FOOD INTRODUCTION TECHNIQUES: METHODS, BENEFITS AND RISKS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411010907
Erica de Jesus Santana1
Gabrielly Pinheiro Foge de Sá2
Janderson da Costa Albano3
Luísa Beatriz Averbach Lopes Pacheco4
Maria Carolina Melo da Silva5
Mayara Chianca de Medeiros6
Maria Eduarda Barbosa Faria7
Micaelly Ramos de Brito8
RESUMO
O presente artigo aborda a introdução alimentar em crianças, com foco no processo de substituição do aleitamento materno exclusivo pela alimentação complementar, que deve ocorrer a partir do sexto mês de vida, conforme o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos. São analisados os métodos disponíveis na literatura, como o Baby-Led Weaning (BLW), o método tradicional e o participativo, enfatizando seus benefícios e riscos. Utilizou-se uma revisão bibliográfica de artigos científicos publicados entre 2016 e 2022 nas bases de dados SciELO e PubMed. O método BLW sugere que lactentes a partir de seis meses são capazes de se alimentar sozinhos, apresentando alimentos em formato de bastões e tiras, em sua forma in natura, permitindo que o bebê se alimente com as mãos. Os benefícios do BLW para o desenvolvimento infantil são destacados, assim como a contestação dos riscos associados. O método tradicional envolve a oferta de alimentos em consistência pastosa com colher, com a adequação gradual da textura, e é comprovado que assegura crescimento e consumo adequado de nutrientes. O método participativo combina as abordagens tradicional e BLW, mas a falta de estudos limita a evidência de seus benefícios e riscos. Conclui-se que mais estudos randomizados são necessários sobre as abordagens de alimentação complementar.
Palavras-chave: Alimentação complementar. Baby-Led Weaning. Alimentação tradicional com colher.
ABSTRACT
This article addresses the introduction of solid foods to children, focusing on the process of replacing exclusive breastfeeding with complementary feeding, which should occur from the sixth month of life, according to the Food Guide for Brazilian Children Under Two Years Old. The methods available in the literature, such as Baby-Led Weaning (BLW), the traditional method, and the participatory method, are analyzed, emphasizing their benefits and risks. A bibliographic review of scientific articles published between 2016 and 2022 in the SciELO and PubMed databases was used. The BLW method suggests that infants from six months of age are able to feed themselves, presenting food in the form of sticks and strips, in its natural form, allowing the baby to feed with their hands. The benefits of BLW for child development are highlighted, as well as the associated risks. The traditional method involves offering food in a pasty consistency with a spoon, with gradual adjustment of the texture, and it is proven to ensure growth and adequate consumption of nutrients. The participatory method combines traditional and BLW approaches, but the lack of studies limits the evidence of its benefits and risks. It is concluded that more randomized studies are needed on complementary feeding approaches.
Keywods: Complementary feeding. Baby-Led Weaning. Traditional spoon feeding.
1. INTRODUÇÃO
Os primeiros anos de vida de uma criança são reconhecidos pelo rápido potencial de crescimento e desenvolvimento; assim, a nutrição é um fator essencial para garantir o sucesso desses processos. A infância é uma fase da vida caracterizada pela suscetibilidade às deficiências e complicações nutricionais. Portanto, a qualidade e a quantidade dos alimentos oferecidos à criança são fatores fundamentais que repercutem por toda a vida (Lopes et al., 2018).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é preconizado o aleitamento materno desde o nascimento até os dois anos de idade, sendo os seis primeiros meses de Aleitamento Materno Exclusivo (AME). Após este período, deve-se iniciar a alimentação complementar (Azevedo et al., 2019; Arantes et al., 2020). Na impossibilidade do AME, recomenda-se que a criança utilize fórmula infantil, sendo contraindicado o uso de leite de vaca (LV) na forma integral até os 12 meses de idade devido ao seu potencial alergênico, ao excesso de proteínas, além de ser considerado um fator de risco para anemia ferropriva (Saldan et al., 2017).
