TÉCNICAS DE MANEJO NO CONTROLE DO MEDO E ANSIEDADE NO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO INFANTIL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10207926


 Thais De Moura¹
Campo Ivie²


Resumo

A presente revisão aborda as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade quando relacionados à tratamentos odontológicos infantis. O problema da pesquisa é quais as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade que são mais eficientes no tratamento odontológico infantil? O objetivo geral do presente trabalho é analisar as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico com o público infantil. Os objetivos específicos consistem em contextualizar os métodos de controle do medo e ansiedade, além de compreender as técnicas farmacológicas e não farmacológicas e apresentar métodos farmacológicos e não farmacológicos no controle do medo e ansiedade na primeira infância em pacientes sem necessidades especiais. Além disso, o presente trabalho foi utilizado uma revisão literária, de modo que possam ser obtidos dados e informações acerca do tema abordado. Portanto, espera-se que sejam apresentadas alternativas e métodos capazes de oferecer meios para o controle de medo e ansiedade no tratamento odontológico na primeira infância, dessa forma, minimizando possíveis eventos traumáticos e otimizando os procedimentos odontológicos.

Palavras chave: Ansiedade. Infância. Intervenção Odontológica. 

Sumary:

This review addresses management techniques for controlling fear and anxiety when related to children’s dental treatments. The research problem is what are the management techniques for controlling fear and the concern that they are more efficient in children’s dental treatment? The general objective of this work is to analyze management techniques for controlling fear and anxiety in dental care for children. The specific objectives consist of contextualizing methods of controlling fear and anxiety, in addition to understanding pharmacological and non-pharmacological techniques and presenting pharmacological and non-pharmacological methods for controlling fear and anxiety in early childhood in patients without special needs. Furthermore, this work used a literary review, so that data and information on the topic covered can be obtained. Therefore, we hope that alternatives and methods will be presented capable of offering means to control fear and anxiety in early childhood dental treatment, thus minimizing possible traumatic events and optimizing dental treatments.

Keywords: Anxiety. Infancy. Dental intervention.

Introdução:

Procedimentos odontológicos podem provocar reações e episódios de medo e ansiedade, que podem abalar a criança tornando o tratamento odontológico mais difícil de ser executado (OLLÊ et al.,2016), nesse contexto, o medo e ansiedade vêm sendo um dos causadores da evasão a tratamentos odontológicos. Diante disso, indaga-se quais seriam as técnicas de manejo mais eficientes no controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico infantil?

Sendo assim, almeja-se no objetivo geral da pesquisa analisar as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico com o público infantil. Enquanto os objetivos específicos são: contextualizar os métodos de controle do medo e ansiedade, compreender as técnicas farmacológicas e não farmacológicas e apresentar métodos no controle do medo e ansiedade na primeira infância de modo individual para cada paciente e família.

A assistência da odontopediatria é desafiadora para o cirurgião dentista, a criança e a família. Devem ser analisados o desenvolvimento pediátrico e as percepções negativas já vividas pela criança, o que possibilita ao profissional traçar manejos e técnicas para realizar os procedimentos e as intervenções odontológicas (AAPD, 2015). Nesse contexto, algumas técnicas de manejo são utilizadas para se obter a cooperação da criança e possibilitar a realização de procedimentos odontológicos de forma segura e confortável para a criança.

A metodologia empregada no trabalho foi o uso da abordagem qualitativa, cujo caráter foi descritivo e explicativo, sendo necessário o uso da pesquisa bibliográfica ocorrida nos bancos de dados da SciELO, google acadêmico, Pubmed.

Portanto, o referencial teórico é dividido em três etapas, sendo a primeira a contextualização histórica de métodos e estratégias utilizadas por profissionais no controle do medo e ansiedade a tratamentos odontológicos com o público infantil, visto que, essas técnicas viabilizaram ao longo dos anos os atendimentos e intervenções realizadas, tentando alcançar o conforto e segurança para o público infantil. A segunda etapa baseia-se em contextualizar as técnicas analisadas que podem ser utilizadas por cirurgiões dentistas em intervenções com o público infantil.

