TERAPIA DO ESPELHO NO TRATAMENTO DA DOR FANTASMA EM PACIENTES AMPUTADOS: REVISÃO SISTEMÁTICA

MIRROR THERAPY IN THE TREATMENT OF PHANTOM PAIN IN AMPUTEE PATIENTS: A SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7971166


William Feitosa Araújo Costa
Mayra de Brito Saraiva
Jordano Leite Cavalcante de Macêdo


RESUMO

Introdução: A amputação é uma remoção cirúrgica ou traumática de uma extremidade corporal, podendo causar dor no membro ausente, conhecida como dor no membro fantasma, limitando a qualidade de vida e funcionalidade do indivíduo. A Terapia do Espelho tem sido amplamente utilizada pela Fisioterapia como recurso para reduzir a dor do membro fantasma. Objetivo: Identificar os efeitos da Terapia do Espelho no tratamento da dor do membro fantasma em pacientes amputados. Métodos: Foi realizada uma busca em bases de dados nacionais e internacionais, sem limite de datas, incluindo ensaios clínicos randomizados, com indivíduos de ambos os sexos que relataram dor no membro fantasma após uma amputação. Foram excluídos estudos em animais, textos incompletos, artigos que não abordavam a temática a ser trabalhada e artigos que não tinham informações coerentes aos critérios estabelecidos. Resultados: Foram incluídos oito artigos de ensaios clínicos randomizados para análise na presente revisão sistemática. Conclusão: Após a análise metodológica dos estudos selecionados, concluiu-se que a Terapia do Espelho é eficaz na redução da dor do membro fantasma em pacientes amputados.

Palavras-chave: terapia do espelho; dor do membro fantasma; amputado.

ABSTRACT

Introduction: Amputation is a surgical or traumatic removal of a body extremity, which can cause pain in the absent limb, known as phantom limb pain, limiting the individual’s quality of life and functionality. Mirror Therapy has been widely used by Physiotherapy as a resource to reduce phantom limb pain. Objective: To identify the effects of Mirror Therapy in the treatment of phantom limb pain in amputee patients. Methods: A search was carried out in national and international databases, with no date limits, including randomized clinical trials with individuals of both sexes who reported phantom limb pain after an amputation. Studies in animals, incomplete texts, articles that did not address the topic to be worked on, and articles that did not have coherent information to the established criteria were excluded. Results: Eight randomized clinical trial articles were included for analysis in this systematic review. Conclusion: After the methodological analysis of the selected studies, it was concluded that Mirror Therapy is effective in reducing phantom limb pain in amputee patients.

Keywords: mirror therapy; phantom limb pain; amputee.

1 INTRODUÇÃO

A amputação é uma condição que caracteriza a retirada de um segmento corporal posicionado em uma extremidade. Geralmente é acometida em virtude de algumas patologias, sendo elas doenças vasculares periféricas, deformidades congênitas, tumores, traumatismo e infecções (CHINI; BOEMER, 2017). Apesar da cirurgia ser considerada um tratamento, cerca de 70% dos casos de pacientes amputados apresentam uma preeminência em dor pós-cirúrgica, podendo atingir de forma intensa cerca de 15% dos pacientes (XAVIER et al, 2020).

Ainda que a amputação tenha o objetivo de restaurar a saúde do paciente, eliminando o membro que não pode ser recuperado, a cirurgia de amputação é altamente eficaz, sendo realizada como último recurso (OLIVEIRA e ALMEIDA, 2019). Ademais, tornou-se um problema de saúde pública por sua alta mortalidade e morbidade, pois ela consiste na perca de um membro, impactando diretamente nos aspectos psicossociais do indivíduo acometido (SOUZA; SANTOS E ALBUQUERQUE, 2019).

A dor no membro fantasma (DMF), que é uma dor neuropática crônica, se desenvolve em cerca de 45 a 85% dos pacientes que sofrem grandes amputações (KUFLLER, 2018). Os pacientes que apresentam dor prolongada no pré-operatório e no pós-operatório imediato se apresentam mais suscetíveis ao desenvolvimento da dor fantasma em comparação com aqueles sem dor.  (NESSIMIAN e GOMES, 2022).

As dores ligadas a retirada do membro se manifestam através do tempo. Entretanto, as síndromes dolorosas após a amputação são classificadas como dor aguda no coto sendo uma dor nociceptiva localizada na incisão cirúrgica e de resposta imediata na extremidade do coto, dor perdurável que refere-se à dor nociceptiva e/ou neuropática que persiste ao longo do pós operatório (NAUGHTINS e ERSKINE 2021).

