REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409151411
Eliane Lombardi Rigo1;
Tainá Aparecida Monteiro;
Daniela Ramos Da Conceição;
Clemilde Amaral Ramos;Greici Campanha; ;
Soeli Esberce;
Ana Paula Paixão Gonçalves;
Doraci Antunes Dos Santos
RESUMO
Este artigo apresenta algumas reflexões sobre a inserção das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), na Educação, justificada pela presença na atualidade, de uma Cultura Digital. Considerando a necessidade de a escola inserir as Tecnologia da Informação e Comunicação na formação dos estudantes faz-se necessário identificar os fins de suas utilizações, minimizando impactos negativos no processo de ensino e aprendizagem e eliminando modismos nas práticas pedagógicas. Tendo como objetivo principal propor um olhar sobre a aplicação das Tecnologias na Educação, foi realizada uma pesquisa de Revisão Bibliográfica com estudos que tratam sobre o tema, como as Tecnologias como objetos de estudo dos estudantes, como ferramenta de apoio ao ensino e/ou à aprendizagem e também como suporte e condição para que as práticas pedagógicas sejam possíveis.
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias digitais de comunicação e informação. Educação e tecnologia. Cultura digital. Processo de ensino e aprendizagem.
INTRODUÇÃO
O surgimento das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) nas escolas e instituições de ensino acompanha o acesso da população a essas tecnologias e seus serviços, nas diversas áreas que compõem a sociedade, como a indústria, com a informatização de processos de produção, e o comércio, atualmente com vendas virtuais, por exemplo.
Destaca-se, inclusive, que grande parte das Tecnologias da Informação e Comunicação são desenvolvidas especificamente para o desenvolvimento dessas áreas, com fins de aumento de produtividade, busca de eficácia, etc. No entanto, a apropriação desses recursos para as práticas de ensino e aprendizagem não acompanha o nível e a rapidez das apropriações propostas por outros segmentos sociais e econômicos, como comércio, logística e lazer que, entre outras possibilidades, acabam por ditar as concepções de uso desses equipamentos e serviços.
Além disso, segundo Sancho e Hernández (2006, p. 17), ter acesso à informação, como acontece com a maior parte das pessoas, atualmente, não garante mais habilidade e saber necessários para convertê-los em conhecimento, muito ao contrário, é possível pensar que até, talvez, iniba porque é conhecido que a tecnologia e o acesso à web têm servido ao consumo de tempo em “redes de procrastinação”, muitas vezes comprometendo o desempenho de profissionais e estudantes.
Neste sentido, com características muitas vezes conservadora, a escola demorou a identificar que seria inevitável lidar com a existência das Tecnologias da Informação e Comunicação em seu cotidiano, apoiando-se sempre em discursos de resistência, baseados nos riscos à aprendizagem e pouco assumindo a responsabilidade de reflexão e de pesquisa sobre os reais impactos do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na vida das pessoas, nem como poderiam ser úteis no seu desenvolvimento quando inseridos de forma organizada nas práticas educativas.
Renato Veloso (2011, p. 22) afirma que a “utilização consistente e competente dos recursos oferecidos pelas TIC […] pode, por exemplo, gerar efeitos positivos em relação ao acesso a direitos”, e ainda destaca que a apropriação das Tecnologias pode assumir um papel estratégico, no sentido de contribuir para a consolidação de valores como democracia, justiça e cidadania.
Neste sentido, seu argumento baseia-se no fato que o uso dessas tecnologias aproxima as pessoas a um grande volume de dados, dos quais podem ser extraídos informações e conhecimentos necessários para a construção de mudanças efetivas em vários segmentos da sociedade, embora o uso superficial das tecnologias não garanta essas mudanças.
Assim, não se pode desconsiderar, também, a importância de uma educação comprometida com a formação de indivíduos que, em posse desses dados, saibam se posicionar de forma crítica, encontrar e solucionar problemas, se comunicar com facilidade, respeitar e colaborar com os demais, além de utilizar profundamente as Tecnologias da Informação e da Comunicação.
Isso, segundo Sancho e Hernández (2006, p. 18), requereria professores convenientemente formados, com grande autonomia e critério profissional e também escolas com bons equipamentos, currículos atualizados, flexíveis e capazes de se ligar às necessidades dos alunos, além de sistemas de avaliação autênticos que possam mostrar o que os alunos tenham realmente aprendido.
