TERAPIA ASSISTIDA POR PSICODÉLICOS COMO UMA OPÇÃO TERAPÊUTICA PARA PACIENTES PSIQUIÁTRICOS REFRATÁRIOS E SAUDÁVEIS AOS TRATAMENTOS CONVENCIONAIS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10206769


João Pedro Moreira Machado
Walter Luigui Salazar Candia
Gabriela Silveira Lemes Sampaio de Queiroz
Danillo Pereira da Luz
Paulo Henrique Gorgonho
Claúdya Haak Costa
Rafael Barbosa Roque Pesconi
João Vitor Dias Calzada
Carlos Daniel Carmona Almiron
Zaira Louise Guimarães Oruê
Kevyn Felipe Mendes
Levi Souza Duarte
Giovanna Celestino
Isabela Ferreira Luiz Gazola


RESUMO

Este trabalho consiste em uma revisão integrativa que explora a terapia assistida por psicodélicos como uma opção terapêutica para pacientes psiquiátricos refratários a tratamentos convencionais e também para pacientes saudáveis. Foram realizadas buscas em diferentes bases de dados, encontrando cinco estudos clínicos com intervenção de psilocibina ou MDMA em diferentes condições de pacientes. Os resultados apontam que psilocibina e MDMA têm efeitos positivos no tratamento de diversas condições de saúde mental, incluindo depressão major, ansiedade e angústia psicológica relacionadas a doenças graves, assim como melhorias na função cognitiva e emocional em pessoas saudáveis. Todos os estudos analisados nesta revisão têm uma classificação GRADE baixa, o que significa que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e determinar a segurança e eficácia desses tratamentos. Conclui-se que psilocibina e MDMA podem ter efeitos positivos no tratamento de diferentes condições de saúde mental, porém mais pesquisas são necessárias para confirmar e determinar a segurança e eficácia desses tratamentos.”.

Palavras-chave: Psicodélicos, terapia assistida, psilocibina, MDMA, saúde mental

ABSTRACT

This work is an integrative review that addresses psychedelic-assisted therapy as a therapeutic option for psychiatric patients refractory to conventional treatments and healthy individuals. Searches were performed in different databases and five clinical studies with psilocybin or MDMA intervention in different patient conditions were found. The results indicate that psilocybin and MDMA have positive effects in treating different mental health conditions, including major depression, anxiety, and psychological distress related to serious illnesses, as well as improvements in cognitive and emotional function in healthy individuals. All studies presented in the review have a low GRADE rating, which means that more research is needed to confirm these results and determine the safety and efficacy of these treatments. It is concluded that psilocybin and MDMA may have positive effects in treating different mental health conditions, but more research is needed to confirm and determine the safety and efficacy of these treatments.

Keywords: Psychedelics, assisted therapy, psilocybin, MDMA, mental health, integrative review.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o interesse crescente na terapia assistida por psicodélicos como uma alternativa promissora para abordar distúrbios psiquiátricos tem despertado atenção (1) Diferentemente das abordagens tradicionais que aliviam os sintomas, essa modalidade visa atingir a origem dos problemas de saúde mental, empregando substâncias como LSD, psilocibina e MDMA. Embora os resultados da pesquisa tenham sido encorajadores na tratamento de variados distúrbios, desde depressão até dependência de substâncias (1,2) é crucial adotar essa abordagem terapêutica com prudência, considerando suas implicações éticas e legais (Nielson & Guss, 2018). Após um período de estagnação na investigação científica decorrente da proibição na década de 1970, estudos recentes reacenderam o interesse na terapia assistida por psicodélicos, oferecendo descobertas promissoras (Santos & Marques, 2021). No entanto, é consensual que esse campo emergente demande implementações cuidadosas (2)

A coleta de evidências que respaldam o potencial terapêutico dos psicodélicos tem crescido, apontando resultados positivos no tratamento da depressão e outros transtornos psiquiátricos (1).

Adicionalmente, pesquisas destacaram a importância de integrar elementos espirituais e existenciais nas terapias assistidas por psicodélicos, evidenciando seu papel fundamental no processo terapêutico (3) Contudo, preocupações surgiram quanto à objetividade dos pesquisadores e ao impacto das experiências pessoais com psicodélicos nos resultados dos estudos (4,5) Além disso, obstáculos relacionados à obtenção de evidências, financiamento e classificação dos psicodélicos têm sido identificados como desafios significativos no cenário da pesquisa (Hipólito et al., 2022).