O conhecimento do profissional envolvido sobre as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade, se faz necessário, levando em consideração a individualidade e características da criança e família. Dessa forma, a terceira etapa consiste em contextualizar e apresentar os métodos e estratégias, para que sejam esclarecidas ao cirurgião-dentista, as possíveis técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico com o público infantil. E por fim, na quarta etapa, são apresentados métodos farmacológicos e não farmacológicos para o controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico, proporcionando conforto e segurança para o paciente.

Metodologia:

  A metodologia, é todo o caminho para a sistematização e elaboração do trabalho, já que, é através dela que são encontrados métodos e justificativas científicas. Nesse contexto, foi adotada na presente pesquisa a abordagem qualitativa, pois de acordo com Pope&Mays (1995, p. 42, apud. NEVES, 1996, p.2) a abordagem qualitativa tem como contribuição ao trabalho de pesquisa uma combinação de procedimentos de caráter racional capaz de contribuir para melhor entendimento. Além disso, possui caráter explicativo, a fim de expor a importância do conhecimento sobre as técnicas de manejo eficientes no controle do medo e ansiedade ao tratamento odontológico com o público infantil.

A pesquisa terá caráter bibliográfico visto que, segundo (FONSECA, 2002 p. 32) todo e qualquer pesquisa cientifica tem seu início partindo de uma pesquisa bibliográfica, já que, através dela pode ser adquirido conhecimento sobre o que já foi compreendido sobre o assunto. Ou seja, foi realizado a busca de análises bibliográficas acerca do tema, através de livros e artigos científicos a partir do ano de 2010.

Inicialmente, realizou-se a delimitação do tema: Técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico infantil: uma revisão de literatura. A partir daí, foi levantada a problemática e selecionados os artigos da revisão bibliográfica, tendo este início no mês de fevereiro no ano de 2023; sendo pesquisados, através de palavras-chaves como, primeira infância, técnicas de manejo odontológico, medo e ansiedade.

Dessa forma, inicialmente foram incluídas investigações com base na leitura minuciosa de artigos acadêmicos disponibilizados, teses e livros.  Após, foi delimitada a problemática, para ajudar de forma clara e concisa a formulação e elaboração dos objetivos gerais e específicos, procedendo para a formação do projeto de pesquisa em questão.

3. Contexto histórico:

Historicamente, a odontologia primitiva era vista como forma de castigo, já que, eram realizados procedimentos sem nenhum conforto e aparentemente dolorosos para o paciente. Nesse contexto, a odontologia rudimentar fez com que existisse associação entre procedimentos odontológicos e sofrimento, diante disso, houve a relação entre intervenções odontológicas e o estudo psicológico (MOURA et al.,2015; MARQUES et al., 2010).

Com todo o avanço da tecnologia ao longo dos anos nas áreas da Odontologia, ainda assim existem sentimentos como medo e ansiedade que diariamente são vistos e presenciados em consultórios odontológicos. (SILVA, et al., 2016; SHAHNAVAZ et al.,2018). Devido aos procedimentos e práticas odontológicas realizadas no passado, os tratamentos e intervenções odontológicas são vistos como sinal de dor e sofrimento, dessa forma, sendo frequentemente associados ao medo e episódios de ansiedade (COELHO et al., 2016).

Quando se observa a odontologia rudimentar, é perceptível que a profissão de dentista era vista como quem causa torturas e castigos, dessa forma, a sociedade atual ainda visualiza e associa procedimentos e intervenções odontológicas como ações sintomatológicas, ou seja, associam como causadores de dor e sofrimento ao indivíduo (MARQUES et al., 2010), dessa forma, a odontologia primitiva trouxe consigo a relação da dor e sofrimento com intervenções odontológicas até os dias atuais.