Segundo o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, lançado pelo Ministério da Saúde em 2019 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019), a introdução da alimentação complementar é fundamental, pois apenas o leite materno ou a fórmula infantil não são suficientes para suprir às necessidades energéticas e nutricionais do lactente a partir do sexto mês de vida (Lopes et al., 2018; Azevedo et al., 2019; Gomez et al., 2020). Dessa forma, a introdução alimentar inadequada pode favorecer complicações ao bem-estar da criança, especialmente se for iniciada precocemente, antes do amadurecimento fisiológico do bebê (Lopes et al., 2018).
Segundo o Guia Prático de Alimentação Complementar e Método BLW, lançado pela Sociedade Brasileira de Pediatria em 2017, para que o procedimento de introdução alimentar ocorra de maneira efetiva, é essencial que sejam avaliados os sinais de prontidão do bebê, como a capacidade de sentar com pouco ou sem apoio, manter o equilíbrio da cabeça e do corpo, mover objetos em direção à boca e demonstrar interesse na comida dos pais (Científi et al., 2017 e Pizzatto et al., 2020). Além disso, para introduzir alimentos sólidos à dieta do lactente, é primordial identificar o amadurecimento bucal, a ausência do reflexo de protrusão e o potencial surgimento da motilidade natural da língua, que possibilitam o processo de mastigação e deglutição (Pizzatto et al., 2020).
Assim, a técnica de introdução à alimentação complementar deve ser realizada de maneira progressiva, oferecendo alimentos de qualidade em quantidades apropriadas, preservando os sinais de saciedade da criança (Pizzatto et al., 2020). Dentre os procedimentos para introdução de alimentos à dieta do bebê, destacam-se o método Baby-Led Weaning (BLW), o método tradicional com colher e o método participativo (Scarpatto e Forte, 2018).
Tendo em vista que a introdução alimentar é um processo crucial para o crescimento e desenvolvimento do lactente, e que as características de sua alimentação irão repercutir ao longo de sua vida, este trabalho propõe que o conhecimento do profissional nutricionista sobre as técnicas utilizadas durante a introdução alimentar é de extrema importância para o êxito deste processo. Desse modo, o objetivo do presente trabalho é conhecer os métodos de alimentação complementar disponíveis na literatura, assim como os benefícios e riscos de cada metodologia.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica, na qual foi realizado um levantamento de artigos científicos publicados sobre alimentação complementar e introdução alimentar, com os métodos Baby-Led Weaning (BLW) e tradicional. As buscas foram realizadas nas plataformas digitais disponíveis, por meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Public/Medline ou Publish Medline (PubMed), com publicações entre 2016 e 2023. A pesquisa foi conduzida entre os meses de fevereiro de 2021 e maio de 2023, utilizando os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCs): introdução alimentar, Baby-Led Weaning (BLW), método tradicional, alimentação infantil, alimentação complementar, nutrição da criança e autonomia alimentar.
Os critérios de inclusão para o estudo foram artigos publicados em inglês ou português que descrevessem as características da alimentação complementar de lactentes entre 6 e 24 meses de idade, assim como o método utilizado para a introdução alimentar. Os critérios de exclusão foram artigos que discutem a alimentação de lactentes acima de 24 meses, bem como aqueles que não mencionaram o aleitamento materno ou o uso de fórmula infantil.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Introdução alimentar com o método BLW
A técnica BLW é uma ferramenta de introdução alimentar que, nos últimos 10 anos, vem se expandindo (Vieira et al., 2020) por estabelecer uma conduta diferente para o início do consumo de alimentos sólidos. Este método propõe que lactentes, a partir de seus seis meses de idade, possuam a aptidão de se alimentar sozinhos (Brown et al., 2017). Este procedimento é reconhecido por conceder ao bebê a autonomia para realizar suas próprias refeições (Pizzatto et al., 2020; Scarpatto et al., 2018), proporcionando à criança o controle para selecionar quais alimentos irá ingerir, as quantidades que irá consumir e o tempo de duração de suas refeições (Neves et al., 2021).
