ATENÇÃO FARMACÊUTICA VOLTADA PARA A DISTRIBUIÇÃO DE CONTRACEPTIVOS PARA ADOLESCENTES EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (UBS)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7983271


Daniela Costa da Silva;
Laynara Santos Silva.


RESUMO

Introdução: O profissional farmacêutico é indispensável no âmbito da saúde pois, é de sua responsabilidade orientar, esclarecer e conscientizar desde a população mais jovem até o idoso sobre as consequências do mal uso dos métodos contraceptivos, sobre as interações medicamentosas que podem ocorrer, quais os fatores de risco de acordo com a idade e a longo prazo, qual método é seguro ou adequado Objetivo: analisar a importância do profissional farmacêutico e da atenção farmacêutica dentro da unidade básica de saúde na dispensação de contraceptivos, assim como descrever os tipos de métodos contraceptivos e o uso correto e levantar pontos importantes sobre possíveis problemas a longo prazo. Metodologia: O presente trabalho classifica-se como uma revisão de literatura, de característica qualitativa e abordagem exploratória e descritiva. Resultados e discussão: Foram localizados 1903 artigos nas Bases de Dados. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, identificamos 1013 estudos nas bases de dados, enquanto 602 foram excluídos após a leitura dos títulos e resumos por não atenderem aos objetivos desta pesquisa. Dos 76 artigos completos inicialmente selecionados, 65 foram excluídos após uma leitura minuciosa do conteúdo completo por não fornecerem informações relevantes para responder à pergunta principal, resultando em 12 artigos incluídos para a realização desta revisão. Com isso, foi possível discutir a respeito da função do enfermeiro na dispensação dos contraceptivos, principalmente no que diz respeito a medidas educativas, associando tal realidade ao público dos adolescentes, estes que podem sofrer, muitas vezes, com a falta de assistência da sociedade e família no que diz respeito a educação sexual, conforme afirmam diversos estudos. Considerações finais: A atenção farmacêutica voltada para a distribuição de contraceptivos para adolescentes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) desempenha um papel crucial na promoção da saúde sexual e reprodutiva dessa população. A disponibilidade e o acesso adequado a métodos contraceptivos são fundamentais para evitar gravidezes indesejadas e prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

Palavras-chave: Contraceptivos; Atenção Primária; Assistência Farmacêutica.

ABSTRACT

Introduction: The pharmaceutical professional is indispensable in the field of health because it is his responsibility to guide, clarify and raise awareness from the youngest population to the elderly about the consequences of the misuse of contraceptive methods, about the drug interactions that may occur, what are the risk factors according to age and in the long term, which method is safe or adequate Objective: to analyze the importance of the pharmaceutical professional and pharmaceutical care within the basic health unit in the dispensing of contraceptives, as well as to describe the types of contraceptive methods and correct use and raise important points about possible long-term problems. Methodology: This work is classified as a literature review, with a qualitative characteristic and an exploratory and descriptive approach. Results and discussion: 1903 articles were found in the databases. After applying the established inclusion and exclusion criteria, we identified 1013 studies in the databases, while 602 were excluded after reading the titles and abstracts for not meeting the objectives of this research. Of the 76 full articles initially selected, 65 were excluded after a thorough reading of the full content for not providing relevant information to answer the main question, resulting in 12 articles included for this review. With this, it was possible to discuss the nurse’s role in dispensing contraceptives, especially with regard to educational measures, associating this reality with the public of adolescents, who can often suffer from the lack of assistance from society and family with regard to sex education, as stated by several studies. Final considerations: Pharmaceutical care aimed at distributing contraceptives to adolescents in Basic Health Units (UBS) plays a crucial role in promoting the sexual and reproductive health of this population. Availability and adequate access to contraceptive methods are essential to avoid unwanted pregnancies and prevent sexually transmitted diseases.

Keywords: Contraceptives; Primary attention; Pharmaceutical care.

