REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202508022123
Jacqueline Lima Monteiro de Carvalho1
Tatyana Portela de Menezes Costa1
Ana Cristina Ferreira da Costa Brito1
Maria Clara Santana Oliveira1
Gustavo Cardoso da Silva Neves2
RESUMO:
Introdução: A terapia celular tem diversos estudos e proposta na área da medicina regenerativa, para o tratamento de diversas doenças, uma alternativa inovadora é a terapia com células-tronco mesenquimais. Essa possibilidade tem como base, em suas características in vitro com baixa imunogenicidade, demonstrada pela diferenciação em distintas linhagens celulares geradas. Objetivo: buscou-se analisar, por meio de uma revisão integrativa, as estratégias descritas na literatura para as implicações durante a terapia celular com células-tronco no período da pandemia causada pelo coronavírus SARS CoV-2 em pacientes humanos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A busca foi realizada nas bases LILACS, PubMed e SciELO, utilizando descritores controlados e termos livres, em inglês e português, combinados com operadores booleanos: Células-tronco, Terapia celular, Medicina, Biotecnologia, COVID-19. Incluiu-se estudos publicados entre 2020 e 2024, que abordassem artigos originais com texto completo disponível; Biotecnologia em terapia celular de forma específicas com célula-tronco nos pacientes humanos com procedimentos médicos durante a pandemia do Covid-19. Resultados: A amostra do estudo foi inicialmente de 7 artigos na íntegra analisados, dessas publicações indexadas no banco de dados das cidadãs fontes. Entretanto, para a seleção da amostra foram analisados 5 artigos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. De modo que, foram selecionadas uma amostras do ano de 2021 (20%) e quadro amostras publicação dos anos de 2020 (80%). CONCLUSÃO: Diante da crise sanitária instaurada pela pandemia de COVID 19, os protocolos de biossegurança utilizados no cultivo celular e terapia celular em pacientes afetados pela doença pandêmica, demonstraram eficiência e com isso observou-se a necessidade urgente de desenvolver novas alternativas terapêuticas capazes de reduzir os impactos da doença. Foi possível compreender que a terapia celular com células-tronco, como uma possibilidade real e promissora para o enfrentamento das manifestações mais severas da infecção pelo SARS-CoV-2. Os estudos analisados nesta pesquisa demonstraram que as células-tronco possuem propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras relevantes. Além disso, elas apresentam potencial regenerativo, favorecendo a recuperação de tecidos pulmonares danificados e contribuindo para a melhoria da função respiratória em pacientes.
Palavras-chave: células-tronco; Terapia celular; medicina; Biotecnologia; COVID-19.
Introdução
A terapia celular tem diversos estudos e proposta na área da medicina regenerativa, para o tratamento de diversas doenças, crônicas degenerativas ou não, uma alternativa inovadora é a terapia com células-tronco mesenquimais. Essa possibilidade tem como base, em suas características in vitro com baixa imunogenicidade, uma vez que não expressam níveis significativos do complexo principal de histocompatibilidade; capacidade imunomoduladora, uma vez que podem induzir imunossupressão já que por meio da produção de diversas quimiocinas com propriedades anti-inflamatórias além da sua capacidade de plasticidade, demonstrada pela diferenciação em distintas linhagens celulares geradas (NEVES et al., 2021).
Têm sido feitas pesquisas intensivas sobre as células-tronco acerca da sua predisposição de se diferenciar em diversas células do corpo humano. Elas correspondem a um campo de estudo biomédico com potencial revolucionário para a saúde coletiva, possibilitando esperança para enfermos de inúmeras condições. (SANTOS et al., 2023)
A Biomedicina, qualifica profissionais para realizar estudos em saúde, reconhecendo e analisando micro-organismos, interpretando exames, além de pesquisar e produzir fármacos e vacinas (GARCIA et al., 2020). É evidente a influência da biomedicina e das soluções que ela aplica na precaução e terapia de doenças. No entanto, observa-se uma restrição ao não considerar o indivíduo completamente ao tratar de temas de saúde subsequentes da relação de diversos elementos (DAMASCENO et al., 2020).
