TERAPIA CELULAR COM CÉLULAS TRONCO EM PACIENTES HUMANOS DURANTE A PANDEMIA CAUSADA PELO CORONAVÍRUS SARS-COV-2: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202508022123


Jacqueline Lima Monteiro de Carvalho1
Tatyana Portela de Menezes Costa1
Ana Cristina Ferreira da Costa Brito1
Maria Clara Santana Oliveira1
Gustavo Cardoso da Silva Neves2


RESUMO: 

Introdução: A terapia celular tem diversos estudos e proposta na área da  medicina regenerativa, para o tratamento de diversas doenças, uma alternativa  inovadora é a terapia com células-tronco mesenquimais. Essa possibilidade tem  como base, em suas características in vitro com baixa imunogenicidade,  demonstrada pela diferenciação em distintas linhagens celulares geradas. Objetivo: buscou-se analisar, por meio de uma revisão integrativa, as  estratégias descritas na literatura para as implicações durante a terapia celular  com células-tronco no período da pandemia causada pelo coronavírus SARS CoV-2 em pacientes humanos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da  literatura. A busca foi realizada nas bases LILACS, PubMed e SciELO, utilizando  descritores controlados e termos livres, em inglês e português, combinados com  operadores booleanos: Células-tronco, Terapia celular, Medicina, Biotecnologia,  COVID-19. Incluiu-se estudos publicados entre 2020 e 2024, que abordassem  artigos originais com texto completo disponível; Biotecnologia em terapia celular  de forma específicas com célula-tronco nos pacientes humanos com  procedimentos médicos durante a pandemia do Covid-19. Resultados: A  amostra do estudo foi inicialmente de 7 artigos na íntegra analisados, dessas  publicações indexadas no banco de dados das cidadãs fontes. Entretanto, para  a seleção da amostra foram analisados 5 artigos de acordo com os critérios de  inclusão e exclusão. De modo que, foram selecionadas uma amostras do ano de  2021 (20%) e quadro amostras publicação dos anos de 2020 (80%).  CONCLUSÃO: Diante da crise sanitária instaurada pela pandemia de COVID 19, os protocolos de biossegurança utilizados no cultivo celular e terapia celular  em pacientes afetados pela doença pandêmica, demonstraram eficiência e com  isso observou-se a necessidade urgente de desenvolver novas alternativas  terapêuticas capazes de reduzir os impactos da doença. Foi possível  compreender que a terapia celular com células-tronco, como uma possibilidade  real e promissora para o enfrentamento das manifestações mais severas da  infecção pelo SARS-CoV-2. Os estudos analisados nesta pesquisa  demonstraram que as células-tronco possuem propriedades anti-inflamatórias e  imunomoduladoras relevantes. Além disso, elas apresentam potencial regenerativo, favorecendo a recuperação de tecidos pulmonares danificados e  contribuindo para a melhoria da função respiratória em pacientes.

Palavras-chave: células-tronco; Terapia celular; medicina; Biotecnologia; COVID-19.

Introdução 

A terapia celular tem diversos estudos e proposta na área da medicina  regenerativa, para o tratamento de diversas doenças, crônicas degenerativas ou  não, uma alternativa inovadora é a terapia com células-tronco mesenquimais.  Essa possibilidade tem como base, em suas características in vitro com baixa  imunogenicidade, uma vez que não expressam níveis significativos do complexo  principal de histocompatibilidade; capacidade imunomoduladora, uma vez que  podem induzir imunossupressão já que por meio da produção de diversas  quimiocinas com propriedades anti-inflamatórias além da sua capacidade de  plasticidade, demonstrada pela diferenciação em distintas linhagens celulares  geradas (NEVES et al., 2021).  

Têm sido feitas pesquisas intensivas sobre as células-tronco acerca da sua  predisposição de se diferenciar em diversas células do corpo humano. Elas  correspondem a um campo de estudo biomédico com potencial revolucionário  para a saúde coletiva, possibilitando esperança para enfermos de inúmeras  condições. (SANTOS et al., 2023) 

A Biomedicina, qualifica profissionais para realizar estudos em saúde,  reconhecendo e analisando micro-organismos, interpretando exames, além de  pesquisar e produzir fármacos e vacinas (GARCIA et al., 2020). É evidente a  influência da biomedicina e das soluções que ela aplica na precaução e terapia  de doenças. No entanto, observa-se uma restrição ao não considerar o indivíduo  completamente ao tratar de temas de saúde subsequentes da relação de  diversos elementos (DAMASCENO et al., 2020). 