  1. INTRODUÇÃO

O acesso universal aos serviços de saúde é um dos princípios que sustentam o SUS desde a sua criação a partir da Lei Orgânica da Saúde no 8.080/90. Contudo, estudo tem apontado para barreiras impostas aos usuários, como as filas para marcação de consultas e atendimentos e dificuldades na garantia da resolutividade e continuidade da assistência. Apesar de assegurado constitucionalmente, ainda se convive com fatores limitantes ao acesso aos serviços da Atenção Básica (AB), que são majoritariamente associados ao contexto socioeconômico ou às barreiras geográficas e aos avanços correlacionados à ampliação dos serviços oferecidos pela AB (PIRES et al., 2019)

Além disso, a abrangência da oferta de serviços da atenção básica envolve os aspectos individuais e coletivos da promoção, proteção e recuperação da saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte a situação de saúde e autonomia das pessoas. Para isso, é essencial que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estejam organizadas para disponibilizarem aos usuários o acesso aos serviços com uma cobertura populacional adequada e alta capacidade de cuidado e de resolutividade, evitando encaminha- mentos desnecessários de usuários para outros pontos de atenção da rede de atenção à saúde. (MOROSONI; FONSECA; LIMA, 2018)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), o profissional farmacêutico é o melhor capacitado para conduzir as ações destinadas à melhoria do acesso e a promoção do uso racional dos medicamentos, sendo indispensável para organizar os serviços de apoio, necessários ao desenvolvimento da assistência farmacêutica. A assistência farmacêutica plena, integrada à Atenção Primária, promove o uso apropriado e evita o fracasso da terapêutica.

O profissional farmacêutico é indispensável no âmbito da saúde pois, é de sua responsabilidade orientar, esclarecer e conscientizar desde a população mais jovem até o idoso sobre as consequências do mal uso dos métodos contraceptivos, sobre as interações medicamentosas que podem ocorrer, quais os fatores de risco de acordo com a idade e a longo prazo, qual método é seguro ou adequado (FERREIRA; TERRA JÚNIOR,2018)

Portanto, é importante que a população mantenha instrução acerca da contribuição do farmacêutico na reparabilidade das ações em saúde e dos riscos que pode proporcionar aos indivíduos que fazem uso irracional, o profissional farmacêutico é capacitado para oferecer esse conhecimento imprescindível e melhor assistência farmacêutica (SILVA et al.,2013).

Logo, e evidente a abordagem farmacêutica proporciona uma oportunidade de educação e aconselhamento sobre sexualidade, incentivando a adoção de comportamentos sexuais responsáveis (CAVALCANTE et al.,2023). Assim sendo esta pesquisa de justifica pela necessidade de direcionar essa atenção específica para os adolescentes, estamos contribuindo para a promoção de uma vida saudável e garantindo o acesso aos serviços de saúde reprodutiva de forma segura e respeitosa.

Diante disso, os objetivos deste trabalho foi analisar a importância do profissional farmacêutico e da atenção farmacêutica dentro da unidade básica de saúde na dispensação de contraceptivos, assim como descrever os tipos de métodos contraceptivos e o uso correto e levantar pontos importantes sobre possíveis problemas a longo prazo, correlacionando com o mau uso, contudo conscientizar os adolescentes sobre a automedicação sem orientação do profissional farmacêutico.

  1. METODOLOGIA

O presente trabalho classifica-se como uma revisão de literatura, de característica qualitativa e abordagem exploratória e descritiva. De acordo com Gil (2017), as pesquisas exploratórias tendem a ser mais flexíveis em seu planejamento, pois observou-se e compreendeu os mais variados aspectos relativos ao fenômeno estudado pelo pesquisador. De forma complementar, segundo Soares et al. (2014), uma revisão de literatura pode ser conceituada como é uma metodologia de pesquisa que busca sintetizar e analisar de forma abrangente os resultados de estudos já publicados sobre um determinado tema. É um processo sistemático e rigoroso que envolve a identificação, seleção, avaliação e interpretação crítica de diversos estudos, com o objetivo de obter uma visão abrangente e aprofundada sobre o assunto em questão.

Dessa forma, para a construção dessa pesquisa, foram utilizadas as seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE e SciELO. Ademais, foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências em Saúde (DeCs): contraceptivos, atenção primária e assistência farmacêutica, estas combinadas pelo operador booleando “AND”.

Como critérios de inclusão, foram citados a utilização de trabalhos científicos (artigos, dissertações e teses) que foram publicados a partir de 2016. Os sujeitos da pesquisa são artigos, sites e revistas que abordam o tema escolhido. Ressalta-se ainda, a utilização de manuais do Ministério da Saúde do Brasil como fonte de dados. Foram excluídas pesquisas que não abordassem a temática pretendida.

Todos os dados foram gerados a partir de pesquisas nas bases de dados bibliográficas. Esta etapa foi caracterizada pela definição dos critérios para a busca dos trabalhos que foram utilizados para construir a revisão literária, foi incluído material que tinha relação com a pesquisa e que pode ser acessado. Onde demonstrou a relevância do tema pesquisado. O presente trabalho proporcionou um conhecimento científico importante, uma vez que estimula ampliar os conhecimentos na área, fortalecendo uma visão mais ampla sobre a atuação do farmacêutico mediante a venda de anticoncepcionais.