O método BLW indica que os alimentos sejam apresentados ao lactente em formato de bastões e tiras, fracionados em pedaços longos em sua forma in natura, em vez de serem ofertados em textura pastosa (Pizzatto et al., 2020; Scarpatto et al., 2018; Neves et al., 2021). A partir dessas práticas, o bebê poderá alimentar-se com as mãos, sem a necessidade de utilizar colheres, permitindo que a criança adquira conhecimentos sobre os alimentos e suas diversas características, como sabores, cores, formatos e consistências, durante o momento de interação com a comida (Pizzatto et al., 2020; Scarpatto e Forte, 2018).
Adicionalmente, essa técnica auxilia na evolução das capacidades motoras finas e no desenvolvimento do processo de mastigação e deglutição da criança, além de repercutir no entendimento dos sinais de saciedade e estimular uma alimentação variada (Vieira et al., 2020). Um estudo de revisão sobre o método BLW demonstrou que, mães que optaram por utilizar a técnica durante a alimentação complementar estavam mais dispostas a dar continuidade ao aleitamento materno, em comparação a mães que escolheram o método tradicional como ferramenta de introdução alimentar, sugerindo, assim, que o BLW favorece o processo de amamentação prolongada (Brown et al., 2017).
Deste modo, um estudo de campo realizado com bebês de 6 a 8 meses de idade, propôs que lactentes que realizam a alimentação complementar e continuam com o aleitamento materno, apresentam um risco elevado de menor ingestão de ferro, considerando que a fórmula infantil é mais rica em ferro em comparação ao leite materno (Morison et al., 2016). Além disso, foi apontado que crianças que seguem o método BLW, não consomem farinhas infantis enriquecidas com ferro, pois sua consistência não faz parte dos alimentos do BLW. Juntamente com o fato de que as comidas oferecidas são, em sua maioria, frutas e vegetais, que não apresentam ferro em sua composição (Morison et al., 2016; Daniels et al., 2018). Considerando esses fatores, um estudo de controle randomizado sobre a ingestão de ferro em bebês que seguem o método BLW, recomenda que, instruir os pais a fornecer alimentos com elevados teores de ferro em sua composição, seria uma maneira de corrigir uma possível deficiência de ferro em lactentes durante a alimentação complementar (Daniels et al., 2018).
Estudos atuais indicam que existe uma enorme preocupação entre pais e profissionais da saúde em relação ao risco de asfixia nas crianças que seguem o método BLW (Brown et al., 2017; Morison et al., 2016; Brown, 2017; D’Auria et al., 2018; Williams Erickson et al., 2018; Boswell et al., 2021). Assim, um estudo que compara o método BLW com o método tradicional em relação ao perigo de asfixia em bebês durante a introdução alimentar, destaca que é crucial diferenciar, inicialmente, episódios de engasgos e asfixia (Brown, 2017).
É necessário considerar que, o engasgo é uma reação normal e involuntária do organismo do lactente, que está em processo de introdução a alimentos sólidos e que não apresenta mais o reflexo de protrusão da língua. Em contrapartida, a asfixia é um risco grave que pode levar à morte (Brown, 2017). Entretanto, não há evidências na literatura que comprovem que, a abordagem do BLW eleve o potencial risco de asfixia em comparação ao método tradicional e ao método participativo (Brown et al., 2017; Morison et al., 2016; Brown, 2017; D’Auria et al., 2018; Williams Erickson et al., 2018; Boswell et al., 2021).Adicionalmente, foi demonstrado que o risco de engasgo foi o mesmo em todas as metodologias de introdução alimentar (Brown, 2017).
Pesquisas atuais que avaliaram as vantagens e desvantagens do BLW, apontam que a abordagem possibilita que o bebê tenha maior controle sobre seu apetite e responda melhor aos sinais de saciedade, fatores que auxiliam na diminuição do risco de sobrepeso e obesidade na infância. No entanto, os resultados obtidos nessas pesquisas podem ser contestados (Taylor et al., 2017; Martinón-Torres et al., 2021). Além disso, diversas condições devem ser consideradas para avaliar o risco de obesidade, como o aleitamento materno ou o uso de fórmula infantil, os alimentos oferecidos na alimentação complementar e o método de introdução alimentar utilizado (Martinón-Torres et al., 2021).