Assim, o termo Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) adotado neste trabalho, trata da evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação, para a era digital, quando computadores e outros elementos digitais começaram a predominar na cultura de produção e consumo de informações.
Neste sentido, Levy (2009, p. 17) propõe a compreensão do ciberespaço, que representa toda a conectividade possível através da rede mundial de computadores, além da infinidade de conteúdo hospedado nesta rede e todos os seres humanos que ali navegam, bem como da compreensão da cibercultura, como um “conjunto de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores” que se desenvolvem junto ao ciberespaço.
Partindo desta realidade exposta acima, e ressaltando ainda que a aplicação das Tecnologias na Educação dependa de vários fatores extraclasse, como o acesso às tecnologias contemporâneas pela população, infraestrutura mínima das cidades e das escolas, representada por energia elétrica e cobertura das redes de transmissão de sinais de internet, políticas de incentivo ao uso e expansão das tecnologias etc., o objetivo deste artigo é propor um olhar aos professores sobre a aplicação das Tecnologias da Informação e da Comunicação em suas práticas pedagógicas.
Assim, as perspectivas apresentadas nesse artigo foram construídas a partir da metodologia de revisão bibliográfica, para organizar os conceitos ligados às Tecnologias da Informação e da Comunicação.
AS TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR
A primeira perspectiva de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação, trata de colocá-las em evidência no processo de ensino e aprendizagem a fim de ser possível conhecê-las com a complexidade necessária para seu uso apropriado no cotidiano escolar.
Ter as Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação como objetos de estudo é o primeiro passo para desenvolver habilidades reais de uso dos diversos equipamentos e serviços que as compõem, destacando que as mesmas correspondem a um conjunto de recursos digitais, apoiados em hardware (equipamentos físicos) e softwares (produtos lógicos), que visam tratar, organizar e disseminar as informações através de variadas formas (TAKAHASHI, 2000).
As Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação visam flexibilizar as maneiras como a comunicação pode ocorrer, seja a comunicação homem-homem, seja a comunicação homem-máquina, sendo que nas propostas pedagógicas, sempre que uma Tecnologia aparecer como resposta para a questão O que será estudado?, podemos identificar que está sendo abordada esta primeira perspectiva de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação.
Veloso (2011) destaca que é necessário considerar a diversidade de noções e significados que o termo Tecnologia pode assumir, sendo que o autor enfatiza o aspecto ideológico que se deve considerar sobre esse termo para que expressões como “explosão tecnológica” ou “era tecnológica” possam ser observadas de forma mais crítica.
É necessário, porém, destacar que o termo “era tecnológica”, pode ser utilizado em qualquer época da história humana, ao considerar que tecnologia é, como o dicionário Michaelis apresenta, o “conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relativos a arte, indústria, educação etc.”, ou, segundo o dicionário Aurélio, o “conjunto de conhecimentos, princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade”. Assim, destaca-se a relevância de se estudar as tecnologias, para poder analisá-las com a criticidade e profundidade que a contemporaneidade possa exigir e possibilitar.
São exemplos das Tecnologias da Informação e Comunicação todas as ferramentas tecnológicas digitais que utilizamos para fins de criação, publicação e consumo de informação, além dos diversos componentes físicos e suas soluções que utilizamos para nos comunicar, sendo que para compreensão da diferença entre os componentes e as soluções, pode-se pensar em um smartphone (hardware, componente) e nos aplicativos de comunicação instantânea (software, soluções) que ele oferece.
Assim, outra característica das Tecnologias da Informação e Comunicação que fundamenta seu uso na Educação está na facilidade de utilização destes recursos para variar as linguagens utilizadas no processo de ensino e aprendizagem, principalmente a partir da integração de elementos multimidiáticos, tais como imagens, gráficos, textos, vídeos e áudios.
Portanto, ao pensar-se no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação deve-se também considerar-se poder compreender como elas são produzidas fisicamente, como são codificadas, quais são suas funcionalidades, quais instruções levam ao melhor uso tanto do componente físico quanto das soluções, quais são os requisitos para que elas funcionem, quais as suas limitações etc. tornando-se possível, assim conhecer mais sobre a própria tecnologia em si.