O coronavírus (COVID-19), que surgiu na China na cidade de Wuhan,  imediatamente atingiu dimensões endêmicas, ocorrendo um declínio de  sistemas de saúde pública internacional (WU, 2021). Faz parte do grupo  Coronaviridae e se espalha entre as pessoas através de partículas pulmonares (COSTA et al, 2022). O vírus é o agente que causa a infecção respiratória aguda do coronavírus, conhecida como SARS-CoV-2, mesmo que alguns seres  humanos contaminados seguirem sem sintomas ou obtiverem indícios  respiratórios leves (DA SILVA et al., 2021); há ocorrências de inflamação dos  pulmões, além da síndrome de angústia respiratória aguda que são relacionadas  diretamente à contaminação (MARQUES; DANTAS; SANTOS, 2025). A  manifestação do SARS-CoV-2 trouxe adversidades significativas. Esses  elementos aumentam o risco de transmissão de doenças infecciosas,  especialmente em ambientes como consultórios. Diante desse cenário, tornou se essencial investigar estratégias eficazes de prevenção da contaminação  cruzada, métodos de desinfecção de superfícies e a atualização dos  equipamentos de proteção individual (REIS et al., 2025). 

Os internamentos por COVID-19 em centros de saúde de terapia intensiva estão  ligados com as lesões causadas por síndromes respiratórias agudas e  descompensadas, a ventilação mecânica de longa duração, altas taxas de  óbitos, e doença crónica (DE SOUZA et al., 2024). Dessa forma, examinando a  pandemia do coronavírus e a necessidade de distanciamento social, essa  perspectiva é adequada (SANCHES, 2025).  

Devido a sua reação adversa nos serviços de saúde global, faz-se essencial  expandir a pesquisa sobre terapias que possam ser integradas ao conjunto  terapêutico contra o COVID-19, com células-tronco mesenquimais sendo uma  terapia favorável, pois o sistema imunológico, melhorando o microambiente e  regulando a resposta inflamatória, frente a todas as evidências da terapia com  células-tronco, por meio da realização de ensaios clínicos, se faz necessária. O  uso de terapia com células-tronco mesenquimais pode minimizar os sintomas  graves em pacientes críticos decorrentes da COVID-19 (GOMES et al., 2020). 

Objetivos

O presente estudo tem como objetivo geral, buscou-se, analisar, por meio de uma  revisão integrativa, as estratégias descritas na literatura para as implicações  durante a terapia celular com células-tronco no período da pandemia causada  pelo coronavírus SARS-CoV-2 em pacientes humanos. Especificamente, busca identificar as principais medidas na terapia celular utilizando células-tronco  em pacientes humanos, e descrever as intervenções relatadas nos estudos  incluídos, avaliar o nível de evidência dos estudos quanto à eficácia das  estratégias propostas na literatura que possam nortear futuras pesquisas sobre  o tema. 

Método  

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura do tipo qualitativa, cuja proposta  metodológica visa reunir, analisar e sintetizar evidências disponíveis sobre  tratamentos com células-tronco durante a pandemia do COVD-19. Visto que,  esse tipo de revisão permite uma síntese de estudos de diferentes metodologias,  possibilitando uma visão abrangente do tema. Além disso, o estudo foi  fundamentado em dados disponíveis nas bases de dados eletrônicos, LILACS,  PubMed e SciELO, que abrangem uma ampla gama de publicações científicas  relevantes na área da saúde, foram incluídos artigos relacionados à temática do  estudo no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2024. Utilizou-se os  seguintes descritores controlados e termos livres, em inglês e português,  combinados com operadores booleanos: Células-tronco, Terapia celular,  Medicina, Biotecnologia, COVID-19. Os critérios de inclusão adotados: (1)  artigos originais com texto completo disponível; (2) publicados em inglês ou  português; (3) Biotecnologia que abordassem Terapia celular de forma  específicas com célula-tronco nos pacientes humanos com procedimentos  médicos durante a pandemia do Covid-19; (4) publicados entre 2020 e 2024. 