Um estudo que analisou o impacto do BLW na variedade e preferência dos alimentos em bebês, constatou que a metodologia é responsável por uma maior diversidade dietética. No entanto, não contribui para uma maior preferência por comidas saudáveis no final das contas (Morison et al., 2018). Outro estudo que avaliou a ingestão de alimentos infantis e nutrientes na abordagem BLW, indicou que não existiam indícios de diferenças no consumo de grupos alimentares entre crianças de 1 ano de idade, que praticavam a abordagem BLW em relação àquelas que utilizavam o método tradicional (Williams Erickson et al., 2018).
Ao comparar a ingestão de alimentos e nutrientes em bebês de 6 a 12 meses de vida no Reino Unido, o estudo constatou que não houve distinção entre o BLW e o método tradicional em relação à ingestão de energia. No entanto, as quantidades de energia dos macronutrientes presentes nos alimentos, assim como os tipos de alimentos ofertados, eram distintos (Alpers et al., 2019). Um trabalho que avaliou o consumo estimado de energia e nutrientes para bebês após a abordagem do BLW ou o método tradicional, verificou que as diferenças na energia estimada e no consumo de nutrientes estavam presentes no início do processo de introdução aos alimentos sólidos. Com o tempo de alimentação complementar, as crianças conquistaram a capacidade de comer em maiores proporções. Além disso, é necessário considerar que, essas diferenças eram mais constantes em bebês que não consumiam leite materno ou fórmula infantil de maneira complementar, o que é de extrema importância para garantir as quantidades adequadas de calorias e nutrientes essenciais (Rowan et al., 2022).
Um estudo examinou se o BLW está relacionado ao desenvolvimento da fala em lactentes durante a alimentação complementar. A pesquisa propôs que a metodologia está associada de forma significativa ao entendimento e à formação da linguagem, uma vez que o BLW potencializa as práticas alimentares do bebê juntamente com a família (Webber et al., 2021).
A qualidade nutricional dos alimentos ofertados às crianças durante a introdução alimentar, influencia diretamente a formação da microbiota intestinal. Consequentemente, um estudo que analisou os componentes dietéticos que afetam a microbiota fecal de lactentes que praticam o BLW e o método tradicional, revelou que os bebês que seguem o BLW consomem uma alimentação mais semelhante à dos adultos e, apresentam uma microbiota intestinal menos heterogênea aos 12 meses de idade em comparação com as crianças que adotam o método tradicional. No entanto, foi demonstrado que o menor consumo de frutas, legumes e alimentos ricos em fibras alimentares, é um dos fatores que interferem na diversidade das bactérias na microbiota fecal (Leong et al., 2018).
O entendimento dos pais em relação às técnicas de introdução alimentar, é crucial para dissipar as inseguranças acerca dos métodos de alimentação complementar. Em relação ao BLW, um estudo verificou que, apesar de os participantes da amostra estarem habituados à metodologia, alguns responsáveis demonstravam dúvidas sobre os riscos do BLW para os lactentes. Portanto, é fundamental que o nutricionista infantil esteja qualificado para esclarecer todos os questionamentos que possam surgir a respeito desse assunto (Martí-Solsona et al., 2020).
3.2 Introdução alimentar com o método tradicional
A abordagem de introdução alimentar tradicional é a principal tática empregada pelos pais na alimentação complementar, uma vez que é um método em que o responsável decide e controla quais alimentos serão oferecidos, suas porções e o tempo de duração das refeições da criança (Vieira et al., 2020). A técnica convencional consiste em oferecer alimentos ao bebê em consistência pastosa, utilizando uma colher e, ao longo dos meses, adequando a textura das refeições (Scarpatto e Forte, 2018; Vieira et al., 2020). Esse processo deve ocorrer até que o lactente complete um ano de idade, momento em que deverá iniciar o consumo de alimentos em sua textura natural, assim como toda a família (Pizzatto et al., 2020; Scarpatto e Forte, 2018).