Neste sentido, na prática docente, essa preocupação também precisa existir, sendo que Kenski (2003, p. 5) afirma que “os educadores precisam compreender as especificidades desses equipamentos e suas melhores formas de utilização em projetos educacionais”. Ou seja, antes de qualquer proposta ser feita para o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação no processo de ensino e aprendizagem, o professor deve ter clareza e conhecimento dessas informações e demonstrá-las ao compor os objetivos didáticos, contemplando o que é necessário desenvolver nos estudantes para o bom uso das tecnologias.
Kenski (2003, p. 5) enfatiza que “saber utilizar adequadamente essas tecnologias para fins educacionais é uma nova exigência da sociedade atual em relação ao desempenho dos educadores”.
O domínio das características das Tecnologias da Informação e Comunicação e do panorama em que elas estão inseridas pode abrir um leque de oportunidades para os professores, para ampliarem as possibilidades de ensino e aprendizagem, tanto no sentido de reconhecer nesses aparatos características e possibilidades que poderão auxiliar seus estudantes, ao longo de suas vidas pessoais e profissionais, bem como identifica-las como ferramentas ou como suporte básico no processo de ensino e aprendizagem.
Outra perspectiva importante neste processo do uso das tecnologias trata de como identificar nas Tecnologias da Informação e Comunicação um apoio positivo para o processo didático, evidenciando não a tecnologia em si, mas os ganhos possíveis durante os processos de planejamento e de ensino, os ganhos que os estudantes terão durante o seu processo de aprendizagem e como elas podem ser úteis para a diversificação dos processos avaliativos, bem como os estudantes poderão desenvolver o uso das multimídias entre outros.
Kenski (2003, p. 3) afirma que “toda aprendizagem, em todos os tempos é mediada pelas tecnologias disponíveis”. Vale destacar que para que as tecnologias consigam ser significativas nos processos de ensino e aprendizagem, faz-se necessário por parte dos educadores o domínio sobre a própria tecnologia em si.
A autora acrescenta que:
Não é possível pensar que o simples conhecimento da maneira de uso do suporte (ligar a televisão ou o vídeo ou saber usar o computador e navegar na Internet) já qualificam o professor para a utilização desses suportes de forma pedagogicamente eficiente em atividades educacionais. (KENSKI, 2003, p. 5).
Portanto compreender mais profundamente as Tecnologias que estão à disposição dos docentes e dos estudantes favorece o processo de identificação de suas funcionalidades, facilitando a seleção das melhores opções tecnológicas existentes evitando que a tecnologia em si se sobressaia no processo didático em relação ao conhecimento que está sendo trabalhado ou aos reais objetivos pedagógicos existentes.
Kenski (2003, p. 5) destaca ainda que é “preciso saber aliar os objetivos de ensino com os suportes tecnológicos que melhor atendam a esses objetivos”. Para isso, é preciso considerar também que quase sempre, essas tecnologias são fruto das necessidades de áreas diferentes da educacional e, cabe aos professores, saber identificar como essas soluções podem ser adaptadas às suas necessidades, considerando também suas limitações e os conhecimentos prévios que os estudantes têm em relação a elas.
Por exemplo: antes de se propor atividades de pesquisas na Internet, vale identificar se os estudantes já realizam pesquisas nos seus cotidianos e, se sim, para quais fins e como eles as fazem para poder bem orienta-los na realização das pesquisas.
Nesta perspectiva, destaca-se que as Tecnologias da Informação e Comunicação podem responder a questões pedagógicas de “Como fazer”, seja utilizando-as na preparação da aula, seja no desenvolvimento de materiais didáticos, durante exposições, ao realizar atividades, nas avaliações etc…
Sancho e Hernández (2006, p. 19), complementam essa perspectiva, ao enfatizarem a versatilidade das Tecnologias da Informação e Comunicação, sobretudo dos computadores como ferramentas para usos diversificados, o que permite afirmar que este artefato se torna um “aliado de valor inestimável”.
Uma das ideias dessa perspectiva é de que o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação possam, na maioria das vezes, passar despercebidos no processo de ensino e aprendizagem, ou seja, a aula, ou partes dela, de acordo com os objetivos pedagógicos pensados pelo professor, irá se apoiar em tecnologias para que seu uso, planejado e organizado, proporciona uma experiência mais eficaz nos processos de ensino e de aprendizagem.
Barreto (2014) destaca que embora haja consenso entre os educadores sobre o uso adequado das Tecnologias da Informação e da Comunicação para melhoria da Educação, há também o consenso de que o professor deve definir quais tecnologias usar e para quais fins, já que a tecnologia em si não resolve os problemas educacionais.
Assim, na atualidade o grande desafio é professor e estudante superarem a subutilização das Tecnologias da Educação e da Comunicação, geralmente, influenciada pelas concepções prévias a respeito de suas possibilidades, tornando a aula com o uso das tecnologias uma reprodução das aulas sem as tecnologias. Um exemplo é como são utilizados os aparelhos de datashow em várias aulas: esta tecnologia, que permite a variação de linguagem ao expor conteúdos, como imagens, vídeos, animações etc., muitas vezes é utilizada, apenas, para a exibição de textos, assim como o professor fazia com a tecnologia anterior aos aparelhos de datashow, os retroprojetores, e quando também eram reproduzidos os costumes de momentos passados em que o professor tinha a sua disposição apenas o quadro negro e giz (MASETTO, 2015).
Percebe-se, assim, que o emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação apenas na perspectiva de ferramentas no processo de ensino e aprendizagem evidencia, como o professor tem repensado (ou não) suas práticas a partir do surgimento destes aparatos e destes serviços.
Um fator que pode influenciar na desconstrução e construção de novas formas de se fazer as rotinas a partir das Tecnologias da Informação e Comunicação pode estar ligado ao próprio desenvolvimento das tecnologias. No processo de desenvolvimento de softwares, a busca por melhor usabilidade dos produtos (facilidade de uso) orienta o trabalho dos desenvolvedores para que seu usuário final se sinta o mais confortável possível, seja alcançando seus objetivos com o menor número de “cliques”, seja identificando, na virtualidade, elementos que correspondam, da forma mais próxima possível, ao que ele conhece ou como os processos acontecem no mundo real.
Assim, os conceitos que baseiam o uso da tecnologia a partir dessa busca por similaridade com a realidade no desenvolvimento de sistemas operacionais, aplicativos, sites etc. é, inclusive, questionado pela influência em como podem limitar a criatividade do usuário, pois realizam as atividades da mesma maneira que sem os aparatos tecnológicos.
Theodor Holm Nelson (2005), por exemplo, criador do conceito de hipertexto, sugere que, ao termos os principais softwares de produção textual como uma simulação do papel, limitamos todo potencial que essa ferramenta poderia oferecer, uma vez que as pessoas passariam a produzir textos nessas ferramentas como sempre produziram independentemente da tecnologia em si.
O autor sugere que o hipertexto poderia representar uma nova forma de escrita textual se os editores de texto não se limitassem a simular o papel, sendo essa analogia pertinente para que se possa refletir o quanto o professor tem sido, ou não, capaz de se desprender das práticas pedagógicas tradicionais para identificar, em um ambiente repleto de ferramentas que simulam a realidade, a possibilidade de incrementá-las com propostas de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação realmente inovadoras.
Tais inovações podem ser identificadas quando observamos as mudanças que outras áreas passaram a partir da inserção e expansão das tecnologias em suas rotinas como, por exemplo, como as vendas e compras se modificaram após o surgimento das lojas virtuais, podendo a mesma ideia ser analisada no âmbito escolar: como professores e estudantes ensinam e aprendem, respectivamente? Como as tecnologias já influenciam esse processo e como poderiam influenciar a partir da intensificação das propostas dos professores para a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Desse modo, tanto um estudante pode ser influenciado a criar, em uma apresentação de slides, uma “cola” com frases para o texto verbal que deverá fazer em sua apresentação oral, como pode ser motivado e estimulado a utilizar recursos imagéticos, gráficos, vídeos, mapas mentais ou conceituais que complementem sua apresentação, como o professor pode propor que um vídeo seja simplesmente assistido para apresentação de um conceito, quanto pode estimular que os estudantes desenvolvam o mesmo conceito ao elaborarem um roteiro e produzirem um vídeo em que sejam os atores do processo.
Observa-se, também, que, em relação ao uso mais comum das Tecnologias da Informação e Comunicação como ferramentas disponíveis para educação, destacam-se as pesquisas de conteúdo, em substituição a visita à bibliotecas e a leitura de livros físicos, não demonstrando um repensar sobre o processo em si, sendo que, além disso, pouco é questionado, conforme Pimenta (2016), se estas pesquisas estão sendo realizadas de forma eficaz considerando, inclusive, os aspectos éticos relacionados à cola ou plágios que comprometem a qualidade da educação.
