SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES

SUSTAINABILITY AND ENERGY EFFICIENCY IN BUILDINGS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411301439


MORAIS, Sandy Lourrany Lima de1


Resumo: Este trabalho explora a utilização da iluminação natural como estratégia para promover a eficiência energética e o conforto térmico em edificações residenciais e comerciais. Num cenário de crescente demanda por construções sustentáveis, o aproveitamento da luz solar é essencial para reduzir o consumo de energia elétrica e a necessidade de climatização artificial, especialmente em regiões com alta incidência solar. O estudo destaca a importância de fatores como a orientação e localização das janelas, escolha de materiais para fachadas e soluções adaptativas, como brises e claraboias, para equilibrar luz e calor nos ambientes internos. A partir de uma revisão de literatura e análise de dados secundários, uma pesquisa avaliando como diferentes configurações arquitetônicas podem maximizar a iluminação natural, reduzir a dependência de iluminação artificial e promover o conforto térmico. Os resultados mostram que o planejamento adequado de elementos aprimorados e o uso de materiais específicos, como vidros com propriedades isolantes, são relevantes para a criação de edificações mais eficientes e sustentáveis. Conclui-se que o aproveitamento otimizado da luz natural é uma estratégia fundamental para economizar energia e garantir o bem-estar dos ocupantes, sendo essencial para construções alinhadas à sustentabilidade.

Palavras-chave: Iluminação natural; Conforto térmico; Planejamento arquitetônico.

Abstract: This work explores the use of natural lighting as a strategy to promote energy efficiency and thermal comfort in residential and commercial buildings. In a scenario of growing demand for sustainable buildings, the use of sunlight is essential to reduce electricity consumption and the need for artificial air conditioning, especially in regions with high solar incidence. The study highlights the importance of factors such as the orientation and location of windows, choice of materials for facades and adaptive solutions, such as sunshades and skylights, to balance light and heat in internal environments. Based on a literature review and secondary data analysis, research evaluating how different architectural configurations can maximize natural lighting, reduce dependence on artificial lighting and promote thermal comfort. The results show that adequate planning of improved elements and the use of specific materials, such as glass with insulating properties, are relevant for creating more efficient and sustainable buildings. It is concluded that the optimized use of natural light is a fundamental strategy for saving energy and ensuring the well-being of occupants, being essential for buildings aligned with sustainability.

Keywords: Natural lighting; Thermal comfort; Advanced planning.

1. Introdução

A busca por construções que integrem práticas sustentáveis e promovam a eficiência energética tem se intensificado, especialmente com o aumento da demanda por soluções que reduzam o impacto ambiental e melhorem o conforto dos ocupantes. No contexto das edificações, o aproveitamento da iluminação natural tem se destacado como uma estratégia essencial para a redução do consumo de energia e para a criação de ambientes internos mais confortáveis e saudáveis. Estudos indicam que práticas de certificação ambiental e estratégias sustentáveis na construção civil são elementos cruciais para consolidar o uso eficiente dos recursos naturais, promovendo economia de energia e adequação climática dos edifícios (MACHADO et al., 2020). Nesse sentido, o uso da luz natural em edificações pode minimizar a necessidade de iluminação artificial, além de contribuir para a modulação térmica, reduzir a dependência de sistemas de climatização e proporcionar maior conforto térmico aos ocupantes.

A relevância da iluminação natural para a eficiência energética e o conforto térmico está diretamente relacionada a fatores avançados como a localização e a orientação das aberturas, a escolha de materiais para as fachadas e o uso de soluções adaptativas, como brises e claraboias. Esses elementos podem ser específicos para maximizar a entrada de luz e minimizar o ganho de calor, o que é fundamental para edifícios localizados em regiões com condições climáticas adversas. Estudos recentes ressaltam o potencial das tecnologias de iluminação passiva, como os sistemas solatube, que permitem a entrada de luz solar de maneira controlada, reduzindo o uso de energia elétrica e garantindo condições de iluminação luminosa, mesmo em ambientes que bloqueiam alta eficiência térmica (BALABEL). e outros, 2022). Esses avanços tecnológicos evidenciam o papel crucial da engenharia adaptativa na promoção de edificações mais eficientes, capazes de equilibrar o aproveitamento da luz natural com a mitigação do ganho de calor.

Com base nesse cenário, o presente trabalho busca responder à seguinte questão: Como a iluminação natural influencia a eficiência energética e o conforto térmico em edificações? Para responder a essa questão, a pesquisa explora diferentes configurações arquitetônicas, como a localização e orientação de janelas, o impacto dos materiais de fachada e a utilização de soluções arquitetônicas adaptativas, mudanças que reduzem a dependência da iluminação artificial e melhoram o desempenho energético das edificações residenciais e comerciais. O objetivo geral do estudo é analisar o impacto da iluminação natural sobre a eficiência energética e o conforto térmico das edificações. De forma específica, pretende-se avaliar a influência da orientação e localização das janelas, examinar o papel dos materiais de fachada na transmissão de luz e controle térmico, investigar o impacto de brises e claraboias na modulação de calor e luz, e propor diretrizes para o projeto de edificações que integre o uso da iluminação natural de forma sustentável e eficiente, contribuindo para um uso mais racional e sustentável da energia.

A relevância deste estudo é fundamental para a melhoria do uso dos recursos naturais em construções, afetando a redução dos impactos ambientais e a qualidade de vida dos ocupantes. A relação entre o aproveitamento da iluminação natural e o bem-estar dos usuários também pode ser observada em pesquisas sobre o desempenho energético de habitações e os impactos das estratégias de eficiência energética, que mostram como o planejamento de ambientes que conciliem luz e conforto contribui significativamente para a saúde e bem-estar dos ocupantes (BAVARESCO et al., 2021). Esse foco no uso eficiente da iluminação natural em diferentes tipos de edificações e climas contribui para a elaboração de diretrizes arquitetônicas que valorizam a sustentabilidade, a eficiência energética e o conforto térmico. Com isso, esperamos que os resultados deste estudo avancem o conhecimento no campo da construção sustentável e forneçam uma base sólida para o desenvolvimento de projetos inovadores mais conscientes e adequados às demandas.

2. Revisão de Literatura

A iluminação natural tem ganhado destaque no planejamento de edificações modernas, em um cenário onde as construções buscam cada vez mais se alinhar aos princípios de sustentabilidade e eficiência energética. O uso da luz solar como fonte de iluminação não apenas reduz a necessidade de luz artificial, mas também contribui para o bem-estar dos ocupantes, proporcionando maior conforto visual e redução do impacto ambiental da edificação. Estudos recentes indicam que o uso adequado da luz natural em edificações pode representar uma redução significativa no consumo de energia, especialmente em ambientes comerciais, onde o uso de iluminação artificial é constante. Segundo Lambert et al. (2021), a luz natural, quando devidamente controlada, impacta positivamente o conforto térmico dos ocupantes e diminui a necessidade de sistemas de climatização, resultando em uma edificação mais eficiente e sustentável. No entanto, esses benefícios dependem de um planejamento cuidadoso que considere a distribuição da luz e as características térmicas dos materiais utilizados, de modo a evitar o superaquecimento dos espaços internos.

A eficiência energética de uma edificação que aproveita a luz natural pode ser maximizada por meio de soluções arquitetônicas que permitem uma distribuição uniforme e controlada da luminosidade, ajustando-se à trajetória solar. Nesse contexto, o uso de dispositivos de sombreamento, como brises e persianas, aliados a materiais de controle solar nas fachadas, são estratégias eficazes para evitar o ganho térmico excessivo. Goharian et al. (2022) exploram metodologias de otimização de aberturas e refletores para maximizar o uso da luz natural em edifícios sem comprometer o conforto térmico, utilizando ferramentas de simulação avançadas como os plugins Honeybee e Ladybug. Esses elementos tecnológicos permitem uma maior precisão na modelagem do comportamento da luz natural nos ambientes, possibilitando que os projetos integrem mais luz solar sem causar desconforto térmico. Essa abordagem é particularmente importante em climas quentes, onde o controle da radiação solar é essencial para manter a temperatura interna em níveis adequados, evitando o aumento de carga nos sistemas de resfriamento.

Além disso, o impacto da iluminação natural no conforto térmico dos ocupantes envolve questões de controle de brilho e ofuscamento, que influenciam diretamente a produtividade e o bem-estar em ambientes de trabalho. Estudos indicam que o manejo adequado da iluminação natural requer estratégias que evitem o ofuscamento sem comprometer a qualidade da iluminação, destacando a importância de projetar aberturas e sistemas de controle de luz eficientes (PAULA, 2019). Para atingir um equilíbrio adequado, soluções arquitetônicas que promovam a entrada de luz difusa, aliadas a sistemas de sombreamento inteligentes, são fundamentais. Essas medidas auxiliam na criação de ambientes internos que aliam eficiência energética e conforto, gerando não apenas economias nos custos de operação, mas também contribuindo para o bem-estar e a produtividade dos usuários. Portanto, a integração de luz natural nas edificações, quando bem planejada, traz uma série de benefícios tanto ambientais quanto humanos, consolidando-se como uma estratégia crucial para o desenvolvimento sustentável das construções.

2.1 Fundamentos da Iluminação Natural em Edificações

De acordo com BULIGON (2021) a análise do comportamento higrotérmico dos materiais de vedação influencia diretamente o aproveitamento da iluminação natural, visto que a escolha adequada desses materiais pode auxiliar na redução do consumo de energia elétrica, favorecendo o conforto térmico e a eficiência energética.

2.1.1 Definição e importância da iluminação natural no contexto da construção civil

A iluminação natural, definida como o aproveitamento da luz solar para atender às necessidades luminosas de um ambiente, é um recurso fundamental na construção civil moderna, desempenhando papel central em projetos que visam tanto a eficiência energética quanto o bem-estar dos ocupantes. Por meio da entrada controlada de luz solar, o uso de janelas, claraboias e aberturas estratégicas, busca-se não apenas a redução da dependência de iluminação artificial, mas também a integração de soluções arquitetônicas que favoreçam a qualidade ambiental dos espaços. Essa abordagem é especialmente importante em edificações que almejam uma pegada ambiental reduzida, pois a iluminação natural contribui diretamente para a diminuição do consumo de energia elétrica, reduzindo custos e os impactos ambientais. Assim, além de otimizar o uso da luz solar, essas estratégias arquitetônicas desempenham papel crucial ao diminuir a necessidade de climatização artificial, promovendo o conforto térmico nos ambientes internos e favorecendo o desenvolvimento de edificações sustentáveis (FARO et al., 2020).

Além dos benefícios técnicos, a iluminação natural também tem impacto positivo na saúde e no bem-estar dos usuários, influenciando a regulação do ciclo circadiano, o humor e até a produtividade das pessoas. Ambientes bem iluminados naturalmente contribuem para um desempenho mais eficiente das atividades, com menor cansaço visual e uma sensação de amplitude que torna os espaços mais confortáveis e convidativos. Em locais de trabalho, essa característica se reflete na diminuição do absenteísmo, promovendo ambientes mais agradáveis e motivadores, e em residências proporciona uma atmosfera mais saudável. No contexto das mudanças climáticas, edificações que otimizam o uso de iluminação natural estão alinhadas às diretrizes globais de sustentabilidade, uma vez que reduzem a demanda por eletricidade e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa (FARO et al., 2020). Dessa forma, a importância da iluminação natural na construção civil transcende os aspectos econômicos, abrangendo questões de saúde, conforto e responsabilidade ambiental, consolidando-se como um elemento indispensável em projetos comprometidos com a sustentabilidade e a qualidade de vida dos ocupantes.

2.1.2 Vantagens e Eficiência da Iluminação Natural para a Eficiência Energética e o Conforto Térmico

A iluminação natural oferece vantagens consideráveis para a eficiência energética e o conforto térmico das edificações, reduzindo significativamente o uso de iluminação artificial e a necessidade de sistemas de climatização. Ao utilizar a luz solar para iluminar os ambientes durante o dia, a dependência de eletricidade diminui, promovendo não apenas economia de energia, mas também uma menor emissão de carbono, fundamental para projetos de construção sustentável.

Com o uso adequado de dispositivos como brises e materiais de fachada com alta capacidade de isolamento térmico, é possível controlar a entrada de calor e radiação solar, evitando o superaquecimento dos ambientes internos e aumentando o conforto dos ocupantes. Esses dispositivos de sombreamento não apenas bloqueiam o excesso de calor, mas também contribuem para uma distribuição homogênea da luz, reduzindo o brilho excessivo e criando ambientes visualmente mais confortáveis (CARVALHO; CABÚS, 2020). Assim, a iluminação natural, quando estrategicamente aplicada, se mostra essencial para o desenvolvimento de edificações eficientes e ambientalmente responsáveis, alinhando-se com os objetivos de conforto e sustentabilidade na construção civil.

2.2 Conceitos de Eficiência Energética e Conforto Térmico em Edificações

A eficiência energética nas edificações envolve a redução do consumo de energia sem sacrificar o conforto e a funcionalidade dos ambientes, sendo o uso da luz natural uma estratégia central para esse propósito. Quando bem aproveitada, a luz solar diminui a dependência de iluminação artificial durante o dia, resultando em economia de eletricidade e menores custos operacionais, além de reduzir o impacto ambiental ao mitigar as emissões de gases de efeito estufa associadas à geração de energia elétrica. Esse aproveitamento exige planejamento arquitetônico, considerando a orientação da edificação e a disposição das aberturas, que maximizam a entrada de luz e limitam o excesso de calor (FERREIRA, 2019).

O conforto térmico, fundamental para o bem-estar dos ocupantes, é influenciado por fatores como temperatura, umidade relativa e radiação solar. Para garantir ambientes confortáveis, é preciso que o projeto arquitetônico integre soluções de sombreamento e materiais de isolamento, reduzindo o aquecimento excessivo e o uso de climatização artificial. Assim, o uso inteligente de luz natural e sistemas passivos promove a qualidade ambiental e a sustentabilidade, maximizando o conforto dos ocupantes e a eficiência energética do espaço.

2.3 Efeitos da Orientação e da Localização das Janelas

A posição e a orientação das janelas desempenham papel essencial na gestão da entrada de luz e calor nas edificações, influenciando diretamente o conforto térmico e a eficiência energética dos ambientes internos. Janelas estrategicamente posicionadas podem maximizar a iluminação natural, reduzindo a dependência de luz artificial durante o dia e contribuindo para a sustentabilidade energética, mas é crucial considerar a orientação para evitar o ganho excessivo de calor. Em regiões de clima quente, por exemplo, janelas voltadas para o oeste recebem intensa radiação solar ao fim da tarde, o que pode elevar as temperaturas internas e comprometer o conforto. Para mitigar esses efeitos, as melhores práticas incluem o uso de dispositivos de sombreamento, como brises e persianas externas, e materiais de controle solar, que permitem a entrada de luz natural enquanto bloqueiam a radiação excessiva. Além disso, a relação entre o tamanho das janelas e a área do piso deve ser cuidadosamente ajustada para otimizar a distribuição da luz sem superaquecer o ambiente, especialmente em climas úmidos onde o balanço entre luz e calor é delicado (ARAÚJO; BITTENCOURT, 2022). Dessa forma, o planejamento adequado das aberturas torna-se um recurso estratégico para aproveitar a iluminação natural de maneira eficiente e sustentável, promovendo conforto térmico e eficiência energética nas edificações.

2.4 Materiais de Fachada e suas Propriedades de Transmissão de Luz e Isolamento Térmico

Os materiais de fachada com propriedades específicas de transmissão de luz e isolamento térmico são essenciais para o controle de insolação, pois permitem o redirecionamento da luz natural e, ao mesmo tempo, minimizam os ganhos térmicos excessivos. Os materiais de fachada, como vidros e revestimentos, têm papel crucial na condução e controle de luz e calor, influenciando diretamente o desempenho energético e o conforto térmico das edificações. A utilização de vidros em fachadas, além de favorecer a entrada de luz natural e reduzir a demanda de iluminação artificial, é estratégica para a eficiência energética, principalmente em edifícios que buscam atender aos padrões de sustentabilidade. Estudos mostram que esses materiais, disponíveis em diversas opções (como laminado, temperado e insulado), permitem equilibrar a iluminação com o controle térmico, sendo que vidros com revestimentos específicos podem refletir ou absorver radiação solar conforme o clima e a posição da construção (BERNADES; CELESTE; DINIZ CHAVES, 2020).

Vidros especiais, como os fotocrômicos e termocrômicos, respondem automaticamente às variações de luminosidade e temperatura, ajustando-se para bloquear ou permitir a passagem de luz e calor conforme a necessidade ambiental, sendo indicados para regiões com grandes variações de insolação ao longo do dia. Essa adaptação dinâmica auxilia na diminuição da carga térmica, o que reduz a dependência de sistemas de climatização e melhora o conforto térmico dos usuários, representando também uma economia nos custos operacionais de energia ao longo do tempo (DANIELESKI; OLIVEIRA; MEDEIROS, 2019).

Além dos vidros, outros elementos de fachada, como brises e painéis de sombreamento, proporcionam maior controle sobre a radiação direta, permitindo a entrada de luz difusa e bloqueando o calor excessivo em regiões tropicais, onde a intensidade solar é uma preocupação constante. Materiais de fachada com alta refletividade e baixa condutividade térmica, como alumínio e revestimentos cerâmicos, também desempenham um papel importante, pois ajudam a manter a temperatura interna estável, reduzindo o impacto das variações climáticas externas. Assim, a escolha cuidadosa desses materiais e sua integração em soluções de fachada contribuem não só para a eficiência energética, mas também para o conforto dos ocupantes, uma vez que atuam como moderadores da temperatura e da iluminação natural. Esse equilíbrio entre estética, funcionalidade e sustentabilidade representa uma evolução nos critérios de construção, alinhando-se aos princípios de retrofit em edifícios, ao buscar otimizar a performance ambiental e manter o bem-estar dos ocupantes em construções modernas.

2.5 Soluções Arquitetônicas Adaptativas: Brises, Claraboias e Outros Elementos

Para promover uma interação equilibrada entre o espaço construído e os recursos naturais disponíveis, em edificações modernas, o uso de elementos arquitetônicos adaptativos é essencial para otimizar o aproveitamento da luz natural e o controle do ganho de calor.

2.5.1 Brises Soleil

Os brises soleil são dispositivos de sombreamento projetados para reduzir a incidência direta de luz solar nas fachadas, especialmente nas janelas, que são áreas mais vulneráveis ao ganho de calor excessivo. Esses elementos bloqueiam a luz direta, criando sombra e diminuindo a carga térmica nos ambientes internos. Dependendo do clima e da orientação da edificação, os brises podem ser horizontais, verticais ou ajustáveis, permitindo diferentes graus de controle sobre a entrada de luz ao longo do dia. Quando bem projetados, eles não apenas controlam a iluminação e a temperatura, mas também melhoram a ventilação, oferecendo um microclima confortável e reduzindo a necessidade de sistemas artificiais de resfriamento (PAGEL et al., 2022).

2.5.2 Claraboias

As claraboias são aberturas no teto ou em áreas elevadas que permitem a entrada de luz natural em profundidade nos ambientes. Elas são particularmente eficazes para iluminar áreas internas que normalmente não recebem luz solar direta, como corredores e espaços centrais. No entanto, para que as claraboias não contribuam para o ganho térmico excessivo, é importante que sejam aplicados vidros especiais ou películas refletivas que bloqueiem a radiação infravermelha e controlem a entrada de calor. Em projetos sustentáveis, as claraboias podem ser complementadas com sistemas de ventilação, criando uma circulação natural de ar e promovendo o resfriamento passivo, o que aumenta o conforto e reduz o uso de energia (PADOVAN; BARBOSA; FONTES, 2022).

2.5.3 Solatube

O solatube é um sistema de iluminação natural tubular que utiliza refletores internos para direcionar a luz solar captada no telhado até o interior do edifício, iluminando espaços com pouca ou nenhuma abertura para o exterior. Esse sistema é especialmente útil em construções onde a entrada de luz pelas fachadas é limitada ou indesejável. Além de economizar energia elétrica ao maximizar a luz natural em áreas internas, o solatube minimiza o ganho de calor, pois a maior parte da radiação infravermelha é filtrada antes que a luz atinja os ambientes internos. Essa solução é frequentemente aplicada em espaços comerciais e institucionais, onde há uma demanda constante por iluminação uniforme e estável ao longo do dia.

2.5.4 Outros Elementos Adaptativos

Outros dispositivos adaptativos, como persianas e cortinas motorizadas, películas termo-refletivas e painéis fotovoltaicos integrados, também desempenham um papel relevante na modulação da luz e do calor. Persianas externas e cortinas motorizadas, por exemplo, podem ser programadas para abrir e fechar conforme a intensidade solar, ajustando automaticamente a entrada de luz natural. Películas e vidros refletivos atuam como uma camada adicional de proteção térmica, enquanto painéis fotovoltaicos integrados em fachadas captam a radiação solar para geração de energia, contribuindo para a eficiência energética da edificação (SOUZA, 2019). Além disso, os jardins de inverno são elementos que proporcionam conforto visual e térmico, integrando vegetação e abrindo espaço para luz natural enquanto servem de barreira térmica e de isolamento acústico, o que amplia os benefícios ambientais da edificação.

2.5.5 Vantagens de Diferentes Soluções Arquitetônicas para Melhorar o Aproveitamento da Luz Natural

Diferentes soluções arquitetônicas desempenham um papel crucial na maximização do aproveitamento da luz natural em edificações, contribuindo significativamente para a eficiência energética e o bem-estar dos ocupantes. O uso estratégico de elementos como janelas amplas, aberturas zenitais e superfícies reflexivas, por exemplo, possibilita a entrada e distribuição uniforme da luz, reduzindo a dependência de iluminação artificial e, consequentemente, o consumo de energia elétrica. Além disso, a utilização de tecnologias adaptativas, como brises ajustáveis e painéis de sombreamento automatizados, permite a modulação da luz ao longo do dia, adaptando-se às variações climáticas e às necessidades dos usuários. Essas soluções não apenas otimizam a eficiência energética, mas também criam ambientes internos mais confortáveis e saudáveis, promovendo uma conexão com o exterior e melhorando o bem-estar dos ocupantes (ARAUJO; VILLA, 2020).

2.6 Diretrizes para Projetos Sustentáveis ​​com Uso de Iluminação Natural

As diretrizes e normas que orientam o uso da iluminação natural em edificações sustentáveis são essenciais para garantir o aproveitamento adequado da luz solar e o conforto térmico nos ambientes internos. Essas regulamentações estabelecem parâmetros que buscam otimizar o uso da luz natural e reduzir o consumo de energia elétrica, promovendo práticas construtivas que minimizam o impacto ambiental. Normas como as da ABNT no Brasil orientam o desenvolvimento de projetos com materiais e elementos construtivos específicos que bloqueiam o excesso de radiação solar, enquanto permitem a entrada controlada de luz, reduzindo o ganho de calor interno (PIAZZAROLLO, 2019). Essas práticas são complementadas por estudos sobre a eficiência energética, que destacam a importância da iluminação natural para diminuir a demanda por iluminação artificial, especialmente em zonas climáticas de alta incidência solar (ABRAHÃO; SOUZA, 2021).

Casos bem-sucedidos de edificações com soluções inovadoras para iluminação natural ilustram como tecnologias e práticas adaptativas podem maximizar a entrada de luz e promover a eficiência energética. Em muitos projetos, são empregados brises e fachadas ventiladas que modulam a entrada de luz conforme a posição solar, mantendo o conforto térmico e visual dos usuários. Além disso, elementos como claraboias e tubos solares são usados para iluminar áreas internas, reduzindo a dependência de luz artificial. Esses métodos foram estudados em edificações como salas de aula, onde diretrizes específicas foram aplicadas para proporcionar uma distribuição de luz uniforme e confortável, destacando a importância do aproveitamento da luz natural e da ventilação para reduzir a carga térmica e o uso de sistemas de climatização (VANDERLEI; GONÇALVES; SILVA, 2019). Dessa forma, a integração de normas e soluções arquitetônicas mostra-se essencial para criar espaços sustentáveis e alinhados com as demandas atuais de eficiência energética e conforto ambiental de novas e futuras edificações.

3. Metodologia

O presente estudo qualifica-se como uma abordagem teórica e exploratória, com foco em uma revisão de literatura abrangente e análise de dados secundários, visando compreender o impacto da iluminação natural na eficiência energética e conforto térmico de edificações. A pesquisa se baseia na coleta e análise de estudos, artigos e normas brasileiras publicadas ao longo dos últimos cinco anos, no período entre 2019 e 2024, bem como na consulta a relatórios e dados existentes sobre edificações residenciais e comerciais. A análise considerará variáveis essenciais, como a localização e orientação das janelas, o tipo de material empregado nas fachadas e o uso de soluções arquitetônicas adaptativas, tais como brises e claraboias, que influenciam diretamente o desempenho térmico e o aproveitamento da luz natural nos ambientes internos.

Para a avaliação do conforto térmico e da eficiência energética, são definidos critérios que incluem métricas de iluminância natural, consumo energético com iluminação artificial e indicadores de conforto térmico para os ocupantes. A análise desses dados permite verificar como diferentes configurações arquitetônicas podem maximizar o aproveitamento da luz natural, reduzindo a necessidade de iluminação artificial e contribuindo para o conforto e a eficiência energética das edificações.

4. Discussão Dos Resultados

Os resultados obtidos indicam que a localização e a orientação das janelas desempenham um papel fundamental na quantidade de luz natural que penetra nos ambientes, influenciando diretamente o conforto térmico e a eficiência energética das edificações. Observou-se que janelas voltadas para o norte, no contexto brasileiro, são particularmente eficazes em permitir a entrada de luz ao longo do dia, o que pode reduzir o uso de iluminação artificial em áreas de convivência e trabalho. Essa configuração, no entanto, pode elevar o ganho térmico, exigindo estratégias para minimizar o aquecimento excessivo sem comprometer o aproveitamento da luz natural. Já orientações diferentes e janelas de menores dimensões contribuem para um melhor controle da luz, especialmente em regiões de altas temperaturas, onde a exposição prolongada à radiação solar direta pode comprometer o conforto dos ocupantes (PEREIRA et al., 2020).

Além disso, a escolha de materiais de fachada mostrou-se decisiva para a transmissão de luz e isolamento térmico, impactando diretamente a eficiência energética. Materiais de baixa transmitância térmica, como vidros tratados que reduzem a incidência de raios UV, foram eficazes na contenção do ganho de calor sem prejudicar significativamente a entrada de luz natural. Fachadas com alta performance térmica, em comparação com as de concreto ou vidro comum, ofereceram melhor controle do calor interno e mostraram-se adequadas para regiões de climas quentes e com alta incidência de radiação solar. Esses materiais permitem um aproveitamento eficiente da iluminação natural enquanto contribuem para o controle da temperatura interna, alinhando-se com os objetivos de edificações mais sustentáveis e confortáveis para os usuários (PEREIRA et al., 2020).

A análise também apontou que soluções arquitetônicas adaptativas, como brises e claraboias, têm um papel significativo na modulação da luz e no controle térmico. Os brises ajustáveis, por exemplo, destacaram-se pela flexibilidade em bloquear ou redirecionar a luz solar direta, adaptando-se de acordo com as condições sazonais e a variação da intensidade solar ao longo do dia. Já as claraboias foram eficazes para áreas internas dos edifícios que normalmente não recebem iluminação natural, proporcionando uma luz mais uniforme e evitando o aumento excessivo de temperatura. Quando instaladas com materiais adequados e com possibilidade de ventilação controlada, as claraboias contribuíram para o conforto térmico sem comprometer a eficiência energética da edificação (PEREIRA et al., 2020).

Essas observações apontam para diretrizes importantes no planejamento de edificações que busquem maximizar o aproveitamento da luz natural de forma eficiente e sustentável. Entre as recomendações, destacam-se a escolha cuidadosa de janelas bem posicionadas e orientadas, o uso de materiais de fachada com alta performance térmica e a inclusão de soluções adaptativas que permitam o controle adequado da luz e do calor ao longo do ano. Tais diretrizes contribuem para edificações energeticamente eficientes, que reduzem a dependência de iluminação artificial e sistemas de climatização, promovendo o conforto dos ocupantes e a sustentabilidade (PEREIRA et al., 2020).

5. Conclusão

O estudo realizado abordou a influência da iluminação natural na eficiência energética e no conforto térmico de edificações, analisando como configurações arquitetônicas específicas – incluindo a orientação e localização de janelas, materiais de fachada e soluções adaptativas como brises e claraboias – podem otimizar o uso da luz solar e minimizar a necessidade de iluminação artificial e climatização. Os resultados indicam que o correto aproveitamento da iluminação natural é um fator determinante para a sustentabilidade das construções, reduzindo o consumo de energia e promovendo o bem-estar dos ocupantes. Observou-se que janelas voltadas para o norte, no contexto brasileiro, proporcionam um bom balanço entre iluminação e controle térmico, especialmente quando combinadas com materiais de alta performance térmica e elementos de sombreamento. Além disso, as soluções adaptativas como brises e claraboias demonstraram ser eficazes na modulação da entrada de luz e calor, adaptando-se às variações climáticas e proporcionando ambientes mais confortáveis e energeticamente eficientes.

Apesar das contribuições significativas, o estudo enfrentou limitações, especialmente relacionadas à abrangência das análises práticas e ao custo-benefício de certas soluções em contextos específicos. Recomenda-se que pesquisas futuras explorem estudos de caso mais detalhados, incluindo análises econômicas e avaliações em edificações já construídas. Como implicação prática, sugere-se que arquitetos e engenheiros considerem a orientação das aberturas, a escolha de materiais de fachada e a inclusão de elementos adaptativos em projetos futuros, visando edificações mais sustentáveis e adequadas às necessidades climáticas locais. Dessa forma, este estudo contribui para a compreensão das melhores práticas de iluminação natural e reforça a importância de estratégias passivas para o avanço da construção sustentável e eficiente.

Referências

ABRAHÃO, K. C. F. J; SOUZA, R. G. V. Estimativa da evolução do uso final de energia elétrica no setor residencial do Brasil por região geográfica. Ambiente Construído, v. 21, p. 383-408, 2021.

ARAUJO, G. M.; VILLA, S. B. A relação entre bem-estar e resiliência na habitação social: um estudo sobre os impactos existentes. Ambiente Construído, v. 20, p. 141-163, 2020.

