REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202505182103
Camylla Nascimento Damazio
Orientadora: Roberta Rollemberg Cabral Martins
RESUMO
Cinoterapia é um tipo de terapia alternativa, onde utiliza-se os cães como coadjovantes terapêuticos para melhora psíquica e motora de diversas patologias, como paralisia provenientes de traumas, paralisia infantil, diversas síndromes, com poucos minutos de atendimentos semanais acontece um sinergismo entre paciente e animal que através do afeto, do amor, há melhoras significativas, diminuindo representativamente o uso de medicamentos. A investigação dos benefícios da Terapia Assistida por Animais são importantes, pois validam perante a comunidade médica a necessidade de sua implementação como terapia alternativa. Com o objetivo de avaliar a aceitação da terapia assistida por animais no município de Teresópolis, TJ foi realizada uma pesquisa com 50 pacientes de clínicas fisioterápicas. Houve 100% de aceitabilidade da aplicação desta terapia assistida.
Palavras chave: Terapias alternativas. Cinoterapia. Aceitabilidade.
ABSTRACT
Cinoterapia is a type of alternative therapy, which is used dogs as therapeutic coadjovantes to improve mental and motor of various pathologies such as paralysis from trauma, infantile paralysis, various syndromes, with a few minutes of weekly visits to a synergy happens between patient and animal through the affection of love, there are significant improvements, representatively lowering medication use. The investigation of the benefits of Animal Assisted Therapy are important because before the medical community validate the need for its implementation as an alternative therapy. Aiming to evaluate the acceptance of animal-assisted therapy in Teresópolis, TJ research was conducted with 50 patients from physiotherapy clinics. There was 100% acceptance of the application of assisted therapy.
Keywords: Alternative Therapies. Cinoterapia. Acceptability.
1 INTRODUÇÃO
Desde os primórdios, homens e animais convivem de forma harmônica, sejam como animais de companhia, de trabalho ou simplesmente numa relação de comensalismo.
Com a evolução das pessoas, a liberdade da mulher, onde a mesma se coloca não mais numa posição de submissão, ganhou o mercado de trabalho, atualmente as famílias estão diminuindo de tamanho, agora nem o pai nem a mãe estão em casa para suprir as necessidades emocionais de seus filhos. Famílias que anteriormente eram numerosas, hoje se resumem a apenas três pessoas no máximo quatro, pois as mulheres têm filhos mais tarde, de acordo com dados estatísticos após os trinta anos, por preconizarem a qualidade de vida deste filho, lhe dar boa educação, que em nosso país custa caro, boa alimentação e lazer.
Para suprir a carência da ausência dos pais ou irmãos, as famílias cada vez mais inserem em seu cotidiano os famosos pet´s, que não necessariamente são apenas cães e gatos, atualmente a gama desses animais se estenderam à mini pig´s, furões, iguanas, pássaros, etc.
A investigação sobre os benefícios que a convivência com os animais pode trazer para o ser humano tem sido merecedora de pesquisas a serem desenvolvidas com implicações científicas. Por maior que sejam nossas convicções dos efeitos positivos desta interação, devemos ter uma avaliação científica para validar o processo perante a comunidade médica, revelando que os resultados não ocorrem ao acaso e sim, são resultados de uma transmutação química em nosso organismo que geram processos psicológicos.
Com essa comprovação científica, seria possível fazer uma implementação mais abrangente em todos os estados do Brasil da TAA, não apenas como forma de entretenimento, sim gerando benefícios financeiros para os governos e uma terapia mais leve para pacientes que talvez já tenham tentado de tudo para melhorar sua debilidade, muitas vezes dolorosas e estressantes, eventualmente até perdendo as esperanças de melhora.
O objetivo do presente estudo foi verificar a aceitabilidade da aplicação da terapia assistida por animais na recuperação de pacientes de clínicas fisioterápicas no munícipio de Teresópolis.
2 REVISÃO DE LITERAURA
2.1 INTERAÇÃO HOMEM X ANIMAL
A interação entre homem e animal (Figura 1) é relatada desde a pré-história, achados arqueológicos demonstram que os animais domésticos desta época eram enterrados de modo que se destacassem ao lado do seu provável dono, ressaltando sua importância (FÜLBER, 2011).
Uma das primeiras comprovações científicas desta relação ocorreu em 1978 quando foram encontrados, no nordeste de Israel, esqueletos de um humano adulto e um cachorro enterrados juntos em uma tumba de aproximadamente 12.000 anos (MITIDIERI, 2006).
Mais recentemente, em 2000, pesquisadores das Universidades de Cambridge de Toronto, encontraram em Uyun al-Hammam no Oriente Médio, um túmulo de 16.500 anos com ossos de um humano e de uma raposa enterrados juntos (MICK, 2011).
Figura 1 – Ligação entre o homem e o animal (Arte Rupestre)

Fonte:VIEIRA, 2007.
Em algumas culturas e crenças, animais são sinônimos de sabedoria, força e poder, por exemplo, há evidências que no Egito, a ligação do animal com o homem envolveu todas as dinastias, pois seus deuses eram criados por formas semi-humanas (Figura 2), uma miscigenação de homem com animal em sua grande maioria (LANTZMAN, 2004; DOTTI, 2014).
Figura 2 – Representação de deuses egípcios com formas semi-humanas.
A – Anúbis; B – Seth; C – Hórus

Fonte: Nunes, 2008.
Segundo Dotti (2014), além dos egípcios, outros povos também tinham nos animais representações simbólicas, como na civilização greco-romana, onde animais eram considerados deuses e heróis; no início do catolicismo com a associação de alguns santos aos animais e na cultura indígena. Até hoje em muitos países os animais continuam a serem adorados.
Historicamente, os animais também estão associados à prestação de serviços, servindo como auxílio e suporte para necessidades cotidianas, como as atividades de caça, proteção e segurança das cavernas, transporte de humanos e suas peles utilizadas para vestuário (CAETANO, 2010).
Com o passar do tempo a relação dos animais com os seres humanos se tornou muito mais afetiva, ficando tão complexa que ao entrar num convívio familiar, ele provoca alterações no comportamento de todos os seus membros da casta (FLÔRES, 2009).
Psicologicamente através de sua natureza ingênua e instintiva, os animais resgatam a pureza interior da pessoa, aumentando sua capacidade de amar (KASSIS; BERZINS, 2002).
Na sociedade, as pessoas obrigatoriamente devem ter um vínculo sentimental, amar os membros da família. Portanto atualmente existem diversos formatos familiares nos quais os animais são integrados como membro deste determinado grupo, sendo tratados até mesmo como filhos, principalmente quando as pessoas vivem mais sozinhas (solteiros, divorciados, viúvos, entre outros), pessoas que formam famílias homoafetivas, onde não têm filhos e muitos adotam os pets como meio de suprir esta necessidade (CANANI; FARACO, 2010).
Os animais são considerados um meio de receber afeto e amor, incondicional, independente de etnia, condição social, claramente não são influenciados pelo meio e sim pelas pessoas que os cercam. De acordo com o modo em que estes animais são criados, podemos perceber seu valor e seu significado dentro de um grupo de pessoas, deste modo é fácil perceber a posição social em que este animal ocupa nas famílias (CANANI; FARACO, 2010).
2.2 HISTÓRIA DA TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS
Através de observações da relação entre homem e animal, começou-se a pensar em uma forma de usá-los como auxiliadores no processo de tratamento de doenças, visto a sua importância no meio social e o apego das pessoas pelos animais (DOTTI, 2014).
As primeiras experiências com Terapia Assistida por Animais foram realizadas empiricamente pelo pesquisador William Tuke em 1792, na Inglaterra, criando o Retiro York onde vários animais domésticos atuavam como coadjuvantes no tratamento, estimulando principalmente a parte motora dos pacientes com deficiências neurológicas, auxiliando-os na vocalização aprendendo o nome dos animais e na coordenação motora (MACAULEY, 2006; PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007; MACHADO et al., 2008).
Em 1867, o pastor Friedrich fundou em Bielfield, Alemanha, a Intituição Bethel, um centro para tratamento de epiléticos onde os animais de companhia eram utilizados como forma de auxílio ao tratamento. Atualmente, esta instituição atende cerca 5.000 pacientes com transtornos físicos e mentais (SAN JOAQUÍN, 2002; CAETANO, 2010; PÉREZ, 2014).
Em 1948, foi fundada, em Nova York, pelo Dr. Samuel Ross a fazenda Green Chimneys, destinada à reeducação de crianças e adolescentes com distúrbio de comportamento. Hoje, a Green Chimneys é uma das mais influentes instituições mundiais na reabilitação infantil e juvenil utilizando as Terapias Assistidas por Animais (GONÇALVES, 2010).
Em 1953, o psicólogo infantil americano Dr. Boris Levinson ao levar seu cão Jingles durante algumas consultas constatou que as crianças perdiam a inibição e o medo na presença do animal, favorecendo a comunicação e tornando o tratamento mais eficiente. Dr. Levinson tornou-se pioneiro na utilização da “pet terapia” com crianças com déficit de atenção e cardiopatias e no ano de 1962 escreveu seu primeiro artigo intitulado “O cão como co-terapeuta”, onde descreveu as experiências terapêuticas vividas junto com seus pacientes e seu cão. Durante a década de 60 publicou uma série de artigos sobre as possibilidades de intervenções na prática da psicologia e os efeitos benéficos obtidos nas sessões terapêuticas com a presença de um animal e também o livro “Psicoterapia Infantil Assistida por Animais” (SAN JOAQUÍN, 2002; PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007; CAETANO, 2010; GONÇALVES, 2010).
Em 1966, foi fundado, na Noruega, o Centro Beitostolen por Erling Stodahl, um músico cego. Este centro tinha a finalidade usar cães e cavalos na reabilitação de pessoas cegas e com incapacidades físicas, estimulando-as a praticar exercícios. Muitos pacientes acabaram aprendendo a montar a cavalo e a desfrutar de uma vida mais normal (GONÇALVES, 2010).
Em 1974, Samuel e Elizabeth Corson avaliaram a utilização de animais em ambiente hospitalar, através da interação entre cães e 50 pacientes psiquiátricos que não respondiam ao tratamento convencional. Como resultado, observaram uma evolução no tratamento dos pacientes, que tiveram seu processo comunicativo estimulado, melhoraram a autoestima, ganharam mais independência e capacidade de assumir responsabilidades (SAN JOAQUÍN, 2002).
Três estudos com TAA marcaram a década de 80. O estudo “Animais de companhia e sobrevivência de pacientes um ano depois de sair de uma unidade de cuidados coronários” publicado por Erika Friedman, James Lynch e S. Thomas em 1980, que relataram os resultados encontrados em uma pesquisa com mais de 92 pacientes onde observaram que o contato com os animais diminui o estresse, a hipertensão e a ansiedade, além de estimularem a prática de exercícios físicos. A pesquisa feita em 1981 na prisão feminina de Purdy em Washington, onde após as reclusas serem colocadas em contato com cães foi observado um aumento da autoestima e uma maior facilidade da reintegração na sociedade. E o estudo realizado em 1989 por Redefer e Goodmann com crianças autistas utilizando o cão, tendo como resultado a maior interação das crianças com o ambiente e com o terapeuta e a diminuição do comportamento autista (SAN JOAQUÍN, 2002; GONÇALVES, 2010).
Em 1991, dois trabalhos importantes sobre os benefícios de criar animais de estimação foram publicados: “Os proprietário de animais de estimação e fatores de risco de doenças coronárias” e “Efeitos benéficos nos proprietários de animais de estimação em vários aspectos da saúde e do comportamento humano”. O primeiro foi publicado por Anderson e colaboradores, na Austrália, a respeito de um estudo com 6.000 pacientes, onde os que possuíam animais mostraram ter menor pressão arterial e menores níveis de colesterol e triglicerídeos. O segundo foi realizado por James Serpell, no Reino Unido, mostrando que já a partir do primeiro mês após adquirir um animal os problemas de saúde já diminuem e que concomitantemente ocorre a melhora da autoestima e um aumento das atividades físicas (SAN JOAQUÍN, 2002).
No Brasil, os estudos com terapia assistida por animais começaram na década de 50 com a médica psiquiátrica e terapeuta ocupacional Dra. Nise da Silveira que trabalhava com pacientes de esquizofrenia no Centro Psiquiátrico do Hospital Dom Pedro II, no Rio de Janeiro (PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007; GONÇALVES, 2010; FÜLBER, 2011).
Atuando no Setor de Terapêutica Ocupacional deste hospital ela aliou sua paixão pelas artes com o amor pelos animais criando um ateliê de pintura para os pacientes onde cães e gatos passeavam livremente (FRAYZE-PEREIRA, 2003; CAPOTE; COSTA, 2011).
Contudo, ao encontrar uma cadela abandonada no hospital e entrega-la a um doente para que ele cuidasse foi que a Dra. Nise pode observar que este paciente conseguiu reatar os vínculos com a realidade e experimentar a completa cura de seu quadro psicopatológico, tornando-se, inclusive, monitor do hospital (CAPOTE; COSTA, 2011)
Ao perceber o vínculo que era criado entre os pacientes e os animais, a Dra. Nise desenvolveu o conceito de “Afeto Catalisador” que descreve a importância dos animais como cooterapeutas facilitadores da retomada de contato entre os pacientes psiquiátricos e o mundo real (FÜLBER, 2011).
Embora as experiências da Dra. Nise tenham sido importantíssimas para o desenvolvimento do uso terapêutico de animais, somente no final da década de 80 é que novas pesquisas com TAA foram realizadas no Brasil, quando a Dra. Hannelore Fucks, psicóloga e médica veterinária, abordou a relação entre homens e animais na sua tese de doutorado (GONÇALVES, 2007, FÜLBER, 2011).
Na década de 90 foram implantados os primeiros centros de terapia assistida por animais, sendo a Dra. Hannelore precursora destes centros ao criar o projeto “Pet Smile” em São Paulo no ano de 1996. O projeto constitui-se em levar tartarugas, cães e coelhos em visitas realizadas ao Instituto de Tratamento do Câncer Infantil, à Unidade Hemopediátrica da Unifesp, No Residencial Albert Einstein, em asilos, entre outros (COREN-SP, 2004; GONÇALVES, 2007, FÜLBER, 2011)
A Dra. Hannelore também fundou a Associação Brasileira de Zooterapia (ABRAZOO) que leva os animais a diversas instituições que cuidam de crianças e adolescentes (DOMINGUES, 2007).
Mais recentemente, na década 2000 foram publicados dois livros que são considerados referência para TAA no Brasil. Em 2005 foi publicado o livro “Terapia & Animais” escrito por Jerson Dotti que faz uma abordagem histórica do uso de animas em terapias, apontando seus benefícios em diferentes doenças, incluindo também um projeto de implantação da terapia assistida. E em 2006, A fisioterapeuta Karen Cristini Pires Timoteo dos Santos publicou o livro intitulado “Terapia Assistida por Animais: Uma Experiência Além da Ciência”, onde descreve a utilização de cães como cooterapeutas numa instituição que atende crianças e adolescentes com problemas neurológicos (GARCIA; BOTOMÉ, 2008; GONÇALVES, 2010).
Devido ao benefícios fundamentados cientificamente, atualmente, os animais além de servirem como companhia nos lares, habitam também as clínicas, escolas, hospitais, entre outros, servindo como cooterapeutas no tratamento de diversas enfermidades, principalmente nos países europeus, nos estados Unidos e no Egito (DOMINGUES, 2007; PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007; GONÇALVES, 2010).
Contudo, no Brasil existem poucas publicações científicas sobre a TAA e sua aplicação ainda é muito restrita, sendo mais observada em hospitais e algumas organizações no estado de São Paulo (PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007; GONÇALVES, 2010).
2.3 DEFINIÇÃO E TIPOS DE TAA
A Terapia Assistida por Animais (TAA), além de conhecido como Zooterapia, já foi chamada de Atividade Assistida por Animais (AAA), Terapia Facilitada por Animais (TFA) e Pet Terapy, sendo alguns destes termos empregados de forma incorreta por alguns profissionais (SANTOS, 2006; SILVA, 2011).
Para Anderlini e Anderlini (2007), existe uma sutil diferença entre terapia assistida e atividade assistida. Segundo os autores, a AAA envolve a visitação, atividades recreativas através do contato com os animais e as pessoas, e nesse caso não há a necessidade de um profissional, já na TAA existe a necessidade acompanhamento de profissionais preparados.
Como a existência de diversas definições para terapia assistida por animais causa confusão no seu entendimento, a Delta Society, uma das maiores certificadoras de animais de terapia norte americana publicou uma padronização desta terminologia: “a Terapia Assistida por Animais é uma intervenção dirigida a objetivos em que um animal que obedece a critérios específicos é uma parte integrante do processo de tratamento” (KRUGE; SERPE, 2006; STUMM et al., 2012).
Ainda, segundo Silva (2011) trata-se de um processo de auxílio a pessoas com algum problema de saúde utilizando animais como cooterapeutas e coeducadores.
A TAA é uma atividade que pode ser aplicada em pessoas de qualquer idade, em presídios, hospitais, escolas, clínicas de tratamento de dependentes químicos, entre outros, desde que se tenha um profissional treinado para tal propósito (SAN JOAQUÍN, 2002; LEAL; NATALIE, 2007; MACHADO et al., 2008).
É importante que os animais e o local estejam preparados para a terapia para não oferecer nenhum risco a integridade física do paciente e nenhum futuro transtorno. Por esse motivo é importante que haja a presença de uma equipe composta por diferentes profissionais, como médicos veterinários, fisioterapeutas, psicólogos, médicos, entre outros, para que possa acompanhar os trabalhos e evitar problemas (SANTOS, 2006).
A terapia assistida por animais é um programa onde podem ser utilizadas várias espécies de animais. Os mais utilizados são os cavalos, cães e golfinhos, porém outros animais podem ser preparados para esse tratamento. A equoterapia, realizada com eqüinos, a cinoterapia, praticada com a espécie canina e a delfinoterapia, trabalhada com golfinhos são três grandes e importantes áreas de estudo, visto que estes animais são dóceis e fáceis de trabalhar. Os cães são utilizados em projetos de educação, psicoterapia, fisioterapia, tanto em crianças quanto em adultos e idosos com problemas psicológicos e físicos (MACAULEY, 2006; VACCARI; ALMEIDA, 2007).
Todos têm possibilitado um grande número de estudos a partir de sua prática, pelos resultados positivos acontecidos e auxiliado o papel dos profissionais da saúde na recuperação de pacientes, ou ainda, melhorado a qualidade de vida de pessoas com doenças de difícil recuperação, assim como de crianças e adolescentes com problemas comportamentais e sociais (FLÔRES, 2009).
2.3.1 Equoterapia
Os cavalos sempre acompanharam a história da humanidade, auxiliando no transporte e realizando tarefas que exigem maior força física. A relação com os eqüinos sempre foi de companheirismo, pois estes animais são fáceis de domar (PFEIFER et al., 2012)
Segundo Fülber (2011), a utilização de cavalos como forma terapêutica está datado desde 400 a.C.. De acordo com autor, nesse período Hipócrates, considerado o pai da medicina, utilizou o cavalo para regenerar a saúde de seus pacientes.
Existem registros que datam de 458-370 a.C., que descrevem os benefícios atribuídos a equoterapia, no entanto, essa prática só foi difundida no Brasil e em outros países a partir da década de 1980 (DOTTI, 2014).
A Associação Nacional de Equoterapia foi fundada no Brasil em 1970, mas somente em 1997 foi reconhecida como um método terapêutico pelo Conselho Federal de Medicina. Nos últimos anos, a equoterapia foi incluída como um serviço especializado pelo SUS – Sistema Único de Saúde (SILVA, 2011).
É importante ressaltar que tal terapia envolve uma interação paciente e animal e que essa interação estimula a elevação psicomotora. Estudos apontam que a presença do cavalo estimula sentimentos como a afeição (Figura 3), medo, raiva, onde esses sentimentos facilitam a ação terapêutica (CAETANO, 2010).
Figura 3 – Expressão de afeto com o cavalo.

Fonte: Equoterapia, 2014.
Diferente do que se pensa, a equoterapia trabalha no sentido educacional, indo além de um aprendizado de montaria. O cavalo é utilizado em uma abordagem que envolve várias áreas, incluindo a da saúde, educação e equitação. O método é aplicado a partir do momento que haja a indicação de um médico e que as sessões sejam acompanhadas por fisioterapeutas. Nesse sentido se busca uma maior interação por parte de pessoas com deficiências ou necessidades especiais (CAETANO, 2010).
2.3.2 Delfinoterapia
A Delfinoterapia trabalha no campo da TAA, onde o golfinho é usado para a terapia. O trabalho tem como finalidade estimular a prática de exercícios físicos em pessoas que apresentem dificuldade motora (SILVA, 2011).
Os primeiros estudos com essa técnica surgiram nos Estados Unidos em 1960 através de John Lilly. O pesquisador acreditava que a interação com estes animais seria benéfica para os seres humanos e passou a estudar a comunicação que poderia ocorrer entre animal e humano (LOPES, 2010).
De acordo com inúmeras pesquisas, os golfinhos são animais de grande sensibilidade, principalmente na parte auditiva. Relatos certificam que a comunicação entre os golfinhos funciona como um sonar que capta os sons emitidos por membros da espécie. Essa característica faz da delfinoterapia um método diferenciado das outras TAA (LOPES, 2007).
Os trabalhos com golfinhos e pacientes são realizados somente com animais preparados, onde os pacientes praticam atividades aquáticas com o auxilio de um terapeuta. As sessões incluem jogos e movimentos voltados de acordo a cada necessidade (LOPES, 2007).
A vibração emitida pelo som dos golfinhos é capaz de alterar o metabolismo do corpo humano. Tal alteração é capaz de liberar a endorfina (hormônio do bem estar) e consequentemente atuar no fortalecimento do sistema imunológico. Por esse motivo, observa- se grandes avanços e excelentes resultados na utilização destes animais nas terapias (SILVA, 2011).
Um barreira enfrentada pelos pesquisadores dessa área é com relação a utilização de mamíferos aquáticos fora de seu ambiente natural e sua manipulação em cativeiro. Por conta disso, as despesas com esse tratamento são bem altas, pois é importante manter o bem estar do animal (TAVARES, 2013).
No Brasil, mais precisamente em Manaus, existe o Centro Terapêutico Boto Rosa, situado no Rio Ariau, onde é praticada a bototerapia (Figura 4). Como o botos não enxergam bem, utilizam-se da eco-localização através da emissão de ultrassom, que em contato com os pacientes geram endorfinas dando a sensação de bem estar e estimulam o organismo a secretarem os hormônios de forma natural, melhorando também o fluxo sanguíneo. Ativam ainda na maioria dos casos zonas em estados latentes do cérebro, melhorando a autoestima, libertando o paciente de possíveis traumas (ANDRADE, 2014).
Figura 4 – Bototerapia com crianças

Fonte: G1, 2014.
2.3.3 Cinoterapia
O termo cinoterapia consiste na terapia assistida com o uso de cães preparados para atuarem de forma terapêutica e educacional. De acordo com estudos de Ferreira (2012), atualmente a terapia com estes animais é mais utilizada nas áreas da psicologia, psiquiatria, fonoaudiologia e fisioterapia. O sucesso da cinoterapia se dá pela capacidade que o cão tem de se relacionar com os pacientes.
A relação entre cães e homens acompanha a história da humanidade e com o tempo ocorreu um elo entre esta relação onde se observa uma importante lealdade dos cães por seus donos (CAETANO, 2010).
Os primeiros estudos com cães em terapias tiveram origem na Inglaterra, por volta do século XVIII. Na ocasião, descobriu que a presença de cães trazia expressivas melhoras em pacientes de todas as idades, sendo especialmente indicada para crianças (FERREIRA, 2012).
Atualmente a terapia está bastante difundida e em áreas da saúde é usada para aumentar a qualidade de vida durante a internação, diminuir a solidão, aumentar a capacidade de comunicação, reduzir o uso de remédios, auxiliar na autoestima e confiança, melhorar os sinais vitais, combater depressão, melhorar o sistema imunológico (MEDEIROS; CARVALHO, 2008; CHAGAS et al., 2009).
Os cães têm a capacidade de estimular o exercício físico, fato que é muito importante na recuperação de muitas doenças. Estes também possuem um significativo efeito ansiolítico, aumentando o limite da dor (MONTEIRO, 2009).
Ainda a respeito da relação de companheirismo entre cão e homem, a história relata um caso onde um cão auxiliou na recuperação pós-cirúrgica de um menino de apenas 12 anos. O paciente, após fazer uma cirurgia apresentava complicações na recuperação e tinha muitas dores. Nesse cenário foi sugerido a presença de uma cadela que já era treinada para tal procedimento. A cadela estimulou o menino a fazer passeios diários, fato que foi primordial para sua plena recuperação (BUSSOTTI et al., 2005).
2.3 INDICAÇÕES E BENEFÍCIOS
Nos estudos de Monteiro (2009) observou-se que a terapia assistida por animais é indicada para amenizar problemas como depressão, Síndrome de Down, doença de Alzheimer. A terapia atua sobre aspectos emocionais e sociais do paciente visto que a presença do animais é sempre espontânea. Estudos mostram ainda que a presença de animais é capaz de estimular a diminuição do estresse, pressão, colesterol.
A TAA vem sendo utilizada como uma ferramenta capaz de proporciona melhorias na saúde de pessoas que passam por qualquer distúrbio ou lesão, melhorando o quadro mental, o bem estar e a qualidade de vida. A presença de um animal estimula a prática de atividades físicas reduzindo o risco de problemas cardiovasculares, estabilizando a pressão arterial e diminuindo o colesterol. Além disto, aumenta a produção de endorfina resultando na diminuição dos quadros de estresse, de ansiedade e de depressão (ABREU et al., 2009; CHAGAS, 2009).
Segundo Odendaal (2003), pacientes clinicamente depressivos, que foram expostos durante trinta minutos à visita dos cães, tiveram uma melhora significativa nos níveis de seratonina e dopamina no sangue, que anteriormente estavam baixos.
Em 2001 foi publicado um artigo que apresentou alguns resultados de médicos que constataram que tanto nos humanos como nos cães há uma mudança satisfatória que acontece a nível hormonal. A endorfina beta, phenilatalamina, prolactina, dopamina e ocitocina interagem de forma positiva num espaço de tempo de quinze minutos. A liberação destes hormônios além de dar a sensação de felicidade, diminui o hormônio do estresse, o cortisol (FLÔRES, 2009).
Outro importante papel da TAA na vida do paciente são os benefícios mentais que são aqueles capazes de estimular a memória levando em conta as diversas observações relativas à sua própria vida e dos animais que ela tem contato (MEDEIROS; CARVALHO, 2008).
Os benefícios proporcionados pela terapia assistida por cães vão muito além de um simples passeio, pois esse mesmo passeio envolve atividades motoras ao mesmo tempo que funciona como uma recreação, diminuindo o tédio do cotidiano, afastando o isolamento, fornecendo a capacidade de comunicação e convivência, trocando sentimentos (DOTTI, 2014). Aqueles que convivem com cães sabem do amor incondicional que estes animais são capazes de oferecer. Com isso, a presença de um animal irá reduzir a sensação de solidão, fato que acarreta a depressão, e diminuir a ansiedade, proporcionando um relaxamento, alegria e a importância da troca (MEDEIROS; CARVALHO, 2008).
Vários estudos apontam os benefícios do convívio com os cães. Estes animais podem colaborar no alívio das tensões, além de serem criaturas infinitamente afetuosas. Estas características proporcionam emoções como a felicidade, afeto e carinho, gerando uma sensação de alegria. Além do mais, há a sensação de segurança tanto estimulada pelo animal, como a estimulada pela pessoa (CAETANO, 2010).
Relatos apontam inúmeros benefícios associados ao convívio com cães. O simples fato de dar nome aos filhotes é um exercício fonoaudiólogo aos pacientes com dificuldades na fala. Já aqueles que não falam, a presença dos animais estimula a produção de sons. O fato do paciente se disponibilizar a acariciar um animal é um ótimo exercício motor, além de ajudar a controlar o estresse, diminuir a pressão arterial e reduzir riscos de problemas cardíacos (KAWAKAMI; NAKANO, 2002).
De acordo com estudos de Kawakami e Nakano (2002), existem relatos na literatura de pacientes que não falavam, mas quando tiveram algum contato com animais começaram a desenvolver a fala.
2.4 SELEÇÃO E SAÚDE DO ANIMAL
Para a aplicação da TAA é necessário que se conheça muito sobre os animais, desde sua origem até seu histórico médico e possíveis problemas de saúde. Além disso, é importante que as pessoas envolvidas na terapia tenham habilidade em trabalhar com cães (DOTTI, 2014).
Todos os animais que são utilizados na TAA passam por avaliação com profissionais da medicina veterinária. Os cães são adestrados a fim de apresentarem bom comportamento e serem úteis no processo de tratamento. Além do adestramento, ocorre uma avaliação que vai qualificar o comportamento dos cães, visto que animais desobedientes são mais difíceis para a socialização. Eles passam por reavaliações constantes, são testados quanto ao comportamento, socialização, aptidão e obediência (STUMM et al., 2012; VACCARI; ALMEIDA, 2007).
Mesmo considerados aptos para o trabalho, os cães selecionados deverão passar por intensa e constante preocupação com relação a saúde (DOTTI, 2014).
A avaliação do animal é feita, basicamente, por um veterinário e um psicólogo com especialização em adestramento e comportamento animal. O psicólogo fica responsável pela avaliação comportamental do animal, sua socialização, obediência e temperamento. Já o veterinário cuida da saúde dos cães. O treinamento só tem início após os animais serem avaliados por estes dois profissionais que são responsáveis e dizer se eles podem ou não atuar na TAA (CAETANO, 2010).
No entanto, estas avaliações precisam ocorrer periodicamente a fim de avaliar se as condições físicas dos cães não estão sofrendo nenhuma modificação. Nesse sentido são realizadas algumas visitas para se ter certeza das condições do animal (CAETANO, 2009).
Além disso, as condições de trabalho podem deixar o animal bastante estressado, por esse motivo, esse ponto também precisa ser observado. O animal pode mudar de comportamento devido a uma série de situações, devido ao cansaço, ou até mesmo por uma pessoa que o tenha estressado (DOTTI, 2014).
Existe a necessidade de avaliar a origem do animal, o perfil hereditário, histórico de relações com pessoas e antecedentes históricos. Quanto ao comportamento é importante observar o temperamento, as habilidades, equilíbrio e instintos. As condições físicas também são analisadas com testes de desempenho e habilidade física. Outro ponto importante a ser ressaltado é com relação as imunizações. Os animais devem estar com as vacinas em dias (VACCARI; ALMEIDA, 2007).
Quanto ao manejo e apoio operacional em TAA observa-se a fisiologia, comportamento e bem-estar do animal, além da biossegurança, transporte adequado e primeiros socorros (VACCARI; ALMEIDA, 2007).
É de extrema importância que a saúde do animal esteja 100% e, para tanto, é realizado uma série de exames. Os animais precisam apresentar bom comportamento, ser sociável com pessoas desconhecida e habituado com o convívio de outros animais (KAWAKAM; NAKANO, 2002).
Podem participar da terapia, cães de pequeno e grande porte e de qualquer raça, desde que consigam obedecer aos comandos básicos. Já os animais muito novos, possuem dentes e unhas afiadas e os mais velhos se cansam com facilidade, por esse motivo, estes não devem participar da terapia (FLÔRES, 2009).
Quanto a duração das visitas dos cães aos pacientes, devem ser no máximo de uma hora e meia a fim de não estressar os animais. As pesquisas afirmam ainda que, embora os cães sejam clinicamente saudáveis, é importante manter o rosto do paciente longe dos animais (FLÔRES, 2009).
Ainda segundo Kawakam e Nakano (2002) os animais que, ao entrarem nas instalações de onde farão os trabalhos, modificarem seus comportamentos, devem ser afastados do processo, assim como fêmeas no cio.
2.5 SEGURANÇA NA TAA
Todo trabalho que envolva a presença de algum animal deve ter cuidados redobrados, ainda mais quando esses trabalhos envolvem pessoas com algum problema físico ou mental. Mediante a isso, De Lorenzo (2010), procura estabelecer pontos e fatores que possam ser considerados críticos nesta relação, identificando aqueles que possam oferecer danos ao paciente, ao agente e ao animal.
Uma das preocupações mais evidentes é com relação a agentes zoonóticos, ou seja, quando há o contato direto e frequente entre espécies animais e humanos. Esse contato pode vir a fragilizar o indivíduo orgânica e psicologicamente, possibilitando algum tipo de contágio (FÜLBER, 2011; DONINI, 2013).
De Lorenzo (2010) ressalta ainda que o animal envolvido na terapia assistida deve ser acompanhado por periódicos exames físicos e monitoramento contínuo para que possa assegurar a segurança de todos os envolvidos. Durante os trabalhos deve-se sempre estar atendo ao comportamento, perfil clínico e as tendências estruturais e fisiológicas do animal, observando e manejando seu alimento e sua higiene.
Outra preocupação é com as pessoas que trabalham nessa área, de acordo com Dotti (2014) é necessário que sejam incorporados diversos tipos de seguros que visem cobrir possíveis acidentes com pessoas envolvidas.
Por mais calmo que o animal pareça ser e por maior que sejam os cuidados, é de estrema importância estar sempre atento aos sinais que os cães tendem a demostrar. Por isso, deve-se evitar qualquer desconforto para o animal. Nem sempre é possível conhecer os limites de um animal (ABREU et al., 2009).
2.6 PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO NA APLICAÇÃO DA TAA
Embora seja utilizada em vários setores da saúde, a TAA conta principalmente com a participação do Médico Veterinário, que é o profissional mais bem instruído para lidar com todos os animais. E o comportamento destes mesmos animais fascina várias áreas, no entanto o conhecimento fisiológico do comportamento animal está atribuído ao veterinário (FLÔRES, 2009).
Sendo assim, é importante ressaltar o desempenho deste profissional no sentido de acompanhar as manifestações comportamentais dos animais, além de cuidar de seu bem estar e evitar a disseminação de zoonoses (FÜLBER, 2011). Segundo relatos de Anderlini e Anderlini (2007), a Organização Mundial de Saúde (OMS) já reconhece que os animais como zooterapeutas. Por esse motivo, cabe manter a sua plena saúde afim de não apenas garantir o bom desempenho, mas também para evitar a ocorrência de zoonose nas áreas onde aconteçam as terapias.
Mesmo havendo muitos relatos do bem que os animais podem gerar na vida das pessoas, pode-se observar ainda, preconceitos nessa interação. Nesse ponto se torna importante a presença do profissional para desmistificar tais crenças (FLÔRES, 2009).
Nos relatos de Soares e Paixão (2011) há tópicos que afirmam que na TAA existe a necessidade de uma equipe interdisciplinar que pode variar a composição segundo o animal empregado.
Além do veterinário, se faz necessário, dentro da equipe, médico, fisioterapeuta ocupacional, psicólogo, pedagogo, educador especial, educador físico, artístico, assistente social, zootecnista, auxiliar guia e tratador (SILVA, 2011; STUMM et al., 2012).
Mesmo com uma equipe formada por inúmeros profissionais, cabe ao Médico Veterinário avaliar o estado físico e comportamental do animal. Atuar como orientador, informando e ensinando os cuidados essenciais de higiene de cada espécie. O Veterinário participa ainda da organização de quadros de vacinações (FLÔRES, 2009).
2.7 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DA TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS
A relação entre homem e animal acompanha a história da humanidadee hoje já se pode ver que as pessoas apresentam um novo olhar quando se fala em tratamento assistido com animais. A comunidade científica observa evidências na qualidade de vidas das pessoas que são assistidas por essa técnica (DORNELAS et al., 2009).
Em Portugal, a TAA começa a ser adotada no tratamento de crianças com deficiências como a Síndrome de Down e o autismo. Idosos também são acompanhados em diversos quadros clínicos. Além de ser fundamental para o bom funcionamento funcional de todo tipo de problema, o TAA também está sendo usado em programas de reabilitação de presos (SILVA, 2011).
No Brasil alguns eventos ainda que isolados tem ocorrido. No estado de São Paulo, pode-se acompanhar o trabalho da médica veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs que coordena um importante projeto de TAA em São Paulo, denominado “Pet Smile”, há quase dez anos. A médica fundou a ABRAZOO (Associação Brasileira de Zooterapia) que trabalha com voluntários com o propósito de interagir crianças e adolescentes com os animais (GONÇALVES, 2007, FÜLBER, 2011)
No Paraná, existe o projeto “Cão Amigo & CIA” que leva a TAA a asilos, escolas especiais e lares para crianças.
Nos relatos de Porto e Cassol (2007) concluiu-se que nos tempos atuais, o Brasil tem passado por grandes mudanças. As universidades têm aberto suas portas para pesquisas nesse sentido a fim de comprovar a eficácia da zooterapia.
3 METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza exploratória e descritiva a respeito da aceitação da TAA no município de Teresópolis.
Para a coleta de dados foi formulado um roteiro de entrevista estruturada constituído de três perguntas:
- Você conhece a Terapia Assistida por Animais?
- Você participaria ou permitiria que seu filho (a) participasse desta terapia?
- Se não, por que?
A entrevista foi realizada no mês de outubro de 2014 em duas clínicas de fisioterapia com pessoas de idades variadas e que precisavam de algum tipo de terapia.
Os gestores da clínica também foram procurados para avaliar o conhecimento a respeito da terapia assistida por animais e a possibilidade da aplicação desta técnica nas clínicas.
Antes da entrevista, todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), declarando concordar com a pesquisa (Anexo).
Os dados foram analisados por estatística descritiva com auxílio do Microsoft Excel
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistadas 50 pessoas em duas clínicas fisioterapêuticas.
Na figura 5 pode ser observado o resultado a respeito do conhecimento da terapia assistida por animais.
Figura 5 – Porcentagem de participantes que conheciam a TAA

O número de pessoas que conheciam a TAA neste estudo foi surpreendente, dado que não existe no município de Teresópolis nenhum grupo que aplique esta atividade. Além disto, conforme relatam Pereira, Pereira e Ferreira (2007) e Gonçalves (2010) este tipo de terapia ainda é muito pouco conhecida no Brasil, sendo sua aplicação ainda é muito restrita (PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007; GONÇALVES, 2010).
Para as pessoas que não conheciam a TAA houve uma explicação sobre a utilização desta terapia antes de prosseguir para a segunda pergunta.
De acordo com os dados coletados a aceitação das pessoas em relação à Terapia Assistida por Animais foi de 100%.
Segundo Kawakami e Nakano (2002) e Stumm e colaboradores (2012), os cães apresentam uma natural afeição pelos humanos, possuindo grande aceitabilidade por parte das pessoas.
Macauley (2006) estudando pacientes com afasia observou grande aceitação ao uso de animais e atribuiu este resultado ao fato de que o paciente vê o animal como coterapeuta e não como um objeto usado durante a terapia.
Além disto, Chagas e colaboradores (2009) que a convivência com os animais domésticos contribui para o bem-estar humano.
Quanto aos gestores das clínicas, os mesmos não conheciam a terapia assistida por animais e não quiseram opinar quanto a viabilidade de implantação deste tipo de terapia.
5 CONCLUSÃO
- A terapia assistida por animais teve total aceitabilidade pelo público entrevistado neste experimento, mostrando existir um mercado em potencial para este tipo de tratamento alternativo.
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