REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202509062333
Edinael Marciano1; Daniela Kuromoto Nagai2; Eduarda Pribbnow da Cruz3; Edna Maria da Silva de Quadros4; Benedita Galvão dos Santos5; Michele Kessler Xavier6; Sandra Correa Feliciano7; Sylvane Morking8; Thaiani Gabriele Fukner9
RESUMO
Apresenta-se neste artigo uma vivência prática de orientação em amamentação com o e desenvolvimento de uma técnica para apoio à amamentação desenvolvida a partir de urgências puerperais, devido intercorrências com ingurgitamentos mamários no pós- parto imediato. Frente a importância da amamentação surgiu a necessidade de orientação a mulheres, para melhor desenvoltura no ato de amamentar. As orientações podem ser realizadas em encontros com gestantes no período do pré-natal, em educação em saúde, pós-parto imediato e tardio. Aos profissionais da assistência em saúde da mulher em treinamentos e ou oficinas de divulgação da inovação de manejo clinico, e familiares no apoio a ajuda as puérperas. A intervenção do uso da técnica do cotovelo, colabora no manejo clinico devido à dificuldade que essas puérperas apresentam no momento de amamentar. Dificuldade sendo mais comum a pega incorreta que o recém-nascido apresenta, e que se deva apresentar e manter uma efetiva e prazerosa pega correta na amamentação. Neste contexto, pontua-se a importância de condução de questões relativas à privacidade e pudor da mulher com o ato de amamentação sendo realizado por profissional da saúde do sexo masculino, tendo a técnica como aporte para o atendimento sem gerar desconforto para a gestante, parturiente e puérpera. O esperado é que uma criança amamentando corretamente cresça e desenvolva naturalmente com ganho adequado de peso e receba leite exclusivo nos primeiros seis meses de vida. E a mulher se sinta mãe em sua plenitude amamentando seu bebe.
Palavras-chave: Técnica, Cotovelo, Orientação, Amamentação.
ABSTRACT
This article presents a practical experience of breastfeeding guidance with the development of a breastfeeding support technique developed from puerperal emergencies, due to complications with breast engorgement in the immediate postpartum period. Given the importance of breastfeeding, there was a need for guidance for women, so that they can better develop the act of breastfeeding. Guidance can be provided in meetings with pregnant women during the prenatal period, in health education, and in the immediate and late postpartum period. It can be provided to women’s health care professionals in training and/or workshops to disseminate clinical management innovation, and family members in supporting and helping puerperal women. The intervention of using the elbow technique contributes to clinical management due to the difficulty that these puerperal women have when breastfeeding. The most common difficulty is the incorrect latch that the newborn presents, and an effective and pleasant correct latch must be presented and maintained during breastfeeding. In this context, it is important to highlight the importance of addressing issues related to women’s privacy and modesty, with breastfeeding being performed by a male health professional, using the technique as a support for care without causing discomfort to the pregnant woman, parturient and puerperal woman. The expectation is that a child who is breastfed correctly will grow and develop naturally, with adequate weight gain and will receive exclusive milk in the first six months of life. And the woman will feel like a mother in her fullness when breastfeeding her baby.
Keywords: Technique, Elbow, Guidance, Breastfeeding
INTRODUÇÃO
No início eu ainda não percebia a importância de auxiliar as parturientes com dificuldades em amamentar. Observava que eram inúmeras pacientes que solicitavam ajuda da enfermagem ao manejo em amamentação. Com isso procurei me preparar com informações, através de curso, participação mensal em treinamentos para estar mais seguro na ajuda quando necessário.
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras formas de alimentar a criança pequena, e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e internacionais, as prevalências de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, estão bastante aquém das recomendadas, e o profissional de saúde tem papel fundamental na reversão desse quadro. Mas para isso ele precisa estar preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem-sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros. Esse olhar necessariamente deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de amamentar, valorizando- a, escutando-a e empoeirando-a. Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância de adotar práticas saudáveis de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para prestar assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada mulher, e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças (CASTRO; ARAÚJO, 2006).