Os critérios de exclusão: (1) estudos com foco em terapias celulares em geral;  (2) artigos de opinião, editoriais ou revisões narrativas sem critérios  metodológicos definidos; (3) estudos cujo foco principal é com terapia celular em  períodos fora da pandemia do Covid-19. (4) artigos mesmo dentro de critérios de  inclusão, mas repetidos ou duplicados e que não estejam na linguagem estabelecida (inglês ou português brasileiro) assegurando assim a relevância e  qualidade dos dados obtidos. 

As coletas dos artigos foram conduzidas através de uma busca integrativa nas  plataformas de bibliotecas virtuais. Em seguida realizou-se a seleção dos  artigos em três etapas: leitura dos títulos, leitura dos resumos e, por fim, leitura  na íntegra dos textos que atenderam aos critérios estabelecidos. A extração dos  dados dos estudos selecionados foi feita contendo informações como: título,  autores, ano de publicação, objetivo do estudo, resultados principais e  conclusão. Após a coleta de dados, foram organizados em  gráficos e tabela, facilitando a comparação entre os achados, a identificação de  padrões e a síntese das estratégias utilizadas na literatura. Ocorreu a  organização em planilhas do EXCEL Versão 2016. Utilizou-se, testes não paramétricos nas amostras sem distribuição normal, o teste de Mann Whitney  utilizado para comparações entre 2 grupos. O valor de significância que foi  adotado em todas as análises será p = 0,05. O programa SPSS 21. 

O presente estudo obedeceu a resolução no 466/12 e 510/16 do Conselho  Nacional de Saúde (CNS) nos seus aspectos legais e científicos que trata de  pesquisa que envolve seres humanos, garantindo assim respeito e proteção aos  participantes. A pesquisa não foi submetida à apreciação do Comitê de ética em  pesquisa do Centro Universitário UNINOVAFAPI, em virtude de tratar-se de um  estudo que utilizou dados em plataformas de bibliográfica eletrônica LILACS,  PUBMED e SCIELO obedecendo nos seus aspectos legais e científicos, no que  trata de pesquisa que envolve seres humanos, garantindo assim respeito e  proteção aos participantes. 

Resultados 

Foram identificados 8228.127 artigos, e, após uma triagem, restaram 5 artigos  elegíveis. A triagem, que compreendeu a aplicação dos critérios de inclusão e  exclusão, foi feita por um revisor e verificada por outro. Fez-se, também, uma  busca adicional nas referências dos artigos incluídos, visando identificar estudos  que eventualmente não foram encontrados na busca Figura 1.

FIGURA 1 – Fluxograma de seleção dos estudos, método PRISMA.

A amostra do estudo foi inicialmente de 7 artigos na íntegra analisados, dessas  publicações indexadas no banco de dados das cidadãs fontes. Entretanto, para  a seleção da amostra foram analisados 5 artigos de acordo com os critérios de  inclusão e exclusão, as bases de dados sobre a temática conforme o Quadro 1. 

Quadro 1 – Distribuição dos artigos de acordo com o título, autor, ano, objetivos, resultados  e conclusão, sobre os tratamentos médicos com células-tronco

