TERAPÊUTICAS E MANEJO BÁSICO NO ATENDIMENTO AO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO COM SUPRA DE ST

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10741958


Amanda Pugsley Reis
Jadson Ferreira da Silveira
Jéssica Bitencourt Lima de Souza
Marcelo Augusto Gomes de Melo
Maria Eliete dos Santos Silva
Maria Julia Bernardoni de Aguiar
Nathalia Maria Marques Domingues
Paula Simone Arruda de Freitas
Renê Pugsley Reis de Souza
Reniê Pugsley Lima de Souza


Resumo

O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento dos principais tratamentos e manejo nos pacientes diagnosticados com infarto agudo do miocárdio com supra de ST (IAMCSST).  O método utilizado foi por revisão bibliográfica, manuais e artigos científicos publicados. Nos últimos anos o infarto agudo do miocárdio apresenta uma incidência crescente na população mundial, essa condição ocorre devido a uma isquemia miocárdica o qual resulta em necrose miocárdica. A necrose miocárdica pode levar o paciente a sérias complicações e até mesmo a óbito. Portanto é de suma importância o conhecimento do manejo e das terapias disponíveis para o tratamento dos pacientes, pois nestes casos o tempo é imprescindível para garantir um restabelecimento da saúde e qualidade de vida posterior ao diagnóstico.

Esta revisão sistemática demonstra que existem tem surgido opções de tratamento e prevenção do infarto agudo do miocárdio, porém é necessária uma equipe treinada e que tenha domínio para o diagnóstico e manejo dos pacientes acometidos por essa doença. O tempo entre admissão, diagnóstico e conduta é de extrema importância pois é o que define a reabilitação e bom prognóstico destes pacientes. 

PALAVRAS-CHAVE: Doenças cardiovasculares. Infarto agudo do miocárdio com supra de ST. Terapias e Manejo.

Abstract

The objective of this study was to conduct a survey of the main treatments and management in patients diagnosed with ST-segment elevation acute myocardial infarction (STEMI).  The method used was through literature review, manuals and published scientific articles. In recent years, acute myocardial infarction has an increasing incidence in the world population, this condition occurs due to myocardial ischemia which results in myocardial necrosis. Myocardial necrosis can lead to serious complications and even death. Therefore, it is of paramount importance to know the management and therapies available for the treatment of patients, because in these cases time is essential to ensure a recovery of health and quality of life after diagnosis. This systematic review demonstrates that there are options for the treatment and prevention of acute myocardial infarction, but a trained team that has mastery is needed for the diagnosis and management of patients affected by this disease. The time between admission, diagnosis and management is extremely important because it is what defines the rehabilitation and good prognosis of these patients.

Keywords: Cardiovascular diseases. Acute ST-elevation myocardial infarction. Therapies and Management

INTRODUÇÃO

De acordo com a OMS, as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte do mundo. A estimativa é que até 2019 17,9 milhões de pessoas foram a óbito por algum tipo de doença cardiovascular, o que representa 32% de mortes globais, parte dessa porcentagem ocorreram em países de média e baixa renda, muitas de forma prematura (pacientes abaixo de 70 anos) causadas por DCV1.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento das DVC são hábitos alimentares não saudáveis, sedentarismo, etilismo e tabagismo. Os efeitos dos fatores de risco se manifestam como elevação da pressão arterial, elevação da glicemia, obesidade, alterações do colesterol.  Esses efeitos podem ser detectados, acompanhados e tratados nas unidades básicas de saúde que de forma preventiva evita as emergências e garante a qualidade de vida aos pacientes portadores de doenças cardiovasculares1.

Podemos definir o infarto agudo do miocárdio (IAM) como uma necrose miocárdica resultante de uma isquemia. A isquemia pode acontecer de várias maneiras; espontâneo onde ocorre ruptura de placa ateromatosa; secundário à isquemia como espasmo, hipertensão, anemia; resultante em morte sem os marcadores serem coletados; relacionados à intervenção coronária percutânea; relacionados a revascularização do miocárdio. A mais comum é causada por ruptura de placas ateromatosas2.

Na maioria dos casos o primeiro sintoma apresentado pelo paciente é a dor. Podendo ser descrita como pressão ou dor que geralmente irradia para os braços, mandíbula, ombros. A dor assemelha-se a angina, porém é mais grave e com uma duração mais prolongada. Pode estar acompanhada por náuseas ou vômitos, alguns podendo ser interpretados como indigestão. Em casos mais graves dispnéia, fraqueza, edema pulmonar, arritmia e choque3.

Para o diagnóstico é imprescindível a anamnese e exame físico para detectar o início desses sintomas, solicitar eletrocardiograma (ECG) e dosagens seriadas dos marcadores cardíacos para ajudar a diferenciar a angina instável do infarto do miocárdio com elevação do segmento ST e do infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST. A conduta e terapêutica são escolhidas após a definição do tipo de IAM sendo de suma importância ser realizada corretamente o que garante um bom prognóstico ao paciente3

DESENVOLVIMENTO 

Os pacientes que apresentam evidências clínicas ou laboratoriais de isquemia aguda, se enquadram como síndromes coronarianas agudas (SCA) que são causadas pelo desequilíbrio entre suprimento e demanda de oxigênio para o miocárdio, geralmente causada pela instabilidade de uma placa aterosclerótica como já citado anteriormente no IAM espontâneo. Por sua vez a SCA divide-se dois possíveis diagnósticos: Angina instável e infarto agudo do miocárdio4

Consideramos duas formas de infarto agudo do miocárdio que estão classificadas no grupo das síndromes coronarianas agudas: IAM com supra de ST e IAM sem supra de ST (IAMSSST). Ambos têm evidências clínicas e eletrocardiográficas semelhantes, sendo diferenciadas pela alteração na onda ST presente no ECG4.

O IAMCSST é considerado uma condição clínica de extrema gravidade com risco a vida do paciente pela oclusão de uma artéria coronária. Portanto é imprescindível a detecção o mais precoce possível para que a intervenção seja realizada garantindo o bom prognóstico ao paciente, pois quanto maior a demora maior a injúria miocárdica e sistêmica5

Na abordagem inicial é fundamental além da queixa principal, colher uma história pregressa para avaliar o risco cardiovascular e eventos isquêmicos prévios o que pode ajudar na conclusão da hipótese diagnóstica, associando os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, bem como exames complementares, inicialmente ECG e dosagem de marcadores cardíacos2,5. O eletrocardiograma deve ser realizado em até 10 minutos da chegada do paciente e os marcadores coletados. O ECG deverá ser repetido conforme normas institucionais ou solicitação médica, os marcadores repetidos 6 e 12 horas após a admissão2,3.

Imagem 1: Imagem ilustrativa de alteração eletrocardiográfica compatível com IAM com supra
Fonte: Medway (Tratamento do IAM com SUPRA na fase aguda – Medway)

Os marcadores de isquemia cardíaca comumente solicitados são Troponina I, Troponina T e creatinoquinase (CK-MB). As troponinas são consideradas mais específicas para lesão miocárdica e continuam elevadas por mais de 24 horas. Ambas fornecem informações clínicas praticamente iguais. A CK-MB pode alterar em outras lesões musculares não miocárdicas e voltar aos seus níveis normais em menos de 24 horas. A mioglobina é um marcador não específico do miocárdio, porém sua vantagem é alterar precocemente2.

 Para iniciar a terapia o médico deve identificar os fatores de risco e contra indicações para uso das medicações como presença de sangramento, uso de medicamentos prévios, acometimento neurológico e dissecção aórtica2.

