EMERGING TRENDS AND CHALLENGES IN NEONATAL INFECTIOUS DISEASES: A REVIEW OF THE LITERATURE
GRADUAÇÃO EM BACHARELADO EM MEDICINA – UNIVERSIDADE BRASIL – FERNANDÓPOLIS/SP
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10711753
Ana Lívia Ferreira Faria1
Isabela Eliza Vicenzi Bender2
João Pedro Scapin3
Jussieu Fernandes Júnior4
Kátar dos Santos Medeiros5
Laís Duran Gomes6
Laíz Soares Alves Xisto7
Nael dos Santos Rocha8
Poliana Cappellesso9
Ricardo José Ferreira10
RESUMO
Este artigo revisa aspectos importantes relacionados às doenças infecciosas neonatais, incluindo sua epidemiologia, agentes patogênicos, diagnóstico, abordagem clínica, estratégias de prevenção e controle, bem como desafios emergentes e futuras direções. A incidência e prevalência dessas doenças variam globalmente, sendo influenciadas por fatores socioeconômicos e de saúde pública. Diversos agentes patogênicos, como bactérias, vírus e protozoários, podem afetar os neonatos, apresentando manifestações clínicas específicas. O diagnóstico precoce e a abordagem clínica adequada são fundamentais para o manejo eficaz dessas infecções, com métodos diagnósticos específicos sendo essenciais para a identificação precisa. Medidas preventivas, incluindo higienização, imunização e cuidados adequados com os pacientes, são cruciais para reduzir a incidência dessas doenças. No entanto, desafios emergentes, como o surgimento de novos agentes infecciosos e a resistência antimicrobiana, requerem uma abordagem contínua e inovadora. Sugere-se que pesquisas futuras se concentrem no desenvolvimento de estratégias mais eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento, visando melhorar os resultados neonatais e reduzir a morbimortalidade associada às infecções neonatais.
Palavras-chave: Doenças infecciosas neonatais, epidemiologia, agentes patogênicos, diagnóstico, prevenção, desafios emergentes.
ABSTRACT
This article reviews important aspects related to neonatal infectious diseases, including their epidemiology, pathogenic agents, diagnosis, clinical approach, prevention and control strategies, as well as emerging challenges and future directions. The incidence and prevalence of these diseases vary globally, being influenced by socioeconomic and public health factors. Various pathogenic agents, such as bacteria, viruses, and protozoa, can affect neonates, presenting specific clinical manifestations. Early diagnosis and appropriate clinical management are essential for the effective management of these infections, with specific diagnostic methods being crucial for accurate identification. Preventive measures, including hygiene, immunization, and adequate patient care, are crucial to reduce the incidence of these diseases. However, emerging challenges, such as the emergence of new infectious agents and antimicrobial resistance, require a continuous and innovative approach. It is suggested that future research focus on the development of more effective prevention, diagnosis, and treatment strategies, aiming to improve neonatal outcomes and reduce morbidity and mortality associated with neonatal infections.
Keywords: Neonatal infectious diseases, epidemiology, pathogenic agents, diagnosis, prevention, emerging challenges.
1 INTRODUÇÃO
As doenças infecciosas constituem um desafio significativo na neonatologia, frequentemente associadas a complicações graves e mesmo à mortalidade em recém-nascidos. Agentes patogênicos diversos, incluindo vírus, bactérias, protozoários e outros microrganismos, podem desencadear essas condições, ampliando a complexidade diagnóstica e terapêutica.
A abordagem eficaz das doenças infecciosas neonatais demanda não apenas uma compreensão abrangente de sua fisiopatologia, mas também uma atualização contínua sobre tendências epidemiológicas, métodos diagnósticos e estratégias terapêuticas. A vigilância ativa dessas doenças é fundamental para antecipar surtos, identificar padrões de resistência antimicrobiana e direcionar intervenções preventivas.
Nesse contexto, a revisão da literatura desempenha um papel crucial ao fornecer uma análise crítica e sistematizada das evidências disponíveis. Ela não apenas sintetiza os avanços mais recentes no campo, mas também identifica lacunas no conhecimento que exigem investigação adicional. Ao explorar tendências emergentes e desafios persistentes, a revisão da literatura lança luz sobre áreas prioritárias para pesquisa e intervenção.
Portanto, este trabalho se propõe a examinar de forma abrangente as doenças infecciosas neonatais, destacando a importância da revisão da literatura para subsidiar práticas clínicas baseadas em evidências, políticas de saúde eficazes e estratégias de prevenção e controle mais assertivas. Ao reunir e analisar criticamente as descobertas mais recentes, esperamos contribuir para o avanço do conhecimento científico e para a melhoria dos desfechos clínicos em neonatologia.