Um estudo transversal realizado com crianças de 6 a 8 meses de idade, demonstrou que o consumo médio de ferro, zinco, vitamina B12, vitamina C, fibras alimentares e cálcio foi maior em bebês com o método tradicional em comparação com o BLW. No entanto, não foram identificadas distinções na ingestão média de energia, açúcar ou sódio entre as duas abordagens (Morison et al., 2016).
Ao comparar a periodicidade do risco de asfixia em lactentes que já haviam engasgado, uma pesquisa constatou que a metodologia tradicional foi associada a maiores eventos de asfixia em alimentos com formatos de bastões, tiras e pastosos considerados irregulares. Analisando os alimentos em formato de bastões e tiras, é justificável que crianças que seguem o método tradicional não consigam manusear alimentos sólidos na boca, visto que consomem exclusivamente comidas pastosas. Em relação aos alimentos considerados irregulares, a dieta dos bebês apresentava purês com pedaços desiguais de comida. Essa característica pode elevar o risco de asfixia, uma vez que os lactentes podem não saber se estão ingerindo um alimento líquido pronto para ser engolido ou um alimento sólido que necessita ser mastigado (Brown et al., 2018).
Um estudo examinou o impacto do método de introdução de alimentos complementares no crescimento de crianças e, não verificou distinções consideráveis de peso ou IMC entre bebês com abordagem tradicional ou BLW. No entanto, observou que lactentes que consumiam os alimentos através da metodologia tradicional, eram expressivamente mais altos em comparação àqueles que faziam a ingestão dos alimentos com o BLW. Crianças que adotam a metodologia tradicional, são mais predispostas a consumir farinhas infantis enriquecidas com ferro, em relação a bebês com abordagem BLW; essa característica contribui para o crescimento e ganho de peso do lactente. Consequentemente, a elevada ingestão de proteínas presentes em farinhas, cereais e fórmulas infantis, está relacionada a um ganho de peso e crescimento velozes durante o desenvolvimento da criança, fatores que podem representar risco para sobrepeso e obesidade em outras fases da vida (Jones et al., 2020).
3.3. Introdução alimentar com o método participativo
A estratégia de alimentação complementar com o método participativo é uma técnica bastante empregada; entretanto, é pouco comentada, resultando em uma escassez de informações sobre essa abordagem. O método participativo consiste em uma combinação ou adaptação das metodologias tradicional e BLW, permitindo que os alimentos oferecidos à criança estejam tanto em formatos de bastões e tiras, para serem consumidos com as mãos, quanto em consistência de purês e papas, para serem ingeridos com uma colher (Morison et al., 2016).
O pouco que se encontra na literatura sobre este método, equivale, na verdade, a uma estratégia de “BLW parcial” ou “BLW mista”, sendo o termo “método participativo” bastante utilizado nas redes sociais e em blogs da internet. Portanto, a avaliação e a constatação dos benefícios e riscos associados a essa abordagem, não podem ser realizadas de maneira adequada, considerando que não existem dados suficientes na literatura para a produção de uma revisão.
4. CONCLUSÃO
Mediante a este presente artigo de revisão bibliográfica, verificou-se as definições das técnicas de introdução alimentar encontradas na literatura, destacando as propriedades de cada método estudado. Desta maneira, constatou-se que a abordagem BLW apresenta inúmeros benefícios para o desenvolvimento e saúde da criança, e que os riscos relacionados à metodologia podem ser contestados levando em conta todos os aspectos envolvendo a alimentação do bebê. Além disso, este trabalho comprovou que o método tradicional assegura o crescimento e consumo de nutrientes adequados, e que diversos fatores devem ser analisados para evidenciar os riscos associados à abordagem.
Em relação ao método participativo, estudos e pesquisas específicas ainda não são suficientes para evidenciar os possíveis benefícios e riscos associados a esta metodologia. Portanto, é fundamental que sejam elaborados mais estudos randomizados referentes às abordagens utilizadas para a alimentação complementar, especialmente acerca do método participativo, permitindo assim que sejam analisados os aspectos desta metodologia e consequentemente seus benefícios e riscos.