Mesmo surgindo mundialmente métodos de analgesia no controle da dor relacionado a tratamentos odontológicos, ainda existe a prevalência de episódios de ansiedade e medo relacionados ao atendimento e procedimentos odontológicos. Segundo Klingberg e Broberg (2007), através de um levantamento e análises de livros e publicações foi feita a estimativa que a prevalência de medo associado ao tratamento odontológico a nível mundial chega à cerda de 9% mundialmente.

Indivíduos não nascem com sentimento de medo dos profissionais dentistas, ou seja, o medo e ansiedade a tratamentos e intervenções odontológicas são desenvolvidos e instaurados ao logo da formação e socialização do indivíduo inserido em uma sociedade. (FERREIRA; MARIA 2012), dessa forma, o medo de dentistas e a procedimentos odontológicos é desenvolvido durante a formação e desenvolvimento do indivíduo.

Historicamente, a odontologia é sempre associada com tratamentos invasivos e dolorosos, consequentemente se relacionando com a não cooperação de alguns indivíduos, resultando negativamente na saúde bucal do paciente. Dessa forma, o paciente se acostumou a solicitar atendimentos odontológicos quando existe sintomatologia (FERREIRA, 2012), ou seja, por associar a dor a procedimentos odontológicos, alguns pacientes só solicitam intervenção odontológica quando já está sentindo dor.

Com todo o avanço tecnológico e moderno, algumas crianças ainda possuem comportamento negativos e não cooperam em procedimentos odontológicos essa sensação de medo do público infantil ao dentista geralmente possui relação com experiências vivenciadas pela criança ou algum familiar; com o som emitido pela broca; o que resulta em insegurança e medo do indivíduo (GÓES et al., 2010), dessa forma, comentários negativos passados para a criança, sons emitidos por instrumentais e experiencias negativas vividas pela criança podem ser fatores que tem grande atribuição nos comportamentos desfavoráveis ao atendimento odontológico infantil.

Ao longo da formação e desenvolvimento do indivíduo, a sensação de medo está presente, dessa forma, pode alterar a vida e o comportamento do indivíduo, dessa forma, o medo é entendido como uma reação para algum tipo de ameaça sentido, ou seja, quando existe sensação de perigo. O medo quando sentido, o próprio organismo é responsável por reagir de alguma maneira, modificando o comportamento, e em crianças podem ser observados episódios de medo associados ao atendimento odontológico (FELIX et al., 2016).

4. Contextualização de métodos e estratégias utilizadas no controle do medo e ansiedade a tratamentos odontológicos.

Durante o atendimento odontológico com o público infantil é esperado situações comportamentais indesejadas e episódios onde podem ser observados o medo e ansiedade por parte do público infantil (MARQUES; GRADVOHL.; MAIA, 2010), dessa forma, pode-se esperar que durante intervenções odontológicas com crianças sejam observados episódios de choro, sensações de medo e ansiedade.

O controle do comportamental de crianças no âmbito odontológico tem sido mais frequentes para os dentistas, visto que, pacientes do público infantil na maioria das vezes apresentam episódios de medo e ansiedade quando submetidos a tratamentos odontológicos. É importante, que os familiares estejam cada mais envolvidos nos atendimentos odontológicos com a criança (ALBUQUERQUE et al., 2010).

Por resultado do medo, o público infantil podem ter reações negativas e não aceitarem a realização de procedimentos odontológicos, dessa forma, o resultado são cenas de gritos, choros e movimentos voluntários para sair da cadeira odontológica; nesse contexto, o ambiente do consultório odontológico colabora para tais cenas, os instrumentais odontológicos também podem ser vistos de forma negativa e os sons emitidos pela caneta de alta rotação podem contribuir de forma significativa para a criança não proceder com os procedimentos odontológicos (BRANDENBURG; HAYDU, 2009), dessa forma, o âmbito odontológico, sons emitidos e instrumentais são fatores relacionados as reações das crianças quando submetidas a procedimentos odontológicos. 