O tratamento é baseado em aliviar a hipoxemia, da dor e ansiedade, pacientes com IAMCSST podem apresentar hipoxemia causado pelo acúmulo de líquido intersticial ou alveolar e alterações da relação ventilação/perfusão, é indicado a monitorização da saturação de oxigênio, caso apresente hipoxemia arterial comprovada deverá ser oferecido suplementação de oxigênio de acordo com a estabilidade do paciente podendo ser cateter de oxigênio a intubação orotraqueal4

Pacientes com diagnóstico de IAM apresentam hiperatividade, reação causada pela descarga adrenérgica sendo indicado o uso de analgésicos tanto para auxiliar na redução da ansiedade como da dor pois ansiolíticos não são recomendados rotineiramente. O analgésico de primeira escolha para pacientes com IAMCSST é a morfina4.

Os antiplaquetários têm benefícios comprovados mas devem ser utilizados na ausência das contra indicações, o mais utilizado mundialmente é o ácido acetilsalicílico (AAS) sendo associado ao Clopidogrel, é considerada a terapia mais eficaz no tratamento do IAM. Também temos os vasodilatadores como nitroglicerinas e nitratos que tem a capacidade de reduzir a dor pela dilatação das artérias coronárias também deve ser utilizado de acordo com as indicações. Os pacientes com IAMCSST com menos de 3 horas dos sintomas devem receber terapia com fibrinolíticos imediatamente, quando o transporte para angioplastia não puder ser realizado dentro de 90 minutos5,6.

CONCLUSÃO

Conclui -se que atualmente as doenças cardiovasculares são a maior causa de morbimortalidade no mundo. Existem diversos protocolos e opções de tratamentos e terapias, porém podemos observar que o principal ponto no atendimento aos pacientes acometidos por essa afecção é o diagnóstico clínico precoce e ágil, embasado nas evidências clínicas apresentadas pelo paciente bem como exames complementares para conclusão do diagnóstico. A partir disso adquirir a conduta correta garantindo suporte ao atendimento e redução da mortalidade por essa afecção.

O presente estudo tem como objetivo despertar ao leitor a sede de adquirir novos conhecimentos a respeito do tema, contribuindo com pesquisas, novas idéias e conceitos. Colaborando para melhorar a qualidade da assistência aos pacientes acometidos por essa doença pois o conhecimento e sincronia da equipe são pontos cruciais para o sucesso do tratamento.

REFERÊNCIAS

1.    Organização Mundial da Saúde (OMS). Estatísticas de saúde mundial. Genebra, Suíça: OMS; 2019 [consultado em 29/02/2024]. Disponível em: https:// Doenças cardiovasculares (DCV) (who.int)  

2.    Borba, Laura Pletsch; Hubert, Gustavo; Giaretta, Debora Sartori; Bodanese, Luiz Carlos Bodanese. Infarto agudo do miocárdio. [Consultado em 29/02/2024]. Disponível em: https://07-iam.pdf (bvsalud.org).

3.    Ranya N. Sweis ; Arif Jivan. Fármacos para síndromes corornarianas agudas. Northwestern University Feinberg School of Medicine. 2022 [Consultado em 29/02/2024]. Disponível em Fármacos para síndromes coronarianas agudas – Doenças cardiovasculares – Manuais MSD edição para profissionais (msdmanuals.com)

4.    Piegas LS TA, Feitosa GS, Nicolau JC et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol 2015;105(2):1-105.

5.    Pesaro, Antônio Eduardo Pereira; Junior, Carlos Vicente Serrano; Nicolau, José Carlos. Infarto agudo do miocárdio – Síndrome coronariana  aguda com supradesnível de segmento ST. Rev Assoc Med Bras 2004; 50(2): 214-20       [Consultado em   29/02/2024]   Disponível em: https//:scielo.br/j/ramb/a/kKY84ZFgn3Jjx8Dv9dMsh8p/?format=pdf

6.    Baruzzi, Antonio Cláudio do Amaral. Mnazo, Edson Stefanini Gianni Manzo  Fibrinolíticos: Indicações e tratamentos das complicações hemorrágicas. Sociedade de cardiologia do estado de SP (SOCESP) 2018. Universidade Federal de São Paulo. [Consultado em 29/02/2024]. Disponível em https//: 04_revistasocesp_v28_04.pdf (bvsalud.org)