2 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS NEONATAIS
As doenças infecciosas neonatais representam um desafio global significativo em saúde pública, com impacto substancial na morbimortalidade neonatal. Estatísticas abrangentes sobre a incidência e prevalência dessas doenças são essenciais para informar políticas de saúde, direcionar recursos e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e controle. Esta seção abordará as estatísticas globais e regionais sobre a incidência e prevalência das doenças infecciosas neonatais, bem como os principais fatores de risco associados a essas condições.
2.1. Incidência e Prevalência:
As doenças infecciosas neonatais representam uma parcela significativa de mortalidade em todo o mundo, sendo responsáveis por 36% dos óbitos ocorridos durante o período neonatal. Globalmente, em países em desenvolvimento, as infecções neonatais respondem por 98% das mortes nesse período, destacando-se a sepsis e a pneumonia como as principais causas (LAWN et al., 2005). No Brasil, estudos demonstram que as infecções, juntamente com outras complicações como a asfixia, o baixo peso ao nascer e as afecções do trato respiratório, são causas relevantes de mortalidade neonatal (Kahale, 2000).
Quando consideramos os nascimentos prematuros, podemos observar uma tendência preocupante de aumento nas taxas ao longo dos anos. Estudos realizados em diferentes regiões do Brasil, como Pelotas-RS e Ribeirão Preto-SP, mostraram um crescimento nas taxas de prematuridade, passando de 5,6% em 1982 para 7,5% em 1993 em Pelotas-RS e de 7,6% em 1978-79 para 13,6% em 1994 em Ribeirão Preto-SP (ARAGÃO et al., 2004). Além disso, análises mais recentes demonstraram variações regionais significativas, com prevalências de prematuridade variando de 3,4% a 15% entre 1978 e 2004 nas regiões Sul e Sudeste, e de 3,8% a 10,2% na região Nordeste entre 1984 e 1998 (SILVEIRA et al., 2008).
Esses dados ressaltam a importância da vigilância epidemiológica local para monitorar e entender as tendências das doenças infecciosas neonatais e dos nascimentos prematuros em contextos específicos, como o Brasil. A obtenção de dados precisos e atualizados é fundamental para direcionar políticas de saúde eficazes, desenvolver estratégias de prevenção e melhorar a qualidade do atendimento pré-natal e neonatal, especialmente em regiões com índices elevados de morbimortalidade neonatal (DA SILVA et al., 2012).
2.2. Fatores de Risco:
Uma compreensão dos fatores de risco associados às doenças infecciosas neonatais é crucial para a identificação precoce de casos de alto risco e o desenvolvimento de estratégias preventivas eficazes.
O estudo de Brown et al. (2016) investigaram fatores de risco específicos para infecções virais durante a gravidez, pois representam uma preocupação significativa devido ao risco de transmissão vertical para o feto. A hepatite B é uma dessas infecções virais que requer atenção especial devido à sua capacidade de ser transmitida da mãe para o bebê durante o parto. Estima-se que cerca de 25% dos recém-nascidos de mães portadoras crônicas do vírus da hepatite B desenvolvam a infecção crônica, o que pode levar a complicações graves, como cirrose hepática e carcinoma hepatocelular ao longo da vida.
A prevenção da transmissão vertical da hepatite B é fundamental para reduzir a carga global da doença. Estratégias eficazes incluem a imunização passiva e ativa do recém-nascido logo após o nascimento, com a administração de imunoglobulina específica contra hepatite B e a vacinação contra a doença nas primeiras 12 horas de vida (BROWN et al., 2016).
Além disso, a identificação precoce de gestantes portadoras do vírus da hepatite B durante o pré-natal é essencial para o manejo adequado e a prevenção da transmissão vertical. Mulheres identificadas como portadoras do vírus devem receber aconselhamento adequado sobre medidas preventivas e tratamento antiviral, quando indicado, para reduzir o risco de transmissão para o feto (BROWN et al., 2016).
A implementação de programas de triagem universal para hepatite B durante a gravidez e a oferta de imunização adequada para recém-nascidos de mães portadoras do vírus são componentes essenciais das estratégias de prevenção da transmissão vertical. Além disso, a educação e o aconselhamento das gestantes sobre a importância da prevenção da hepatite B, incluindo a promoção de práticas seguras durante a gestação e o parto, desempenham um papel crucial na redução da incidência de infecções virais neonatais (BROWN et al., 2016).
Além disso, determinantes socioeconômicos, acesso a cuidados de saúde adequados, condições ambientais e práticas de higiene também desempenham um papel importante na suscetibilidade dos recém-nascidos a infecções neonatais. Pinheiro et al. (2016) destacam a importância de intervenções direcionadas para abordar esses determinantes sociais e contextuais e reduzir o ônus das doenças infecciosas neonatais em comunidades vulneráveis.
Em conjunto, esses estudos oferecem uma visão abrangente da epidemiologia das doenças infecciosas neonatais, destacando a necessidade de abordagens integradas e contextuais para prevenção, diagnóstico e tratamento dessas condições em nível global e regional.
3 PRINCIPAIS AGENTES PATOGÊNICOS
A neonatologia enfrenta diversos desafios relacionados à infecção por uma variedade de agentes patogênicos, incluindo bactérias, vírus e protozoários. Cada agente possui características específicas de patogênese e manifestações clínicas que podem variar de leves a potencialmente fatais.
3.1. Bactérias:
As infecções bacterianas neonatais são uma das principais causas de morbimortalidade em recém-nascidos. Entre os principais agentes bacterianos estão os estreptococos do grupo B (EGB), o Streptococcus agalactiae, que pode causar sepse neonatal precoce ou tardia, pneumonia e meningite. Outros agentes bacterianos comuns incluem Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Listeria monocytogenes. A patogênese dessas infecções geralmente envolve a transmissão vertical da mãe para o feto durante o parto ou por contato direto após o nascimento. As manifestações clínicas podem variar de sintomas respiratórios leves a sepse grave, comprometimento neurológico e falência de múltiplos órgãos (SILVEIRA & PROCIANOY, 2020).
3.2. Vírus:
Os vírus também representam uma importante causa de infecção neonatal. O vírus da imunodeficiência humana (HIV), o citomegalovírus (CMV), o herpes simplex vírus (HSV) e o vírus da hepatite B (HBV) são alguns dos agentes virais que podem afetar neonatos. A patogênese dessas infecções pode envolver a transmissão vertical intrauterina, durante o parto ou após o nascimento, através do contato com secreções maternas infectadas. As manifestações clínicas associadas a essas infecções incluem febre, exantema cutâneo, hepatite, trombocitopenia, comprometimento neurológico e, em casos graves, falência de órgãos (KUMAR et al., 2019; FELDMAN et al., 2016).
3.2. Protozoários:
Embora menos comuns, as infecções protozoárias também podem afetar neonatos. A toxoplasmose congênita, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, e a infecção por citomegalovírus são exemplos relevantes. A patogênese dessas infecções geralmente ocorre através da transmissão vertical intrauterina, com consequências graves para o feto, incluindo retardo no crescimento intrauterino, calcificações cerebrais, microcefalia, hepatite e comprometimento ocular. As manifestações clínicas variam de acordo com o órgão afetado e a gravidade da infecção, podendo incluir sintomas neurológicos, hepáticos, oculares e sistêmicos (FELDMAN et al., 2016).
Em resumo, uma compreensão abrangente dos principais agentes patogênicos responsáveis pelas infecções neonatais, juntamente com suas características de patogênese e manifestações clínicas, é fundamental para o manejo adequado e oportuno dessas condições. A identificação precoce, o tratamento antimicrobiano adequado e as medidas preventivas são essenciais para reduzir a morbimortalidade associada a essas infecções neonatais.
4 DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM CLÍNICA
O diagnóstico preciso e a abordagem clínica adequada são fundamentais para o manejo eficaz das infecções neonatais, permitindo a intervenção precoce e oportuna para melhorar os desfechos clínicos dos pacientes. Uma variedade de métodos diagnósticos é empregada na identificação de infecções neonatais, incluindo testes laboratoriais, técnicas de imagem e avaliação clínica.
4.1. Métodos Diagnósticos:
Os métodos diagnósticos para infecções neonatais podem incluir análises laboratoriais de amostras de sangue, urina, líquido cefalorraquidiano ou outros fluidos corporais para detecção de agentes infecciosos, como bactérias, vírus ou protozoários. Testes sorológicos, como ensaios de imunofluorescência, ELISA (ensaio imunoenzimático) ou PCR (reação em cadeia da polimerase), são frequentemente utilizados para identificar agentes virais, como citomegalovírus, herpes simplex vírus e vírus da hepatite B. Além disso, técnicas de imagem, como radiografias torácicas e ultrassonografia abdominal, podem ser úteis na avaliação de complicações associadas a infecções neonatais, como pneumonia ou hepatite (ENDERS et al., 2017; MUNOZ-JORDAN, 2017).
4.2. Abordagem Clínica e Terapêutica:
A abordagem clínica e terapêutica frente a diferentes tipos de infecções neonatais depende do agente etiológico, da gravidade da doença e das características individuais do paciente. Infecções bacterianas geralmente exigem tratamento com antibióticos de amplo espectro, como ampicilina e gentamicina, enquanto infecções virais podem requerer terapia antiviral específica, como aciclovir para herpes neonatal. Em casos de infecções congênitas, como rubéola e citomegalovírus, o manejo clínico pode envolver monitoramento cuidadoso do desenvolvimento fetal e intervenções terapêuticas, quando indicado. Além disso, medidas de suporte, como ventilação mecânica e terapia intravenosa, podem ser necessárias para manter a estabilidade clínica do paciente e prevenir complicações graves (COOPER et al., 2016; LEUNG et al., 2020).
Em resumo, o diagnóstico precoce e a abordagem clínica e terapêutica adequadas são essenciais para o manejo eficaz das infecções neonatais. Uma compreensão abrangente dos métodos diagnósticos disponíveis e das opções terapêuticas é fundamental para garantir o melhor resultado possível para os pacientes neonatais afetados por infecções.
5 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE
A prevenção e o controle das infecções neonatais são aspectos cruciais da assistência neonatal, visando reduzir a incidência de morbidade e mortalidade associadas a essas infecções. Diversas medidas preventivas são implementadas para garantir um ambiente seguro e livre de agentes patogênicos, protegendo os recém-nascidos de potenciais riscos de infecção.
5.1. Medidas Preventivas:
Entre as estratégias de prevenção mais importantes está a promoção da higienização adequada das mãos, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto dos cuidadores, conforme orientações estabelecidas pelo Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Além disso, a imunização de gestantes contra infecções preveníveis, como a rubéola e a influenza, desempenha um papel crucial na proteção dos recém-nascidos contra infecções congênitas (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
A implementação de práticas de manejo adequado de pacientes, incluindo medidas de precaução padrão e isolamento, é essencial para reduzir a transmissão de agentes infecciosos entre os neonatos em ambientes de cuidados de saúde (ANVISA, 2017). Adicionalmente, a educação e treinamento contínuos dos profissionais de saúde em relação às práticas de controle de infecção são fundamentais para garantir a adesão às diretrizes de prevenção e minimizar os riscos de transmissão nosocomial (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2016).
5.2. Importância da higienização, imunização e manejo adequado de pacientes:
A higienização adequada das mãos é uma das medidas mais eficazes na prevenção da disseminação de infecções nosocomiais, incluindo aquelas que afetam os recém-nascidos. A lavagem das mãos com água e sabão, ou a utilização de agentes antissépticos à base de álcool, ajuda a reduzir a carga bacteriana nas mãos dos profissionais de saúde e a interromper a cadeia de transmissão de agentes infecciosos (Brasil, Ministério da Saúde, 2007).
A imunização de gestantes é uma estratégia fundamental para proteger os recém-nascidos contra infecções congênitas. Vacinas como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a vacina contra influenza são recomendadas durante a gravidez para prevenir a transmissão vertical de agentes infecciosos e proteger os neonatos nos primeiros meses de vida (Brasil, Ministério da Saúde, 2016).
O manejo adequado de pacientes inclui a adoção de medidas de precaução padrão, como a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs), a desinfecção de superfícies e equipamentos, e a prática de técnicas assépticas durante procedimentos invasivos. A identificação precoce de neonatos colonizados ou infectados por agentes patogênicos permite a implementação de medidas de isolamento adequadas para prevenir a disseminação da infecção para outros pacientes vulneráveis (ANVISA, 2017).
Em resumo, a implementação de estratégias eficazes de prevenção e controle é essencial para reduzir a incidência de infecções neonatais e melhorar os desfechos clínicos dos recém-nascidos. A promoção da higienização adequada, a imunização de gestantes e o manejo adequado de pacientes são componentes essenciais de um programa abrangente de controle de infecções em ambientes neonatais.