Apesar de a maioria dos profissionais de saúde considerar-se favorável ao aleitamento materno, muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido às discrepâncias entre percepções do que é apoio na amamentação. As mães que estão amamentando querem suporte ativo (inclusive emocional), bem como informações precisas, para se sentirem confiantes, mas o suporte oferecido pelos profissionais costuma ser mais passivo e reativo. Se o profissional de saúde realmente quer apoiar o aleitamento materno, ele precisa entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele.
No ano de 1996 iniciei a participação em treinamentos mensais no Programa de Aleitamento Materno PROAMA. Este programa foi “pioneiro” na capital Curitiba, que o objetivo era realizar treinamento as equipes nas unidades de saúde, bem como realizar encontros mensais com discussão de temas importante no manejo clinico, para subdiar ensinamentos frente aos atendimentos as pacientes que os profissionais enfrentam no dia- dia nas unidades de saúde. Diante dessa formação continua e permanente se estimulava a equipe das unidades de saúde, a captação de doadoras de leite humano para abastecimento ao posto de coleta de leite humano que em algumas unidades de Curitiba teve a implantação. Com isso favorecia o abastecimento dos Bancos de leite da cidade de Curitiba.
Nessa unidade de saúde havia implantado na época, posto de coleta de leite humano para captação de doadoras de leite e envio do leite doado ao banco de leite de referência. Havia encontros mensais no Proama, (Programa de amamentação) encontros de profissionais para apoio e instrumentalização ao manejo clinico frente as dificuldades encontradas na assistência de enfermagem as gestantes, puérperas e famílias no que se referia ao ato de amamentar. Nesse momento percebi a relevância de participar e imbuir de conhecimentos para melhor assistir o público que experimenta essas ocorrências. Nessa experiência de educação permanente ao que engloba vários temas em amamentação esteve frente ao programa a Enfermeira Selma Campestrini, referência em amamentação e criadora do protótipo “Seio Cobaia” no ano de 1991, material usado ainda hoje na educação em saúde nas unidades de saúde de Curitiba. Entre os anos de 1998 a 2000 fui aperfeiçoando meus atendimentos as pacientes frente as intercorrências em amamentação. Com isso também propiciou melhor números de captação de doadoras de leite ao posto de coleta. A medida que desenvolvia o meu trabalho na assistência como enfermeiro em amamentação, fui convidado a participar em curso de formação como instrutor dos momentos pratico de 4 horas em hospital para validar a formação do curso que era 24 horas no total. No ano 2002 trabalhava a noite em uma maternidade como enfermeiro supervisor e observa-se também muitas intercorrências em amamentação principalmente os casos de puérperas em estado de ingurgitamento mamário. Frente essas situações nasceu a Técnica do Cotovelo para apoio a Amamentação.
Segundo Klaus et al (2000), o recém-nascido depende totalmente dos pais para seu desenvolvimento e sua sobrevivência. Por isso que neste período é muito importante uma elaboração de um vínculo entre pais e bebês. O vínculo pode ser definido como um elo entre os pais e a criança, enquanto que o termo apego refere-se ao elo da criança com os pais, mas ambos os termos descrevem o processo do vínculo. A amamentação é uma ligação muito forte entre mãe e filho. É um contato intimo de pele a pele e olhos nos olhos, que possibilita a dupla sentir um enorme prazer neste ato, um amor que aumenta a cada mamada e se constrói em uma base firme vinculando pra sempre mãe e filho. Esse ato traz inúmeras vantagens do ponto de vista emocional. É uma interação rica entre mãe e filho que proporciona uma mútua satisfação, suprindo o vazio e a ruptura do pós-parto: “Há estudos que mostram que, quando o bebê lambe o seio ou massageia, a liberação do hormônio Ocitocina provoca na mãe sonolência leve, euforia, aumento de tolerância à dor e “aumento do amor” pelo filho” (FALCETO, 2006, p. 61). De acordo com Klaus et al (2000), o inicio da formação do vínculo entre pais e bebês que começam durante a gravidez. A construção deste processo é influenciada pelos sentimentos dos pais em relação a essa gravidez e qualquer alteração que possa ocorrer durante essa fase virá retardar o vínculo entre os pais e bebês. Quando ocorre tudo bem nesse período, fortalece gradualmente os laços entre pais e bebês. Dessa forma, de acordo com o autor citado acima a vinculação materna é um processo gradual de envolvimento de determinadas competências por parte do bebê, pelo que o bebê participa na ligação afetiva que a mãe vai ter com ele. O mesmo será dizer que o comportamento do bebê interfere na vinculação materna que por isso não é um processo unidirecional. Segundo Bertoldo e Santos (2008), os neurofisiologistas concluíram que os elevados níveis de ocitocina liberados acompanhado com a prolactina colaboram para o aumento do amor materno e essas ações comportamentais desses hormônios sugerem que a amamentação facilita a relação mãe e filho, promovendo o vínculo afetivo, contribuindo assim nesse período um aumento do prazer e da felicidade da mãe
DESENVOLVIMENTO
“TÉCNICA DO COTOVELO PARA APOIO A AMAMENTAÇÃO”. UMA EXPERIÊNCIA NA PRÁTICA. ALEITAMENTO MATERNO
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras formas de alimentar a criança pequena, e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e internacionais, as prevalências de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, estão bastante aquém das recomendadas, e o profissional de saúde tem papel fundamental na reversão desse quadro. Mas para isso ele precisa estar preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem-sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros. Esse olhar necessariamente deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de amamentar, valorizando- a, escutando-a e empoeirando-a. Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância de adotar práticas saudáveis de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para prestar assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada mulher, e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças (CASTRO; ARAÚJO, 2006).
Lana (2001) descreve que nos primeiros momentos após o parto acontecem níveis muito altos de ocitocina durante as mamadas. Este momento é chamado período sensitivo, pois é crítico para o estabelecimento do vínculo afetivo mãe e filho, e se não for aproveitado, este vínculo poderá não ser intenso. O período sensitivo é um momento que a mãe está mais disposta e ativa na interação com o bebê e as crianças que usufruem deste período de maior sensibilidade da mãe tem seu desenvolvimento e personalidade favorecidos. O contato mãe-filho neste período pode alterar o comportamento posterior da mãe com seu filho. Portanto o vínculo mãe e filho é um processo que deve ser iniciado logo após o parto o mais cedo possível. O autor citado acima, diz que mesmo se não tivesse o hormônio da ocitocina à amamentação determinaria por si só um vínculo muito maior do que o conseguido com a mamadeira, pois quando a criança mama ao seio ela tem um contato com a mãe mais prolongado, calorosos, aconchegantes e mais frequentes. O contato físico para o bebê é um estímulo agradável e possibilita lhe alcançar mais plenamente suas potencialidades, sendo uma necessidade biológica e vital. O vínculo quando é estabelecido é tão poderoso, que proporcionam as essas mães fazerem qualquer sacrifício pelos seus filhos. E isso é “Para o resto da vida, a força e a qualidade deste vínculo influenciarão a qualidade de todos os futuros vínculos que serão estabelecidos pela criança com outras pessoas” (LANA, 2001, p.54). Este contato que a amamentação proporciona é um momento de proximidade, um vínculo emocional que ajuda a criança a se desenvolver e se relacionar com outras pessoas. Os benefícios emocionais do leite materno são indubitáveis, pois o bebê que acaba de nascer não consegue sobreviver sem afeto, carinho e cuidados. (CARVALHO E TAMEZ, 2002). É na amamentação que esse afeto, toque e carinho é maior, pois o bebê receberá da mãe um contato íntimo de aconchego e calor, os mesmos que sentia 15 15no útero da mãe, numa relação de continuidade, proporcionando a dupla mãe filho estreitar os laços de afetividade. O recémnascido durante as mamadas vivencia sensações bem parecidas de quando estava no útero de sua mãe, como as batidas do coração materno, o seu calor, o seu cheiro, prazer pelo contato com o seio materno, além de satisfazer sua fome: “A mãe capta a angústia do recém-nascido, dilui esse sentimento e devolve o bem-estar ao recém-nascido. É graças a esse processo que uma mãe consegue fazer cessar o choro de seu recém-nascido após tentativas fracassadas de outras pessoas” (BORTOLLETI ET AL, 2008, p. 366). A amamentação fortalece o vínculo mãe e filho, pois é através dela que “… nutrem-se seres em seus primeiros estágios de desenvolvimento e solidificam-se relações interpessoais, formando vínculos e condições que facilitam a sobrevivência e a caminhada em direção à maturidade” (COUTINHO E TERUYA, 2006, p. 5). Além disso, é uma maior interação entre mãe e filho, pois o contato de pele após o parto e durante a amamentação exclusiva favorece o desenvolvimento do apego e reduz o índice de rejeição e abandono. As crianças privilegiadas por este contato precoce com suas mães após o parto são mais tranquilas, menos ansiosas e sofrem menos estresse causado pela separação do corpo materno: A maior recompensa (…) da amamentação é o contato íntimo, frequente e prolongado entre mãe e filho, que, além de ser por si só muito gratificante para ambos, resulta num estreito e forte laço de união entre eles. A consequente maior ligação mãe- filho na amamentação possibilita melhor compreensão das necessidades do bebê, facilitando o desempenho maternal. Além disto, a amamentação ajuda a transição gradual de bebê dentro e fora da barriga, importante para o bebê e para a mãe (LANA, 2001, p. 143). De acordo com Pryor (1981) a união da dupla na amamentação é concedida através do afeto mútuo. Quando esta união é estabelecida, torna-se difícil desfazê-la e tanto a mãe quanto o bebê necessitam um do outro tanto física quanto emocionalmente. A criança tem uma necessidade física de leite, mas a
O ato de amamentar é um ato natural que todas as puérperas vivenciam após o nascimento do recém-nascido, mas muitas delas têm intercorrências e apresentam dificuldades de estabelecer esse ato natural. O processo da amamentação, embora aparente simplicidade e automatismo fisiológico singular, requer um complexo conjunto de condições interacionais no contexto social da mulher e seu filho (SILVA,1997a).
A alimentação da criança, nos primeiros anos de vida, tem repercussões ao longo do desenvolvimento do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2000), todas as crianças devem receber exclusivamente leite materno até os seis meses de idade; a amamentação deve ser mantida por, pelo menos, dois anos; e apenas a partir dos seis meses de nascidas, o leite materno deve ser complementado. Ainda corroborando a OMS (2000), o Aleitamento materno é exclusivo quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos. Aleitamento materno predominante é quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas. As repercussões do aleitamento materno exclusivo em crianças com baixo peso ao nascer e outros. Já o Aleitamento complementado é quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido, com a finalidade de complementá-lo e não de substituí-lo. E o Aleitamento misto ou parcial é quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. No Brasil, as taxas de amamentação são baixas, em especial a do aleitamento materno exclusivo. No entanto, os inquéritos nacionais indicam uma tendência ascendente. Segundo Bercini et al (2007), a duração mediana da amamentação era de 2,5 meses em 1973/74, e de sete meses em 1996. O último inquérito nacional, realizado em 1999, nas capitais brasileiras, confirmou essa tendência, mostrando a duração mediana de amamentação de dez meses. A mediana da duração do aleitamento materno exclusivo, porém, é de apenas 23 dias.
Com a vivência em maternidade observei também que frente aos atendimentos nas dificuldades em amamentação muitas das mulheres queriam amamentar e buscavam ajuda devido aos ingurgitamentos que se davam após apojadura. Com isso necessitava também de instrumentalizar o cuidador ou a cuidadora dessas puérperas para dar continuidade nas horas subsequente no domicilio após atendimentos. Mesmo ensinando os cuidadores de como realizar os cuidados e explicando com o uso da técnica do cotovelo, percebia que as pacientes retornavam no próximo plantão para que eu realizasse novamente o esgotamento das mamas.
Diziam elas que o meu atendimento frente ao ingurgitamento era mais eficaz na ação de ordenha nas mamas. Segundo POMPIDOU (1988), a informação não garante a ação em relação ao objeto, pois a informação não significa necessariamente conhecimento; tomar ciência não significa tomar medidas e a decisão em tomar medidas não significa necessariamente realizar a ação. Nesse momento na sala de procedimento da maternidade, realizava acolhimento da puérpera e realizava antes orientações com o uso do cotovelo como se daria as massagens na mamas e mamilos, e no segundo momento estimular o bebe na pega. Ao observar essas orientações previas de como iria realizar o procedimento, uma técnica de enfermagem achou criativo e batizou a ação como “Então agora é técnica do cotovelo”. Com o surgimento dessa técnica, e de como abordar mulheres nesse momento de intercorrência em amamentação, observa-se que a ação é menos invasiva devido eu ser do sexo masculino e que tenho de expor a parturiente e manipular as mamas em estado de ingurgitamento. Após vivenciar essas experiências com uso do cotovelo, como ponto de partida nas orientações, iniciei a divulgação da técnica entre os membros da equipe. Observou-se aceitação por parte dos membros da equipe e a comunidade de profissionais que atuam em amamentação sendo uma técnica criativa e fácil entendimento pelo profissional que vai usá-la, bem como a mulher que vai recebê-la
A medida que fui desenvolvendo o uso da prática desta técnica de abordagem, divide a autoria com mais uma colega enfermeira, pois a mesma percebeu uma inovação e criatividade do uso da técnica e também desenvolvemos também o “ teste de Marciano” na avaliação da pega adequada no mamilo para ejeção do leite no momento da mamada. (MARCIANO ET MACEDO ,2002).
Na prática em assistência as intercorrências nos primeiros pós nascimentos dos bebes, observei, que o que mais havia de dificuldades eram, ingurgitamento mamário, fissuras mamilares, mamilos umbilicados dentre outros. Mas as dificuldades maiores eram o ingurgitamento mamário devido ao peso da mamas, dor e dificuldade do recém- nascido sugar. O ingurgitamento mamário patológico ocorre pela congestão e obstrução do sistema de drenagem linfática das mamas, aumentando assim a vascularização e acúmulo de leite nas glândulas mamárias, evoluindo para o edema, vermelhidão, dor e calor, ocasionando mal-estar e ás vezes febre (não muito alta) na mãe. Ocorre geralmente na primeira semana pós o nascimento do bebê, na maioria das vezes é ocasionado pelo mal esvaziamento da mama feito pelo bebê, que pode ocorrer pela pega inadequada, mamadas infrequentes, controle do tempo de sucção, mamadas em horas pré- determinadas, uso de bicos artificiais, suplementação desnecessária, ou ainda pelo início tardio da amamentação. (GRAZI BRUNA, 2025).
Importante salientar a estrutura da anatomia mamaria, pois sendo ela objeto de uso de minha autoria e que realizo essa correção com o cotovelo favorece a explicação seja para que for direcionada a orientação.
A mama é formada em parte por tecido glandular e em parte por tecido conjuntivo e gordura. O tecido glandular produz o leite que posteriormente é conduzido ao mamilo através de pequenos canais ou dutos. Antes de atingir o mamilo, os dutos se tornam mais largos e formam os seios lactíferos, nos quais o leite é armazenado. Aproximadamente 10-20 dutos muito finos ligam os seios lactíferos ao exterior através da ponta do mamilo. O mamilo é muito sensível pois possui várias terminações nervosas. Isso é um importante fator para o desencadeamento dos reflexos que auxiliam a “descida” do leite. Ao redor do mamilo há um círculo de pele mais escura chamado de aréola. Na aréola há pequenas elevações. São glândulas que produzem um líquido oleoso. Esse líquido ajuda a manter a pele do mamilo macia e em boas condições. Logo abaixo da aréola estão os seios lactíferos.
METODOLOGIA
Na apresentação dessa nova abordagem apresentada aos colegas de profissão, enfermeiros e técnicos de enfermagem, a Técnica do Cotovelo para apoio a Amamentação foi recebida com entusiasmo, criatividade e praticidade em sua aplicação e execução. Em 2002 foi apresentada em um Encontro de Saúde Coletiva na Cidade de Curitiba e recebeu premiação pela inovação. Ao atuar em outro estado realizei treinamento aos agentes comunitários e apresentei a eles, e realizamos momentos práticos a essa nova abordagem. Nos anos subsequentes foi apresentada em Works shop em oficinas de trabalho na Semana de Enfermagem. Em 2008 foi apresentada no congresso de Saúde da Família em Brasília-DF. Ainda hoje sou convidado para apresentar o relato de experiência como palestrante na semana de enfermagem em escola que ministram o curso de técnico de enfermagem. A apresentação do uso do cotovelo como orientação, faz-se uma correlação mama cotovelo, pois o bico se refere a pele na junção do braço em dobra. A aréola e mama se mostra pelo o volume do cotovelo da pessoa que está sendo orientada no cotovelo.
A figura nº 01 a representação da mama: aréola, bico e mama, e a figura nº 2 o uso do braço em flexão representando a anatomia dos segmentos descrito para uso do cotovelo. Relação mama- cotovelo Fonte: Marciano, Macedo ,2002
O uso da mão em concha ajuda a ensinar sobre como realizar a expressão mamilar favorecendo melhor descida do leite e melhor ejeção na boca do bebê pois a criança não cansa de sugar devido à contra força que a mãe exerce usando a mão em concha.
Explicar desde a ponta do cotovelo sobre o leite produzido e como o recém- nascido se beneficia à medida que ocorra o tempo de mamada adequado. Informo sobre o leite da sede nos minutos iniciais de mamada, leite da vitamina no meio da mama, e o leite da gordura no final da mama que é só o bebe que consegue extrair pelo tempo de mamada para ganho de peso. Após realizar essas condutas em atender mães com recém-nascidos que não ganha peso adequadamente, realizo controle de ganho de peso a cada 3 dias deve retornar, para avaliar melhor desempenho do recém-nascido e ganho ponderal quilogramas/dia.
Sobre o teste de Marciano é a execução simulada de preensão com os dedos na ponta do cotovelo, se firme ao fazer, o teste na avaliação pode ser positivo, significa pega correta, e ou se fraca quando a pega é ineficaz ou negativa. (MARCIANO ET MACEDO,2002)
Na sequência a seguir a execução da técnica de realização do teste de Marciano. Roteiro metodológico: figura nº3, lavar as mãos. Figura nº 4 sente próximo a pessoa que vai ser orientada. Figuras fonte: Marciano, Macedo ,2002


Na orientação sobre o uso do cotovelo para orientação as massagens nas mamas, temos a seguir as figuras abaixo como devemos realizar, a expressão mamilar para amolecimento do bico, propiciando melhor pega do recém-nascido. E a demonstração das massagens com movimentos circulares em ambas as mamas. Figuras Fonte: Marciano, Macedo, 2002
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao aplicar essa nova técnica de abordagem frente ao manejo clínico em amamentação observou-se melhor aceitação junto as pacientes sem exposição das mamas inicialmente, para logo execução da ordenha. A introdução dessa nova abordagem em amamentação foi introduzida com boa aceitação em grupos de educação em saúde no que refere ao tema dificuldades em amamentar. Clareza as mães que estão amamentando com uso da mão em concha usando cotovelo na explicação do leite quando o mesmo desce no período adequado do tempo de mamada.
Satisfação das mães quando realizam o retorno para reavaliação pós atendimentos e ganho de peso esperado. Casos que já realizei a retirada de leite artificial por ter restabelecida o curso natural de amamentar corretamente e com eficácia.
