TEMPO DE PERMANÊNCIA DAS IMUNOGLOBULINAS IGM E IGG NO ORGANISMO DOS PACIENTES PÓS-COVID EM TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO CARDIOPULMONAR.

AUTORA: DANYELLE QUEIROZ DE LIMA MENDES

Graduada pela Universidade Estadual da Paraíba
Especialista em Metodologia do Ensino Superior

AGRADECIMENTOS:

A DEUS, POR SER FONTE DE INSPIRAÇÃO AOS MEUS PENSAMENTOS, ESTIMULANDO MINHA BUSCA PELO SABER.
A MINHA FAMÍLIA QUE DESDE SEMPRE ME INCENTIVOU A ESTUDAR E NUNCA ME ACOMODAR NA LOGA ESTRADA DO CONHECIMENTO.
E AOS MEUS QUERIDOS PACIENTES QUE DE FORMA TÃO GENEROSA ACEITARAM FAZER PARTE DESSE ESTUDO.

EPÍGRAFE:

“CORRIJA UM SÁBIO E O FARÁ MAIS SÁBIO, CORRIJA UM TOLO E O FARÁ TEU INIMIGO”. (PROVÉRBIOS 9: 8-9)

RESUMO:
É sabido que as imunoglobulinas IgM e IgG são anticorpos que têm ação conjunta na produção imediata e a longo prazo contra infecções.
Então quando uma pessoa é infectada pelo SARS-Cov2, seu sistema imunológico identifica o invasor como um corpo estranho e desencadeia uma resposta que terá como resultado a produção de anticorpos, as chamadas: Imunoglobulinas.
As primeiras na linha de defesa são as igM, produzidas por volta do 8ºdia, fase aguda da infecção até poucas semanas. Já a IgG é uma imunoglobulina produzida na fase tardia da infecção, por volta do 15ºdia, ela é responsável pela memória imunológica a longo prazo, que no caso do SARS-Cov2, já foi comprovado que não ocasiona imunidade adquirida.

O objetivo dessa pesquisa analítica experimental foi questionar por quanto tempo as imunoglobulinas IgM e IgG ficam presentes no organismo de indivíduos que apresentaram a Covid-19? e se a presença de comorbidades predispõe a permanência destas no organismo por mais tempo?

Foi realizado um estudo com 5 pacientes com diagnóstico de Covid-19, variando de 2 à 8 meses do início dos sintomas e que ainda apresentavam tanto IgG+ quanto IgM+, que passaram por tratamento medicamentoso e por persistirem com sequelas cardiopulmonares, foram encaminhados ao ambulatório de Fisioterapia Respiratória da Policlínica Comte Telles, na cidade de Manaus. Em relação aos pacientes:
– 3 (três) eram mulheres, sendo 2 com comorbidades;
– 2 (dois) eram homens, sendo 1 com comorbidade, o outro desenvolveu hipertensão arterial e diabetes após a Covid-19.
O tratamento fisioterapêutico tinha como objetivo geral: recondicionar o paciente ao seu estado anterior à Covid-19 e se possível incrementar o seu desempenho cardiopulmonar.
Os atendimentos eram realizados nas 3ªe 5ª feiras, com duração de 1h, com controle dos sinais vitais: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial (PA), saturação de O2 (SpO2), além da ausculta pulmonar (AP) e ausculta cardíaca (AC).
Todos os pacientes realizaram testes rápidos para IgM e IgG na metade do tratamento e ao fim repetiram o teste rápido, acrescido de RT-PCR.

Nenhum dos 5 pacientes apresentou o teste molecular (RT-PCR) positivo, já em relação ao teste rápido:
Dos 5 pacientes, todos apresentavam IgG+
Dos 5 pacientes apenas uma apresentou IgM-, após 3 meses do diagnóstico clínico.
Chegou-se a seguinte conclusão:
Não há como estabelecer um tempo para a permanência dessas imunoglobulinas no organismo e não se conseguiu associar esse fenômeno a presença de comorbidades, visto que a única paciente sem comorbidades ainda permanecia com IgM+ há quase 4 meses.

PALAVRAS-CHAVE: SARS-Cov2; COVID 19; IgM; IgG; fisioterapia.

2) ABSTRACT:
It is known that IgM and IgG immunoglobulins are antibodies that act together in the immediate and long-term production against infections. So, when a person is infected with SARS-Cov2, their immune system identifies the invader as a foreign body and triggers a response that will result in the production of antibodies, called: Immunoglobulins.
The first in the line of defense are igM, produced around the 8th day, the acute phase of infection up to a few weeks. IgG, on the other hand, is an immunoglobulin produced in the late stage of infection, around the 15th day, it is responsible for long-term immune memory, which in the case of SARS-Cov2, has already been proven to not cause acquired immunity.

The objective of this experimental analytical research was to ask how long the IgM and IgG immunoglobulins are present in the organism of individuals who presented Covid-19? What if the presence of comorbidities predisposes them to remain in the body for longer?

A study was carried out with 5 patients diagnosed with Covid-19, ranging from 2 to 8 months from the onset of symptoms and who still had both IgG + and IgM +, who underwent drug treatment and persisted with cardiopulmonary sequelae, were referred to the outpatient clinic. Respiratory Physiotherapy at Comte Telles Polyclinic, in the city of Manaus. Regarding patients:
– 3 (three) were women, 2 with comorbidities;
– 2 (two) were men, 1 with comorbidity, the other developed hypertension and diabetes after Covid-19.

The physiotherapeutic treatment had the general objective: to recondition the patient to his previous state to Covid-19 and, if possible, to increase his cardiopulmonary performance.

The consultations were held on the 3rd and Thursday, lasting 1 hour, with control of vital signs: heart rate (HR), respiratory rate (RF), blood pressure (BP), O2 saturation (SpO2), in addition to pulmonary auscultation (AP) and cardiac auscultation (AC).
All patients underwent rapid tests for IgM and IgG in the middle of treatment and at the end repeated the rapid test, plus RT-PCR.

None of the 5 patients had a positive molecular test (RT-PCR), in relation to the rapid test:

Of the 5 patients, all had IgG +
Of the 5 patients, only one presented IgM-, 3 months after the clinical diagnosis.

The following conclusion was reached:

There is no way to establish a time for these immunoglobulins to remain in the body and it was not possible to associate this phenomenon with the presence of comorbidities, since the only patient without comorbidities still remained with IgM + for almost 4 months.

KEYWORDS: SARS-Cov2; COVID-19; IgM; IG G; physiotherapy.

INTRODUÇÃO:
O coronavírus faz parte de uma grande família viral, conhecida desde os anos 60 e causavam à época doenças respiratórias leves à moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Porém, alguns tipos de coronavírus podem causar a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), cujos primeiros casos foram identificados em 2002 na China, disseminando-se rapidamente por 12 países, com uma taxa de letalidade de 10%.
Em abril de 2012, foi isolado outro coronavírus, inicialmente na Arábia Saudita e posteriormente em outros países do Oriente Médio, Europa e África. Sendo chamado de acordo com sua localização de MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), com taxa de letalidade de até 30%.
Recentemente em dezembro de 2019, foi descoberto mais um vírus dessa família, SARS-Cov2, causador da doença Covid 19, assunto dessa pesquisa.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da COVID-19 podem variar de um resfriado, a uma Síndrome Gripal-SG (presença de um quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos dois dos seguintes sintomas: sensação febril ou febre associada a dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza) até uma pneumonia severa. Sendo os sintomas mais comuns:

  • Tosse
  • Febre
  • Coriza
  • Dor de garganta
  • Dificuldade para respirar
  • Perda de olfato (anosmia)
  • Alteração do paladar (ageusia)
  • Distúrbios gastrintestinais (náuseas/vômitos/diarreia)
  • Cansaço (astenia)
  • Diminuição do apetite (hiporexia)
  • Dispnéia (falta de ar)

O diagnóstico da Covid-19 pode ser feito através dos critérios clinico, clinico-epidemiológico, clinico-imagem e laboratorial. Todos os pacientes analisados nessa pesquisa realizaram avaliação clínica, exames de imagens (raio-X de tórax e/ou TC de tórax) e laboratoriais (testes rápidos ou RT-PCR).

Descreveremos a despeito do teste rápido e do RT-PCR que foram realizados durante o tratamento e no momento da alta fisioterapêutica.

O teste rápido detecta a presença de anticorpos no organismo quando este já teve contato com vírus, seja recentemente, IgM, ou tardiamente, IgG.

As imunoglobulinas ou anticorpos são proteínas globulares produzidas a partir dos glóbulos brancos do sangue (linfócitos B) que se transformam em plasmócitos e secretam anticorpos em resposta a um dado antígeno (imunógeno). As imunoglobulinas estudadas aqui serão as IgM e IgG, porém existem as IgA, IgD e IgE.

IgM: são moléculas pentaméricas de peso molecular 900 mil dáltons. São produzidas nas respostas primárias, pela ativação dos linfócitos B, em 1ºexposição a um determinado antígeno.

IgG: principal imunoglobulina sérica (75% de todas as imunoglobulinas), molécula monomérica de peso molecular 160 mil dáltons, que tem a capacidade de atravessar a barreira placentária, são produzidas em respostas secundárias (2ºexposição a um determinado antígeno). Girello, AL, Kuhn, TIBB. Fundamentos da imuno-hematologia eritrocitária.

Essas imunoglobulinas são responsáveis pela imunidade adquirida ou especifica que ocorre pela estimulação do sistema imune por uma substancia conhecida como não própria (non-self) ao organismo, denominada antígeno, que consegue atravessar a barreira de entrada. Por meio desta, o indivíduo imunizado passa a ter um papel ativo na resposta ao antígeno. A ação é especifica e ocorre o aparecimento das células de memória. Lembrando que estas não estão presentes após o contato com o vírus da SARS-COV-2, fato este que motivou a realização dessa pesquisa com o intuito de descobrir o tempo máximo em que uma pessoa permanece imunizada contra esse vírus (IgG+) e por quanto tempo os anticorpos de primeira linha (IgM+) permanecem no organismo?

MATERIAIS E MÉTODOS:
Esse estudo foi realizado na Policlínica Comte Telles na cidade de Manaus, com 5 pacientes: 3 mulheres e 2 homens, com idades entre 43 anos e 64 anos. Todos com diagnóstico para Covid 19, variando entre 2 à 8 meses e que ainda permaneciam com as imunoglobulinas IgM+ e IgG+, além de sintomas como: cansaço e dispneia aos mínimos esforços, dor torácica, tosse seca, mialgias, cefaleia, taquicardia e disfonia. Dos 5 pacientes, uma não apresentava comorbidade e outro desenvolveu hipertensão arterial e diabetes pós-covid.
Para realizarem o acompanhamento fisioterapêutico fazia-se necessário: encaminhamento médico obrigatório, estar fora do período de transmissão, teste rápido, exames de imagens (RX OU TC DE TÓRAX) e receituário.
Eram avaliados em cada atendimento, num total de 10, os sinais vitais: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial (PA) e a SpO2. Os instrumentos usados foram: oxímetro de pulso com pletismógrafo, estetoscópio, tensiomêtro e a escala de Borg modificada.
As sessões eram realizadas na 3ª e 5ª feiras, com uma hora de duração; os objetivos do tratamento eram: recondicionamento cardiopulmonar, expansibilidade torácica, diminuição da tosse seca, da dispneia e do cansaço aos mínimos esforços.
Eram realizados exercícios aeróbicos, ativos resistidos, treino de reeducação diafragmática, inspiração fracionada com apneia e expiração fracionada, além de PEEP subaquática confeccionada artesanalmente pelos pacientes e realizada diariamente em suas casas.
Ao final das 10 sessões, todos os pacientes repetiram seus testes rápidos acrescidos do teste molecular RT-PCR, após os resultados; obtiveram alta por melhora do quadro clínico.

RESULTADOS:
Após 5 semanas de Fisioterapia Respiratória, os 5 pacientes obtiveram alta por melhora do quadro clínico com remissão da maioria dos sintomas supracitados.
Dos 5 pacientes, apenas uma paciente com 43 anos não apresentava comorbidades, além de realizar atividades físicas regularmente antes da covid 19, ex.: corrida de meia maratona. Porém, a mesma ainda apresentava IgM+ e IgG+, 4 meses após o diagnóstico.
Apenas uma paciente de 63 anos e com arritmia cardíaca apresentou IgM-, 3 meses após o diagnóstico e continuava com IgG+.
A 3ª mulher do grupo, com 58 anos, em tratamento para hepatite C há 2 anos, era a que apresentava o maior tempo com IgM+ e IgG+, aproximadamente 9 meses após o diagnóstico.

CONCLUSÃO:
Apesar da pequena, mas, diversificada amostra, verificamos que não é possível determinar um tempo mínimo ou máximo para a permanência destas imunoglobulinas no organismo dos pacientes que apresentaram Covid 19.
No entanto, o tempo estimado de IgM+ da paciente de 58 anos, ultrapassa o tempo descrito nas literaturas cujo período estimado varia de 8 dias a poucas semanas).
Não há como associar a presença dessas imunoglobulinas às comorbidades existentes nos 4 pacientes. Visto que, a única paciente sem comorbidade e que ainda era atleta apresentava igM+, enquanto outra com arritmia cardíaca, já não possuía mais IgM em seu organismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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