Assim, no âmbito escolar, além de pesquisas aplicadas que representam aplicações pedagógicas, destaca-se o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação em atividades escolares de gestão: planilhas, controles de matrículas, registros acadêmicos etc. Esse uso pode ser compreendido em decorrência dos estudos e conceitos voltados para o desenvolvimento da produtividade na área de administração de empresas, e que muito influenciam na percepção sobre para quais fins as tecnologias precisam ou podem ser utilizadas, o que justificaria a percepção que as pessoas têm para o uso das tecnologias sempre esperando fazer as coisas de forma mais rápida.
Vale destacar que, na função de ferramentas para educação, muitas tecnologias são desenvolvidas diariamente, sendo exemplos: dispositivos digitais de leitura, como o Kindle; aplicativos pedagógicos para dispositivos móveis, games, lousas inteligentes, realidade aumentada, inteligência artificial; sites como GoConqr para desenvolvimento de mapas mentais, quizzes, flashcards; ou Microsoft PowerPoint, Genial.ly e Prezi, para apresentações dinâmicas; Kahoot ou Mentimeter, para interação em apresentações; Google forms para pesquisas e coletas de dados, em geral; Easel.ly e Canva, para infográficos, entre outros.
Além dessa variedade de ferramentas, oferecidas ao professor, é possível criar propostas pedagógicas que utilizem ferramentas que não foram desenvolvidas para fins pedagógicos, como QR Codes, sites Discord e Anchor, para podcasts; ferramentas de comunicação como Whatsapp; ou redes sociais como Facebook, Instagram etc…
Por fim, vale destacar que o emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação como ferramentas na prática docente exige planejamento cauteloso e consciente das contribuições que elas oferecerão à aprendizagem do estudante ou ao trabalho docente, além das limitações e que integrá-las, adequadamente, às propostas pedagógicas pode resultar em ganhos no processo de ensino e aprendizagem.
CONCLUSÃO
Refletir sobre a inserção das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação na sala de aula é o primeiro passo para que a escola supere as dificuldades de se adaptar à cultura digital predominante do século XXI, porém, mais do que garantir o acesso superficial da população às Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, através da aquisição material das tecnologias ou da facilitação à contratação de serviços de conexão à Internet, a sociedade carece de programas orientados à compreensão de uso consciente e consequente desses recursos para que a posse destes, por cada indivíduo, possa representar uma chance real de mudança social.
Essa mudança social se baseia nos benefícios do acesso à informação, como parte do desenvolvimento de competências necessárias para o século XXI, sendo que se destacou, também, no artigo, as contradições propostas por Ted Nelson, ao apresentar a ideia de que a similaridade dos produtos tecnológicos, sobretudo os virtuais, com o mundo real, limitariam a possibilidade de se desenvolver novas formas de realizar ações nestes recursos mais modernos.
Ainda que o artigo tenha abordado possibilidades distintas de olhar o emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação, nada impede que uma tecnologia possa ser estudada utilizando outras ferramentas tecnológicas hospedadas em ambientes virtuais, por exemplo.
Observa-se, também, a importância das justificativas pedagógicas, além das técnicas, para as escolhas das Tecnologias da Informação e Comunicação que ofereçam melhores condições para a aprendizagem no cotidiano escolar e que podem favorecer a compreensão das responsabilidades que a escola e os docentes devem assumir no que tange a formação dos estudantes para o uso de Tecnologias, além de poderem tê-las como aliadas ao processo de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Chame F. Informática descomplicada para educação: aplicações práticas para sala de aula. São Paulo: Érica, 2014.
KENSKI, Vani Moreira. Aprendizagem mediada pela tecnologia. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n. 10, 2003.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2009.
MASETTO, Marcos T. Mediação pedagógica e tecnologias de informação e comunicação. In: MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS; Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2015.
NELSON, Theodor Holm. O computador ainda imita o papel. Veja, São Paulo, ano 38, n. 52 (1932), nov. 2005.
PIMENTA, Maria Alzira A. Ética e criatividade: as dimensões do plágio. In: AMARILHA, M. (org.). Educação e leitura: desafios e criatividade. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2016.
SANCHO, Juana M.; HERNÁNDEZ, Fernando (Orgs.). Tecnologias para transformar a educação. São Paulo: Artmed, 2006.
TAKAHASHI, Tadao (Org.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
VELOSO, Renato. Tecnologia da informação e comunicação. São Paulo: Saraiva, 2011.
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