REFERÊNCIAS
ALPERS, B.; BLACKWELL, V.; CLEGG, M. E. Standard v. Baby-led complementary feeding: a comparison of food and nutrient intakes in 6–12-month-old infants in the UK. Public Health Nutrition, v. 22, n. 15, p. 2813–2822, 2019.
ARANTES A.L.A. e; NEVES, F.S.; CAMPOS, A.A.L.; PEREIRA, M. The baby-led weaning method (BLW) in the context of complementary feeding: a review. Revista Paulista de Pediatria [Internet]. Revista Paulista de Pediatria, v. 36, n. 3, p. 353–363, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6202902/. Acesso em: 7 de jun. 2020.
AZEVEDO, P. T. Á. C. de; CAMINHA, M. de F. C.; CRUZ, R. de S. B. L. C.; SILVA, S. L. da; PAULA, W. K. A. S. de; BATISTA FILHO, M. Estado nutricional de crianças em amamentação exclusiva prolongada no Estado de Pernambuco. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 22, 2019.
BOSWELL, N. Complementary Feeding Methods—A Review of the Benefits and Risks. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 13, p. 7165, 2021.
BROWN, A. No difference in self-reported frequency of choking between infants introduced to solid foods using a baby-led weaning or traditional spoon-feeding approach. Journal of Human Nutrition and Dietetics, v. 31, n. 4, p. 496–504, 2017. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jhn.12467.
BROWN, A.; JONES, S. W.; ROWAN, H. Baby-Led Weaning: The Evidence to Date. Current Nutrition Reports, v. 6, n. 2, p. 148–156, 2017.
CIENTÍFI, D; RESENDE, V.;WEFF, S.;HÉLCIO DE SOUSA, S.; CONSELHO, M.; CO, C.; et al. A alimentação complementar e o método BLW (Baby-Led Weaning) [Internet]. 2017 May. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19491c-GP_-_AlimCompl_-_Metodo_BLW.pdf.
D’AURIA, E. et al. Baby-led weaning: what a systematic review of the literature adds on. Italian Journal of Pediatrics, v. 44, n. 1, 2018. Disponível em: https://ijponline.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13052-018-0433-5.
DANIELS L, Taylor RW, Williams SM, Gibson RS, Fleming EA, Wheeler BJ, et al. Impact of a modified version of baby-led weaning on iron intake and status: a randomised controlled trial. BMJ Open. 2018 Jun;8(6):e019036.
GOMEZ, M. S.; NOVAES, A. P. T.; DA SILVA, J. P.; GUERRA, L. M.; POSSOBON, R. de F. Baby-led weaning, an overview of the new approach to food introduction: integrative literature review. Revista Paulista de Pediatria, v. 38, 13 jan. 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6958549/. Acesso em: 18 maio 2021.
JONES, S. W.; LEE, M.; BROWN, A. Spoonfeeding is associated with increased infant weight but only amongst formula‐fed infants. Maternal & Child Nutrition, v. 16, n. 3, 2020.
LEONG, C. et al. Mediation Analysis as a Means of Identifying Dietary Components That Differentially Affect the Fecal Microbiota of Infants Weaned by Modified Baby-Led and Traditional Approaches. Applied and Environmental Microbiology, v. 84, n. 18, 2018.
LOPES, W.C.; MARQUES, F.K.S.; OLIVEIRA, C.F de.; RODRIGUES, J.A.; SILVEIRA, M.F.; CALDEIRA, A.P., et al. Alimentação de crianças nos primeiros dois anos de vida. Revista Paulista de Pediatria [Internet]., v. 36, n. 2, p. 164–170, jun. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rpp/v36n2/0103-0582-rpp-36-02-164.pdf. Acesso em: 3 nov. 2020.
MARTINÓN-TORRES, N. et al. Baby-Led Weaning: What Role Does It Play in Obesity Risk during the First Years? A Systematic Review. Nutrients, v. 13, n. 3, p. 1009, 2021.