A Terapia do Espelho (TE) pode ser usada para a reabilitação de pacientes que sofrem com esse quadro de dor, onde promove a neuroplasticidade, através de ilusões visuais e cinestesia baseando-se no princípio da ativação do sistema nervoso sendo produzida uma sensação na qual ativa simultaneamente hemisférios cerebrais e aumenta a excitabilidade do membro lesionado (SANTOS; REGINI; PALÁCIO, 2019). A terapia se apresenta colocando um espelho em sobreposição de maneira que reflita o membro saudável como se fosse o membro amputado, impondo ao córtex pré-motor (RADAJEWSKA et al., 2017).

A pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos da Terapia do Espelho na gestão da dor fantasma em pacientes amputados, identificando fatores favoráveis, correlacionando os efeitos da terapia com movimentos dos membros e abordando as alterações sensoriais como recurso à reabilitação de pacientes amputados.

2 METODOLOGIA

A presente revisão sistemática, foi submetida por meio da plataforma PROSPERO (International Prospective Register of Ongoing Systematic Reviews). O registro foi realizado no dia 19 de dezembro de 2022 contendo o número CRD42022382446.

O levantamento de dados foi realizado no ano de 2023, nas seguintes bases de dados, National Library of Medicine (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Cochrane Central Register Of Controlled Trials (CENTRAL). O termo “AND” foi utilizado como base para realizar uma combinação de cada termo, sendo mirror therapy; phantom pain; amputee e um “OR” entre os termos livres que foram empregados para refinar a busca. Destaca-se que a aplicação dos operadores booleanos “AND” ou “OR” são utilizados dentro da base de dados PubMed e Cochrane.

A busca na base de dados PubMed foi utilizada a seguinte estratégia: ((mirror therapy OR mirror movement therapy) AND (phantom pain OR phantom limb pain OR phantom sensation OR pseudomelia)) AND (amputee) sendo cada termo pesquisado separadamente e após a pesquisa individual todos os termos são sintetizados para busca em conjunto pelo comando #1 AND #2 AND #3. O mesmo padrão de busca também corresponde a base de dados Cochrane.

Para a busca na base de dados PEDro, foram usadas apenas uma variação de cada termo com base na estratégia PICO especificando cada termo P= paciente; I= intervenção; C= comparação e O= Desfecho, os termos empregues foram substituídos por P= amputados; I= Terapia do espelho; C= pode não haver comparação; O= Dor fantasma; descrito em inglês referindo-se como: Amputee* Mirror Therapy* Phantom Pain*.

Os critérios de inclusão utilizados foram artigos científicos de estudos experimentais randomizados, sem limite de datas, em bases de dados nacionais e internacionais, com indivíduos de ambos os sexos, acometidos por dor no membro fantasma após uma amputação, artigos sem definição de idioma que tinham disponibilidade na íntegra completa e gratuita. Foram excluídos estudos em animais, estudos que não abordavam a temática a ser trabalhada, textos incompletos, e artigos que não tinham informações coerentes aos critérios estabelecidos.

A seleção dos artigos foi realizada por dois pesquisadores de maneira independente, onde todos os artigos foram lidos e analisados de forma completa. Havendo discordância, os artigos seriam avaliados por um terceiro pesquisador.

3 RESULTADOS

Após a pesquisa dos dados, foram selecionados 96 artigos para análise, destes foram excluídos 87 artigos que não se enquadravam nos critérios de análise, restando apenas 08 artigos aptos para a aplicação da escala de qualidade da PEDro. O fluxograma apresentado demonstra todas as etapas até a seleção dos quatro artigos, desde a pesquisa inicial até a fase final.Fluxograma 01: Fluxograma modificado seguindo a diretriz PRISMA para seleção de artigos em uma revisão sistemática.

Fonte: Pesquisa dos autores

Nos critérios de elegibilidade os 08 apresentam parâmetros de inclusão exclusão das amostras, mas conforme a escala de qualidade PEDro esse item não pontua. Nos 08 artigos os sujeitos foram distribuídos de maneira aleatória. E em todos os artigos a alocação dos sujeitos não foi secreta. Todos os artigos são considerados semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico.

A Tabela 01 lista as características dos estudos com numeração de 01 a 11, autor e ano de publicação.

Tabela 01: Análise de qualidade dos estudos com base na escala PEDro.

Fonte: Pesquisa dos autores

A tabela 02 demonstra as características dos estudos clínicos encontrados, com divisão em autor/ano, objetivo, metodologia e resultados.

Tabela 02: Características dos ensaios clínicos randomizados.