  1. RESULTADOS

Foram localizados 1903 artigos nas Bases de Dados. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, identificamos 1013 estudos nas bases de dados, enquanto 602 foram excluídos após a leitura dos títulos e resumos por não atenderem aos objetivos desta pesquisa. Dos 76 artigos completos inicialmente selecionados, 65 foram excluídos após uma leitura minuciosa do conteúdo completo por não fornecerem informações relevantes para responder à pergunta principal, resultando em 14 artigos incluídos para a realização desta revisão.

O fluxograma abaixo demostra como ocorreu o procedimento de busca de materiais:

Fluxograma 1– Fluxograma do esquema de seleção de artigos

Fonte: ADAPTADO DO PRISMA, 2020.

O quadro 1 clarifica tal distribuição e apresenta dados como autor/ano; objetivo; metodologia e principais achados.

Quadro 2. Quadro sinóptico com a distribuição e organização dos artigos selecionados considerando ano, autor(es), país, nível de evidência, população e/ou amostra, objetivo e principais achados.

Autor(es)/anoObjetivoMetodologiaPrincipais achados
ALENCAR et al.,2022Conscientizar sobre os efeitos colaterais, formas corretas de uso e reações adversas geradas a partir do consumo irracional de anticoncepcionais orais combinados.Revisão de literaturao uso de anticoncepcionais a longo prazo favorece o aparecimento de reações adversas, a extensão e a complexidade da bula dificultam o acesso à informação e o tabu que ainda existe no tema sexo na adolescência favorecem tais eventos.
ALMEIDA et al.,2017Identificar a compreensão de adolescentes em relação à sexualidade e saúde reprodutiva em escolas públicas do Sul Catarinense.Caracteriza-se como um estudo quantitativo do tipo descritivo com amostra probabilísticaOs participantes apresentaram percepções prévias e superficiais a respeito dos métodos contraceptivos, da prevenção de IST e da gravidez na adolescência, visto que alguns também relataram não ter conhecimento sobre nenhum método contraceptivo. O estudo ainda identificou que a maior parte dos adolescentes estabelece mais comunicação acerca do tema com amigos do que com seus pais
ALMEIDA; ASSIS,2017a avaliar as alterações fisiológicas, os efeitos colaterais e as reações adversas que se relacionam ao uso de anticoncepcionais hormonais oraisRevisão de literaturaOs resultados do presente estudo reforçam a convicção de que a sociedade e seus dirigentes devem, efetivamente, voltar seus esforços para garantir a consolidação dos programas de atenção à saúde da mulher. Para tanto, devem enfatizar a informação, a orientação e o acesso à anticoncepção, levando em consideração o princípio dos direitos reprodutivos
BRANDÃO,2017conhecer as concepções e práticas dos farmacêuticos sobre a comercialização da contracepção de emergência no país.Pesquisa de campoObteve-se a participação voluntária de 383 farmacêuticos, 74,5% pertencentes ao sexo feminino e 25,5%, ao masculino, e a maioria (78,1%) afirmou que os consumidores costumam apresentar dúvidas sobre a contracepção de emergência e seu uso, e procuram os profissionais para saná-las. A maior parte dos entrevistados (88,4%) já buscou informações a respeito da contracepção de emergência, e uma parcela significativa deles (49,9%) desconhece sua distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS).
CAVALCANTE et al.,2016avaliar o nível de conhecimento das mulheres usuárias, ou que tinham intenção de uso, do contraceptivo de emergência conhecido como “pílula do dia seguinte”, permitindo um melhor acompanhamento da sua utilização, e disponibilização de dados farmacoepidemiológicos úteis para promoção do uso racional desse medicamentoRecorte TransversalNossos achados alertam para que se tenha uma maior preocupação em relação à possibilidade de uso indevido desse medicamento, e seu fácil acesso nas farmácias comunitárias.
GONÇALVES; GOMES, 2019analisar as consequências do uso prolongado dos contraceptivos orais.Estudo transversal observacionalPor meio do estudo observou-se que o tromboembolismo é o risco mais frequente causado pela contracepção prolongada. A idade que mais faz o uso de contraceptivo hormonal encontra-se entre 15 e 25 anos de idade. De acordo com a literatura o contraceptivo mais utilizado é o hormonal oral.
LAGO et al., 2020analisar os fatores associados ao não uso de contracepção e aos tipos de contraceptivos em uso.Estudo de corte transversalA prevalência da anticoncepção é alta, mas mantém-se a concentração em dois métodos: anteriormente, laqueadura e pílula, agora, pílula e preservativo masculino. É necessário incorporar novos contraceptivos hormonais no Sistema Único de Saúde (SUS) e promover o uso de métodos de longa duração como o DIU.
PALUDO; ZANELLA; POMPERMAIER,2021investigar os efeitos adversos causados pelo seu uso e suas contraindicaçõesRevisão de literaturao método contraceptivo oral é um dos mais eficientes e que desde que escolhidos cautelosamente, reduzem bastante o risco de complicações.
SANTOS et al., (2020)Descrever os principais tipos de anticoncepcionais hormonais, abordar os mecanismos de ação de cada um e descrever surgimento de patologias relacionadas ao uso prolongado destes.Trata-se de um estudo do tipo observacional, descritivo e transversalOs contraceptivos surgiram dando certa liberdade à mulher no que di respeito à gravidez, permitindo que elas escolham o momento para ideal isto. Entretanto, como todo fármaco, os anticoncepcionais têm efeitos colaterais, até mais fortesque outros medicamentos por se tratar de um combinado de hormônios.
SILVA,2023desenvolver um serviço de atenção farmacêutica visando aumentar a efetividade do medicamento e garantir o seu uso racional em duas Unidade Básica de Saúde da Família (UBS).Pesquisa de campoRessalta-se que a ausência do profissional farmacêutico na atenção básica de saúde para prestar orientações sobre o uso correto do medicamento requer, no mínimo, trabalhos voltados para promoção do cuidado em saúde para a população.
TRINDADE et al.,2021estimar a prevalência do uso de métodos contraceptivos (MC) de acordo com variáveis sociodemográficas entre mulheres brasileiras em idade reprodutiva.Trata-se de um estudo transversalMais de 80% das mulheres relataram utilizar algum MC, sendo o contraceptivo oral o mais utilizado (34,2%), seguido dos cirúrgicos (25,9%) e das camisinhas (14,5%).