6 DESAFIOS EMERGENTE E FUTURAS DIREÇÕES
As infecções neonatais continuam a representar um desafio significativo para os sistemas de saúde em todo o mundo, exigindo abordagens inovadoras e estratégias mais eficazes no diagnóstico, tratamento e prevenção. Diante disso, discutiremos os desafios atuais e emergentes nesse campo, bem como sugestões para pesquisas futuras e o desenvolvimento de estratégias mais eficazes.
6.1. Desafios atuais e emergentes:
Um dos desafios emergentes no contexto das infecções neonatais é a crescente incidência de infecções virais transmitidas por vetores, como o vírus Chikungunya e Zika. Estas infecções podem causar complicações graves durante a gravidez e no período neonatal, incluindo malformações congênitas e problemas de desenvolvimento neurológico (Torres JR et al., 2016; Munoz-Jordan et al., 2017). O diagnóstico precoce e o manejo adequado dessas infecções representam desafios importantes para os profissionais de saúde, especialmente em regiões endêmicas.
Além disso, as infecções congênitas causadas por agentes do grupo TORCH (Toxoplasma, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes) continuam a representar uma preocupação significativa em termos de morbidade e mortalidade neonatal. A falta de vacinas eficazes para muitos desses agentes e a complexidade no diagnóstico e tratamento dessas infecções destacam a necessidade de abordagens mais integradas e estratégias de prevenção mais eficazes (LEUNG et al., 2020).
Outro desafio importante é a persistência da transmissão vertical do vírus da hepatite B, especialmente em áreas endêmicas como o Brasil. Apesar dos avanços na prevenção da transmissão perinatal do vírus, a falta de acesso universal a programas de imunização e testagem pré-natal continua a ser um obstáculo significativo na redução da incidência de hepatite B neonatal (SOUTO, 2016).
6.2. Sugestões para pesquisas futuras e desenvolvimento de estratégias:
Pesquisas futuras devem se concentrar no desenvolvimento de métodos de diagnóstico mais rápidos e precisos para infecções neonatais virais, permitindo a identificação precoce de neonatos em risco e a implementação oportuna de intervenções terapêuticas (Kumar et al., 2019). Além disso, é crucial investir em estudos que avaliem a eficácia de medidas preventivas, como vacinas e estratégias de controle de vetores, na redução da incidência de infecções congênitas.
A implementação de programas de rastreamento e imunização universal para infecções como hepatite B é fundamental para prevenir a transmissão vertical e reduzir a carga de doenças associadas a essas infecções. Além disso, é necessário fortalecer os sistemas de saúde para garantir o acesso equitativo a serviços de saúde materno-infantil de qualidade, incluindo cuidados pré-natais e neonatais adequados.
Em suma, enfrentar os desafios das infecções neonatais requer uma abordagem multifacetada que envolve pesquisa contínua, desenvolvimento de políticas e intervenções eficazes, e o fortalecimento dos sistemas de saúde para garantir o acesso universal a cuidados de saúde de qualidade para mães e recém-nascidos.
7 CONCLUSÃO
As infecções neonatais representam uma preocupação significativa em saúde pública devido ao seu impacto na morbidade e mortalidade neonatal. Este artigo revisou diversos aspectos relacionados às infecções neonatais, incluindo epidemiologia, agentes patogênicos, diagnóstico, tratamento, prevenção e desafios emergentes.
Ao longo desta revisão, destacou-se a complexidade das infecções neonatais, influenciadas por uma variedade de fatores, incluindo condições socioeconômicas, acesso a cuidados de saúde adequados, imunização materna e a presença de agentes infecciosos específicos.
Foi evidenciado que as infecções virais emergentes, como Chikungunya e Zika, representam um desafio crescente, exigindo uma resposta rápida e eficaz por parte dos sistemas de saúde. Além disso, a persistência de infecções congênitas causadas por agentes do grupo TORCH e a transmissão vertical do vírus da hepatite B destacam a necessidade contínua de intervenções preventivas e programas de imunização.
Diante desses desafios, é fundamental investir em pesquisa, desenvolvimento de políticas e fortalecimento dos sistemas de saúde para melhorar o diagnóstico precoce, o tratamento eficaz e a prevenção das infecções neonatais. Estratégias integradas, incluindo cuidados pré-natais abrangentes, imunização materna, manejo adequado do trabalho de parto e parto, e programas de rastreamento neonatal, são essenciais para reduzir a incidência e o impacto dessas infecções.
Em última análise, a proteção da saúde neonatal requer um esforço colaborativo entre profissionais de saúde, pesquisadores, formuladores de políticas e comunidades, visando garantir que cada recém-nascido tenha a melhor chance possível de uma vida saudável e próspera.
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