Autores/AnoObjetivoMetodologiaResultados
FINN et al.; 2017Investigar a eficácia da Terapia do Espelho na redução da dor de membro fantasma em homens amputados unilaterais em membro superior.Quinze indivíduos, provenientes dos Centros Médicos Walter Reed e Brooke Army, foram selecionados aleatoriamente e divididos em dois grupos distintos: grupo de Terapia com Espelho (n=9) e grupo de controle (n=6, submetidos à Terapia de Visualização Mental ou ao espelho coberto). Durante 4 semanas, os participantes foram instruídos a realizar 15 minutos da terapia designada por dia, durante 5 dias por semana. O desfecho principal do estudo foi a dor, avaliada através de uma Escala Visual Analógica de 100 mm.Foi observada uma redução significativa nos escores de dor dos indivíduos pertencentes ao grupo de Terapia com Espelho, que apresentaram uma média de 44,1 (DP = 17,0) para 27,5 (DP = 17,2) mm (p = 0,002). Além disso, foi registrada uma diminuição significativa no tempo diário de dor, de uma média de 1.022 (DP = 673) para 448 (DP = 565) minutos (p = 0,003). No entanto, o grupo controle não apresentou redução da dor (p = 0,65) ou diminuição do tempo total de dor (p = 0,49). A eficácia final do tratamento foi prevista pela resposta de redução da dor observada durante a décima sessão.
RAMADUGU et al.; 2017Avaliar a eficácia da Terapia do Espelho (TE) na redução da dor de membro fantasma em pacientes amputados.Neste estudo, 64 amputados com dor do membro fantasma foram randomizados em grupos teste e controle. Dos participantes, 32 no grupo teste e 28 no grupo controle completaram as 4 semanas de TE e 12 semanas de avaliação de acompanhamento. Um conjunto de exercícios de 15 minutos por dia foi administrado por 4 semanas no grupo teste e 8 semanas no grupo controle. A Escala Analógica Visual e o Short-Form McGill Pain Questionnaire foram usados para avaliar todos os participantes. No grupo controle, o espelho foi coberto durante as primeiras 4 semanas.Foi constatada uma redução significativa na dor fantasma em membros amputados no grupo de teste após quatro semanas de TE em comparação com o grupo de controle (P < 0,0001). Além disso, foi observada uma redução significativa na dor no grupo controle após a transição para o grupo de TE, a qual foi sustentada por 12 semanas em ambos os grupos. Não houve relato de danos ou efeitos adversos relacionados à Terapia com Espelho. Estes resultados sugerem que a TE pode ser uma abordagem eficaz e segura para o tratamento da dor fantasma em indivíduos amputados.
ANAFORO et al.; 2019Até o momento, embora a Terapia Espelhada (TE) e os Exercícios Fantasmas (EF) tenham sido demonstrados como métodos eficazes na redução da dor do membro fantasma (DMF), a eficácia desses métodos em termos de dor, qualidade de vida (QV) e Estado Psicológico (EP) ainda não foi investigada e comparada. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar e comparar a eficácia da TE e dos EF no tratamento da dor no membro fantasma (DMF).Neste estudo, 40 amputados transtibiais unilaterais entre 18 e 45 anos foram divididos aleatoriamente em dois grupos: ‘grupo TE’ e ‘grupo EF’. A QV, o estado psicológico e a intensidade da dor foram avaliados pelo Short-Form 36 (SF-36), Inventário de Depressão de Beck (BDI) e Escala Visual Analógica (EVA), respectivamente, antes e após o programa e novamente no 3º e 6º meses após o término do programa.Ambos os grupos (TE e EF) apresentaram melhora significativa em todos os parâmetros avaliados (P < 0,05). Porém, houve diferenças significativas entre os dois grupos nas mudanças para EVA e BDI em todas as medidas, bem como nos escores pré e pós-tratamento para todos os parâmetros do SF-36, exceto Aspectos Emocionais, favorecendo o grupo TE (P < 0,05).
LIMAKATSO et al.; 2019Investigar se a Imagem Motora Graduada (IMG) é eficaz para reduzir a dor do membro fantasma (DMF) em pessoas que sofreram amputações de membros.Este estudo envolveu 21 adultos com idade igual ou superior a 18 anos que sofreram amputação unilateral de membros superiores ou inferiores e experimentaram dor no membro fantasma persistente por mais de três meses. O desfecho primário, que foi a dor do membro fantasma, foi avaliado utilizando a escala de intensidade da dor do Brief Pain Inventory (BPI). Os desfechos secundários, que foram a interferência da dor com a função e a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), foram avaliados utilizando a escala de interferência da dor do BPI e do EuroQol EQ-5D-5L, respectivamente. Os participantes foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu o programa IMG de seis semanas, enquanto o outro grupo recebeu fisioterapia de rotina. Os resultados foram avaliados no início do estudo, após 6 semanas, 3 meses e 6 meses. O grupo experimental recebeu um programa de IMG de 6 semanas e o grupo controle recebeu fisioterapia de rotina.Os resultados mostraram que os participantes do grupo experimental tiveram melhorias significativamente maiores na dor do que o grupo controle em 6 semanas e 6 meses. Além disso, os participantes do grupo experimental tiveram melhorias significativamente maiores do que o grupo controle na interferência da dor em todos os pontos de acompanhamento. No entanto, não houve diferença entre os grupos na QVRS. Esses resultados sugerem que a IMG pode ser uma opção eficaz para aliviar a dor do membro fantasma em pacientes amputados, porém mais pesquisas são necessárias para avaliar sua eficácia em longo prazo e em comparação com outras terapias.
MALLIK et al.; 2020Determinar o benefício relativo da Terapia com Espelho e imagens mentais na dor do membro fantasma.Este estudo incluiu 92 amputados, com características basais semelhantes entre os grupos. A maioria dos participantes era do sexo masculino, sendo 36 homens e 10 mulheres no grupo de Terapia com Espelho, e 37 homens e 9 mulheres no grupo de imagens mentais. Todos os pacientes seguiram um programa convencional de reabilitação de amputados e foram submetidos a Terapia Espelhada ou imagens mentais regularmente, inicialmente em uma unidade de cuidados de reabilitação e depois em casa. A dor no membro fantasma (DMF) foi avaliada por meio da Escala Visual Analógica (EVA) no início do estudo e nos períodos de 4, 8 e 12 meses após o início do tratamento.No início do estudo, não houve diferença significativa nos escores da EVA entre os grupos. No entanto, observa-se uma redução significativa da dor em ambos os grupos durante o período de acompanhamento. Ao comparar a melhora entre os grupos, constatou-se que o grupo de Terapia Espelhada apresentou uma melhora significativamente maior (de 7,07±1,74 para 2,74±0,77) em comparação com o grupo de imagens mentais (de 7,85±0,76 para 5,87±1,41).
