FOLATE SUPPLEMENTATION IN THE GESTATIONAL PERIOD: A STUDY ON FOLIC ACID AND THE ASSOCIATION WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411301230
Maria Eduarda de Lima e Silva ¹
Maria Agda Bezerra Mendes ²
Anne Caroline de Souza ³
Macerlane de Lira Silva 4
Ocilma Barros de Quental 5
RESUMO
Introdução: O estudo investigou a relação entre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a suplementação de ácido fólico durante a gestação, dada à importância dessa vitamina no desenvolvimento embrionário. Esta revisão integrativa de literatura buscou compreender como doses inadequadas de ácido fólico podem afetar o diagnóstico do TEA, considerando o aumento da incidência desse transtorno e a necessidade de reduzi-lo. Embora o autismo tenha múltiplas causas, incluindo fatores sociais, ambientais e genéticos, estudos científicos indicam a influência do ácido fólico devido ao seu papel crucial no desenvolvimento neural durante a gravidez. Questão nortedora: Qual o impacto da suplementação do folato no período gestacional e sua relação com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)? Metodologia: O método de escolha para o embasamento deste estudo é a revisão integrativa de literatura, com abordagem científica e objetiva, realizada através da BVS, por meio das bases de Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), numa aplicabilidade sobre os descritores registrados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Ácido Fólico, Gestação e Transtorno do Espectro Autista. A pesquisa utilizou bases de dados em inglês e português, abrangendo estudos observacionais, quantitativos, relatos de casos e experiências publicados nos últimos 10 anos, relevantes para o objetivo. Serão excluídos trabalhos incompletos, duplicados em várias bases de dados, monografias, teses e dissertações. Com a seleção dos artigos, os mesmo foram distribuidos em tabelas e discutidos a luz da literatura. Resultados e discussão: diante as pesquisas realizadas foram vistos dados científicos significativos para explanação da temática, o que contribuiu para uma melhor análise e estudo a cerca da temática apresentada. A seleção de artigos contou com 5 artigos para discussão e estes foram relevantes para entender sobre o impacto da suplementação do folato durante a gestação, a qual foram relacionados além da dosagem do suplemento, o tempo de uso de tal, genética e implicações ambientais como fatores impactantes para disgnóstico. Considerações finais: conclui-seque o estudo trouxe resultados significativos para auxiliar nas pesquisas para melhor entendimento sobre o impacto do folato na gestação e sua implicaão com o TEA e na melhor ajuda para contribuir para entendimento do disgnóstico; associações, influências, impactos, diagnósticos e possíveis complicações também fizeram parte do estudo para conclusões finais. Por fim, esse trabalho irá contribuir de forma significativa para compreender a cerca da temática da suplementação de folato como possivel causa para o diagnóstico do autismo.
Descritores: Ácido fólico, Gestação e Transtorno do Espectro Autista.
ABSTRACT
Introduction: The study investigated the relationship between Autism Spectrum Disorder (ASD) and folic acid supplementation during pregnancy, given the importance of this vitamin in embryonic development. This integrative literature review sought to understand how inadequate doses of folic acid can affect the diagnosis of ASD, considering the increased incidence of this disorder and the need to reduce it. Although autism has multiple causes, including social, environmental and genetic factors, scientific studies indicate the influence of folic acid due to its crucial role in neural development during pregnancy. Guiding question: What is the impact of folate supplementation during pregnancy and its relationship with the diagnosis of Autism Spectrum Disorder (ASD)? Methodology: The method chosen to support this study is an integrative literature review, with a scientific and objective approach, carried out through the VHL, through the Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) databases, in an applicability on the descriptors registered in the Health Sciences Descriptors (DeCS): Folic Acid, Pregnancy and Autism Spectrum Disorder. The research used databases in English and Portuguese, covering observational and quantitative studies, case reports and experiences published in the last 10 years, relevant to the objective. Incomplete works, duplicates in several databases, monographs, theses and dissertations will be excluded. After the selection of articles, they were distributed in tables and discussed in light of the literature. Results and discussion: The research conducted revealed significant scientific data to explain the topic, which contributed to a better analysis and study of the topic presented. The selection of articles included 5 articles for discussion, and these were relevant to understanding the impact of folate supplementation during pregnancy, which included, in addition to the dosage of the supplement, the time of use, genetics, and environmental implications as factors that impact the diagnosis. Final considerations: It is concluded that the study yielded significant results to assist in research to better understand the impact of folate during pregnancy and its implications for ASD, and to better help contribute to understanding the diagnosis; associations, influences, impacts, diagnoses, and possible complications were also part of the study for final conclusions. Finally, this work will contribute significantly to understanding the topic of folate supplementation as a possible cause for the diagnosis of autism.
Descriptors: Folic acid, Pregnancy, and Autism Spectrum Disorder.
1. INTRODUÇÃO
A gestação é uma condição fisiológica resultante da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Normalmente, ocorre no interior do útero e é responsável pela geração de um novo ser. Este é um momento de grandes transformações para a mulher, para seu (sua) parceiro (a) e para toda a família. Durante o período da gestação, o corpo vai se modificar lentamente, preparando-se para o parto e para a maternidade (Brasil, 2024).
A gravidez promove significativas mudanças fisiológicas no organismo da mulher, sendo necessário o uso indispensável de nutrientes essenciais para que esse período possa evoluir de forma saudável e evitando possíveis complicações decorrentes do baixo consumo de vitaminas. Para garantir um cenário de gestação saudável, com um bom estado nutricional, implica-se em um consumo essencial de nutrientes, que atua e influencia na manutenção da saúde da mãe e do feto, resultando em uma vida saudável para os dois (Lucindo, Souza, 2021).
Durante esse período, um micronutriente crucial é uma das vitaminas do complexo B, a vitamina B9, que é hidrossolúvel e conhecida como folato ou ácido fólico, como é denominada a sua forma sintética. Como os mamíferos não conseguem produzir essa vitamina, ela deve ser adquirida por meio da alimentação, incluindo folhas verdes, fígado e frutas cítricas, como citado por Menezes et al. (2020).
A suplementação periconcepcional com vitamina B9 ou folato é considerada medida efetiva para diminuir a ocorrência e a recorrência de defeitos do tubo neural (DTNs) e as malformações fetais que podem ser estruturais ou funcionais e cuja origem ocorre antes do nascimento. Essas modificações, dependendo do grau, acometem órgãos no início do momento embrionário que resultam em anomalias físicas ou cognitivas (Amaral et al.,2016).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2023), a quantidade de ácido fólico indicada para famílias com histórico de baixo risco para desenvolvimento de DNTs, tanto antes quanto durante a gravidez, é de 0,4 mg (= 400 µg) uma vez ao dia. Já para mulheres com alto risco, é recomendada a ingestão, no mínimo, três meses antes da concepção, de 4 mg (4000 µg) de ácido fólico (Maia et al., 2019). Em ambos os casos a ingestão deve ser feita até o pós-parto.
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado pelo comprometimento com a interação social e comunicação, associado a interesses restritos e comportamentos estereotipados com alta prevalência populacional, bases neurobiológicas e altas herdabilidade, segundo Arberas e Ruggieri (2019). A descendência desse transtorno é heterogênea, com grandes bases genéticas, condições ambientais e mecanismos epigenéticos relacionado.
Contudo, alguns pesquisadores relatam que o processo de fechamento do tubo neural tem associação com a ocorrência para o desenvolvimento do transtorno espectro de autismo. Essa correlação é evidenciada por causa das várias amostras epidemiológicas que mostram um aumento significativo desse transtorno nas últimas duas décadas, durante as quais houve intensas campanhas de suplementação com ácido fólico e suas dosagens administradas erradamente (Moussa et al., 2016).
Estima-se que o Brasil, com cerca de 200 milhões de habitantes, possui em torno de dois milhões de autistas. Assim, consta que cerca de 1% da população é diagnosticada com TEA, mas devido a essa falta de conscientização e informação, muitas famílias não conseguem perceber os primeiros sinais de autismo, que podem surgir antes da criança completar um ano. Por isso, é muito comum que adultos recebam o diagnóstico tardio (Maia et al., 2019).
Tendo em vista isso, pesquisas recentes realizadas por Cabral e Lourenço (2023), apontam dados para uma possível associação entre o aumento do uso da suplementação de ácido fólico e um maior risco de desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora essas descobertas ainda estejam em estágios iniciais, o campo científico está evoluindo rapidamente, fornecendo evidências sugestivas sobre a importância desse nutriente.
Dessa forma, o presente estudo buscar analisar o impacto da suplementação do folato no período gestacional e sua relação com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Tendo em vista que, o ácido fólico é fundamental para a saúde materna e fetal, e a suplementação é recomendado durante a gravidez para prevenir defeitos no tubo neural do feto.
2. METODOLOGIA
O método de escolha para o embasamento deste estudo foi revisão de literatura, com abordagem científica e objetiva para a questão nortedora: Qual o impacto da suplementação do folato no período gestacional e sua relação com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
A revisão de literatura é um processo sistemático de busca, análise e descrição de estudos relevantes em uma determinada área de conhecimento. Seu objetivo principal é reunir, sintetizar e avaliar as informações já publicadas sobre um assunto específico, a fim de fornecer uma base teórica sólida para a pesquisa em questão (Cavalcante & Oliveira, 2020).
O método da revisão integrativa nos estudos engloba seis etapas, que podem ser definidas segundo Sousa et al (2018) como: Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa, estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou pesquisa de literatura, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
Esta revisão de literatura integrativa foi realizada com abordagem científica e objetiva, por meio da BVS e das bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), numa aplicabilidade sobre os descritores registrados no DecS: Ácido Fólico, Gestação e Transtorno do Espectro Autista.
Para o estudo, foram utilizados os critérios de inclusão de pesquisa observacional, quantitativa, qualitativa, relato de casos, relato de experiência, disponíveis nos idiomas de inglês e português, publicados nos últimos 10 anos e relevantes para o objetivo proposto. Enquanto isso, os critérios para exclusão foram trabalhos incompletos e duplicados em mais de uma base de dados, monografia, tese e dissertações.
Diante o exposto, os resultados encontrados foram expostos por meio de informações científicas colhidas. Após a identificação e estudo, as pesquisas foram demonstradas em forma de tabela e discutidas por meio da literatura pertinente, como mencionados abaixo em tópicos.
- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este estudo teve como objetivo investigar os impactos da suplementação de folato e o impacto que pode ter no disagnóstico de autismo. Para isso, a revisão sistemática da literatura permitiu a seleção, análise e discussão dos artigos disponíveis nas bases de dados mencionadas anteriormente. Na seleção foram encontrados no MEDLINE 40 artigos, na SciELO 18, e na LILACS 2 artigos, um total de 60 estudos. As pesquisas foram relacionadas de forma dupla dos descritores ‘’gestação AND Transtorno do Espectro Autista’’, ‘’gestação AND ácido fólico’’, ‘’Transtorno do Espectro Autista AND ácido fólico’’ em todas as plataformas de estudos selecionadas. A seguir, abaixo está a tabela representando o fluxograma dos artigos encontrados e selecionados para esta revisão.
Tabela 1. Artigos encontrados e selecionados mediante os critérios de inclusão.
Base de Dados | Artigos encontrados | Artigos selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa |
LILACS | 2 | 0 |
MEDLINE | 40 | 5 |
SciELO | 18 | 0 |
Total de artigos encontrados: 60 Total de artigos selecionados para a revisão: 5 |
Fonte: Autor da pesquisa (2024).
Em resumo, considerando a importância da pesquisa científica em relação à metodologia utilizada, a tabela 2 a seguir apresenta dados dos artigos selecionados e organizados a partir das informações principais, como título, referência, objetivos e resultados mais relevantes.
Tabela 2. Características dos estudos incluídos na Revisão Integrativa de acordo com a metodologia.
TÍTULO | REFERÊNCIA | OBJETIVOS | RESULTADOS |
Examinando associações de suplementos de ácido fólico administrados a mães durante os períodos pré-concepcional e pré-natal com transtornos do espectro autista em seus filhos: percepções de um estudo multicêntrico na China | JIANG, Y. et al. Examining associations of folic acid supplements administered to mothers during pre-conceptional and prenatal periods with autism spectrum disorders in their offspring: insights from a multi-center study in China. Frontiers in Public Health, v. 12, art. 1321046, 2024. Publicado em: 17 jan. 2024. | Investigar a relação entre a suplementação materna de ácido fólico (AF) durante os períodos pré-concepcional e pré-natal e o risco subsequente de transtorno do espectro autista (TEA) na prole. | Entre as 6.049 crianças incluídas no estudo,um total de 71 crianças (1,2%) foram diagnosticadas com TEA. Mães que não consumiram suplementos de FA durante o período pré-natal apresentaram risco significativamente maior de ter filhos com TEA, Em comparação com mães que usaram o suplementos consistentemente da pré-concepção ao período pré-natal, aquelas que nunca usaram suplementos de AF foram estatisticamente significativamente associadas a um risco maior de TEA em seus filhos. |
Reduzindo o risco de transtorno do espectro autista com ácido fólico: pode haver excesso de algo bom? | MILLS, James L.; MOLLOY, Anne M. Lowering the risk of autism spectrum disorder with folic acid: can there be too much of a good thing? The American Journal of Clinical Nutrition, v. 115, n. 5, p. 1268-1269, 2022. | Avaliar quanto ao excesso do suplemento de ácido fólico durante a gestação como fator de impacto positivo ou negativo. | Doses normais de AF demonstraram ter um efeito benéfico no desenvolvimento. Um mecanismo biológico para um efeito adverso não foi demonstrado de forma persuasiva, mas o efeito do AF dentro da célula é amplamente desconhecido. |
Suplementos de ácido fólico pré-natal e transtorno do espectro autista da prole: uma meta-análise e meta-regressão | LIU, Xian et al. Prenatal folic acid supplements and offspring’s autism spectrum disorder: A meta-analysis and meta-regression. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 52, n. 2, p. 522-539, fev. 2022. | Identificar mulheres que fizeram a ingesta de AF durante o período de gestação e o impacto da dose de 400 μg de ácido fólico no mesmo período. | A suplementação materna de ácido fólico durante o período pré-natal, notavelmente no início da gravidez, impactou na redução do risco de ASD na prole. O consumo de uma quantidade diária mínima de 400 μg de ácido fólico de suplementos alimentares pode estar associado à redução do risco de ASD na prole. |
A suplementação materna de ácido fólico e micronutrientes está associada aos níveis de vitaminas e aos sintomas em crianças com transtornos do espectro autista. | TAN, Mei et al. Maternal folic acid and micronutrient supplementation is associated with vitamin levels and symptoms in children with autism spectrum disorders. Reproductive Toxicology, v. 91, p. 109-115, 2020. | Investigar a suplementação associada aos níveis de vitaminas e ácido fólico aos sintomas em crianças com transtornos do espectro autista | O aumento do AF materno e/ou do status de micronutrientes durante a gravidez pode proporcionar um risco reduzido de traços autistas na prole. O status de micronutrientes maternos durante a gravidez está intimamente relacionado à cognição social, comunicação social, maneirismos comportamentais do autismo, comportamento adaptativo, comportamento motor bruto e problemas gastrointestinais na prole com TEA |
Carta de Pesquisa: Suplementação de ácido fólico e ingestão de folato na gravidez em relação ao risco de transtorno do espectro autista na prole | STROM, M. et al. Folic acid supplementation and intake of folate in pregnancy in relation to offspring risk of autism spectrum disorder. Psychological Medicine, Cambridge University Press, v. 48, n. 6, p. 1048-1054, abr. 2018 | Observar os riscos relacionados a ingestão de ácido fólico com o Transtorno do Espectro Autista. | O estudo identificou 1.234 casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e analisou a relação entre suplementação materna de ácido fólico e o risco de TEA na prole. A suplementação foi associada a várias covariáveis, mas não ao sexo da criança. Não foi encontrada associação significativa entre o uso de ácido fólico no período periconcepcional e o risco de TEA, com um HR ajustado de 1,06 (IC 95% 0,94-1,19). Análises adicionais, incluindo variações na ingestão de folato e suplementação, também não mostraram relação com o risco de autismo infantil ou TEA. |
Fonte: Autor da pesquisa (2024).
Esta revisão integrativa da literatura teve como objetivo examinar os fatores relacionados a suplementação de folato no período gestacional e sua associação com o Transtorno do Espectro Autista, permitindo uma investigação sobre o tema com base nos critérios de inclusão e exclusão mencionados anteriormente. Assim, considerando a pesquisa científica, foram selecionados cinco artigos que foram analisados para a discussão resumida a seguir.
A etiologia do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é complexa e tem sido amplamente estudada sob uma perspectiva multifatorial, considerando tanto predisposições genéticas quanto fatores ambientais que podem influenciar seu desenvolvimento. Segundo Jiang et al. (2024), a teoria multifatorial de risco para o TEA sugere que esses fatores atuam em conjunto, impactando o desenvolvimento fetal por meio de mecanismos epigenéticos. Essa visão é corroborada por estudos como o de Formiga et al. (2018), que identificam o papel de elementos genéticos e ambientais, ainda que as causas exatas do TEA permaneçam em grande parte desconhecidas.
Dentre os fatores ambientais, o folato (ou ácido fólico) emerge como um nutriente essencial no desenvolvimento fetal, com particular importância na prevenção de defeitos neurais e na promoção do desenvolvimento saudável do sistema nervoso. Linhares e Cesar (2017) apontam que o ácido fólico é indispensável para o crescimento normal das células nervosas e na prevenção de defeitos congênitos do tubo neural, destacando a importância de sua suplementação no período pré-concepcional e durante a gestação.
Evidências recentes têm mostrado uma possível ligação entre a suplementação de folato durante a gravidez e a redução no risco de TEA. Um estudo de meta-análise (Jiang et al., 2024) que incluiu 10 estudos com 9.795 casos de TEA, relatou que a suplementação de ácido fólico no início da gravidez foi associada a um risco reduzido de TEA, com uma razão de chances (OR) de 0,57 (IC 95%: 0,41–0,78). Outro estudo de caso-controle na China encontrou que crianças de mães que não utilizaram a suplementação de ácido fólico apresentaram um risco aumentado para TEA (OR = 1,905; IC 95%, 1,238–2,933) em comparação àquelas que suplementaram com 400 μg diários ao longo de 24 semanas.
No contexto brasileiro, os desafios com relação ao uso do ácido fólico durante a gestação são ressaltados por Linhares e Cesar (2017). No município de Pelotas (RS), apenas 4,3% das puérperas reportaram o uso do ácido fólico, mesmo com recomendações preventivas do Ministério da Saúde desde 2005, sugerindo a necessidade de ampliação das estratégias de conscientização sobre a importância desse suplemento para a saúde materno-fetal.
Além da prevenção de defeitos neurais, a suplementação de ácido fólico pode influenciar o desenvolvimento neurobiológico, um aspecto importante dado a crescente prevalência de TEA. Nos Estados Unidos, os dados de prevalência subiram de 13,4 por 1.000 crianças em 2010 para 27,9 em 2016 (Xu et al., 2019), com uma estimativa recente de 3,14% entre crianças e adolescentes (Freire e Nogueira, 2023). Tais dados sugerem que fatores ambientais, incluindo a nutrição gestacional, exercem um impacto considerável no neurodesenvolvimento.
De acordo com Lei e Shichun (2024), a deficiência de folato pode levar a níveis elevados de homocisteína, o que causa estresse oxidativo e dano celular, processos implicados na patogênese do TEA. Micronutrientes como as vitaminas do complexo B, especialmente o folato, são vitais no desenvolvimento cerebral pré e pós-natal (Mills, 2022), destacando-se como uma estratégia pública eficaz na prevenção de defeitos do tubo neural, bem como um fator preventivo em possíveis transtornos neurodesenvolvimentais.
Dessa forma, estudos recentes têm sugerido que a suplementação de folato, quando administrada adequadamente no período gestacional, pode desempenhar um papel protetor contra o desenvolvimento do TEA em populações susceptíveis. Ao considerar o impacto da suplementação de ácido fólico e sua interação com fatores genéticos e ambientais, evidências apontam que, para profissionais de saúde, promover a suplementação periconcepcional de ácido fólico representa uma prática fundamental no pré-natal, visando ao desenvolvimento saudável do sistema nervoso e à redução dos riscos para TEA (Diniz e Queiroz, 2022; Strom et al., 2018).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão integrativa da literatura permitiu a análise dos dados conforme os objetivos e a metodologia da pesquisa, respeitando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Bem como a análise dos artigos de forma abrangente, envolvendo tabelas e gráficos, para melhores resultados.
O estudo evidenciou os principais impactos da suplementação de folato, especificamente o ácido fólico, durante a gestação e sua relação com o diagnóstico do autismo, que representa um parecer de diagnóstico significativo tanto para a prevenção, quanto a qualidade de vida do indivíduo. Além disso, foram identificadas altas taxas de pessoas com TEA, que podem levar a várias análises a cerca de sua derivação e outros fatores que afetam o desenvolvimento do portador.
Os artigos revisados forneceram informações relevantes sobre o tema, abordando as crescentes taxas de diagnóstico por alguns países, complicações associadas, diagnóstico associado a dosagem do suplemento ácido fólico, acompanhamento e riscos principais da mãe e do feto. Isso ressalta a importância de profissionais capacitados para atender às demandas relacionadas a suplementação gestacional, especialmente os enfermeiros.
Assim, os artigos analisados atenderam ao objetivo central e à questão norteadora do estudo, permitindo uma avaliação abrangente sobre a dosagem do ácido fólico durante a gestação e a relação com o TEA. Não foram encontradas dificuldades ou limitações significativas na busca e análise dos dados. Portanto, torna-se essencial o desenvolvimento contínuo de estudos nessa área, contribuindo para o aprimoramento dos profissionais da saúde.
REFERÊNCIAS
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Discente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Centro Universitário Santa Maria Campus Cajazeiras-PB e-mail: mariiaaeeduarda14@gmail.com
2 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Centro Universitário Santa Maria Campus Cajazeiras-PB e-mail: hagdamendes22@gmail.com
3 Docente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Centro Universitário Santa Maria Campus Cajazeiras. Especialista em docência no ensino superior. E-mail:annekarolynne11@gmail.com
4 Docente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Centro Universitário Santa Maria Campus Cajazeiras macerlane15@gmail.com
5 Docente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Centro Universitário Santa Maria Campus Cajazeiras dra.quental@gmail.com