Fonte: Autoria própria, 2023.

  1. DISCUSSÃO

4.1 Principais tipos de contraceptivos utilizados

Com o início precoce da atividade sexual, surge a necessidade de utilizar métodos de controle de natalidade que evitem uma gravidez indesejada. De acordo com informações do Ministério da Saúde (2011), atualmente há disponibilidade gratuita de oito tipos de métodos contraceptivos reversíveis. Esses métodos incluem o preservativo feminino e masculino, a pílula anticoncepcional oral, a minipílula, a injeção mensal, a injeção trimestral, o dispositivo intrauterino (DIU), a pílula contraceptiva de emergência, o diafragma e os cutâneos ( ALMEIDA; ASSIS,2017).

Com base nisso, atualmente há uma relevante diversidade de métodos contraceptivos disponíveis, é crucial entender os diferentes tipos mais utilizados, suas eficácias, benefícios e potenciais efeitos colaterais. No estudo elaborado por Lago et al. (2020) foi possível analisar a prevalência do contraceptivo hormonal utilizado por mulheres do Município de São Paulo, administrado via oral, no recorte transversal utilizado, foram analisadas 2885 mulheres, dessa forma, constatou-se que 27% utilizam pílula, 19% preservativo masculino, 10,4% contraceptivo hormonal. Além disso, foi perceptível também, associações, sendo 8,9% associam pílula e preservativo masculino, 7,5%, optaram por laqueadura e 7,5% afirmas que parceiros realizaram vasectomia.

Complementando tal perspectiva, no estudo de Trindade et al. (2021) além de trazer dados a respeito dos anticoncepcionais mais utilizados na população analisada, infere outra reflexão, que diz respeito a desigualdades e planejamento reprodutivo. Segundo os dados colhidos pelo autor, cerca de 3,7% das brasileiras não evitam a gravidez, pois não sabem como evitar ou aonde ir ou a quem procurar para lhe dar orientações, o que dificulta o planejamento da família.

Em outra perspectiva, Trindade et al. (2021) observou também divergências em relação a contracepção utilizada pelas mulheres baseadas nas características sociodemográficas. Sendo, a região Sudeste segue o mesmo padrão nacional em relação aos métodos contraceptivos. No entanto, na região Centro-Oeste, há uma preferência maior pelos métodos cirúrgicos (34,4%) em comparação com o uso da pílula anticoncepcional (32,0%). Nas regiões Norte e Nordeste, as esterilizações também ocupam uma posição de destaque no ranking, mas os habitantes do Norte têm uma preferência maior pelo uso de preservativos (23,6%) em comparação com os contraceptivos orais (16,5%). Na região Sul, observam-se características peculiares, pois a pílula anticoncepcional (ACO) é o método mais utilizado (44,7%), seguida pelos preservativos (13,8%) e pela dupla proteção (13,6%). Os métodos cirúrgicos ocupam o quarto lugar nessa região (13,4%).

4.2 Uso dos contraceptivos e seus efeitos

Compreende-se que contraceptivos, conforme afirma Gonçalves e Gomes (2019) é um método utilizado principalmente pelas mulheres a fim de evitar gravidez. Esses métodos podem ser de origem hormonal ou não. É importante considerar, portanto, que a escolha deve levar em consideração, de acordo o estudo de Almeida e Assis (2017) requisitos como atender às necessidades pessoais de cada indivíduo, considerando diversos fatores, como idade, nível de educação, status socioeconômico, condições físicas e contexto social.

Dessa forma, faz-se necessário analisar o risco benefício do uso do anticoncepcional pois de acordo a análise feita no estudo de Santos et al. (2020), o uso prolongado de anticoncepcional pode gerar malefícios a saúde da mulher. De acordo com o autor, os malefícios podem estar relacionados principalmente ao desenvolvimento de patologias secundaria, provocadas pelo próprio mecanismo de ação do contraceptivo, entretanto, a pesquisa faz referência a outra problemática bastante pertinente, a maior propensão a infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).

De forma a complementar esta perspectiva, Almeida et al. (2017) elaborou uma pesquisa na qual mostrou a percepção que os adolescentes tinha no que diz respeito a contracepção oral e prevenção de IST o relato obtido pelos indivíduos contataram que de fato, anticoncepcional hormonal, seja ele administradas de forma oral, seja injetável, são excelente para prevenir gravidez, entretanto, dão margem para a instalação de IST, uma vez que os métodos de barreira são os designados a esse tipo de proteção.

Ainda na literatura, Cardoso et al. (2019) argumenta que a negligencia na falta de conhecimento a respeito do método utilizado e a própria prática de utilização, quando não há adequação ao estilo de vida do indivíduo tornam a problemática ainda mais pertinente.

Por outro lado, é válido ressaltar os efeitos colaterais oriundos do próprio mecanismo de ação do medicamento, algumas mulheres podem experimentar mudanças no humor, alterações no peso corporal, sensibilidade nos seios, náuseas ou alterações no padrão de sangramento menstrual. Esses efeitos colaterais costumam ser leves e temporários, diminuindo com o tempo ou com a mudança para outro tipo de contraceptivo. Existem também preocupações sobre possíveis riscos à saúde associados ao uso prolongado dos contraceptivos hormonais, como um ligeiro aumento no risco de trombose venosa profunda, embolia pulmonar e certos tipos de câncer (PALUDO; ZANELLA; POMPERMAIER,2021).

Corroborando com a ideia deste autor, Steckert; Nunes e Alano (2016) apontam em seu estudo a forte prevalência de enxaqueca e maior risco ao desenvolvimento de Trombo e aumento de peso entra as mulheres que utilizam a pílula contraceptiva. Em outro plano, Sousa et al. (2022) apontam que quando se trata de anticoncepcional oral combinado os riscos são ainda maiores, tendo em vista que a composição do anticoncepcional e basicamente caracterizada pela presença do estrógeno e progesterona, na qual cada um desempenha sua função. Entretanto, quando se trata das minipílulas, geralmente utilizadas em emergências, há apenas a progesterona, por este motivo pode inferir em menos intercorrências a mulher.

Outrossim, o estudo de Sousa et al. (2021) argumenta que os efeitos podem variar também conforme a via de administração. Dessa forma, fazendo um paralelo com o estudo de Almeida e Assis (2017) que destaca as principais vias de administração disponíveis gratuitamente, o quadro 2 relaciona os principais efeitos colaterais e a forma de utilização do contraceptivo:

Quadro 2- Principais efeitos colaterais relacionado a cada via de administração.

Via de administraçãoEfeito Colateral
OralNáuseas, vômitos, tontura, cefaleia, sensibilidade mamaria e cãibras.
InjetávelAmenorreia, irregularidades de fluxo menstrual, irregularidades na forma de spottings (manchas) e sangramentos abundante, cefaleia, tonturas, mastalgias e aumento de peso.
CutâneaSintomas mamários, cefaleia, reações no local de aplicação, náuseas, dismenorreia e infecções do trato respiratório.
Dispositivos intrauterinoDor pélvica, sangramentos (escapes) e infecções intercorrentes.

Fonte: Elaboração dos autores, adaptado de Sousa et al. (2021)

Com base nisso, é evidente que contraceptivos apesar de promover benefícios a mulher, principalmente no que diz respeito a questões relacionadas a gravidez indesejada, o uso pode impactar em efeitos colaterais que podem ser nocivos a sua saúde e curto e longo prazo, conforme aponta os estudos de Santos et al (2021) trazendo efeitos a curto prazo, e a pesquisa de Paludo; Zanella e Pompermaier (2021) com efeitos mais complexos, como trombose venosa profunda, desenvolvimento de câncer e embolias.

4.3 Importância do farmacêutico na dispensação de contraceptivos na Unidade Básica de Saúde (UBS)

O farmacêutico desempenha um papel fundamental na dispensação de contraceptivos na Unidade Básica de Saúde (UBS), garantindo o acesso seguro e adequado a esses medicamentos. Nesse sentido, no estudo de Cavalcante et al. (2016) pôde-se perceber a ação do farmacêutico, principalmente no que diz respeito ao papel educativo. Tal situação torna-se necessária, pois assim conforme afirma o estudo de Alencar et al. (2022) a falta de conhecimento dos métodos contraceptivos entre os adolescentes ainda é uma realidade, e isto é reflexo da falta de orientação profissional, pois segundo a pesquisa, quando questionados, afirma que a pouca orientação que tem a respeito de educação sexual, é oriunda da internet, revista ou ate mesmo amigos e não necessariamente de profissionais da saúde capacitados.

Em uma nova perspectiva, Brandão (2017) afirma que há diversos desafios a respeito da gestão de contraceptivos para mulheres, principalmente adolescentes, a isto esta associada as diversas vertentes que devem ser analisadas como condições de saúde, renda, religião, etc. O autor associa ao publico dos adolescentes, ao citar exatamente a vulnerabilidade deles em relação a todos esses aspectos aliado a falta de apoio dos pais e principalmente a possível ausência do profissional no processo de orientação.

Os farmacêuticos desempenham uma função essencial na promoção do uso adequado de medicamentos. Como o último profissional a interagir com o paciente no ciclo da medicação, eles têm a responsabilidade de auxiliar e prevenir o uso inadequado de medicamentos, evitando problemas associados a eles, automedicação e reações adversas decorrentes do uso indevido de medicamentos (OLIVEIRA; COSTAS. FRANCO, 2021).

No estudo de Silva (2023) foi analisado de forma direta a função do farmacêutico, como parte de uma equipe multidisciplinar de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), no processo direto de dispensação de medicamentos. No estudo foi perceptível que o profissional atua principalmente no que diz respeito a educação em saúde no processo de dispensar o anticoncepcional.

Logo, é evidente que de forma geral, além de serem responsáveis por garantir o acesso seguro e adequado a esses produtos, os farmacêuticos também desempenham um papel importante na educação e orientação dos usuários sobre o uso correto e os possíveis efeitos colaterais dos contraceptivos (OLIVEIRA; COSTAS; FRANCO,2021).

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atenção farmacêutica voltada para a distribuição de contraceptivos para adolescentes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) desempenha um papel crucial na promoção da saúde sexual e reprodutiva dessa população. A disponibilidade e o acesso adequado a métodos contraceptivos são fundamentais para evitar gravidezes indesejadas e prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

O farmacêutico desempenha um papel essencial ao fornecer orientações claras e precisas sobre os diferentes métodos contraceptivos disponíveis, bem como suas vantagens, desvantagens e possíveis efeitos colaterais. Além disso, o profissional atua fortemente no processo de dispensação desses medicamentos, e nesse sentido pode ofertar atendimento a todos.

Entretanto, é importante considerar que mesmo havendo estudos que relatam a respeito da relevância do farmacêutico na dispensação desses medicamentos, raras são as pesquisas que associam essa vertente aos adolescentes. Geralmente estas perspectivas são tratadas de forma isolada, ate mesmo as funções educativas do profissional. Logo, sugere-se para futuras pesquisas analises direcionadas a tal realidade.

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