ZAHEER et al.; 2021Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos dos exercícios fantasmas em amputados de membros inferiores tratados com Terapia Espelhada e fisioterapia de rotina, com foco na redução da dor no membro fantasma, melhora do estado de mobilidade e qualidade de vida.Foram selecionados 24 amputados unilaterais de membros inferiores, acima e abaixo do joelho, e divididos aleatoriamente em dois grupos iguais: grupo controle (tratamento com Terapia Espelhada e fisioterapia convencional) e grupo experimental (além do tratamento convencional, realizaram exercícios fantasmas). A fisioterapia convencional envolveu exercícios terapêuticos convencionais, enquanto os exercícios fantasmas consistiram em imaginar o movimento do membro fantasma e tentar executar esses movimentos. Foram coletados dados no início do estudo, após 2 e 4 semanas de intervenção, utilizando questionários, a Escala Visual Analógica (EVA), Amplitude de Movimento Passivo (AMP) para mobilidade e RAND SF-36 Versão 1.0 (qualidade de vida). Todas as análises estatísticas foram realizadas com o software IBM SPSS 25.0, com intervalo de confiança de 95%.Os resultados indicaram que a inclusão de exercícios fantasmas resultou em benefícios significativos no manejo da dor em amputados de membros inferiores tratados com Terapia Espelhada e fisioterapia convencional. O grupo experimental apresentou uma redução significativa na dor (medida pelo escore da EVA) e um escore significativamente melhor no domínio “dor corporal” do SF-36 em comparação com o grupo controle. Ambos os grupos apresentaram melhora significativa nos demais domínios do SF-36 e potencial ambulatorial, sem diferenças significativas entre eles.
GUNDUZ et al.; 2021O objetivo deste estudo é investigar, por meio de um estudo fatorial, os efeitos da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) e da Terapia Espelhada (TE) em pacientes que sofreram amputação traumática de membros inferiores. Além disso, pretende-se avaliar se as alterações na plasticidade do córtex motor estão relacionadas com os resultados obtidos com a intervenção terapêutica.Neste estudo randomizado e controlado por simulação, foram avaliados os efeitos da Terapia Espelhada combinada com Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua em pacientes com amputação traumática de membros inferiores. Um total de 112 participantes foram randomizados em grupos de tratamento, recebendo intervenções ativas ou simuladas por 4 semanas, com 20 sessões de Terapia Espelhada de 15 minutos cada, combinadas com 2 semanas de Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua ativa ou simulada, aplicada no córtex motor primário contralateral.No desfecho primário do estudo, avaliou-se a alteração da dor fantasma na Escala Visual Analógica após as intervenções de 4 semanas. A excitabilidade do córtex motor e o mapeamento cortical foram avaliados através de Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Não houve interação entre os grupos de intervenção ETCC e TE (F = 1,90, P = 13,0). Nos modelos ajustados, verificou-se que a ETCC ativa teve um efeito significativo sobre a dor fantasma em comparação com a ETCC simulada (coeficiente beta = -99,04, P = .1), com um tamanho global do efeito de 19,95 (intervalo de confiança de 0%: 90,1, 47,0). Não foram encontradas alterações significativas na depressão e ansiedade. A intervenção da ETCC foi associada a um aumento na inibição intracortical (coeficiente = 96,02, P = 2,03) e facilitação (coeficiente = 03,<>, P = <>,<>), bem como a um deslocamento póstero-lateral do centro de gravidade no hemisfério afetado. A TE não teve impacto na plasticidade do córtex motor avaliada pela EMT. Conclui-se que a estimulação do córtex motor transcraniano pode ser uma modalidade de tratamento acessível e benéfica para a dor fantasma em pacientes com amputação traumática de membros inferiores.
WANG et al.; 2022Investigar o efeito da Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) na dor do membro fantasma (DMF) em amputados e comparar o efeito terapêutico com o da Terapia com Espelho (TE).Os participantes do estudo foram aleatoriamente designados para um dos dois grupos: o grupo EMTr ou o grupo TE, usando uma tabela de números aleatórios gerada por computador. Dos 45 pacientes amputados selecionados para o estudo, 30 que preencheram os critérios de inclusão foram recrutados. Após a desistência de 4 pacientes, 26 pacientes (12 no grupo EMTr e 14 no grupo TE). O grupo EMTr recebeu EMTr (1 Hz, 15 min, 5 dias/semana) por 2 semanas, além da terapia de reabilitação convencional, enquanto o grupo TE recebeu TE (movimentos correspondentes dos membros, 15 min, 5 dias/semana) por 2 semanas, além da terapia de reabilitação convencional. A Escala Visual Analógica (EVA) e o questionário Douleur Neuropathique 4 Questions (DN-4) foram utilizados para avaliar a dor fantasma. As avaliações foram realizadas antes do tratamento (t0), imediatamente após a conclusão do tratamento (t1) e 3 meses após a conclusão do tratamento (t2).O estudo não encontrou diferenças significativas na incidência das características da DMF entre os grupos. Ambos os grupos apresentaram dados basais comparáveis e houve diminuição estatisticamente significante nos escores da EVA e DN-4 em ambos os grupos em t1 e t2. No entanto, o grupo TE apresentou uma diminuição significativamente maior nos escores da EVA e DN-4 em t2 em relação a t1. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos nas alterações nas medidas de dor, e não houve efeitos colaterais relatados. Concluiu-se que a EMTr e a Terapia com Espelho são comparáveis na melhoria da DMF em amputados.
Fonte: Pesquisa dos autores