MARTÍ-SOLSONA, E. et al. Parents’ Perception of the Complementary Baby-Led Weaning Feeding Method: A Validation Study. Nursing Reports, v. 10, n. 2, p. 115–123, 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos [Internet]. 2019. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf. Acesso em: 24 out. 2024.
MORISON, B. J. et al. Impact of a Modified Version of Baby-Led Weaning on Dietary Variety and Food Preferences in Infants. Nutrients, v. 10, n. 8, p. 1092, 2018.
MORISON, B. J.; TAYLOR, R. W.; HASZARD, J. J.; SCHRAMM, C. J.; WILLIAMS ERICKSON, L.; FANGUPO, L. J.; et al. How different are baby-led weaning and conventional complementary feeding? A cross-sectional study of infants aged 6–8 months. BMJ Open, v. 6, n. 5, e010665, 2016. Disponível em: https://bmjopen.bmj.com/content/6/5/e010665.
NEVES, F. S.; ROMANO, B. M.; CAMPOS, A. A. L.; PAVAM, C. A.; OLIVEIRA, R. M. S.; CÂNDIDO, A. P. C.; et al. Percepções de profissionais de saúde brasileiros acerca da prática do método Baby-Led Weaning (BLW) para alimentação complementar: um estudo exploratório. Revista Paulista de Pediatria [Internet], v. 40, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rpp/a/xz9fKW5MjbWymb36TBDq8Zr/?lang=pt.
PIZZATTO, P.; DALABONA, C. C.; CORREA, M. L.; NEUMANN, N. A.; CESAR, J. A. Maternal knowledge on infant feeding in São Luís, Maranhão, Brazil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/ZGMzxjV5tp8frrjQgQqK6Rf/.
ROWAN, H.; LEE, M.; BROWN, A. Estimated energy and nutrient intake for infants following baby‐led and traditional weaning approaches. Journal of Human Nutrition and Dietetics, 2022.
SALDAN, P. C.; VENANCIO, S. I.; SALDIVA, S. R. D. M.; VIEIRA, D. G.; MELLO, D. F. de. Consumo de leites em menores de um ano de idade e variáveis associadas ao consumo de leite não materno. Revista Paulista de Pediatria, v. 35, n. 4, p. 407–414, dez. 2017.
SCARPATTO, C. H.; FORTE, G. C. Introdução alimentar convencional versus introdução alimentar com baby-led weaning (BLW): Revisão da literatura. Clinical & Biomedical Research, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/83278.
TAYLOR, R. W. et al. Effect of a Baby-Led Approach to Complementary Feeding on Infant Growth and Overweight. JAMA Pediatrics, v. 171, n. 9, p. 838, 2017.
VIEIRA, V. L.; VANICOLLI, B. A. L.; RAPLEY, G. Comparação entre práticas relatadas da abordagem do baby-led weaning e a tradicional para a realização da alimentação complementar. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde [Internet], v. 15, n. 0, p. 46047, 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/view/46047.
WEBBER, C. et al. An infant‐led approach to complementary feeding is positively associated with language development. Maternal & Child Nutrition, v. 17, n. 4, 2021.
WILLIAMS ERICKSON, L. et al. Impact of a Modified Version of Baby-Led Weaning on Infant Food and Nutrient Intakes: The BLISS Randomized Controlled Trial. Nutrients, v. 10, n. 6, p. 740, 2018. Disponível em: https://www.mdpi.com/2072-6643/10/6/740.
FOOD INTRODUCTION TECHNIQUES: METHODS, BENEFITS AND RISKS
1 Bacharel em Nutrição pela Universidade Salvador- Unifacs
2 Bacharel em Nutrição pela Universidade Paulista – UNIP
3 Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Lavras – UFLA
4 Bacharel em Nutrição pela Universidade Veiga de Almeida – UVA
5 Bacharel em Nutrição pelo Centro Universitário Maurício de Nassau – UNINASSAU
6 Bacharel em Nutrição pelo Centro Universitário Facex – UNIFACEX
7 CEUB- Centro de ensino unificado de Brasília
8 Bacharel em Nutrição pelo Centro Universitário da Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU