TDAH EM ADULTOS – AVALIAÇÃO ASRS 18 COMO FERRAMENTA DE SINTOMAS PRIMÁRIOS

ADHD IN ADULTS – ASRS 18 ASSESSMENT AS A TOOL FOR PRIMARY SYMPTOMS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10218600


Adelice Pardinho de Souza Neta¹
Silvia Santos Reis²
Juliana Reis de Alcântara Barros³


RESUMO

A Escala Adult Self Report Scale (ASRS), foi desenvolvida no intuito de auxiliar o processo diagnóstico de TDAH em adultos. A escala em inglês foi adaptada para versão brasileira, após um longo estudo de adaptação transcultural do instrumento, chegando a uma equivalência satisfatória das versões. Este estudo teve por objetivo demonstrar os benefícios do acesso a escala para estudantes como avaliação dos sintomas primários de TDAH em adultos. Foi feita, inicialmente, uma revisão de literatura sobre o tema e, após, foi aplicado questionário em uma sala de aula. O pre- sente trabalho caracteriza-se como um estudo comparativo com abordagem quantitativa para fins exploratórios, na qual foi considerada a análise das respostas do questionário de opinião sobre a ferramenta ASRS – 18, aplicado nos alunos, após apresentação de uma aula sobre o instrumento. A aula foi realizada no dia 12 de setembro de 2023 e teve por objetivo apresentar a escala aos alunos e avaliar a opinião dos mesmos sobre a ferramenta apresentada. Foi aplicado um questionário contendo 3 questões, sem identificação dos participantes, com resposta, sim, não, indiferente. Esse resultado foi tabulado pelo programa Excel e o resultado gerado apresentado em formato de gráfico, presente na seção destinada a resultados e pesquisas. Com o resultado, foi possível concluir que nenhum entrevistado conhecia a ferramenta para o diagnóstico inicial de TDAH em adultos e os alunos caracterizaram de grande importância para o processo. Isso pode sinalizar que a escala ainda é pouco difundida entre alunos, sendo importante sistematizar a inclusão obrigatória na grade curricular da formação de profissionais de Psicologia, pois o reconhecimento das principais características e manifestações do transtorno em adultos para um tratamento adequado representa diferencial de qualidade de vida que convivem com o transtorno, muitas vezes desde a infância e sem terem recebido o atendimento necessário.

Palavras-Chave: Escala ASRS 18, TDAH adulto, Avaliação psicológica, instrumentos avaliativos em TDAH.

ABSTRACT

The Adult Self Report Scale (ASRS) was developed with the aim of assisting the di- agnostic process of ADHD in adults. The English scale was adapted for the Brazilian version, after a long study of cross-cultural adaptation of the instrument, reaching a satisfactory equivalence of the versions. This study aimed to demonstrate the bene- fits of access to the scale for students to assess the primary symptoms of ADHD in adults. Initially, a literature review was carried out on the topic and, afterwards, a questionnaire was administered in a classroom. The present work is characterized as a comparative study with a quantitative approach for exploratory purposes, which considered the analysis of the responses to the opinion questionnaire on the ASRS – 18 tool, applied to students, after presenting a class on the instrument. The class was held on September 12, 2023 and aimed to present the scale to students and evaluate their opinion about the tool presented. A questionnaire was applied containing 3 questions, without identification of the participants, with an answer of yes, no, indiffe- rent. This result was tabulated using the Excel program and the generated result pre- sented in graphic format, present in the section dedicated to results and research. With the result, it was possible to conclude that none of the interviewees knew the tool for the initial diagnosis of ADHD in adults and the students characterized it as being of great importance to the process. This may indicate that the scale is still not widespread among students, and it is important to systematize its mandatory inclusi- on in the curriculum for the training of Psychology professionals, as the recognition of the main characteristics and manifestations of the disorder in adults for adequate tre- atment represents a difference in the quality of who live with the disorder, often since childhood and without having received the necessary care.

Keywords: ASRS 18 Scale, adult ADHD, Psychological assessment, assessment instruments for ADHD.

1. INTRODUÇÃO

Desde os últimos 20 anos do século XX, o Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH), tem sido marcado por um defeito inibitório que afeta o desenvolvimento das funções executivas cerebrais.

Existe um debate científico, político, econômico e popular, na história do diagnóstico deste transtorno. Na maioria das vezes, agrupavam as patologias que desafiavam o conhecimento neurológico e psiquiátrico, mas que, por outro lado, permitiam fortale- cê-lo.

Pelas informações hoje disponíveis, sabe-se que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pode se manifestar desde a infância até a adolescência, principalmente na idade escolar. No entanto, muitas pessoas não percebem que este transtorno pode persistir na idade adulta. Desatenção, falta de organização, dificuldade em manter a concentração, inquietação e hiperatividade são apenas alguns dos sintomas típicos de adultos com TDAH.

O transtorno não está relacionado a fatores culturais ou conflitos psicológicos, mas a pequenas alterações nas áreas do lobo frontal do cérebro que inibem o comportamento e controlam a atenção. A avaliação precisa e precoce e o tratamento adequado podem ajudar muito a vida das pessoas nesse diagnóstico, o que melhora muito o relacionamento interpessoal com parceiros, familiares e amigos.

Os critérios mais comumente usados para diagnosticar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) estão listados no Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-V), 5ª Edição, com base em estudos de campo de crianças e adolescentes.

A Escala de Autoavaliação de Adultos (ASRS) foi desenvolvida para auxiliar a avaliação e foi elaborada a partir dos sintomas listados no DSM-V ao contexto da vida adulta. A escala foi desenvolvida com a Organização Mundial de Saúde (OMS) por um grupo que inclui psiquiatras e pesquisadores.

O diagnóstico correto e preciso do transtorno só pode ser feito por uma longa anamnese com uma equipe multiprofissional especializada, que vai investigar os sintomas que podem estar associados a outras comorbidades correlatas ao transtorno e outras condições clínicas e psicológicas. Porém, a escala pode ser um ponto de partida para levantamento de alguns possíveis sintomas primários e o encaminhamento aos profissionais adequados para essa investigação.

O instrumento citado pode favorecer o diálogo entre psicólogo e paciente, pois parte do problema é a dificuldade em diagnosticar, particularmente na faixa etária dos adultos, uma vez que estes chegam ao consultório da clínica com outras comorbidades, como, por exemplo: baixa autoestima crônica, depressão e ansiedade, devido a deficiências em muitas áreas de suas vidas, prejuízos no trabalho, profissional com menor produtividade do tempo, mais absentismo, mais acidentes de trabalho, mais despedimentos. Sendo que a causa é um TDAH não diagnosticado.

Existem muitas escalas e roteiros de entrevista potencialmente úteis para avaliar aspectos emocionais, cognitivos e psicopatológicos, mas no ensino superior de psicologia não existe a apresentação sistemática dessas ferramentas e como também não existe um repositório que disponibilize tais instrumentos para os profissionais e pesquisadores de saúde mental e essa limitação dificulta localizar instrumentos e conhecer suas características.

Desta forma, a pesquisa se faz importante, pois para compreender se uma vez com acesso à escala proposta os profissionais de psicologia em formação se sentiriam mais informados e seguros para a condução de um caso de TDAH. Como forma de implementação desse tipo de conteúdo dentro da grade curricular do curso de formação.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Caracterização e diagnóstico do TDAH

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) – é um distúrbio definido por Barkley (2017), basicamente, como a dificuldade de focalizar a atenção e concentração e a excessiva atividade motora. Caracteriza-se também pela impulsividade e hiperatividade de nível físico e mental.

Também assinala Barkley (2018) que o portador deste distúrbio têm uma dificuldade muito grande em concentrar-se em algo por um tempo mais extenso e essa desatenção é fator de extrema importância, pois não conseguir ter foco em nada leva. Em decorrência, o pode manifestar grande irritação: por mais que queira se concentrar em algo, não consegue, causando grande frustração e problemas no decorrer de toda a vida.

Sua mente funciona como um receptor de alta sensibilidade que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem avaliar as características do objeto gerador de estímulos. (Barkley, 2018).

Pereira (2009) afirma que a nomenclatura TDAH surgiu em 1994 com a publicação da versão Diagnostic Statistical Manual of Mental Disorder`s IV (DSM IV), editado pela American Psychiatric Association, sendo expandido dentro e fora dos contextos psiquiátricos e considerado “o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados.” (Abda, 2008, apud Pereira, 2009).

O TDAH é definido no DSM 5 com a divisão em dois itens. O primeiro corresponde à desatenção ou falta de concentração, composto por nove sintomas; o segundo corresponde à hiperatividade e à impulsividade, também com nove sintomas.

O indivíduo avaliado deve apresentar seis ou mais sintomas para ser diagnosticado com o transtorno e esses sintomas devem se prolongar por seis meses, afetando atividades sociais e acadêmicas ou o trabalho. Seis dos nove sintomas descri- tos no primeiro item, que se refere à desatenção e com o mínimo de sintomas necessários para ser considerado o distúrbio, se relacionam exclusivamente com o desempenho académico ou laboral. No segundo item, dois de nove sintomas se relacionam com a atividade escolar e/ou laboral.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, Quinta Edição – DSM- V -, coloca o TDAH como transtorno do neurodesenvolvimento, com a ressalva: “[…], mas os mesmos dados também ofereciam forte respaldo para colocá-lo junto aos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e de conduta”.

Na definição do TDAH, expressa:

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento. Hiperatividade- impulsividade implica atividade excessiva, inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou o nível de desenvolvimento. Na infância, o TDAH frequentemente se sobrepõe a transtornos em geral considerados “de externalização”, tais como o transtorno de oposição desafiante e o transtorno da conduta. O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional (DSM-V, 2014, p. 32)

Portanto, observa-se que uma parte importante dos sintomas que definem o transtorno se concentra principalmente no comportamento do indivíduo na escola ou no trabalho, sem atribuir maior importância à conduta que o indivíduo tem em outros âmbitos. Também não se considera, por exemplo, no caso de crianças, se mantêm a concentração quando jogam videogame, assistem televisão ou realizam atividades físicas.

Para além da multiplicidade de definições do TDAH, a que se apresenta de forma predominante na bibliografia é aquela que considera este transtorno a partir de um paradigma clínico (ou biomédico), ou seja, presume-se que é um quadro cujo substrato (ou etiologia) é biológico e, portanto, o diagnóstico diferencial deve estar alinhado com essa concepção (Dupaul; Stoner, 2014).

Com a finalidade de reafirmar essa colocação, Dupaul e Stoner (2014) assinalam, sobre o processo de identificação deste transtorno, que seu diagnóstico é clínico e nele se reconhecem características fenotípicas de conduta cujos sintomas centrais são derivados das dificuldades de atenção, controle de impulsos e hiperativida- de.

Outra perspectiva, citada por Dupaul e Stoner (2014) é que o TDAH pode ser compreendido a partir de uma perspectiva clínica que, por sua vez, possui três grandes dimensões: desatenção, hiperatividade e impulsividade, complementada por aspectos psicológicos e psicopedagógicos relevantes que definem um padrão persistente de hiperatividade e impulsividade mais severo do que os níveis considera- dos normais.

Isso implica em um desvio significativo da norma nestas três dimensões que acarretam dificuldades permanentes e que iniciam na infância, na adaptação social dos indivíduos e/ou em seu rendimento. (Dupaul; Stoner, 2014).

Conforme Cardoso (2011, p. 86) “o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade é uma condição crônica com início precoce e que pode persistir até a vida adulta”. Seu enfrentamento e atenção através de terapias e medicamentos é eficiente desde que se inicie assim que o distúrbio seja identificado.

Situação muito diversa é o caso do TDAH com base neurobiológica intrínseca e que se relaciona com problemas para adquirir e com problemas no desenvolvi- mento das funções cerebrais envolvidas no ato de aprender, pois tais indivíduos, por mais que se esforcem demonstram grandes limitações para aprender, “pois o seu nível de concentração (base para conseguir compreender e assimilar conteúdos) é simplesmente e perceptivelmente falho” (Cardoso, 2011, p. 87).

Latour (2000) propõe abrir horizontes (que chama de caixas-pretas) para que seja realizada uma investigação sociológica de conceitos científicos já aceitos pela sociedade e que sejam estáveis e comprovados. Assim, insere a possibilidade de estudos sobre o diagnóstico psiquiátrico deste distúrbio bem como o levantamento de questões sobre a legitimação dessa patologia, uma vez que está sendo debatida, comentada, referida e produzida (Pereira, 2009).

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e seus desdobramentos no meio científico e educacional é uma questão que atravessa inúmeras controvérsias, discursos e materialidades e que está em evidência em discussões e debates entre os séculos XX e XXI (observando o fato de que nessa época existe a problematização da ciência enquanto saber imparcial, objetivo e generalizável (Ferreira e Moscheta, 2019).

Para Ferreira e Moscheta (2019), construir uma realidade acerca do TDAH implica considerar que não é único, não existe uma única descrição assertiva sobre o transtorno capaz de descrevê-lo completamente, mas sim múltiplas versões relacionadas ou não, pois para desenvolver uma realidade acerca daquele, faz-se necessário mobilizar política, discursos, laboratórios, instituições, textos científicos (Mora- es, 2001/2002, apud Ferreira e Moscheta, 2019).

Segundo o filósofo da ciência Hacking (2007; Brzozowski & Caponi, 2009), no mundo atual as ações individuais são categorizadas e têm efeitos específicos. É as- sim que o molde é criado. Uma comissão ou comitê formado por pessoas com o mesmo problema é responsável por verificar sua existência. Use-se as experiências desse tipo de pessoa para justificá-las (o primeiro método é através da classificação).

Para os adultos, a história do transtorno remonta a 1980. Alguns autores vinculam a história do transtorno ao desenvolvimento de medicamentos, à indústria farmacêutica e ao comércio, assim como outros o associavam ao desenvolvimento de tecnologias de imagem cerebral e à neurologia; outros ainda, cientistas sociais, ligam a história desete à evolução tecnológica, ao excesso de informação, à velocidade da informação à perda de autoridade familiar, às identidades descartáveis, o que as leva a problematizar a existência patológica ou não o TDAH (Caliman, 2010).

Segundo o mesmo livreto, este distúrbio tem historicamente recebido muitos nomes, incluindo trauma. Atividade cerebral mínima, síndrome de hipercinesia e disfunção cerebral mínima, cada uma descrita por seus novos nomes. Avanços científicos na detecção de falhas; O diagnóstico é clínico, mas não existe exame ou tipo de exame. Laboratórios ou imagens que podem apenas levar a um diagnóstico, pois muitas vezes exigem uma equipe, múltiplas disciplinas usando uma abordagem multi avaliação (Projeto Prois, 2021).

Para Caliman (2010), existem muitas histórias diferentes sobre o transtorno, mas acredita-se que a história oficial seja: as crianças com TDAH surgiram na área médica em meados do século XIX como portadoras, pessoas com defeito de controle moral. Letargia, hiperatividade, encefalite hipercinética, retardo mental leve ou leve afetado por gravidade moderada. Eles sofrem de disfunção, déficit de atenção e, eventualmente, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Essas versões são conhecidas como: Entre os debates científicos, políticos, populares e económicos, a história do diagnóstico, como é chamada, é oficial e dominante.

Ricci e Cini (2015) acrescentam que diversas terapias se mostram eficientes para tratar o mesmo, trabalhando inseguranças, aumentando a autoestima, desmistificando a autoimagem negativa derivada de repreensões sofridas pelo comportamento derivado do transtorno.

2.2. Tdah Adulto

Apesar de ser um transtorno que costuma surgir na infância, é comum que o TDAH persiste na idade adulta, ocasionando prejuízos nas diferentes dimensões do desenvolvimento, principalmente social, acadêmico e profissional. É esperado que cerca de 60% de crianças persistam com sintomas significativos na idade adulta, sendo mais frequente no sexo masculino, com uma proporção de 2:1 em crianças e de 1,6:1 nos adultos. As meninas são mais propensas a mostrar sinais de desatenção.

Sua etiologia é multifatorial, pois a manifestação de seus sintomas consiste em uma combinação de fatores: genéticos, ambientais, sociais, culturais, bem como alterações na estrutura e/ou funcionamento do cérebro. Tal como acontece com outros transtornos mentais, a influência genética não pode ser ignorada. O surgimento e a evolução dependerão, portanto, da ação de diversos genes entre si e de suas respectivas interações com o ambiente.

A sintomatologia na idade adulta é diferente daquela que se apresenta em etapas anteriores. Embora a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade continuem sendo sintomas característicos, estes se manifestam de forma mais sutil. (Zalsman; Shilton, 2016).

Para a CID-10, tem sintomas similares aos do DSM-5; porém, para o diagnóstico é necessário existir comprometimento tanto na atenção quanto na presença da hiperatividade (concomitância), evidentes em mais de uma situação de vida. Além disso, outros critérios que diferem do DSM 5 são: a necessidade que os sintomas tenham surgido antes dos 6 anos e o fato de não ser possível realizar o diagnóstico na presença de depressão e/ou ansiedade.

O Quadro 1 sintetiza os principais sintomas mencionados pelos manuais diagnósticos (CID-10 e DSM-5).

Fonte: Castro Lima, 2018.

Katzman et al (2017) acrescentam que existe uma diferença na apresentação dos sintomas segundo o gênero: os homens manifestam mais condutas hiperativas e impulsivas, enquanto as mulheres tendem a internalizar os comportamentos e apresentar mais sintomas de desatenção.

Quanto à desatenção, os indivíduos costumam apresentar manifestações na etapa adulta entre as quais se encontram esquecimentos, impontualidade, dificuldade para iniciar e finalizar tarefas, necessidade de tempo extra para completar as tarefas ou a facilidade para se distraírem com detalhes irrelevantes. No caso da hiperatividade, os indivíduos passam a experimentá-la como uma inquietude interna que não lhes permite manter-se quietos em situações que assim o requerem e dificulta o relaxamento. Também se observa esta inquietude em sua forma de se expressarem, falando rápido e com um tom de voz alto (Kooij et al., 2019).

A impulsividade na idade adulta, segundo Kooji et al (2019) , se mostra em comportamentos tais como interromper os outros, incapacidade de controlar impulsos básicos e ajustar a conduta às próprias metas e expectativas e dificuldade em esperar sua vez. Esta impulsividade costuma diminuir ao longo do tempo, mas os indivíduos continuam a apresentar a tendência de buscar sensações e a necessidade de novos estímulos.

Nesse sentido, conforme Pollak et al (2019), diversos estudos revelam maior probabilidade de indivíduos adultos com TDAH desenvolverem comportamentos arriscados na condução de veículos, relações sexuais e consumo de substâncias tóxicas.

O DSM 5 se refere à alteração das funções executivas e à desregulação ou labilidade emocional como características que apoiam o diagnóstico do TDAH na idade adulta, embora alguns autores considerem o estabelecimento destes sintomas como centrais do transtorno. (Barkley, 2012).

De acordo com Barkley (2012), às funções executivas são aquelas ações autodirigidas e autorreguladas que permitem escolher metas e criar, manter e representar as ações necessárias para alcançá-las. Algumas funções executivas, como a inibição e o controle emocional se relacionam com a hiperatividade e a impulsividade, de tal forma que quanto maior a deterioração na inibição de certas respostas e no controle emocional, mais pronunciados serão os sintomas de hiperatividade e impulsividade.

Também Shaw et al (2014) observaram que a memória de trabalho, planejamento e organização guardam certa relação, já que a alteração dessas habilidades afeta o domínio da desatenção.

No caso da desregulação emocional, até a terceira edição do DSM era considerado um dos sintomas principais do TDAH, mas a partir de então passou a ser tratada como uma característica que apoia o diagnóstico. Em um estudo de Shaw et al (2014) a regulação emocional é definida como aquela habilidade que permite modificar os estados emocionais, com a finalidade de promover comportamentos adaptativos e orientados a um objetivo.

A desregulação surge quando o indivíduo não é capaz de modificar os esta- dos emocionais e emite respostas condutas e fisiológicas excessivas, que não correspondem às normas sociais e são inapropriadas para o contexto em que se encontra. Desta forma, frequentemente indivíduos com TDAH apresentam irritabilidade, impaciência, baixa tolerância à frustração, explosões emocionais e mudanças no estado de ânimo. (Retz et al, 2012).

Dvorsky e Langberg (2019) observam que na etapa universitária os alunos com TDAH apresentam dificuldades na organização e planejamento de tarefas e horários de estudo, bem como na gestão do tempo em exames. Isso se reflete na qualidade das tarefas e desempenho em provas, que frequentemente se apresentam incompletas ou com erros cometidos por falta de atenção. O resultado da deterioração na organização e planejamento dos indivíduos com TDAH é um rendimento acadêmico inferior àqueles alunos que não contam com esse diagnóstico.

Um estudo de Adamou et al (2013) demonstra as manifestações do TDAH no âmbito laboral. Os indivíduos com déficit de atenção encontram complicações no momento de se candidatarem a um posto de trabalho, já que isso requer executar uma tarefa tediosa: preencher completa e corretamente um formulário de candidatura ao emprego. Além disso, no desempenho de suas funções se manifestam as deficiências nas funções executivas, como o planejamento e a organização, que podem prejudicar sua permanência no posto de trabalho. Por isso, nos adultos com TDAH existe um índice maior de instabilidade laboral e econômica.

A obesidade, as alterações do sono e as lesões físicas, segundo Kooji et al (2019), são exemplos de problemas de saúde associados ao TDAH que têm sido estudados nas últimas décadas. Esses problemas, junto às manifestações já mencionadas, as alterações nas funções executivas e a desregulação emocional, repercutem na percepção de bem-estar dos adultos com TDAH. Esta apreciação subjetiva tem sido apoiada por investigações empíricas que demonstram menores índices de qualidade de vida nestes indivíduos.

Os estudos qualitativos deste construto oferecem informação sobre experiências da etapa escolar e adolescência que podem repercutir na qualidade de vida desses indivíduos, como a falta de apoio familiar e de professores, a percepção de

serem diferentes dos demais ou a rejeição e exclusão por parte de colegas que, junto às alterações cognitivas, dificultaram sua adaptação ao ambiente. Estas experiências geram nas pessoas sentimentos de inutilidade e incapacidade que podem persistir ao longo de sua vida e derivar em sintomas depressivos ou ressentimentos. Como resultado disso, os adultos com TDAH costumam ter uma baixa autoestima (Adamou Jones, 2020).

2.3. ASRS 18 Como Ferramenta de Aval

A Adult Self Report Scale (ASRS), foi desenvolvida no intuito de auxiliar o processo diagnóstico de TDAH em adultos. A escala em inglês foi adaptada para versão brasileira, após um longo estudo de adaptação transcultural do instrumento, chegando a uma equivalência satisfatória das versões.

Apesar das alterações biológicas, o diagnóstico é essencialmente clínico e interdisciplinar. Em geral, o método clínico é baseado em critérios estabelecidos em sistemas de classificação, como o Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Psiquiátrica Americana e a classificação de transtornos Mentais e Comportamentais (CID-10) da Associação Estadunidense de Psiquiatria. A avaliação deve incluir a utilização de escalas e entrevistas não só com o paciente, mas também com familiares e professores, dependendo da idade.

Este é um transtorno subdiagnosticado e, por vezes, erroneamente diagnosticado em indivíduos que realmente não apresentam o transtorno. Ainda, conforme Kooji (2013), a hiperatividade costuma se reduzir com o tempo e o sintoma que permanece é a desatenção, o que supõe um problema no momento de realizar um diagnóstico preciso, já que a falta de atenção não é um sintoma exclusivo do TDAH, podendo ser encontrado em muitos outros transtornos e por isso, tende a ser atribuído em menor medida ao TDAH.

Com a finalidade de reduzir os diagnósticos errôneos e aumentar a precisão na detecção de novos casos, Buitelaar et al (2011) consideram conveniente que se realizem provas a todos os pacientes que manifestem dificuldades de concentração, organização, pouca autodisciplina, dificuldade para pensar com clareza ou manter uma rotina.

Também é importante, segundo Kooji et al (2019), que sejam examinados aqueles indivíduos com problemas de conduta ou com antecedentes crônicos de falta de atenção, inquietação ou impulsividade. A presença dessas dificuldades não indica, necessariamente, o diagnóstico de TDAH, mas convém que sejam avaliados os indivíduos que apresentem várias dessas características.

Durante o processo de avaliação é muito importante analisar a presença de comorbidades, utilizando ferramentas apropriadas, já que estas patologias podem ser a causa da falta de resposta adequada ao tratamento. (Basaran et al, 2020).

Além disso, é importante considerar que os adultos com TDAH sofrem durante muitos anos com essa sintomatologia e é possível que tenham desenvolvido estratégias compensatórias que reduzem a deterioração em situações específicas, como no desempenho de determinados postos de trabalho. Kooij et al (2019) sugerem que é essencial considerar estes mecanismos durante o diagnóstico, já que sua presença não implica o desaparecimento do transtorno nem a deterioração de outras esferas vitais.

Outro dos problemas relacionados à avaliação deste transtorno é a falta de provas diagnósticas, sejam neurológicas ou psicométricas, que ofereçam garantias científicas necessárias para diferenciar os indivíduos com TDAH daqueles que não são. White et al (2020) observam que apesar disso a metodologia que se aplica atualmente inclui, principalmente, entrevistas clínicas e escalas com critérios padronizados e adaptados.

Com a publicação da quinta edição do DSM, os critérios diagnósticos do TDAH se modificaram, afetando assim os métodos de avaliação que precisam de uma atualização ou desenvolvimento de novas técnicas. Basaran et al (2020), nesse sentido, comentam que as mudanças que mais afetaram o diagnóstico foram o atraso de início dos sintomas e a redução do número de sintomas que os adultos devem apresentar para seu diagnóstico.

São muitas as ferramentas que atualmente são utilizadas em todo o mundo para diagnosticar o TDAH em adultos e a maioria destas foram criadas originalmente para a detecção deste transtorno na população infantil, mas se adaptaram à população adulta com a passagem do tempo. As entrevistas são as ferramentas que mais informação podem fornecer, posto que permitem explorar todas as áreas necessárias para realizar o diagnóstico, como as patologias durante a infância, a gravidade dos sintomas, a deterioração provocada pelo transtorno e possíveis comorbidade. Além disso, esta informação também pode ser completada com testemunhos de familiares ou cônjuges, sendo recomendável solicitar a presença destes durante as entrevistas. (Basaran et al, 2020).

Uma das ferramentas utilizadas é a Adult Self-Report Scale – ASRS 18 -, questionário de triagem autor relatado desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde, que conta com dezoito itens baseados nos sintomas do TDAH descritos no DSM-V, compondo cinco opções de resposta segundo a frequência com que o paciente apresente tais sintomas (nunca, quase nunca, de vez em quando, quase sempre e sempre).

Segundo o DSM-5, há 18 sintomas principais, sendo nove referentes à desatenção e nove à hiperatividade/impulsividade. Durante o processo diagnóstico, é necessário que o indivíduo apresente, no mínimo, seis sintomas (para adultos o número necessário é cinco) persistentes por, pelo menos, seis meses. Além disso, é preciso que estes sintomas tenham se iniciado antes dos 12 anos, causando impactos negativos em, pelo menos, dois ambientes.

De acordo com a frequência dos sintomas, ele pode ser distinto em apresentação: (a) combinada; (b) predominantemente desatenta; ou (c) predominantemente hiperativa/impulsiva. A atual classificação do DSM sugere ainda a classificação do transtorno como leve, moderado e grave, conforme a quantidade de sintomas presentes e o grau de comprometimento que os mesmos causam no funcionamento do indivíduo.

O diagnóstico de TDAH em adultos suscita alguma controvérsia na explicação dos sintomas do transtorno nesta faixa etária. Embora estudados e validados na população pediátrica, os sintomas descritos no DSM-IV e na CID-10 são claramente inapropriados para adultos.

Além da crítica mais aberta de que a maioria das questões testadas em cri- anças não tem perguntas correspondentes em adultos, os especialistas em TDAH questionam se os adultos apresentaram os mesmos sintomas que os estudados em crianças. Embora a psicopatologia subjacente seja a mesma, alguns sintomas po- dem aparecer apenas em crianças e outros apenas em adultos. Diante disso, o transtorno se desenvolve clinicamente ao longo de muitos anos e não é apropriado utilizar entrevistas entre adultos e crianças.

Outra crítica relacionada à avaliação dos sintomas de TDAH em adultos é o ponto de corte a considerar. No estudo infantil foram necessários seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade. Em adultos, não existem estudos suficientes para definir com precisão este ponto de corte.

Muitos investigadores utilizam o mesmo método, mas estes resultados pare- cem deixar muitos portadores sem diagnóstico. Portanto, apenas os pacientes mais gravemente sintomáticos são selecionados, excluindo outros pacientes que possam ser afetados ou aqueles que tenham mais sintomas do que os pacientes anteriores. Outros, como Kooij et al. (2019) consideram um limiar mais baixo para adultos mostraram que adultos com 4 ou mais sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade apresentavam maior sofrimento psicossocial do que indivíduos com 3 ou menos sintomas, mesmo depois de controlar outras variáveis. Da mesma for- ma, Faraone et al. (2006b) propuseram um ponto de corte de três sintomas para pelo menos uma das dimensões dos sintomas (desatenção e hiperatividade/impulsividade), mas aplicam-se critérios de início dos sintomas (alguns sintomas devem começar antes dos 7 anos de idade).

Os resultados mostram que esses indivíduos não apresentam perfil de comorbidades e disfunções semelhantes ao dos pacientes com TDAH, sugerindo que é pouco provável que desenvolvam esse tipo de transtorno subconsciente. A dificuldade de avaliar a frequência e gravidade dos sintomas (incluindo a avaliação da incapacidade clínica descrita acima) é um dos fatores de confusão nas entrevistas clínicas de TDAH. Nem sempre há uma correlação entre o número, a frequência e a gravidade dos sintomas.

Uma tentativa recente de aliviar este problema é atribuir uma pontuação a cada sintoma com base na frequência de ocorrência. Portanto, “nunca” codifica o valor “0” e “muito frequentemente” codifica o valor “4”. As frequências intermediárias codificam os valores “1”, “2”, “3”. A soma desses valores representa os escores de desatenção e hiperatividade/impulsividade, e essa soma dá a pontuação geral do paciente. Este dispositivo permite a avaliação do TDAH como um fenômeno dimensional em comparação com avaliações categóricas tradicionais.

A avaliação da dimensão dos sintomas psiquiátricos não se limita ao TDAH. Modelos dimensionais têm sido amplamente utilizados em estudos de ansiedade, humor e personalidade (Kupfer, 2005). Para o diagnóstico de TDAH, a Escala de Autor Relato de Adultos para TDAH (ASRS-18) pode ser uma ferramenta útil e adaptável transculturalmente em nosso ambiente (Mattos et al., 2006). Ainda não há respostas definitivas para avaliar os sintomas de TDAH em adultos.

Ainda são necessárias pesquisas mais detalhadas para responder corretamente às principais questões delineadas. No entanto, vários estudos têm demonstrado que são necessárias uma descrição mais adequada do quadro clínico do TDAH em adultos e uma avaliação mais precisa dos pontos de corte ideais a utilizar. Modelos de classificação para as dimensões do TDAH podem fornecer novas descobertas importantes na pesquisa com adultos.

2.4. Intervenção e Tratamento

A opção sobre como intervir neste distúrbio, conforme as características de cada indivíduo, dependerá da informação proporcionada quando este for avaliado, mas, independentemente da intervenção que seja realizada, o fundamental é fazer com que o indivíduo obtenha respostas para as necessidades que possua e que não acumule mais experiências de fracasso, como encontrado em Garcia (2018).

A intervenção precisa e precoce auxilia na atenuação dos sintomas. Assim, a investigação e o diagnóstico devem ser realizados o quanto antes para o início do tratamento. Conforme Sánchez (2012), decorrido um ano ou um ano e meio do início do tratamento, não havendo sinal de que houve resultado, será necessário solicitar uma segunda opinião, de preferência de um profissional de uma área oposta. Como muitos casos não são diagnosticados, é possível que muitos indivíduos que apre- sentam TDAH desde a infância ou a adolescência continuem tendo prejuízos por toda a vida.

3. METODOLOGIA

O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de abordagem quantitativa para fins exploratórios e fins intervencionistas, pois visa não apenas explicar, mas também interferir na realidade estudada para modificá-la. Na qual foi considerada a análise das respostas do questionário de opinião sobre a ferramenta ASRS – 18, aplicado nos alunos, após apresentação de uma aula sobre o instrumento. A mostra foi selecionada baseada na disciplina cursada pelos alunos no ano de 2023, do curso de psicologia da Faculdade Carajás (Marabá, PA). A disciplina escolhida foi a de Técnicas e Exames psicológicos I, pois tem o objetivo de apresentar aos alunos ferramentas avaliativas em um processo de psicodiagnóstico.

A aula foi realizada no dia 12 de setembro de 2023 e teve por objetivo apresentar a escala aos alunos, bem como avaliar a opinião dos mesmos sobre o instrumento.

Foi aplicado um questionário contendo 3 questões, sem identificação dos participantes, com escala de resposta entre sim, não e indiferente. Esse resultado foi tabulado pelo programa Excel e o resultado gerado apresentado em formato de gráfico, presente na seção destinada a resultados e discussões. Modelo questionário em anexo.

A pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), pois de acordo com a resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, parágrafo único, que fala sobre as pesquisa que não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP, com Base no Inciso I, “ pesquisa de opinião pública com participantes não identificados”, que trata de pesquisas que tem a finalidade de consulta escrita de caráter pontual, realizada por meio de metodologia específica, através da qual o participante, é convidado a expressar sua avaliação ou o sentido que atribui a um tema produtos e serviços; sem possibilidade de identificação do participante. Para fins de sua melhoria ou implementação de algo. Valendo salientar, que os resultados das escalas obtidas não foram utilizados para pesquisa, justamente por contrariar os preceitos éticos. Apenas os questionários de opinião.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa é fundamental para entender se o acesso a escala ASRS – 18 ajudaria os profissionais de psicologia em formação a se sentirem mais informados e seguros ao lidar com casos de TDAH. A seguir é apresentado os resultados coleta- dos e a observação de outros teóricos sobre os achados

Na primeira questão, sobre se os entrevistados conheciam a Escala ASRS 18, as respostas foram:

Gráfico 1: Primeira Questão

Fonte: Próprio Autor

Com a resposta sobre se os entrevistados conheciam a Escala ASRS 18, mostrou-se que nenhum deles conhecia. A ASRS-18 (Adult Self-Report Scale) é uma ferramenta de triagem desenvolvida para avaliar a presença de sintomas de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adultos, beneficiando tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde e a pesquisa científica. Ela ajuda a garantir que as necessidades de saúde mental dos adultos com o transtorno sejam levantadas de maneira adequada e eficaz, essa afirmação foi estabelecida por Kupfer (2005) e Mattos et al (2006).

Na segunda questão, sobre se os entrevistados acreditavam que após o co- nhecimento da escala ASRS 18, poderiam ficar mais seguros sobre a avaliação e manejo de sintomas primários de TDAH em sua prática profissional, as respostas mostraram que:

Gráfico 2: Segunda Questão

Fonte: Próprio Autor

Com o resultado da questão foi possível entender que 86% dos entrevistados, apesar de não conhecerem a escala ASRS 18, entendem sua importância para uma avaliação eficaz do TDAH em adultos. Apenas 14% dos entrevistados não acreditam na eficiência da ferramenta. Porém, como Buitelaar et al (2011) explicam, há muitos erros em diagnósticos de TDAH em pacientes adultos, e com esta escala pode diminuir os diagnósticos errôneos e aumentar a precisão na detecção de novos casos. Kooij et al (2019) também entendem que é preciso avaliar pacientes que apresentam problemas de conduta ou com antecedentes crônicos de falta de atenção, inquietação ou impulsividade, entretanto, a presença dessas dificuldades não indica, necessariamente, o diagnóstico de TDAH.

Na última questão, sobre se, a apresentação da escala melhora o aprofundamento teórico de situações que emergem referente a TDAH:

Gráfico 3: Terceira Questão

Fonte: Próprio Autor

As respostas mostraram que a maioria, ou seja, 72% dos entrevistados, concordam que com a apresentação da escala pode melhorar o aprofundamento teórico nestas situações. Já 21% se mostraram indiferentes a esta questão e apenas 7% não concordaram com a pergunta. Isso vai de encontro a visão de Basaran et al (2020), que entendem que as entrevistas são as ferramentas que mais informação podem fornecer, posto que permitem explorar todas as áreas necessárias para realizar o diagnóstico, como as patologias durante a infância, a gravidade dos sintomas, a deterioração provocada pelo transtorno e possíveis comorbidade. White et al (2020) concordam, pois, a metodologia que se aplica atualmente inclui, principal- mente, entrevistas clínicas e escalas com critérios padronizados e adaptados.

Com isso, entende-se que a inclusão da Escala ASRS-18 (Adult ADHD Self- Report Scale) na grade de ensino de psicologia deveria ser obrigatória, pois é uma medida que pode ser relevante e benéfica para o processo de formação destes profissionais, que poderão receber casos de TDAH em diversos contextos, clínico, escolar, organizacional. Como visto no estudo, muitas pessoas continuam a ter sinto- mas do TDAH na idade adulta, o que pode afetar significativamente suas vidas pessoais, acadêmicas e profissionais. Ensinar aos estudantes de psicologia como utilizar a Escala ASRS-18 pode ajudá-los a distinguir o TDAH de outras condições, permitindo compreensão e encaminhamento para um diagnóstico mais preciso e consequentemente um tratamento adequado. Incluir a Escala ASRS-18 na grade de ensino demonstra um compromisso com a atualização e a adaptação do currículo para refletir as necessidades contemporâneas.

Como limitação do estudo, se mostra imprescindível utilizar o instrumento em uma amostra clínica maior, com mais alunos de outras instituições, a fim de estabelecer a validade da pesquisa.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo aborda a relevância do tema, pois a Escala ASRS-18 é capaz de identificar sintomas que muitas vezes passam despercebidos em diversos contextos, como escolas, organizações e até mesmo em ambientes clínicos. A escala fornece informações sólidas para encaminhamento ao tratamento e intervenções que visam melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

O objetivo deste estudo foi alcançado ao analisar a percepção dos alunos sobre a eficácia da escala ASRS-18 como uma ferramenta de avaliação para informar e garantir a segurança dos futuros profissionais de Psicologia na identificação e encaminhamento de casos de Transtorno de Déficit de Atenção em adultos. A maioria dos entrevistados não conheciam a escala e ao conhecer avaliaram de grande importância para sua prática profissional.

Como sugestão de estudos posteriores é recomendado uma nova pesquisa com público maior, em outras instituições de ensino de Psicologia incluindo outros estados.

Apesar de o TDAH ser subdiagnosticado em adultos, é crucial reconhecer a importância da formação dos profissionais de Psicologia no conhecimento e uso dessas ferramentas para diagnóstico inicial. O reconhecimento das características e manifestações do transtorno em adultos permite um tratamento adequado, o que proporciona uma melhor qualidade de vida para aqueles que convivem com o transtorno desde a infância, mas não receberam atendimento adequado.

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