O coronavírus (COVID-19), que surgiu na China na cidade de Wuhan, imediatamente atingiu dimensões endêmicas, ocorrendo um declínio de sistemas de saúde pública internacional (WU, 2021). Faz parte do grupo Coronaviridae e se espalha entre as pessoas através de partículas pulmonares (COSTA et al, 2022). O vírus é o agente que causa a infecção respiratória aguda do coronavírus, conhecida como SARS-CoV-2, mesmo que alguns seres humanos contaminados seguirem sem sintomas ou obtiverem indícios respiratórios leves (DA SILVA et al., 2021); há ocorrências de inflamação dos pulmões, além da síndrome de angústia respiratória aguda que são relacionadas diretamente à contaminação (MARQUES; DANTAS; SANTOS, 2025). A manifestação do SARS-CoV-2 trouxe adversidades significativas. Esses elementos aumentam o risco de transmissão de doenças infecciosas, especialmente em ambientes como consultórios. Diante desse cenário, tornou se essencial investigar estratégias eficazes de prevenção da contaminação cruzada, métodos de desinfecção de superfícies e a atualização dos equipamentos de proteção individual (REIS et al., 2025).
Os internamentos por COVID-19 em centros de saúde de terapia intensiva estão ligados com as lesões causadas por síndromes respiratórias agudas e descompensadas, a ventilação mecânica de longa duração, altas taxas de óbitos, e doença crónica (DE SOUZA et al., 2024). Dessa forma, examinando a pandemia do coronavírus e a necessidade de distanciamento social, essa perspectiva é adequada (SANCHES, 2025).
Devido a sua reação adversa nos serviços de saúde global, faz-se essencial expandir a pesquisa sobre terapias que possam ser integradas ao conjunto terapêutico contra o COVID-19, com células-tronco mesenquimais sendo uma terapia favorável, pois o sistema imunológico, melhorando o microambiente e regulando a resposta inflamatória, frente a todas as evidências da terapia com células-tronco, por meio da realização de ensaios clínicos, se faz necessária. O uso de terapia com células-tronco mesenquimais pode minimizar os sintomas graves em pacientes críticos decorrentes da COVID-19 (GOMES et al., 2020).
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo geral, buscou-se, analisar, por meio de uma revisão integrativa, as estratégias descritas na literatura para as implicações durante a terapia celular com células-tronco no período da pandemia causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 em pacientes humanos. Especificamente, busca identificar as principais medidas na terapia celular utilizando células-tronco em pacientes humanos, e descrever as intervenções relatadas nos estudos incluídos, avaliar o nível de evidência dos estudos quanto à eficácia das estratégias propostas na literatura que possam nortear futuras pesquisas sobre o tema.
Método
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura do tipo qualitativa, cuja proposta metodológica visa reunir, analisar e sintetizar evidências disponíveis sobre tratamentos com células-tronco durante a pandemia do COVD-19. Visto que, esse tipo de revisão permite uma síntese de estudos de diferentes metodologias, possibilitando uma visão abrangente do tema. Além disso, o estudo foi fundamentado em dados disponíveis nas bases de dados eletrônicos, LILACS, PubMed e SciELO, que abrangem uma ampla gama de publicações científicas relevantes na área da saúde, foram incluídos artigos relacionados à temática do estudo no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2024. Utilizou-se os seguintes descritores controlados e termos livres, em inglês e português, combinados com operadores booleanos: Células-tronco, Terapia celular, Medicina, Biotecnologia, COVID-19. Os critérios de inclusão adotados: (1) artigos originais com texto completo disponível; (2) publicados em inglês ou português; (3) Biotecnologia que abordassem Terapia celular de forma específicas com célula-tronco nos pacientes humanos com procedimentos médicos durante a pandemia do Covid-19; (4) publicados entre 2020 e 2024.