Para procedimentos e atendimentos odontológicos com o público infantil é importante que o profissional não tenha apenas facilidade manual com instrumentais, como também que ele possua informações do desenvolvimento do paciente. Além disso, ele deve ter habilidades de técnicas e habilidades para conduzir o paciente ao longo dos atendimentos e deve ser estabelecido uma relação de confiança (ALBUQUERQUE et al., 2010).

O dentista necessita planejar o seu atendimento de acordo com a criança, de maneira individual, ou seja, analisar a idade do paciente, sua condição sistémica, o âmbito familiar no qual a criança está inserida, dessa forma, promovendo saúde bucal para o paciente (SILVA et al., 2016); nesse contexto, o indivíduo deve ser visto de forma individual pelo dentista, sendo o atendimento especial para cada criança.

Com o desejo de reduzir eventos traumáticos e episódios de medo e ansiedades existem manejos que podem ser utilizadas por dentistas que servem para diminuir a sensação de medo das crianças que precisam ser submetidos a intervenções odontológicas, possibilitando assim a realização de procedimentos necessários para cada criança (FERREIRA; ARAGÃO; COLARES, 2009).

É indispensável que o dentista se planeje durante a estrutura e aparência do seu consultório, de forma que, seja atrativo e tranquilo para criança; a vestimenta utilizada pelo dentista deve ser analisada, ou seja, deve-se optar por jalecos mais atrativos e que viabilize a relação entre a criança e o dentista, sendo essa relação tranquila e de confiança. De forma que, possibilite tranquilidade durante o atendimento odontológico (HASS; OLIVEIRA; AZEVEDO, 2016); diante disso, deve ser pensado na estrutura decorativa do âmbito odontológico e nos jalecos utilizados pelos dentistas, de maneira que, seja estabelecida uma relação de confiança entre paciente e profissional.

Para que seja ofertado um atendimento tranquilo para a criança, é necessário que o dentista analise características psicológicas da criança; sendo necessária a utilização de uma abordagem de acordo com a idade da criança, de forma interativa e dinâmica com o paciente (MELO et al., 2015); nesse sentido, é importante a utilização de linguagens lúdicas e interativa com a criança, levando em consideração aspectos como a idade e características psicológicas de cada criança.

Existem técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade que facilitam e viabilizam o atendimento com o público infantil; as técnicas de manejo consistem em farmacológicas e não farmacológicas. Sendo a técnica não-farmacológica baseada no controle das emoções e psicológico comportamental da criança através de técnicas de fala, interações, gestos entre profissional e criança. Já as técnicas farmacológicas consistem no uso de medicações sedativos consciente ou inconsciente para adquirir o controle de comportamentos da criança (FERREIRA; SANTOS, 2017).

A técnica mais usual é a falar-mostrar-fazer, que é considerada uma técnica não-farmacológica e também é considerada a mais conhecida por parte dos dentistas (KAWIA et al, 2010). Além disso, essa técnica é a mais aceita pelos pais ou responsáveis, além de ser a menos complexa de ser executada por profissionais dentistas (SIMÕES et al., 2016), nesse contexto, a técnica falar-mostrar-fazer é a de mais fácil execução e menos complexidade.

O profissional dentista que oferta atendimento ao público infantil deve ter conhecimento de técnicas que viabilizam o atendimento com a primeira infância, de moda que, se tenha atendimentos e intervenções com conforto, segurança e eficiência. (POSSOBON et al., 2003).

5. Compreensão e apresentação das técnicas farmacológicas e não farmacológicas:

A técnica não farmacológica falar-mostrar-fazer consiste em explicar de forma verbal os passos a serem realizados durante o tratamento odontológico, sendo utilizada linguagem de simples entendimento; além disso, serão demostradas o que será realizado, de modo que, o paciente possa aceitar e compreender o que está sendo proposto pelo profissional. (KLATCHOIAN; NORONHA; TOLEDO, 2010). E por fim, é realizado o tratamento a ser feito; essa técnica pode ser utilizado mídias, como vídeos explicativos. (DA SILVA, 2021). A técnica falar-mostrar-fazer é importante para garantir tranquilidade para a criança, de forma que, o dentista realize os procedimentos a serem realizados; sendo necessária, uma linguagem lúdica durante a utilização dessa abordagem, sendo a finalidade dessa abordagem deixar claro para a criança que o dentista não possui a intenção de causar nenhum dano e que tudo será feito para garantir o bem estar da criança (ALBUQUERQUE et al., 2010).

A técnica do reforço positivo, também é uma técnica não farmacológica, e bastante aceita pelos pais (DESAI et al., 2019), consiste, em a criança receber elogios ou até mesmo uma recompensa pelo bom comportamento e cooperação durante o tratamento odontológico, de modo que, esta mesma postura possa ser repetida futuramente (SILVA et al., 2010). Esta técnica possui a finalidade de oferecer motivação ao paciente durante todo o atendimento; se o paciente permite o início da abordagem, é resultado de que a criança confia no profissional, diante disso é indispensável, que o dentista forneça elogios e sempre motivando o bom comportamento, diante disso, podem ser ofertados brindes quando a criança apresentar comportamentos que colaborem com o sucesso dos procedimentos odontológicos (SILVA et al., 2016).

A técnica de distração consiste em auxiliar na distração da criança durante o tratamento odontológico, de modo que, possam ser reduzidos os comportamentos desagradáveis (AAPD., 2020), são utilizados recursos de áudio e vídeo, além de brinquedos. A distração, retira o foco da criança aos procedimentos, de modo que, o paciente não fique com o foco nas abordagens sendo realizadas; para auxiliar na técnica de distração, o dentista precisa utilizar de métodos criativos como músicas e vídeos; além disso, manter a interação, para que a atenção da criança não seja desviada para os tratamentos realizados, de modo que, os procedimentos odontológicos sejam realizados, sem intercorrências (SILVA et al., 2016).

O controle da voz, utiliza do controle comportamental da criança através da alteração do volume de voz do profissional, além da tonalidade e o ritmo da voz. Elogios, expressões faciais e modulação positiva do volume da voz são reforçadores sociais (AAPD,2015). O controle de voz é uma técnica essencial, onde o dentista avalia qual a melhor entonação da voz, com a finalidade de manter a atenção e cooperação do paciente, assegurando o controle pelo profissional; sendo necessária, a utilização de expressões faciais, para que a criança compreenda e coopere com o atendimento (SILVA et al., 2016).

A técnica de estabilização do paciente consiste na proteção do paciente, o profissional ou até mesmo os responsáveis pela criança de possíveis lesões ou acidentes durante os procedimentos odontológicos. Sendo, a estabilização uma intervenção feita pelo cirurgião-dentista, auxiliar ou responsável pela criança (AAPD,2015). A estabilização por diversas vezes não é vista de forma aceitável pelos pais, apresentando um índice de 18,9% de rejeição pelos responsáveis. A utilização da contenção física na maioria das vezes é utilizada em pacientes que apresentem maior resistência as outras técnicas não farmacológicas ou para pacientes que possuam limitações e seja portador de alguma necessidade especial; sendo contenção ativa e passiva (OLIVEIRA, 2004). A contenção ativa consiste em uma técnica realizada pelo dentista e auxiliar, de forma que, sejam imobilizados os membros superiores e inferiores durante a intervenções odontológicas (OLIVEIRA, 2004). Na contenção passiva, é utilizado tecido para envolver o paciente, de forma que, a criança não efetue movimentos que atrapalhe os procedimentos odontológicos (FÚCCIO et al., 2003).

As técnicas não farmacológicas consistem na aplicação de fármacos, cujo o objetivo é sedar o paciente, por diferentes vias de administração, resultando na diminuição do nível de consciência da criança (COELHO, 2020). Essas técnicas, possuem a finalidade de proporcionar segurança, redução da dor, do desconforto e da ansiedade durante as intervenções odontológicas. Na odontopediatria, são utilizadas a via oral e a inalatória, sendo a mais usual a via oral, por ser de maior facilidade e possuir maior aceitação pela criança (COELHO, 2020).

Nas técnicas farmacológicas, é empregado a utilização da sedação inalatória, empregando o uso de gases óxido nitroso e oxigênio por meio da via inalatória e medicações para gerir a dor do paciente durante as intervenções odontológicas (COSTA et al., 2012).

Em consultas e manejos feitos com pacientes com distúrbios psíquicos ou que possua alguma alteração sistêmicas que possam ter alguma descompensação durante as intervenções, o uso da sedação é eficiente, pois permite diminuir o desconforto e aumentar a segurança para os pacientes (BRAGA et al., 2010).

Nesse sentido, a utilização de fármacos tem sido benéfica em tratamentos com pacientes ansiosos, visto que, os benzodiazepínicos são os fármacos mais utilizados em tratamentos odontológicos, já que, é um medicamento ansiolítico (ARAÚJO, 2018). Além disso, este medicamento possui a finalidade de aumentar o conforto do paciente e aumentar de forma eficiente as intervenções odontológicas.  A prescrição de fármacos ansiolíticos é legalmente autorizada no Brasil para práticas ambulatoriais. (LINO et al., 2017).

O sedativo modelo precisa possuir várias vias de administração, além disso, é necessário que não deprima de forma exagerada o sistema nervoso central do paciente; tendo em vista que, proporcionalmente são deprimidos o sistema cardíaco e respiratório do paciente (MIYAKE; REIS; GRISI, 1998).

As principais opções de fármacos administradas e que são de sedação oral, são os medicamentos diazepam, midazolam, lorazepam, alprazolam, triazolam (ARAÚJO, 2018; FONTOURA, 2013).

Deve-se optar por medicamentos que preencham critérios como duração de ação do fármaco eficiente, ter seu início rápido de ação e não devem ter metabólitos ativos (MIYAKE; REIS; GRISI, 1998).

Os medicamentos Benzodiazepínicos também são aliados dos atendimentos odontológicos, visto que, reduzem significativamente os episódios de vômito, fluxo salivar e também relaxam a musculatura esquelética (ANDRADE, 2014).

O diazepam, é visto como o medicamento padrão ouro dos ansiolíticos, já que, possui rápido início de ação e longa duração do fármaco; a administração desse fármaco é feita com uso de um comprimido uma hora antes da intervenção odontológica; em crianças, o efeito pode ser o de excitação, quando se espera o de sedação (ANDRADE, 2014; FONTOURA, 2013).

O midazolam, também é um medicamente utilizado na prática odontológica, visto que, tem absorção rápida, e seu efeito possui duração de aproximadamente 2 a 4 horas; sua administração deve ser realizada trinta minutos antes dos procedimentos a serem realizados (ANDRADE, 2014; FONTOURA, 2013). A via de administração mais utilizada do medicamento midazolam, no âmbito da Odontologia, é a via oral, mas, também pode ser administrado pela via endovenosa, de forma que, seja assistido pelo médico anestesista (RAMOS et al., 2009). A utilização desse fármaco, aumentou as informações e esclarecimentos sobre a importância do controle de ansiedade durante os procedimentos odontológicos, dessa forma, oferecendo maior conforto durantes os procedimentos para o paciente (RAMOS et al., 2009).