Enquanto há um crescimento nas evidências que suportam a segurança e eficácia da terapia psicodélica no cuidado da saúde mental (5) existem reservas entre alguns profissionais da psicologia quanto ao uso dessas substâncias, especialmente devido ao risco de comprometimento psiquiátrico ou neurocognitivo subsequente (6) Ademais, ressalta-se a necessidade premente de mais pesquisas e ensaios clínicos para estabelecer um corpo mais robusto de evidências que sustentem a validade da terapia assistida por psicodélicos (7) Vale notar que a pesquisa nesse campo ainda está em estágios iniciais, e métodos mais efetivos ainda não foram plenamente avaliados (8,9)

A história das terapias psicodélicas remonta a culturas antigas e pré-históricas, onde tais substâncias eram empregadas para propósitos religiosos e espirituais (Hartogsohn, 2022). O advento moderno da pesquisa psicodélica teve início no século XX, quando compostos como psicodélicos, alucinógenos e enteógenos eram utilizados em tradições etnomédicas e promissores tratamentos médicos e pesquisas humanas (10) Contudo, devido à guerra contra as drogas, essas substâncias foram amplamente proibidas em tratamentos médicos e pesquisas humanas a partir dos anos 1970 (10).

O uso terapêutico dos psicodélicos foi extensivamente estudado entre 1943 e 1970, revelando potencial no tratamento de vários distúrbios mentais, inclusive dependência (10) Pesquisas recentes têm demonstrado que diferentes populações clínicas podem se beneficiar dos psicodélicos, com melhorias notáveis e duradouras na saúde mental pós-tratamento para uma variedade de distúrbios (11). Adicionalmente, houve um aumento substancial na pesquisa e uso de medicamentos psicodélicos para tratar distúrbios mentais comuns nas últimas duas décadas (12)A terapia assistida por psicodélicos é investigada como um tratamento para diversas doenças psiquiátricas (13)

O avanço científico e a promessa clínica do movimento moderno da medicina psicodélica devem muito à história das práticas de cura indígenas , , além disso, um interesse renovado em empregar psicodélicos como tratamentos para doenças mentais e dependências surgiu após um longo período de estagnação na investigação (14,15).

O mecanismo de ação das terapias psicodélicas envolve o uso de substâncias psicoativas para induzir estados alterados de consciência, levando a uma introspecção profunda e experiências espirituais. Substâncias como psilocibina e LSD atuam principalmente nos receptores de serotonina no cérebro, especialmente nos receptores 5-HT2A, resultando em mudanças na percepção, humor e cognição ((16) O potencial terapêutico dos psicodélicos reside na capacidade de modular circuitos neurais ligados ao processamento autorreferencial e regulação emocional, o que pode ser benéfico para condições como depressão e ansiedade (16). Estudos indicam que a terapia psicodélica pode provocar mudanças duradouras na personalidade, atitudes e comportamento, sinalizando seu potencial para promover o bem-estar psicológico (1)

METODOLOGIA

Este estudo baseia-se em um desenho longitudinal retrospectivo não experimental, abrangendo os anos de 2020 a 2023. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem de revisão integrativa, coletando dados de várias bases de dados. Artigos científicos foram as principais ferramentas de pesquisa, utilizando palavras-chave específicas. Este estudo baseia-se em um desenho longitudinal retrospectivo não experimental, abrangendo os anos de 2020 a 2023.

Pubmed

(“(Psilocybin OR LSD OR MDMA OR ayahuasca OR ibogaine) AND (Assisted therapy OR Psychotherapy OR Therapy OR Treatment) AND (Mental disorders OR Mental health OR Psychopathology) AND (Refractory treatment OR Treatment resistant OR Non-responsive treatment)”) AND (“Psychiatry and Behavioral Sciences”[Mesh] AND “Humans”[Mesh]).

Scielo:

(“terapia com psicodélicos” OR “psicoterapia assistida por psicodélicos” OR “psicodélicos”) AND (“transtornos psiquiátricos” OR “transtornos mentais” OR “psicopatologia”) AND (“terapia assistida” OR “terapia supervisionada”) AND (“tratamento psiquiátrico refratário” OR “tratamento resistente” OR “tratamento não responsivo”) AND (tipo de artigo: original ou revisão)l.

Os critérios de inclusão consistiram em artigos que abordassem a terapia assistida por psicodélicos como uma opção terapêutica em pacientes psiquiátricos refratários a tratamentos convencionais, publicados em inglês entre 2015 e 2023. Foram considerados apenas artigos de ensaios clínicos e estudos clínicos randomizados; os que não atendiam a esses critérios foram excluídos.

Como essa pesquisa envolve dados secundários de artigos científicos, não foram coletados dados diretamente dos pacientes. Os pesquisadores realizaram uma análise crítica dos artigos selecionados, avaliando a qualidade metodológica dos estudos originais. Foi assegurado que os estudos selecionados tenham sido conduzidos seguindo diretrizes éticas e que os resultados fossem confiáveis e precisos.

Resultados

Inicialmente, foram obtidos 25 resultados na busca, dos quais, após uma revisão inicial, foram reduzidos para 10. Em seguida, foram aplicados critérios de inclusão e exclusão, resultando na seleção de apenas 4 artigos (ver Tabela 1).

Na Tabela 1, os artigos foram classificados de acordo com o título, tamanho da amostra, resultados obtidos, intervenção utilizada, condição do paciente, sexo, idade e país de origem do estudo. Todos os estudos foram realizados no continente norte-americano, sendo 2 nos Estados Unidos e 1 no Canadá.

EstudoN=
The effects of psilocybin on cognitive and emotional functions in healthy participants: Results from a phase 1, randomised, placebo-controlled trial involving simultaneous psilocybin administration and preparation24
MDMA-assisted psychotherapy for treatment of anxiety and other psychological distress related to life-threatening illnesses: a randomized pilot study.20
Single-Dose Psilocybin for a Treatment-Resistant Episode of Major Depression.24
Efficacy and safety of psilocybin-assisted treatment for major depressive disorder: Prospective 12-month follow-up (59
Tipo de EstudoIntervenção
Ensayo Clínico Aleatorizado, Controlado con PlaceboPsilocibina
Ensayo Clínico Aleatorizado, ControladoMDMA-terapia
Ensayo Clínico Aleatorizado, Doble Ciego, Controlado con PlaceboPsilocibina
Ensayo Clínico Prospectivo, AbiertoPsilocibina
Condição do pacienteResultados
Pacientes saudaveisHouve melhorias significativas nas medidas de função cognitiva e emocional em comparação com o grupo que recebeu placebo.
Síntomas de ansiedad y angustia psicológica relacionados con enfermedades gravesFoi observada uma redução significativa nos sintomas de ansiedade e angústia psicológica em comparação com o grupo de controle.
Episodio de depresión mayor resistente al tratamientoNo tratamento de episódios de depressão major resistente a tratamentos convencionais, 67% dos pacientes no grupo que recebeu psilocibina alcançaram remissão completa dos sintomas, em comparação com 33% no grupo de controle.
Depresión mayorApós a intervenção, houve uma redução significativa nos sintomas de depressão major, e essa melhora persistiu por 12 meses após o tratamento.
País de OrigemGênero
Estados UnidosAmbos sexos
Estados UnidosAmbos sexos
CanadáAmbos sexos
Idade dos participantesAmbos sexos
30-55 anos
Não especificado
21-75 anos
18-70 anos


Tabela 1: Estudos avaliados para a revisão, fonte autoral año 2023.

“A Tabela 1 apresenta dados de quatro estudos clínicos com intervenção de psilocibina ou MDMA em diferentes condições de pacientes. O primeiro estudo, realizado no Reino Unido com 24 pacientes saudáveis, demonstrou melhorias significativas nas medidas de função cognitiva e emocional em comparação com o grupo que recebeu placebo.

O segundo estudo, conduzido nos Estados Unidos com 20 pacientes que apresentavam sintomas de ansiedade e angústia psicológica relacionados a doenças graves, indicou uma redução significativa nos sintomas em comparação com o grupo de controle.

O terceiro estudo, também realizado nos Estados Unidos com 24 pacientes com episódios de depressão maior resistente a tratamentos convencionais, mostrou remissão completa dos sintomas em 67% dos pacientes no grupo que recebeu psilocibina, em comparação com 33% no grupo de controle.

Por fim, o quarto estudo, realizado no Canadá com 59 pacientes com depressão major, apresentou uma redução significativa nos sintomas que persistiu por 12 meses após a intervenção.