Os critérios de exclusão: (1) estudos com foco em terapias celulares em geral; (2) artigos de opinião, editoriais ou revisões narrativas sem critérios metodológicos definidos; (3) estudos cujo foco principal é com terapia celular em períodos fora da pandemia do Covid-19. (4) artigos mesmo dentro de critérios de inclusão, mas repetidos ou duplicados e que não estejam na linguagem estabelecida (inglês ou português brasileiro) assegurando assim a relevância e qualidade dos dados obtidos.
As coletas dos artigos foram conduzidas através de uma busca integrativa nas plataformas de bibliotecas virtuais. Em seguida realizou-se a seleção dos artigos em três etapas: leitura dos títulos, leitura dos resumos e, por fim, leitura na íntegra dos textos que atenderam aos critérios estabelecidos. A extração dos dados dos estudos selecionados foi feita contendo informações como: título, autores, ano de publicação, objetivo do estudo, resultados principais e conclusão. Após a coleta de dados, foram organizados em gráficos e tabela, facilitando a comparação entre os achados, a identificação de padrões e a síntese das estratégias utilizadas na literatura. Ocorreu a organização em planilhas do EXCEL Versão 2016. Utilizou-se, testes não paramétricos nas amostras sem distribuição normal, o teste de Mann Whitney utilizado para comparações entre 2 grupos. O valor de significância que foi adotado em todas as análises será p = 0,05. O programa SPSS 21.
O presente estudo obedeceu a resolução no 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nos seus aspectos legais e científicos que trata de pesquisa que envolve seres humanos, garantindo assim respeito e proteção aos participantes. A pesquisa não foi submetida à apreciação do Comitê de ética em pesquisa do Centro Universitário UNINOVAFAPI, em virtude de tratar-se de um estudo que utilizou dados em plataformas de bibliográfica eletrônica LILACS, PUBMED e SCIELO obedecendo nos seus aspectos legais e científicos, no que trata de pesquisa que envolve seres humanos, garantindo assim respeito e proteção aos participantes.
Resultados
Foram identificados 8228.127 artigos, e, após uma triagem, restaram 5 artigos elegíveis. A triagem, que compreendeu a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foi feita por um revisor e verificada por outro. Fez-se, também, uma busca adicional nas referências dos artigos incluídos, visando identificar estudos que eventualmente não foram encontrados na busca Figura 1.
FIGURA 1 – Fluxograma de seleção dos estudos, método PRISMA.

A amostra do estudo foi inicialmente de 7 artigos na íntegra analisados, dessas publicações indexadas no banco de dados das cidadãs fontes. Entretanto, para a seleção da amostra foram analisados 5 artigos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, as bases de dados sobre a temática conforme o Quadro 1.
Quadro 1 – Distribuição dos artigos de acordo com o título, autor, ano, objetivos, resultados e conclusão, sobre os tratamentos médicos com células-tronco
Título | Autor Ano | Objetivos | Resultados | Conclusão |
Implicações da covid-19 num serviço de transplante de células-tronco hematopoéticas referência na américa latina. | OSHIRO et al., 2021 | Descrever as principais mudanças que a pandemia COVID-19 ocasionou na rotina de um serviço de referência na América Latina para Transplante de Células-Tronco Hematopoyéticas. | Com relação a casuística referente aos dados dos pacientes, observa-se que foram realizados 60 transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH), 53 (88%) TCTH alogênicos e os demais TCTH autólogos. O TCTH alogênico aparentado teve como fonte de células-tronco mais prevalente a medula óssea (MO) fresca (sem congelamento prévio). Em relação à quantidade de transplantes adiados devido à pandemia, 22 (36,67%) procedimentos foram suspensos. Destes, 16 (26,67%) ainda não haviam sido realizados até a data final da coleta de dados, outubro de 2020. | Diversas ações foram implementadas, cuidados com os receptores, pacientes transplantados, doadores e condutas com os profissionais de saúde. As intervenções realizadas mostraram-se eficientes, no entanto, a constante vigilância é uma necessidade. O número de transplantes realizados foi similar ao mesmo período do ano anterior, revelando que, embora o serviço tenha se reorganizado, o quantitativo de procedimentos não sofreram influência da pandemia. |
Impact of COVID-19 pandemic on care of oncological patients: experience of a cancer center in a Latin American pandemic epicenter | ARAUJO et al., 2020. | Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 em volumes de pacientes em um centro oncológico, em um epicentro da pandemia. | O número total de consultas médicas diminuiu 45% no período pandemia COVID-19, inclusive com redução de 56,2% nas novas consultas. Houve redução de 27,5% no número de pacientes em tratamento sistêmico intravenoso e de 57,4% no início de novos tratamentos. Por outro lado, ocorreram aumento de 309% em novos pacientes submetidos a regimes de quimioterapia oral e elevação de 5,9% em novos pacientes submetidos à radioterapia no período pandemia COVID-19. Observaram-se queda de 51,2% nos dias de internação e redução de 60% no volume de casos cirúrgicos durante a COVID-19. Na unidade de transplante de células-tronco, a redução foi de 36,5% nos dias de internação e de 62,5% nos transplantes de células-tronco. | Foi observado declínio significativo no número de pacientes em tratamento de câncer após a pandemia de COVID-19. Embora isso possa ser parcialmente superado por opções terapêuticas alternativas, evitar cuidados de saúde oportunos devido ao medo de contrair COVID-19 pode impactar nos resultados clínicos. Nossos resultados podem ajudar a apoiar ações imediatas para mitigar essa hipótese. |
COVID-19 in hematology: data from a hematologic and transplant unit | GARNICA et al., 2020. | Interpelar a preparação para enfrentar a pandemia da COVID-19 em uma Unidade Hematológica e de Transplante de Células Tronco no Brasil durante os dois primeiros meses da pandemia da COVID-19 | Os casos hematológicos foram mais graves ou moderados e apresentaram vários fatores de risco negativos. Entre os profissionais de saúde, a COVID-19 foi em sua maioria leve e todos se recuperaram sem hospitalização. Apesar da redução no número de procedimentos, o Programa de Transplantes realizou 8 Transplante de células-tronco autólogos e 4 alogênicos no período, e 49 pacientes onco hematológicos foram admitidos para continuidade do tratamento | Embora tenhamos observado uma alta frequência de COVID-19 entre pacientes e profissionais de saúde, mostrando que o SARS-CoV-2 está disseminado no Brasil, os pacientes hematológicos foram tratados com segurança durante os períodos de pandemia. |
COVID-19 presenting as a viral exanthem and detected during admission prescreening in a hematopoietic cell transplant recipient. | AHMED et al., 2020. | Rastrear pacientes com câncer ativo, pois são vulneráveis à infecção grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) da síndrome respiratória aguda e correm risco de rápida deterioração e alta mortalidade. | Pacientes imunocomprometidos, como receptores de transplante de células hematopoiéticas (HCT) e candidatos à terapia celular, podem ter maior vulnerabilidade. A Sociedade Europeia de Transplante de Sangue e Medula Óssea e o Centro Internacional de Pesquisa em Transplante de Sangue e Medula Óssea relataram publicamente 70 casos de doença por coronavírus pós transplante de HCT 19 (COVID-19). Como resultado da alta mortalidade nessa população, a Sociedade Americana de Transplante e Terapia Celular (ASTCT) publicou diretrizes, sugerindo testes universais de pacientes antes da admissão para terapia celular ou transplante de células-tronco para mitigar o risco de transmissão e surtos em enfermarias de transplante | Consequentemente, A instituição, foi implementada uma política para rastrear todos os pacientes planejados para HCT ou terapia celular no dia anterior à admissão com um swab nasofaríngeo com reação em cadeia da polimerase transcriptase reversa em tempo real (RT-PCR) para infecção por SARS CoV-2. Os testes RT-PCT em nossa unidade podem ter como alvo regiões do genoma viral para amplificação, dependendo da disponibilidade diária de testes e reagentes. |
COVID-19 presenting as a viral exanthem and detected during admission prescreening in a hematopoietic cell transplant recipient. | AHMED et al., 2020. | Relatar sobre a COVID-19 que é desafiadora para todos e o tratamento de doenças crônicas, como o mieloma múltiplo, que requer atenção, organização e compromissos por parte dos pacientes, equipe clínica, instituições de saúde e famílias | Pacientes com mieloma múltiplo são um grupo particular com vários aspectos importantes a serem considerados durante os tempos de pandemia. Em essência, eles são imunossuprimidos em diferentes intensidades durante seu tratamento. A maioria deles é idosa e todos eles requerem terapia de longo prazo, com contato prolongado com o sistema de saúde, possivelmente incluindo um transplante de células-tronco durante o tratamento. | Um painel de especialistas em mieloma múltiplo e doenças infecciosas forneceu recomendações para ajudar a gerenciar pacientes com mieloma desde o diagnóstico até a recaída, esforçando-se para garantir que o prognóstico do mieloma não seja afetado pela pandemia atual. |
Dentre os 05 artigos selecionados para o estudo, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, observaram que no período de 2020 a 2024 vários estudos foram realizados sobre essa temática, tanto estudos originais, quanto revisões da literatura. De modo que, foram selecionadas uma amostras do ano de 2021 (20%) e quadro amostras publicação dos anos de 2020 (80%).
Discussão
Após a leitura dos artigos, elencaram-se os principais cuidados a pacientes submetidos ao TCTH a respeito do coronavírus. Nos artigos estudados, a presença da pandemia COVID-19 causou grandes preocupações relacionadas à continuidade do tratamento na terapia celular com a possibilidade de potencializar as complicações já esperadas, assim como a incerteza para recebimento do transplante.
Nesse sentido, os artigos estudados referem de forma objetiva as medidas implementadas para minimizar os impactos da COVID-19 na prevenção da disseminação do vírus, principalmente, ao considerarmos a complexidade e a vulnerabilidade do paciente na terapia celular.
De acordo com Oshiro NN, Nogueira LA, Silva LAA, Kojo TK, Machado CAM, Fagundes FRS, et al. As Implicações da Covid-19 num serviço de transplante de células-tronco hematopoéticas ,foram necessárias criar e implantar diversas ações, seguindo os protocolos de atendimento e cuidado, desenvolvidos por instituições internacionais – European Society for Blood and Marrow Transplantation (EBMT), American Society of Clinical Oncology (ASCO) e American Society for Transplantation and Cellular Therapy (ASTCT), com as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e as diretrizes das instituições da área – Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) ) e Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), tais como: intervenções nos centros transplantadores, cuidados com os receptores, pacientes transplantados, doadores e condutas com os profissionais de saúde, de forma a reduzir as possibilidades de contaminação dos pacientes e da equipe de saúde. As intervenções realizadas mostraram-se eficientes e estão de acordo com as recomendações de órgãos nacionais e internacionais acima supracitados. Nessa análise, o número de transplantes realizados foi similar ao mesmo período do ano anterior, revelando que, embora o serviço tenha se reorganizado, o quantitativo de procedimentos não sofreu influência da pandemia.
O mesmo foi constatado em estudo realizado no HCFMRP-USP, que confirmou esses achados em relação ao transplante de medula óssea durante a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Tanto o ambulatório quanto a unidade de internação de TMO passaram por modificações em sua dinâmica de atendimento, com a criação e implementação de protocolos baseados no estudo supracitado. Por se tratar de uma área crítica e de tratamento de urgência, não houve redução significativa na proporção de transplantes dessa modalidade em comparação com os anos anteriores. Desempenho semelhante foi observado em centros de transplantes de outros países também afetados pela pandemia de COVID-19 (OLIVEIRA et al., 2020).
A pandemia de COVID-19 impôs desafios significativos à continuidade de terapias complexas, como o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). Em instituições de referência, como o Complexo Hospitalar de Niterói (RJ), estratégias específicas de biossegurança foram implementadas para proteger pacientes onco-hematológicos e profissionais da saúde, garantindo a manutenção dos tratamentos em meio à crise sanitária.
Dos 47 pacientes testados, 21% dos sintomáticos foram positivos, enquanto não houve casos detectados entre os assintomáticos. Entre os profissionais da saúde, 70% dos sintomáticos testaram positivo. A alta taxa entre HCWs (health care workers) levou à intensificação das medidas preventivas. A unidade foi mantida como “zona livre de COVID-19”.
Mesmo com a pandemia, foi possível manter o programa de transplantes sem aumento significativo de complicações infecciosas nos pacientes testados, desde que respeitados os protocolos rigorosos. O impacto negativo do adiamento dos TCTH em pacientes de alto risco justificou a manutenção dos procedimentos.
Na comparação dos parâmetros dos artigos revisados, a experiência dos hospitais analisados mostram que, com medidas de biossegurança rigorosas e adaptação contínua, é possível manter a terapia celular mesmo durante uma pandemia, preservando a segurança de pacientes e profissionais. Essa abordagem pode servir como modelo para futuras crises sanitárias
Conclusão
Diante da crise sanitária instaurada pela pandemia de COVID-19, os protocolos de biossegurança utilizado no cultivo celular e terapia celular em pacientes afetado pela doença pandêmica, demonstraram eficiência e com isso observou se a necessidade urgente de desenvolver novas alternativas terapêuticas capazes de reduzir os impactos da doença, principalmente nos casos graves. A partir da revisão integrativa realizada, foi possível compreender que a terapia celular com células-tronco, especialmente as mesenquimais, surgiu como uma possibilidade real e promissora para o enfrentamento das manifestações mais severas da infecção pelo SARS-CoV-2.
Os estudos analisados nesta pesquisa demonstraram que as células-tronco possuem propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras relevantes, capazes de atuar diretamente na redução da tempestade de citocinas — um dos fatores que mais agravam o quadro clínico dos pacientes com COVID-19. Além disso, elas apresentam potencial regenerativo, favorecendo a recuperação de tecidos pulmonares danificados e contribuindo para a melhoria da função respiratória em pacientes em estado crítico.
Outro ponto que se destacou nos artigos foi o esforço contínuo de alguns centros de pesquisa em manter protocolos experimentais durante o pico da pandemia, mesmo com todas as restrições. Isso reforça o compromisso da ciência com a inovação e a importância de se investir em novas abordagens terapêuticas, mesmo em cenários adversos. Também se evidenciou que pacientes imunossuprimidos, como os transplantados, podem se beneficiar de terapias celulares menos agressivas, o que amplia ainda mais a aplicabilidade dessas técnicas.
Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a terapia celular com células tronco está alinhada com a proposta desta pesquisa e apresenta contribuições valiosas para o campo da biomedicina. Embora ainda existam limitações quanto à padronização das técnicas e à comprovação da eficácia em estudos clínicos de larga escala, os dados disponíveis até o momento apontam para uma evolução positiva e significativa.
Assim, este trabalho reforça que as terapias celulares não só ampliam o horizonte do tratamento da COVID-19, como também representam um avanço científico importante para o enfrentamento de outras doenças inflamatórias e infecciosas. A continuidade dos estudos, aliada à regulamentação ética e ao desenvolvimento tecnológico, será essencial para consolidar essa abordagem no contexto clínico contemporâneo. Trata-se, portanto, de um campo que merece atenção e investimento por parte da comunidade científica, sobretudo por seu potencial de transformar a prática biomédica em um futuro próximo. Entretanto, ainda se faz necessária a padronização dos protocolos de aplicação, bem como a realização de ensaios clínicos em larga escala para garantir a segurança e eficácia a longo prazo. O progresso contínuo das pesquisas, aliado à regulamentação ética e ao investimento em biotecnologia, será determinante para consolidar essa abordagem como uma ferramenta terapêutica robusta no cenário clínico contemporâneo. Considera-se necessária a produção de novos trabalhos sobre a temática, a fim de que esta seja mais amplamente abordada e permita um aprofundamento mais consistente.
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1Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI.
2Professor Dr. orientador, Centro Universitário UNINOVAFAPI. E-mail: gustavo.neves@uninovafapi.edu.br