Diante dos inúmeros benefícios comprovados do aleitamento materno, considero que é importante para o desenvolvimento saudável das crianças, em especial daquelas que nascem com baixo peso. Nesse sentido, tal prática precisa ser fortalecida e incentivada por meio de orientações e apoio de profissionais de saúde, da família e da sociedade em geral.
As repercussões do aleitamento materno exclusivo em crianças com baixo peso ao nascer são relevantes por apresentarem dados que permitem comprovar benefícios e subsidiar estratégias de fortalecimento dos serviços de saúde na atenção prestada a mulheres, sejam elas gestantes ou lactantes. Por meio da análise do discurso, os resultados evidenciam a importância do aleitamento materno no tocante ao crescimento e desenvolvimento das crianças que nasceram com baixo peso. Com uso da técnica e a pratica da mão em concha que foi compartilhada pelas mães que foi aplicada a técnica do cotovelo, e após controle periódico de peso dos recém-nascido, observado o ganho ponderal quilograma/dia. As mães perceberam a melhor condição de saúde dos seus filhos, em alguns casos, relacionando essa condição ao aleitamento principalmente após a ajuda d e meu ensinamento para melhor pega e tempo de mamada. Além disso, foi possível verificar a importância dos profissionais de saúde, sobretudo da atenção básica e dos enfermeiros, no que se refere ao incentivo ao aleitamento materno, considerando o vínculo com as usuárias e a integralidade do cuidado em saúde. Esses resultados destacam, com isso, a necessidade de avançar nas estratégias de incentivo ao Amamentação na atenção básica, através da qualificação dos trabalhadores, para que sejam lançadas medidas de estímulo à amamentação, como, por exemplo, a criação de grupos de gestantes, e no sentido de sensibilizá-los e prepará-los para orientar, apoiar, divulgar e promover tal prática.
Sendo assim, o atendimento à mulher deve respeitar todo contexto que a envolve: sua cultura, suas experiências anteriores, seus anseios, seus reais desejos de amamentar ou não, seus conhecimentos/crenças acerca da amamentação. A abordagem metodológica, principalmente na consulta com enfermeiro, a qual pode facilitar a interação com a puérpera e sua família, o profissional minimiza os conflitos entre os saberes científicos e cultural, de uma maneira que direcione a promoção da amamentação satisfatória. O incentivo à participação das famílias no apoio à amamentação e durante a assistência ao pré-natal, parto e pós-parto também é fator fundamental para o aleitamento materno, além do acompanhamento das crianças e mães após a alta da maternidade e das visitas domiciliares, tanto dos Agentes Comunitários de Saúde quanto dos enfermeiros e médicos.
Prazeroso e fundamental a ação do trabalho da enfermagem frente as dificuldades em amamentar. Assistir o Trinômio mãe, filho e família com empatia, dedicação e paciência é humanizar a assistência prestada. Saber da importância também de estimular a captação da coleta de leite humano pois o leite após ser avaliado e validado ao recém-nascido que está em uti neonatal, é contribuir com a redução da mortalidade infantil do município de Curitiba.
REFERÊNCIAS
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TERUYA K, COUTINHO SB. Sobrevivência infantil e aleitamento materno. In: Rego JD, editor. Aleitamento materno. 2Ş ed. São Paulo: Atheneu; 2006.
1Graduado em 1988, pela Pontífice Universidade Católica do Pr, e.dive@hotmail.com
Enfermeiro e-mail: e.dive@hotmail.com
2Enfermeira, email: daniela.nagai@gmail.com
3Tecnica Enf.:eduarda.pribbnow@gmail.com
4Enfermeira:thainigabri@gmail.com
5Enfermeira:sandracfeliciano@gmail.com
6Enfermeira:sylvane_morking@gmail.com
7Enfermeira:edna_qdr@hotmail.com
8Enfermeira:bg.santos@outlook.com.br
9Enfermeira:mi.kessler@hotmail.com