TítuloAutor AnoObjetivosResultadosConclusão
Implicações da  covid-19 num  serviço de
transplante de  células-tronco  hematopoéticas  referência na  américa latina.
OSHIRO  et al.,  2021Descrever as  principais  mudanças que a  pandemia  COVID-19  ocasionou na rotina de um 
serviço de referência na América Latina  para Transplante de  Células-Tronco  Hematopoyéticas.
Com relação a  casuística referente  aos dados dos  pacientes, observa-se  que foram realizados  60 transplante de células-tronco 
hematopoéticas  (TCTH), 53 (88%)  TCTH alogênicos e  os demais TCTH  
autólogos. O TCTH alogênico aparentado  teve como fonte de  células-tronco mais prevalente a medula  óssea (MO) fresca  (sem congelamento  prévio). Em relação à  quantidade de  transplantes adiados  devido à pandemia,  22 (36,67%)  procedimentos foram  suspensos. Destes,  16 (26,67%) ainda  não haviam sido  realizados até a data  final da coleta de  dados, outubro de  2020.
Diversas ações foram implementadas, cuidados com os  receptores,  
pacientes  transplantados,  doadores e  condutas com os  profissionais de saúde. As intervenções  realizadas  mostraram-se  eficientes, no entanto, a  constante vigilância  é uma necessidade.  O número de 
transplantes  realizados foi  similar ao mesmo  período do ano  anterior, revelando que, embora o  serviço tenha se  reorganizado, o  quantitativo de  procedimentos não  sofreram influência da  pandemia. 
Impact of  COVID-19 pandemic on  care of  oncological patients: experience of a cancer center in a Latin  American pandemic epicenterARAUJO  et al.,  2020.Avaliar o  impacto da  pandemia de COVID-19 em volumes de pacientes em  um centro oncológico, em  um epicentro da  pandemia.O número total de consultas médicas diminuiu 45% no período pandemia COVID-19, inclusive com redução de 56,2% nas novas consultas. Houve redução de 27,5% no número de pacientes  em tratamento sistêmico intravenoso  e de 57,4% no início  de novos  tratamentos. Por  outro lado, ocorreram aumento de 309% em  novos pacientes submetidos a regimes  de quimioterapia oral  e elevação de 5,9% em novos pacientes submetidos à radioterapia no período pandemia COVID-19. Observaram-se queda de 51,2% nos dias de internação e redução de 60% no volume de casos cirúrgicos durante a COVID-19. Na  unidade de transplante de células-tronco, a redução foi de 36,5% nos dias de internação e de 62,5% nos transplantes de células-tronco.Foi observado declínio significativo no número de pacientes em tratamento de câncer após a pandemia de COVID-19. Embora isso possa ser parcialmente superado por opções terapêuticas alternativas, evitar cuidados de saúde oportunos devido ao medo de contrair COVID-19 pode impactar nos resultados clínicos. Nossos resultados podem ajudar a apoiar ações imediatas para mitigar essa hipótese.
COVID-19 in hematology:  data from a hematologic and transplant  unitGARNICA  et al., 2020.Interpelar a  preparação para  enfrentar a pandemia da COVID-19 em uma Unidade Hematológica e  de Transplante de Células Tronco no Brasil durante os dois primeiros meses da pandemia da  COVID-19 Os casos hematológicos foram mais graves ou  moderados e  apresentaram vários  fatores de risco negativos. Entre os  profissionais de  saúde, a COVID-19  foi em sua maioria  leve e todos se  recuperaram sem  hospitalização. Apesar da redução  no número de  
procedimentos, o  
Programa de 
Transplantes realizou  8 Transplante de células-tronco 
autólogos e 4 alogênicos no 
período, e 49 pacientes onco hematológicos foram admitidos para  continuidade do  tratamento
Embora tenhamos  observado uma alta  frequência de  COVID-19 entre pacientes e  profissionais de  saúde, mostrando  que o SARS-CoV-2  está disseminado  no Brasil, os  pacientes  hematológicos  foram tratados com  segurança durante  os períodos de  pandemia.
COVID-19 presenting as a  viral exanthem  and detected  during admission prescreening in  a hematopoietic  cell transplant recipient. AHMED  et al., 2020. Rastrear  pacientes com  câncer ativo, pois  são vulneráveis à infecção grave  por coronavírus  2 (SARS-CoV-2)  da síndrome respiratória aguda e correm risco de rápida deterioração e alta mortalidade.Pacientes imunocomprometidos, como receptores de transplante de células hematopoiéticas (HCT) e candidatos à terapia celular, podem ter maior vulnerabilidade. A Sociedade Europeia de Transplante de Sangue e Medula Óssea e o Centro Internacional de  Pesquisa em Transplante de Sangue e Medula Óssea relataram publicamente 70 casos de doença por coronavírus pós transplante de HCT 19 (COVID-19). Como resultado da alta mortalidade nessa população, a Sociedade Americana  de Transplante e Terapia Celular (ASTCT) publicou diretrizes, sugerindo testes universais de pacientes antes da admissão para terapia celular ou transplante de células-tronco para mitigar o risco de transmissão e surtos em enfermarias de transplanteConsequentemente, A instituição, foi implementada uma política para rastrear todos os pacientes planejados para HCT ou terapia celular no dia anterior à admissão com um swab nasofaríngeo com reação em cadeia da polimerase transcriptase  reversa em tempo  real (RT-PCR) para  infecção por SARS CoV-2. Os testes  RT-PCT em nossa  unidade podem ter  como alvo regiões  do genoma viral  para amplificação, dependendo da disponibilidade diária de testes e reagentes.
COVID-19 presenting as a  viral exanthem  and detected  during admission  prescreening in a hematopoietic cell transplant  recipient.AHMED  et al.,  2020.Relatar sobre a  COVID-19 que é  desafiadora  para todos e o  tratamento de  doenças crônicas, como o mieloma múltiplo, que requer atenção,  organização e  compromissos  por parte dos pacientes, equipe clínica, instituições de  saúde e famíliasPacientes com  mieloma múltiplo são  um grupo particular  com vários aspectos  importantes a serem  considerados durante  os tempos de  pandemia. Em  essência, eles são  imunossuprimidos em  diferentes intensidades durante seu tratamento. A  maioria deles é idosa e todos eles requerem terapia de longo prazo, com contato prolongado  com o sistema de saúde, possivelmente incluindo um  transplante de células-tronco durante o tratamento.Um painel de  especialistas em  mieloma múltiplo e  doenças infecciosas  forneceu recomendações  para ajudar a gerenciar pacientes com mieloma desde  o diagnóstico até a  recaída, esforçando-se para  garantir que o  prognóstico do mieloma não seja afetado pela pandemia atual.
Fonte: Carvalho et al., 2025

Dentre os 05 artigos selecionados para o estudo, após a aplicação dos critérios  de inclusão e exclusão, observaram que no período de 2020 a 2024 vários  estudos foram realizados sobre essa temática, tanto estudos originais, quanto  revisões da literatura. De modo que, foram selecionadas uma amostras do ano  de 2021 (20%) e quadro amostras publicação dos anos de 2020 (80%). 

Discussão  

Após a leitura dos artigos, elencaram-se os principais cuidados a pacientes  submetidos ao TCTH a respeito do coronavírus. Nos artigos estudados, a presença da pandemia COVID-19 causou grandes preocupações relacionadas  à continuidade do tratamento na terapia celular com a possibilidade de  potencializar as complicações já esperadas, assim como a incerteza para  recebimento do transplante

Nesse sentido, os artigos estudados referem de forma objetiva as medidas implementadas para minimizar os impactos da COVID-19 na prevenção da  disseminação do vírus, principalmente, ao considerarmos a complexidade e a  vulnerabilidade do paciente na terapia celular. 

De acordo com Oshiro NN, Nogueira LA, Silva LAA, Kojo TK, Machado CAM,  Fagundes FRS, et al. As Implicações da Covid-19 num serviço de transplante de  células-tronco hematopoéticas ,foram necessárias criar e implantar diversas  ações, seguindo os protocolos de atendimento e cuidado, desenvolvidos por  instituições internacionais – European Society for Blood and Marrow  Transplantation (EBMT), American Society of Clinical Oncology (ASCO) e  American Society for Transplantation and Cellular Therapy (ASTCT), com as  recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e as  diretrizes das instituições da área – Sociedade Brasileira de Transplante de  Medula Óssea (SBTMO) ) e Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), tais como: intervenções nos centros transplantadores,  cuidados com os receptores, pacientes transplantados, doadores e condutas  com os profissionais de saúde, de forma a reduzir as possibilidades de  contaminação dos pacientes e da equipe de saúde. As intervenções realizadas  mostraram-se eficientes e estão de acordo com as recomendações de órgãos  nacionais e internacionais acima supracitados. Nessa análise, o número de  transplantes realizados foi similar ao mesmo período do ano anterior, revelando  que, embora o serviço tenha se reorganizado, o quantitativo de procedimentos  não sofreu influência da pandemia. 

O mesmo foi constatado em estudo realizado no HCFMRP-USP, que confirmou  esses achados em relação ao transplante de medula óssea durante a pandemia  do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Tanto o ambulatório quanto a unidade de  internação de TMO passaram por modificações em sua dinâmica de  atendimento, com a criação e implementação de protocolos baseados no estudo  supracitado. Por se tratar de uma área crítica e de tratamento de urgência, não  houve redução significativa na proporção de transplantes dessa modalidade em  comparação com os anos anteriores. Desempenho semelhante foi observado  em centros de transplantes de outros países também afetados pela pandemia  de COVID-19 (OLIVEIRA et al., 2020). 

A pandemia de COVID-19 impôs desafios significativos à continuidade de  terapias complexas, como o transplante de células-tronco hematopoéticas  (TCTH). Em instituições de referência, como o Complexo Hospitalar de Niterói  (RJ), estratégias específicas de biossegurança foram implementadas para  proteger pacientes onco-hematológicos e profissionais da saúde, garantindo a  manutenção dos tratamentos em meio à crise sanitária. 

Dos 47 pacientes testados, 21% dos sintomáticos foram positivos, enquanto não  houve casos detectados entre os assintomáticos. Entre os profissionais da  saúde, 70% dos sintomáticos testaram positivo. A alta taxa entre HCWs (health  care workers) levou à intensificação das medidas preventivas. A unidade foi  mantida como “zona livre de COVID-19”. 

Mesmo com a pandemia, foi possível manter o programa de transplantes sem  aumento significativo de complicações infecciosas nos pacientes testados, desde que respeitados os protocolos rigorosos. O impacto negativo do  adiamento dos TCTH em pacientes de alto risco justificou a manutenção dos  procedimentos. 

Na comparação dos parâmetros dos artigos revisados, a experiência dos hospitais analisados mostram que, com medidas de biossegurança rigorosas e  adaptação contínua, é possível manter a terapia celular mesmo durante uma  pandemia, preservando a segurança de pacientes e profissionais. Essa  abordagem pode servir como modelo para futuras crises sanitárias 

Conclusão  

Diante da crise sanitária instaurada pela pandemia de COVID-19, os protocolos  de biossegurança utilizado no cultivo celular e terapia celular em pacientes afetado pela doença pandêmica, demonstraram eficiência e com isso observou se a necessidade urgente de desenvolver novas alternativas terapêuticas  capazes de reduzir os impactos da doença, principalmente nos casos graves. A  partir da revisão integrativa realizada, foi possível compreender que a terapia  celular com células-tronco, especialmente as mesenquimais, surgiu como uma  possibilidade real e promissora para o enfrentamento das manifestações mais  severas da infecção pelo SARS-CoV-2. 

Os estudos analisados nesta pesquisa demonstraram que as células-tronco  possuem propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras relevantes,  capazes de atuar diretamente na redução da tempestade de citocinas — um dos  fatores que mais agravam o quadro clínico dos pacientes com COVID-19. Além  disso, elas apresentam potencial regenerativo, favorecendo a recuperação de  tecidos pulmonares danificados e contribuindo para a melhoria da função  respiratória em pacientes em estado crítico. 

Outro ponto que se destacou nos artigos foi o esforço contínuo de alguns centros  de pesquisa em manter protocolos experimentais durante o pico da pandemia,  mesmo com todas as restrições. Isso reforça o compromisso da ciência com a  inovação e a importância de se investir em novas abordagens terapêuticas, mesmo em cenários adversos. Também se evidenciou que pacientes  imunossuprimidos, como os transplantados, podem se beneficiar de terapias  celulares menos agressivas, o que amplia ainda mais a aplicabilidade dessas  técnicas. 

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a terapia celular com células tronco está alinhada com a proposta desta pesquisa e apresenta contribuições  valiosas para o campo da biomedicina. Embora ainda existam limitações quanto  à padronização das técnicas e à comprovação da eficácia em estudos clínicos  de larga escala, os dados disponíveis até o momento apontam para uma  evolução positiva e significativa. 

Assim, este trabalho reforça que as terapias celulares não só ampliam o  horizonte do tratamento da COVID-19, como também representam um avanço  científico importante para o enfrentamento de outras doenças inflamatórias e  infecciosas. A continuidade dos estudos, aliada à regulamentação ética e ao  desenvolvimento tecnológico, será essencial para consolidar essa abordagem  no contexto clínico contemporâneo. Trata-se, portanto, de um campo que  merece atenção e investimento por parte da comunidade científica, sobretudo  por seu potencial de transformar a prática biomédica em um futuro próximo.  Entretanto, ainda se faz necessária a padronização dos protocolos de aplicação,  bem como a realização de ensaios clínicos em larga escala para garantir a  segurança e eficácia a longo prazo. O progresso contínuo das pesquisas, aliado  à regulamentação ética e ao investimento em biotecnologia, será determinante  para consolidar essa abordagem como uma ferramenta terapêutica robusta no  cenário clínico contemporâneo. Considera-se necessária a produção de novos  trabalhos sobre a temática, a fim de que esta seja mais amplamente abordada e  permita um aprofundamento mais consistente. 

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1Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI.
2Professor Dr. orientador, Centro Universitário UNINOVAFAPI. E-mail: gustavo.neves@uninovafapi.edu.br