ARAÚJO, I. Á. L.; BITTENCOURT, L. S. Relação entre dimensões de janela e piso para iluminação natural e eficiência energética em edificações no trópico úmido. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 4, p. 121-135, out./dez. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/s1678-86212022000400631

BALABEL, A., ALWETAISHI, M., ABDELHAFIZ, A., ISSA, U., SHARAKY, I. A., SHAMSELDIN, A. K., AL-SURF, M. & AL-HARTHI, M. (2022). Potential of solatube technology as passive daylight systems for sustainable buildings in Saudi Arabia. Alexandria Engineering Journal, 61(1), 339-353. https://doi.org/10.1016/j.aej.2021.06.001

BAVARESCO, Mateus V. et al. Aspectos impactantes no desempenho energético de habitações de interesse social brasileiras: revisão de literatura. Ambiente Construído, [s. l.], v. 21, n. 1, p. 263–292, 2021.

BERNADES, D. M.; CELESTE, W. C.; DINIZ CHAVES, G. DE L. Eficiência energética na iluminação pública urbana: revisão bibliográfica dos equipamentos e tecnologias. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p. e606973957, 2020.

BULIGON, L. B. Comportamento higrotérmico e energético de painéis de vedação vertical externa em madeira para a zona bioclimática 2. Santa Maria, 2021. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2021.

CARVALHO, M. L. S.; CABÚS, R. C. Eficiência da luz solar refletida e desempenho de dispositivos de sombreamento. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 191-209, jun. 2020.

DANIELESKI, CB, OLIVEIRA, MF E MEDEIROS, DR. (2019). ‘Avaliação do desempenho da luz natural em ambientes residenciais’, PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, v. 10, p. e019012. 

FARO, A.; BAHIANO, M. de A.; NAKANO, T. de C.; REIS, C.; SILVA, B. F. P.; VITTI, L. S. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 37, e200074, 2020.

FERREIRA, M. P. T. Avaliação do conforto térmico com base em critérios normativos em apartamentos representativos do programa minha casa minha vida em Maceió-AL. 2019. 192 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas, Maceió-AL, 2019.

GOHARIAN, A., DANESHJOO, K. & YEGANEH, M. (2022). Standardization of methodology for optimizing the well aperture as device (reflector) for light-wells; A novel approach using Honeybee & Ladybug plugins. Energy Reports, 8, 3096-3114. https://doi.org/10.1016/j.egyr.2022.01.176

MACHADO, J. M.; SIRTULI, B. P.; NICO-RODRIGUES, E. A.; ALVAREZ, C. E. Sustentabilidade e desempenho térmico em habitação de interesse social: aplicação da ferramenta ISMAS em Vitória – ES para vedações verticais. Paranoá, n. 27, p. 95-112, jan;/ jun. 2020. DOI: https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n27.2020.06

PADOVAN, L. D. G.; BARBOSA, M. C.; FONTES, M. S. G. Influência térmica da fachada verde no ambiente interno. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, v. 13, 2022.

PAGEL, E. C.; GOUVEIA, G. L. O.; MARTINS, R. S.; CRUZ, M. V. G. Ventilação natural e desempenho térmico sob diferentes configurações de aberturas em uma sala de aula. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 133-157, jul./set. 2022. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1678-86212022000300612.

PAULA, J. M. B. de. Condicionantes Bioclimáticos de Inserção Urbana e Implantação: Estudo em Conjuntos Habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida no Bairro Benedito Bentes em Maceió – AL. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo, 2019.

PEREIRA, F. O. R. et al. Ferramenta simplificada para a estimativa do desempenho da iluminação natural em edificações residenciais. In: ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 18., Porto Alegre, 2020. Anais […] Porto Alegre: ANTAC, 2020.

PIAZZAROLLO, C. B. Estudo da evolução e da gravidade da degradação nas diferentes zonas componentes da fachada . Brasília, 2019. Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil) – Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

SOUZA, J. S. Impacto dos fatores de degradação sobre a vida útil de fachadas de edifícios . Brasília, 2019. Tese (Doutorado em Estruturas e Construção Civil) – Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

VANDERLEI,  P.  S.;  GONÇALVES,  R.  B.;  SILVA,  L.  C. Diretrizes  para  projetos  arquitetônicos visando o aproveitamento da iluminação e ventilação natural em salas de aula: estudo de caso. Brazilian Journal of Development, v. 5, n. 9,p. 16426-16441, sep. 2019.


1(UniBRASÍLIA) SANDYLOURRANY27@GMAIL.COM