a reduzir a ocorrência de lesões por pressão.
A pesquisa de Vázquez et al. (2023) reforça esse impacto, demonstrando que modelos de aprendizado de máquina aprimoram a capacidade de identificar padrões térmicos indicativos de lesões, o que pode acelerar o diagnóstico e aprimorar a tomada de decisões médicas. Dentro da perspectiva clínica, Lopes et al. (2021) investigam a correlação entre imagens térmicas e características clínicas de pacientes com úlceras em membros inferiores, evidenciando que a termografia permite o monitoramento da progressão das lesões, tornando possível ajustes no tratamento antes da manifestação de sintomas mais severos. Da mesma forma, Pizarro (2020) destaca que o uso da tecnologia pode mapear áreas de risco antes da formação de úlceras, reforçando seu valor na prevenção de complicações do pé diabético.
Morales-Montalvo et al. (2024) estudaram a função endotelial por meio da termografia e concluíram que a técnica pode ser eficaz para identificar comprometimentos circulatórios precocemente, possibilitando ações preventivas. Rodríguez-Alonso et al. (2023) complementam essa visão ao investigar a relação entre neuropatia periférica e padrões térmicos, reforçando que a termografia pode ser uma ferramenta diagnóstica complementar no rastreamento de disfunções vasculares em diabéticos.
Além disso, as pesquisas indicam que a integração da termografia com tecnologias digitais pode facilitar o monitoramento de pacientes e otimizar estratégias preventivas. Barakat-Johnson et al. (2022) avaliam o uso de um aplicativo baseado em IA para gerenciamento de feridas e úlceras, concluindo que a termografia combinada com análise automatizada pode transformar o cuidado do pé diabético, tornando a prevenção mais eficaz e acessível.
Embora a maioria dos estudos foque nos avanços tecnológicos na avaliação do pé diabético, algumas pesquisas abordam fatores relacionados à alimentação e estilo de vida como elementos centrais na prevenção da diabetes e suas complicações. Perin et al. (2021) exploram políticas de aquisição de alimentos e sua influência na saúde dos pacientes, destacando que o acesso a uma alimentação adequada pode reduzir fatores de risco para o desenvolvimento do pé diabético, mesmo que indiretamente.
Portanto, a discussão dos artigos selecionados aponta que a termografia infravermelha tem um papel essencial na prevenção do pé diabético, sendo capaz de detectar alterações térmicas precoces, prever lesões antes que se tornem severas e permitir intervenções direcionadas (Apolinário et al., 2024; Awan et al. (2022). O uso da inteligência artificial na análise termográfica está potencializando a capacidade da tecnologia, tornando o diagnóstico mais rápido e eficiente. A integração dessas metodologias pode contribuir para melhores resultados clínicos, reduzindo a incidência de úlceras e melhorando a qualidade de vida dos pacientes diabéticos. Conforme novas pesquisas avançam e refinam essas aplicações, espera-se que a termografia infravermelha se estabeleça como um recurso indispensável na medicina preventiva (Estal, 2022; Ferreira et al., 2021; Lima, 2023).
No campo da inteligência artificial, pesquisas como as de Apolinario et al. (2024) e Ferreira et al. (2021) têm explorado o potencial dessa tecnologia na otimização dos diagnósticos fisioterapêuticos. Algoritmos inteligentes conseguem analisar padrões térmicos e prever riscos de lesões, tornando a abordagem fisioterapêutica mais eficaz e personalizada. Em paralelo, estudos como os de Morales-Montalvo et al. (2024) indicam que a termografia pode ser utilizada para avaliar a função endotelial, auxiliando na compreensão de disfunções circulatórias que impactam diretamente na recuperação de pacientes.
Embora a termografia apresente diversos benefícios, desafios como a necessidade de um controle rigoroso das condições ambientais e a padronização dos protocolos de análise ainda precisam ser superados. Estudos como os de Lima (2023) destacam a importância da calibração dos equipamentos para garantir resultados precisos. Além disso, avanços na pesquisa, como os relatados por Vázquez et al. (2023), têm sido fundamentais para aprimorar a interpretação das imagens térmicas e ampliar sua aplicabilidade clínica.
Assim, a termografia infravermelha se apresenta como um recurso valioso para a fisioterapia, proporcionando uma abordagem inovadora no diagnóstico e tratamento de diversas condições musculoesqueléticas e neurológicas (Lima, 2023). Com o contínuo desenvolvimento tecnológico e a integração com inteligência artificial, espera-se que sua utilização se torne cada vez mais acessível e eficaz na prática fisioterapêutica (Morales-Montalvo, 2024; Lima, 2023).
O uso da termografia infravermelha na identificação precoce de complicações do pé diabético tem sido amplamente investigado na literatura científica, destacando-se como uma ferramenta promissora para a prevenção de lesões graves. O pé diabético é uma das complicações mais debilitantes da diabetes, resultando em neuropatia periférica, diminuição da circulação sanguínea e maior predisposição a úlceras e infecções. A capacidade da termografia de detectar alterações térmicas na pele antes da manifestação clínica desses problemas torna a técnica um método eficaz para avaliação preventiva (Lopes et al., 2021).
A neuropatia periférica, uma das principais consequências da diabetes, reduz a sensibilidade dos pacientes, tornando difícil perceber o surgimento de lesões nos pés. Como resultado, pequenas feridas podem passar despercebidas até se agravarem, levando a complicações que podem culminar na necessidade de amputação. Rodríguez-Alonso et al. (2023) investigaram a relação entre a neuropatia periférica e as variações térmicas detectadas por meio da termografia, concluindo que a técnica pode auxiliar na identificação precoce da disfunção nervosa, permitindo intervenções médicas mais rápidas e eficazes. O estudo sugere que o monitoramento térmico regular pode ser incorporado aos exames de rotina de pacientes diabéticos para mapear as regiões do pé com alteração na circulação sanguínea e evitar o desenvolvimento de ulcerações.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo revisar a literatura científica sobre o uso da termografia infravermelha na prevenção do pé diabético, analisando sua aplicação clínica, seus benefícios e as inovações tecnológicas associadas a essa abordagem. Os estudos investigados demonstraram que a termografia é uma ferramenta promissora para a detecção precoce de alterações térmicas que podem indicar comprometimentos circulatórios, neuropatia periférica e risco de ulceração. Além disso, sua integração com inteligência artificial tem ampliado sua eficácia, tornando o diagnóstico mais preciso e acessível.
Entretanto, algumas limitações foram identificadas na literatura revisada. Embora a termografia infravermelha tenha demonstrado grande potencial para a prevenção do pé diabético, ainda há desafios na padronização dos protocolos de avaliação térmica e na definição de valores de referência para diferentes populações de pacientes. Além disso, a acessibilidade a equipamentos de termografia e a capacitação de profissionais para a interpretação adequada das imagens térmicas são fatores que devem ser aprimorados para viabilizar sua ampla implementação na prática clínica.
Diante dessas considerações, sugere-se que futuras pesquisas explorem a criação de protocolos padronizados de análise térmica, permitindo uma maior uniformidade nos diagnósticos e no monitoramento dos pacientes. Além disso, estudos podem aprofundar o impacto da inteligência artificial e do aprendizado de máquina na otimização da avaliação de imagens térmicas, visando aumentar a sensibilidade e especificidade da técnica.
Por fim, pesquisas podem investigar a viabilidade da incorporação da termografia em programas de triagem clínica, permitindo sua utilização como ferramenta preventiva acessível e de baixo custo para a população diabética. Dessa forma, a tecnologia poderá ser consolidada como um método eficaz na detecção precoce de complicações, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para a redução da morbidade relacionada ao pé diabético.
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