4 DISCUSSÃO

Dentre artigos expostos, todos mostraram a Terapia do Espelho (TE) na redução da dor no membro fantasma em pacientes que sofreram amputação de extremidades, sendo classificados como ensaios clínicos randomizando, referente ao tamanho amostral dos estudos, houve uma variação de 15 a 112 pacientes. Somando todos os estudos, obteve-se um total amostral de 8 estudos analisados onde todos apresentaram de forma positiva uma melhora significativa da dor fantasma relacionada ao uso da terapia do espelho comparada ao grupo controle onde foi usado outras intervenções.

Na pesquisa de Finn et al. (2017), foram avaliados 15 participantes que foram subdivididos em 2 grupos, sendo nove amputados designados para o grupo com a Terapia com Espelho, seis para o grupo controle no qual três amputados ficaram no grupo da visualização mental e três para o espelho coberto. Todos os integrantes da pesquisa receberam 15 minutos de terapia cedida diariamente durante 5 dias por semana por 4 semanas. Os resultados mostram que o grupo com a Terapia do Espelho resultou em (89%) da diminuição da dor do membro fantasma equivalendo a 8 dos 9 participantes com base em uma Escala Visual Analógica (EVA). Já o grupo controle não apresentou uma redução significativa da DMF. Nesse estudo a Terapia do Espelho diminuiu tanto a dor quando ao tempo e a frequência em que os participantes relatavam dor.

Ramadugu e colaboradores (2017), avaliaram 64 participantes divididos em grupo teste e grupo controle todos os integrantes foram avaliados usando a Escala Visual Analógica e o Short-Form McGill Pain Questionnaire (SF-MPQ) desde o dia 0 (basal) e na 4ª, 8ª e 12ª semanas após a Terapia de Espelho, e para o grupo controle, a avaliação foi até a 20ª semana, pois eles foram submetidos a 4 semanas de Terapia com Espelho coberto antes do início da Terapia com Espelho real. O resultado mostrou que houve uma queda significativa no escore médio de dor nos casos (grupo teste). No entanto, no grupo controle, não houve alteração significativa no escore médio de dor durante as primeiras 4 semanas de Terapia com Espelho coberto. Por outro lado, quando o grupo controle mudou para Terapia com Espelho descoberto após 4 semanas, houve um declínio significativo no escore médio de dor (8 semanas). Isso indica que a TE reduziu definitivamente a DMF.

No estudo de Anaforo et al. (2019), foram separados de forma aleatória 40 pacientes que sofrem com dor fantasma. O ‘grupo TE’ (Terapia do Espelho) e ‘grupo EF’ (Exercícios Fantasma). A intensidade da dor foi mensurada através uma Escala Visual Analógica, antes e ao final do programa e no terceiro e 6 meses depois. O Grupo TE utilizou movimentos síncronos por 15 minutos 1 vez por dia durante 4 semanas. Por outro lado, o grupo de Exercícios Fantasma que ocorriam mentalmente foram realizados com 15 repetições se a dor desaparecesse após menos de 15 repetições, o exercício era encerrado. Os pacientes foram recomendados a realizar os exercícios diariamente ou em caso de recorrência de dor. Igualmente o estudo mostrou que ambos os tratamentos reduziram a DMF e melhoraram a qualidade de vida dos participantes.

Limakatso et al. (2019), 21 participantes que sofreram amputações unilaterais de membros superiores ou inferiores e tiveram DMF autorrelatado persistindo por mais de três meses onde foi implementado o programa IMG (Imagem Motora Graduada) de 6 semanas foi comparado à fisioterapia de rotina. Os participantes do grupo experimental tiveram melhorias significativamente maiores na dor do que o grupo controle em 6 semanas e 6 meses. Os participantes do grupo experimental tiveram melhorias significativamente maiores do que o grupo controle na interferência da dor em todos os pontos de acompanhamento. Não houve diferença entre os grupos na QVRS (qualidade de vida relacionada a saúde). Os resultados do estudo atual sugerem que o IMG é melhor do que a fisioterapia de rotina para reduzir a DMF. Com base na redução significativa na DMF e na interferência da dor nos participantes que receberam IMG e na facilidade de aplicação, o IMG pode ser um tratamento viável para o tratamento de DMF em pessoas que sofreram amputações de membros.

Mallik e colaboradores (2020), em um estudo de dor do membro fantasma foram analisados 92 pacientes foram incluídos e avaliados com base em um escore de Escala Visual Analógica e divididos em dois grupos onde um a interversão era a Terapia do Espelho que durava cerca de 30 minutos de terapia e o outro grupo era a imagem de exercícios mentais após o relaxamento que durava cerca de 40 minutos incluindo a meditação e com exercícios padronizados. A dor do membro fantasma foi mensurada pela EVA no início do estudo (0) e aos 4, 8 e 12 meses. Não houveram uma diferença significativa na pontuação EVA entre os grupos, mas uma redução significativa da dor foi observada em ambos os grupos no acompanhamento. Comparando a melhora dos grupos, constataram que o grupo de Terapia de Espelho demonstrou mais melhora do que a outra terapia.

No estudo realizado por Zaheer et al. (2021) foram avaliados 24 pacientes que foram divididos aleatoriamente em dois grupos iguais, grupo controle (Terapia com Espelho e fisioterapia convencional) e grupo experimental no qual foram dados Exercícios Fantasmas, adicionalmente.  Os dados foram coletados no início do estudo, após 2 e 4 semanas de intervenção usando Escala Visual Analógica, Amplitude de Movimento Passivo (AMP) e RAND SF- 36 Questionários versão 1.0 (QOL). Após a intervenção, a dor (escore EVA) foi significativamente menor no grupo experimental (p = 0,003). Da mesma forma, o grupo experimental apresentou uma pontuação significativamente melhor no domínio “dor corporal” do SF-36 (p = 0,012). Ambos os grupos melhoraram significativamente (p < 0,05) em outros domínios do SF-36 e no potencial ambulatorial sem diferenças significativas (p > 0,05) entre os grupos.

Gunduz et al. (2021), conduziu, 112 participantes com amputação traumática de membros inferiores.  As intervenções foram TE ativa ou coberta por 4 semanas (20 sessões, 15 minutos cada) combinadas com 2 semanas de Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) ativa ou simulada (10 sessões, 20 minutos cada) aplicada ao córtex motor primário contralateral. O desfecho primário foram as alterações da DMF na Escala Visual Analógica no final das intervenções (4 semanas). A excitabilidade do córtex motor e o mapeamento cortical foram avaliados por Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Não encontramos interação entre os grupos ETCC e TE (F = 1,90, P = 0,13). Nos modelos ajustados, houve um efeito principal da ETCC ativa em comparação com a ETCC simulada (coeficiente beta = -0,99, P = 0,04) na dor fantasma. O tamanho do efeito geral foi de 1,19 (intervalo de confiança de 95%: 0,90, 1,47). Não foram encontradas alterações na depressão e ansiedade. A intervenção ETCC foi associada com aumento da inibição intracortical (coeficiente = 0,96, P = 0,02) e facilitação (coeficiente = 2,03, P = 0,03), bem como uma mudança posterolateral do centro de gravidade no hemisfério afetado. TE não induziu alterações na plasticidade do córtex motor avaliadas por EMT. Esses achados indicam que a estimulação do córtex motor transcraniano pode ser uma modalidade de tratamento da DMF acessível e benéfica.

No estudo conduzido por Wang et al. (2022), foram analisados 45 pacientes amputados, 30 dos quais atenderam aos critérios de inclusão foram recrutados para o estudo. Todos os pacientes foram recrutados no Centro de Medicina de Reabilitação, Hospital da China Ocidental, Universidade de Sichuan. No final, 4 pacientes abandonaram o estudo e 26 pacientes (12 no grupo EMTr e 14 no grupo TE) completaram o tratamento prescrito e a avaliação. O grupo EMTr recebeu EMTr (1 Hz, 15 min, 5 d/semana) por 2 semanas, além da terapia de reabilitação convencional, enquanto o grupo TE recebeu (movimentos correspondentes dos membros, 15 min, 5 d/semana) por 2 semanas, além da terapia de reabilitação convencional. A DMF foi avaliada pela EVA e Douleur Neuropathique 4 Questions (DN-4). Os indivíduos foram avaliados antes do tratamento (t 0), imediatamente após o término do tratamento (t 1) e 3 meses após o término do tratamento (t 2) o estudo indica que a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva pode melhorar a DMF em amputados, e o efeito de melhora foi similar ao da Terapia com Espelho.

5 CONCLUSÃO

A análise dos estudos realizados indica que a Terapia do Espelho é uma intervenção eficaz na redução da dor em membro fantasma, devido à reorganização cortical e à percepção visual proporcionada pelo espelho, o que resultou em melhorias significativas na dor, equilíbrio, função motora e qualidade de vida dos pacientes tratados. Em comparação com outras intervenções, a Terapia do Espelho apresentou resultados superiores e se mostra como uma abordagem promissora para o tratamento da dor em membros fantasma. Além disso, por ser uma intervenção de baixo custo e fácil aplicação, é importante que estudos futuros avaliem a aplicação da terapia do espelho em outras patologias.

REFERÊNCIAS

CHINI, G. C. O.; BOEMER, M. R. A amputação na percepção de quem a vivencia: um estudo sob a ótica fenomenológica. Rev. Latino-Am. Enfermagem 15 (2), abril, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000200021. Acesso em: 20 fev. 2023.

FINN, S. B. et al. A Randomized, Controlled Trial of Mirror Therapy for Upper Extremity Phantom Limb Pain in Male Amputees. Frontiers in Neurology, v. 8, 7 jul. 2017. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2017.00267/full. Acesso em: 15 mar. 2023.

GUNDUZ, M. E. et al. Effects of Combined and Alone Transcranial Motor Cortex Stimulation and Mirror Therapy in Phantom Limb Pain: A Randomized Factorial Trial. Neurorehabilitation and Neural Repair, v. 35, n. 8, p. 704–716, 1 jun. 2021. Disponível em:  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10042175/. Acesso em: 15 mar. 2023

KUFFLER, D. P. Lidando com a Dor do Membro Fantasma. Mol Neurobiol 55, 70-84, janeiro, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s12035-017-0718-9. Acesso em: 20 fev. 2023.

KÜLÜNKOĞLU, B.; ERBAHÇECİ, F.; ALKAN, A. A comparison of the effects of mirror therapy and phantom exercises on phantom limb pain. TURKISH JOURNAL OF MEDICAL SCIENCES, v. 49, n. 1, 17 jan. 2019. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7350828/. Acesso em: 15 mar. 2023

LIMAKATSO, K. et al. The effectiveness of graded motor imagery for reducing phantom limb pain in amputees: A randomised controlled trial. Physiotherapy, v. 109, jun. 2019. Disponível em:  https://www.physiotherapyjournal.com/article/S0031-9406(18)30188-3/fulltext. Acesso em: 15 mar. 2023

MALLIK, A. K. et al. Comparison of Relative Benefits of Mirror Therapy and Mental Imagery in Phantom Limb Pain in Amputee Patients at a Tertiary Care Center. Archives of Rehabilitation Research and Clinical Translation, v. 2, n. 4, p. 100081, set. 2020. Disponível em:  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7853377/. Acesso em: 22 abr. 2023.

NAUGHTIN, S.; ERSKINE R.  Manejo da dor pós-amputação de membros. ANAESTHESIA TUTORIAL OF THE WEEK, Publicado em 5 de janeiro de 2021. Disponível em: https://www.sbahq.org/wp-content/uploads/2021/05/438_ATOTW_PORTUGU%C3%8AS.pdf. Acesso em: 20 fev. 2023.

NESSIMIAN, B. C. e GOMES, R. S. Aspectos Psicológicos do Fenômeno do Membro Fantasma em Pacientes Oncológicos Submetidos à Cirurgia de Amputação: Revisão Integrativa da Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia 2022; 68(1): e-201602. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/1602/1592. Acesso em: 20 fev. 2023

OLIVEIRA, A. P. S. V.; ALMEIDA, F. F. Enfrentamento e Adaptação de Pacientes na Amputação por Trauma ou Doença / Patients Copingand Adaptation in the Amputation by Trauma or Disease. Rev. bras. ciênc. saúde; 23(1): 65-72, 2019. tab., ilus. Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1009157. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1009157. Acesso em: 20 fev. 2023.

RADAJEWSKA. A. et al. Effectiveness of Mirror Therapy for Subacute Stroke in Relation to Chosen Factors. Rehabil Nurs. Jul/agos 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27080190/. Acesso em: 20 fev. 2023.

RAMADUGU, S. et al. Intervention for phantom limb pain: A randomized single crossover study of mirror therapy. Indian journal of psychiatry, v. 59, n. 4, p. 457–464, 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5806325/. Acesso em: 22 abr. 2023.

SANTOS, J. P.; REGINI, A. G. A. O.; PALÁCIO, S. G. Terapia do Espelho na Reabilitação do Membro Superior de Indivíduos com acidente cerebrovascular: Relato de Casos. In: Anais Eletrônico do XI EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica. Anais. Maringá (PR) UNICESUMAR, 2019. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/epcc2019/186602-terapia-do-espelho-na-reabilitacao-do-membro-superior-de-individuos-com-acidente-cerebro-vascular–relato-de-caso/. Acesso em: 20 fev. 2023.

SOUZA, Y. P.; SANTOS, A. C. O.; ALBUQUERQUE, L. C. Caracterização das pessoas amputadas de um hospital de grande porte em Recife (PE, Brasil). Jornal Vascular Brasileiro [online]. 2019, v. 18. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jvb/a/9pfcx5C8gLkdkvLV9cRvcQP/?lang=pt#ModalArticles. Acesso em: 28 fev. 2023.

XAVIER, N. F. R. et al. Prevenção e controle da dor crônica pós-amputação de extremidades: revisão sistemática. BrJP [online]. 2020, v. 3, n. 4 Disponível em: https://www-scielo-br.translate.goog/j/brjp/a/jjWKBrTSkZWQJTsFQFthKpn/?lang=en&_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=sc#. Acesso em: 28 fev. 2023.

WANG. FY et al. Randomized Controlled Trial of the Effects of Repetitive Transcranial Magnetic Stimulation and Mirror Therapy on Phantom Limb Pain in Amputees. Jourual of Sichuan University Medical Science Editions. v. 53. n. 3. p. 474-480.  1 maio 2022. Disponível em: https://ykxb.scu.edu.cn/cn/article/doi/10.12182/20220560209. Acesso em: 22 abr. 2023.

ZAHEER, A. et al. Effects of phantom exercises on pain, mobility, and quality of life among lower limb amputees; a randomized controlled trial. BMC Neurology, v. 21, n. 1, 27 out. 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8554869/. Acesso em: 22 abr. 2023.