A lorazepam, é a medicação não recomendada para a administração em pacientes do público infantil, ou seja, em crianças menores de 12 anos de idade; sua administração é feita duas horas antes do procedimento, consistindo em ingerir um comprimido (ANDRADE, 2014; FONTOURA, 2013).

O alprazolam, é o fármaco que geralmente não é recomendo para uso em pacientes do público infantil, sua é feita pelo paciente pelo menos uma hora antes da abordagem odontológica. A duração do fármaco é de doze a quinze horas (ANDRADE, 2014; FONTOURA, 2013).

O triazolam, é o medicamento benzodiazepínico, cujo sua ação é mais rápida, porém, possui uma curta duração; este fármaco não é recomendado para crianças, e a administração do mesmo deve ser feita entre 20 e 30 minutos antes do início do procedimento (ANDRADE, 2014; FONTOURA, 2013).

O uso de sedantes no âmbito da odontopediatria, confere três importantes fases, sendo elas a fase que precede a sedação, onde serão avaliados a condição sistêmica da criança, avaliando a história médica do paciente e os fatores que conferem risco; deve ser realizado a preparação do ambiente, onde será realizado o processo de sedação, já que, deve estar devidamente equipado de instrumento de reanimação em caso de possíveis eventualidades e pôr fim a fase de pós-sedação, visto que a criança deve estar seno monitorada até que retome a consciência (WANNMACHER; FERREIRA, 2007).

Métodos farmacológicos são indicados quando não se obtém o controle de episódios de medo e ansiedade por métodos não farmacológicos; como também quando se faz necessário intervenções mais invasivas; em emergências também pode ser uma indicação. É indispensável, que o dentista tenha conhecimento sobre as condições sistémicas do paciente e que também estabeleça contatos com o médico responsável pelo indivíduo (ANDRADE, 2014).

Episódios de medo e ansiedade são observados em consultórios odontológicos pediátricos, quando não se consegue alcançar o bom condicionamento da criança ou quando se observa urgência, o uso de anestésico inalatório de oxido nitroso pode ser uma ferramenta a ser utilizada, visto que, ofereça conforto e tranquilidade para o paciente e o profissional, já que, a administração do gás de óxido nitroso confere a redução do nível de consciência do paciente (COSTA et al., 2011). Dessa forma, o uso do óxido nitroso é uma ferramenta que assegura que os pacientes pediátricos tratamento eficaz e confortável (SILVA, 2010).

A abordagem de sedação consciente por óxido nitroso é usada com a finalidade de se obter o controle da ansiedade e não por ser anestésico (LEE et al., 2012), diante disso, a técnica moderna é utilizada durante a prática odontológica, especialmente com o público infantil (LEVERING; WEILIE, 2010). Diante disso, o oxido nitroso se tornou popular, visto que, possui aceitação por pacientes do público infantil e promove indução mais rápida, com recuperação curta e efeitos colaterais reduzidos (CATRÉ et al., 2014; COWIE et al., 2019; NOCITI, 2006).

A realização de sedação consciente pelo gás de óxido nitroso, é indicada para ansiosos, pois é uma técnica segura que confere efeito analgésico e anestésico de forma eficiente (BRUNICK; CLARK, 2008), ou seja, indicado no controle de episódios de ansiedade e também no controle da dor (PATEL, 2010), além disso, confere o controle do comportamento e condicionamento do paciente (DAHER, 2012). Além disso, possui contraindicações em pacientes que tenham personalidade compulsiva ou pacientes com um grau maior de problemas comportamentais, pacientes claustrofóbicos, além de pacientes que façam uso de respiradores bucais e por fim pacientes que não permita o uso da técnica com o óxido nitroso (MALAMED, 2003).  

A vantagem do óxido nitroso é as propriedades físico-químicas deste gás que confere o uso seguro e promove conforto no âmbito odontológico, além disso, é um gás que não se mescla com outros componentes presentes no corpo do indivíduo, desse modo, possibilita pra sua rápida ação e sua eliminação ser rápida (ABDULLAH et al., 2011; BONECKER; COUTINHO, 2013; RANG, 2007).