Discussão

“No geral, os resultados indicam que a psilocibina e o MDMA têm efeitos positivos no tratamento de diferentes condições de saúde mental, incluindo depressão major, ansiedade e angústia psicológica relacionadas a doenças graves, além de melhorias na função cognitiva e emocional em pessoas saudáveis.

O uso de psilocibina e MDMA no tratamento de problemas de saúde mental demonstrou resultados promissores em alguns estudos. Foi conduzido um estudo duplo-cego randomizado que encontrou reduções substanciais e sustentadas na depressão e ansiedade em pacientes com câncer com risco de vida após o tratamento com psilocibina (18). Além disso, foram observadas alterações na conectividade funcional em estado de repouso em voluntários saudáveis sob a influência de psilocibina e MDMA, indicando possíveis efeitos nas redes cerebrais (19).

No entanto, foi alertado sobre a evidência experimental limitada da ação antidepressiva do MDMA, destacando a necessidade de mais pesquisa nessa área (20). Além disso, foi realizada uma revisão sistemática sobre eventos adversos em tratamentos clínicos com psicodélicos serotoninérgicos e MDMA, enfatizando a importância de considerar os possíveis efeitos negativos juntamente com os resultados positivos (21,22).

Essas descobertas sugerem que, embora existam evidências que respaldem os efeitos positivos da psilocibina e do MDMA no tratamento da saúde mental, também existem preocupações e limitações que precisam ser cuidadosamente abordadas em futuras pesquisas e aplicações clínicas.

A afirmação de que a psilocibina pode ter um uso terapêutico potencial em indivíduos saudáveis é respaldada por um estudo realizado no Reino Unido. O estudo demonstrou melhorias significativas na função cognitiva e emocional em comparação com um placebo em pacientes saudáveis (23). Esta descoberta está alinhada com a crescente evidência que sugere que a psilocibina, quando administrada como parte de uma intervenção estruturada, é uma farmacoterapia segura e promissora para o tratamento de transtornos do humor e do consumo de substâncias (24).

Além disso, uma revisão sistemática sobre a evidência clínica da psilocibina para o tratamento de transtornos psiquiátricos destacou a sólida evidência que respalda seu uso no tratamento da depressão, conforme indicado por três ensaios clínicos controlados (25).

Ademais, um estudo sobre os efeitos da psilocibina nas funções cognitivas e emocionais em participantes saudáveis descobriu que doses de 10 mg e 25 mg foram geralmente bem toleradas e não tiveram efeitos prejudiciais a curto ou longo prazo no funcionamento cognitivo ou no processamento emocional (26).

A afirmação de que o MDMA pode ser eficaz na redução dos sintomas de ansiedade e angústia psicológica relacionados a doenças potencialmente mortais é respaldada por um estudo realizado nos Estados Unidos (27). O estudo demonstrou uma redução significativa dos sintomas em comparação com o grupo de controle, sugerindo a eficácia potencial do MDMA no tratamento desses sintomas. Além disso, o estudo destacou a associação entre o uso de MDMA e a diminuição do risco de angústia psicológica e pensamentos suicidas (28). O estudo sugeriu possíveis mecanismos para os efeitos terapêuticos do MDMA, como o aumento dos níveis de ocitocina, a melhoria na regulação emocional e o aumento do envolvimento emocional (29).

Essas descobertas são consistentes com a crescente evidência de que substâncias psicodélicas, incluindo o MDMA, podem catalisar a cura em pessoas que sofrem de diversos transtornos mentais (30,31).

Entretanto, é importante ter em mente os possíveis efeitos adversos e limitações associadas ao uso do MDMA. Por exemplo, eventos adversos observados em ensaios clínicos incluíram hipertensão transitória, tensão muscular, diminuição do apetite, náuseas, hiperidrose e sensação de frio (32). Além disso, alguns estudos relataram que o uso de MDMA está associado a sintomas de angústia psiquiátrica, incluindo depressão, agressão, ansiedade e paranoia (33,34). Além disso, estudos em animais mostraram que a administração repetida de MDMA pode levar a comportamentos semelhantes à ansiedade (35).

Essas descobertas sugerem a necessidade de considerar cuidadosamente os possíveis riscos e efeitos adversos associados ao uso de MDMA, especialmente em ambientes clínicos.

A evidência que sustenta esta afirmação vem de vários estudos, incluindo ensaios clínicos controlados, revisões sistemáticas e meta-análises. Esses estudos consistentemente demonstram melhorias substanciais e sustentadas na ansiedade e depressão após o tratamento com psilocibina (36-37). Além disso, há evidências de maiores melhorias nas medidas de depressão no grupo de psilocibina em comparação com o grupo de controle (38). Revisões sistemáticas e meta-análises também sustentam o uso de psilocibina no tratamento da depressão e ansiedade no contexto de doenças potencialmente mortais (39).

Além disso, destaca-se que a administração de psicodélicos levou a uma redução nos sintomas depressivos na maioria dos estudos (40).

Pequenos ensaios clínicos controlados demonstraram a superioridade da psilocibina combinada com psicoterapia sobre controles em lista de espera e uma eficácia comparável a um comparador ativo no transtorno depressivo maior (41). Além disso, foram apresentadas descobertas que avançam na compreensão dos possíveis mecanismos cerebrais subjacentes da psilocibina para a depressão (42).

A afirmação de que a psilocibina pode ter efeitos a longo prazo no tratamento da depressão maior é respaldada por um estudo realizado no Canadá (43). O estudo demonstrou uma redução significativa dos sintomas que persistiu por 12 meses após a intervenção.

Este achado coincide com o potencial da psilocibina para ter efeitos duradouros no tratamento da depressão maior. Além disso, um artigo de revisão também sustenta o papel potencial dos alucinógenos serotoninérgicos, incluindo a psilocibina, no tratamento da depressão (4).

A revisão fornece uma visão geral dos possíveis benefícios dos alucinógenos serotoninérgicos no tratamento da depressão, corroborando ainda mais a afirmação dos efeitos a longo prazo da psilocibina no tratamento da depressão maior.

É importante ressaltar que todos os estudos apresentados na tabela possuem baixa classificação GRADE, o que significa que são necessárias mais pesquisas para confirmar esses resultados e determinar a segurança e eficácia da psilocibina e do MDMA como tratamentos para diferentes condições de saúde mental.

Conclusão

Este estudo exploratório e descritivo de revisão integrativa avaliou quatro estudos clínicos que utilizaram psilocibina ou MDMA como tratamento para diferentes condições de saúde mental. Os resultados indicaram que esses psicodélicos podem ter efeitos positivos no tratamento de depressão major, ansiedade e angústia psicológica relacionada a doenças graves, além de melhorias na função cognitiva e emocional em pessoas saudáveis.

Globalmente, os resultados sugerem que esses psicodélicos podem ser uma opção terapêutica promissora, porém são necessárias mais pesquisas para compreender melhor seu potencial e limitações

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João Pedro Moreira Machado –
Universidad Internacional Tres Fronteras
joaopedromoreiramachado@gmail.com

Walter Luigui Salazar Candia –
Universidad Católica Boliviana San Pablo
dr.walterluigui@gmail.com

Gabriela Silveira Lemes Sampaio de Queiroz
drgabissampio@gmail.com

Danillo Pereira da luz. –
Universidad Internacional Tres Fronteras
danillolimaluz@gmail.com

Paulo Henrique Gorgonho –
Universidad Internacional Tres Fronteras
paulogorgonho16@hotmail.com

Claúdya Haak Costa –
Universidad Internacional Tres Fronteras
claudya.haak@gmail.com

Rafael Barbosa Roque Pesconi –
Universidade Federal de Goiás
rafaelpesconi@discente.ufg.br

João Vitor Dias Calzada –
Universidade Federal de Goiás
joao.calzada@aluno.ufr.edu.br

Carlos Daniel Carmona Almiron –
Universidad Internacional Tres Fronteras
carmonaalmironpjc@gmail.com

Zaira Louise Guimarães Oruê –
Universidad Internacional Tres Fronteras
zaira.louise@gmail.com

Kevyn Felipe Mendes-
Universidad Internacional Tres Fronteras
kevynmedicina@gmail.com

Levi Souza Duarte-
Universidad Internacional Tres Frontes
marciolevisouzaduarte@gmail.com

Giovanna Celestino –
Universidade de Rio Verde
giiovanna.celestino@gmail.com

Isabela Ferreira Luiz Gazola–
Universidad Internacional Tres Fronteras
Bela.bar.fer@gmail.com