A desvantagem apresentadas são o custo elevado para possuir equipamento; além disso o óxido nitroso não é um agente com grande potência, dessa forma, efeitos clínicos maiores desejados podem não ser obtidos; além disso, pode apresentar pacientes que não cooperem, devido a dependência da capacidade de inalação pelo paciente; a necessidade do profissional dentista e de toda sua equipe de possuir formação e habilitação necessária para administrar a técnica com óxido nitroso (Cavalcante et al., 2011).

Conclusão:

Portanto, episódios de ansiedade e medo por parte do público infantil frequentemente é notável em intervenções odontológicas em consultórios odontológicos, visto que, o indivíduo ao longo de sua formação e desenvolvimento quando inserido na sociedade está vulnerável a apresentar medo e episódios de ansiedade, quando submetidos a intervenções odontológicas. Dessa forma, é indispensável que o dentista possua conhecimento da eficiência das técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade com o público infantil, de forma que, leve em consideração que cada criança possui suas particularidades e desenvolvimentos que se diferenciam de criança para criança.

A presente pesquisa buscou esclarecer de forma coesa as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade com pacientes da primeira infância, visto que, existem técnicas que facilite de maneira eficiente a redução dos episódios de medo e ansiedade por crianças no âmbito do consultório odontológico, dessa forma, conferindo conforto e conforto para as crianças, sendo realizadas respeitando as particularidades de cada paciente.

A formulação do trabalho assegurou a contextualização dos métodos no controle do medo e ansiedade aos tratamentos odontológicos com crianças existentes, compreendendo cada uma das técnicas e sua eficácia para cada paciente e em cada determinada situação, tendo em vista que o dentista precisa conhecer e planejar o atendimento de forma individual para cada criança, adaptando a melhor técnica sendo ela farmacológica ou não farmacológica.

Além disso, ao longo da pesquisa foi possível compreender de forma esclarecedora que a maioria das abordagens odontológicas pediátricas podem ser feitas com o uso das técnicas não farmacológicas, visto que, é indispensável que o profissional estabeleça uma relação de confiança e tranquilidade com a criança, de forma que, elas possam ser condicionadas com conforto e segurança; porém, existem casos e particularidades do paciente onde pode ser introduzidas as técnicas farmacológicas e o uso do óxido nitroso como ferramentas para o condicionamento eficiente e que possibilite o atendimento da criança. 

Dessa maneira, é possível com a apresentação das técnicas de controle do medo e ansiedade na odontopediatria conferir ao dentista a possibilidade de adaptar a melhor abordagem e técnica para cada criança, podendo fazer o uso não só de apenas uma técnica, mas de mais de uma técnica associada em uma mesma criança, dessa forma, realizar o condicionamento de forma confortável e segura para o paciente. 

Tendo em foco, os objetivos geral e específico do presente trabalho que foram delineados a partir do problema levantado, sendo ele, o norteador para o levantamento de dados e informações, conclui-se que as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade no atendimento odontológico na primeira infância conferem maior eficácia aos procedimentos odontológicos com o público infantil, além disso, essas técnicas quando bem adaptadas para cada paciente, assegura conforto e bem estar para a criança e como consequência podem ser reduzidos os episódios traumáticos nos consultórios odontológicos. 

Finalizando, é importante que os dentistas tenham conhecimento adequado sobre as técnicas de manejo no controle do medo e ansiedade, visto que, serão ofertados atendimentos de qualidade e eficazes, já que, é perceptível que cada técnica possui sua vantagem para o paciente e o profissional. 

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¹Artigo apresentado à Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Odontologia, em 2023.
 ²Mestranda em Radiologia odontológica e imaginologia (SLMandic); Graduada em Odontologia pela Univrrsidade Estadual do Rio De Janeiro (UERJ); Professora da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA)