SUICÍDIO INDÍGENA: UMA ANÁLISE HISTÓRICA E AS INTEVENÇÕES DO PSICOLÓGO NESSE PROCESSO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10199209


Ana Maria Pereira de Carvalho¹
Gislaine Alves da Cunha²
Orientador: Samuel Reis e Silva


RESUMO

A pesquisa abordou de maneira abrangente o tema do suicídio entre os povos indígenas, com foco na atuação do psicólogo nesse contexto. A análise incluiu uma revisão bibliográfica criteriosa, utilizando plataformas como Scielo Brasil, resultando na seleção de seis artigos relevantes para a temática. Os resultados destacaram a necessidade de intervenções culturalmente sensíveis, considerando tradições e crenças específicas das comunidades indígenas. A atuação do psicólogo foi enfatizada como crucial, envolvendo não apenas intervenções individuais, mas também o engajamento comunitário. A pesquisa identificou desafios, como a complexidade histórica e socioeconômica, mas também oportunidades para fortalecer a resiliência comunitária. A colaboração interdisciplinar foi ressaltada como essencial na compreensão das múltiplas dimensões do problema. As considerações finais apontaram para a necessidade contínua de pesquisas, intervenções e políticas que se baseiem em uma compreensão aprimorada do suicídio indígena, com ênfase na resiliência comunitária e no papel central do psicólogo nesse processo.

Palavras-Chave: Suicídio Indígena. Tradições e crenças. Desafios.

1. INTRODUÇÃO

O suicídio entre populações indígenas é uma realidade alarmante que exige uma análise aprofundada e um compromisso vigoroso com estratégias de intervenção culturalmente sensíveis. Este artigo busca abordar essa temática complexa, mergulhando na história e nas influências culturais que moldaram o fenômeno ao longo do tempo. O suicídio indígena não é apenas um desafio de saúde mental, mas uma manifestação de questões sociais, econômicas e culturais intricadamente entrelaçadas.

A compreensão da história do suicídio indígena é vital para identificar padrões, fatores de risco e proteção que permeiam essa realidade. A colonização, perda de território, e o impacto de práticas culturais impostas são elementos cruciais a serem considerados. As consequências do desenraizamento cultural e a luta constante pela preservação da identidade indígena adicionam camadas de complexidade a essa problemática.

Além disso, a abordagem cultural e social do suicídio indígena revela desafios significativos. O estigma associado ao tema muitas vezes impede a busca de ajuda, enquanto a marginalização social e a escassez de recursos agravam a vulnerabilidade das comunidades indígenas. A análise crítica desses aspectos é essencial para desenvolver estratégias de prevenção e intervenção eficazes.

Nesse contexto, o papel do psicólogo emerge como uma peça-chave na construção de pontes entre as comunidades indígenas e os recursos de saúde mental. No entanto, para desempenhar esse papel com eficácia, é imperativo que os profissionais adotem uma abordagem culturalmente competente, entendendo as nuances específicas de cada comunidade.

Este artigo propõe uma jornada de exploração e compreensão do suicídio indígena, destacando a importância de uma abordagem holística e culturalmente informada. A partir dessa base, busca-se não apenas analisar os desafios, mas também apresentar estratégias concretas que promovam a resiliência e a preservação da vida nas comunidades indígenas.

2. CAMPO TEÓRICO

2.1 Suicídio Indígena e suas Complexidades

O suicídio entre as comunidades indígenas é um fenômeno intrincado que demanda uma reflexão cuidadosa para compreender suas complexidades. A história dessas comunidades, marcada por processos coloniais e deslocamentos forçados, tece uma narrativa profunda e multifacetada em relação à saúde mental.

O contexto histórico revela que a colonização não apenas alterou a paisagem territorial, mas também deixou marcas psicológicas duradouras. O desenraizamento cultural resultante da imposição de valores externos impactou a coesão social e a identidade indígena, contribuindo para uma vulnerabilidade psicológica que se reflete nas taxas de suicídio.

Os fatores culturais e sociais são entrelaçados nesse cenário complexo. A estigmatização em torno do suicídio, muitas vezes ligada a crenças culturais específicas, cria obstáculos substanciais para a busca de ajuda. A marginalização social, a falta de recursos e oportunidades exacerbam a situação, gerando um ciclo que perpetua a vulnerabilidade mental.

Estudar o “suicídio”, do ponto de vista de sua distribuição na população, é algo que vem sendo feito desde antes de 1897, quando Durkheim (1973) publicou seu clássico estudo O Suicídio. A esse respeito referem que:

O suicídio, escrito em 1897, trata de um assunto considerado psicológico abordado polemicamente por Durkheim como fenômeno social. Sua intenção era provar sua tese de que o suicídio é um fato social, forma de coerção exterior e independente do indivíduo, estabelecida em toda a sociedade e que, portanto, deve ser tratado como assunto sociológico.

É bastante interessante a forma como o autor utiliza-se de estatísticas, mapas e comparações, porque dão ao trabalho mais legitimidade, tornam-no mais palpável. Entretanto, ele faz muitas deduções e pressuposições para sustentar sua tese (o que até certo ponto é normal), mas talvez seja um recurso utilizado de maneira um tanto incoerente e sem fundamento em alguns casos.

Outro ponto passível de crítica é que o autor não comenta os fatores considerados não sociais, ficando, estes, portanto, de lado quanto à possibilidade de influírem sobre as taxas de suicídio, bem como o fato de ele não levar em consideração o ato consumado (Fernandes, 2009).

A intervenção eficaz requer uma abordagem culturalmente competente por parte dos profissionais de saúde mental. Compreender as tradições, valores e práticas específicas de cada comunidade é imperativo para estabelecer uma relação de confiança. Contudo, esse processo pode ser desafiador, exigindo uma disposição para aprender e respeitar as nuances culturais que permeiam as experiências indígenas.

De acordo com Loureiro (2006), as pesquisas no campo da Suicidologia indicam que a natureza do comportamento suicida é complexa e como tal, constituída pela interação de diversos fatores etiológicos, de natureza biológica, psicológica, social, cultural e ambiental.

Uma abordagem holística e adaptada se faz necessária para enfrentar o suicídio indígena. Estratégias de promoção da saúde mental devem ir além do convencional, incorporando práticas tradicionais e envolvendo ativamente os líderes comunitários. A construção de redes de apoio comunitário, fortalecendo os laços sociais e emocionais, é fundamental para enfrentar as complexidades subjacentes.

Quando há a necessidade de se identificar o grau de letalidade do comportamento autodestrutivo, Prieto e Tavares (2005, p. 151) enfatizam que é imperativo se estar atento para alguns aspectos, no momento de avaliar o potencial suicida de uma pessoa:

[…] história passada de tentativa de suicídio; grau de intenção suicida; letalidade do método escolhido e acessibilidade a este; frequência [sic] de pensamentos suicidas; qualidade dos controles internos do paciente; presença de suporte social; história familiar positiva para suicídio; e depressão.

Enfrentar o suicídio indígena é um desafio que exige não apenas ações imediatas, mas também uma compreensão profunda e contínua das dinâmicas culturais, históricas e sociais. A busca por soluções sustentáveis demanda uma colaboração estreita entre profissionais de saúde mental, líderes comunitários e membros das próprias comunidades indígenas.

Em decorrência disso, a resposta a esse fenômeno complexo vai além da prevenção; ela reside na promoção da resiliência cultural e na construção de um diálogo aberto que respeite e valorize a singularidade das experiências indígenas.

2.2 Fatores Culturais e Sociais

O fenômeno do suicídio entre as populações indígenas transcende uma análise meramente clínica, exigindo uma compreensão profunda de seus fatores culturais e sociais. Ao explorar essa questão complexa, torna-se evidente que as raízes do suicídio indígena estão intrinsecamente ligadas a dinâmicas culturais e contextos sociais específicos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio está entre as 20 principais causas de morte e apresenta uma tendência de aumento em todo o mundo, sendo assim, mundialmente falando, tal fenômeno chega a ocupar a terceira posição entre as principais causas de morte nas faixas etárias de 15 a 44 anos (Fernandes; Costa, 2018).

Ao afirmar que o suicídio está entre as 20 principais causas de morte, enfatiza-se a magnitude do fenômeno. Isso sugere que o suicídio não é apenas uma preocupação isolada, mas uma questão de grande impacto na saúde pública, competindo em importância com outras causas de morte significativas em nível global.

Os fatores culturais desempenham um papel significativo na moldagem das percepções sobre o suicídio dentro das comunidades indígenas. A estigmatização associada ao tema muitas vezes é profundamente enraizada em crenças culturais específicas, tornando a discussão e a busca de ajuda um desafio. O entendimento dessas crenças é crucial para implementar estratégias de prevenção que respeitem as tradições e promovam uma abordagem culturalmente sensível.

O suicídio vem sendo descrito como um agravo cada vez mais frequente nos espaços sociais, configurando-se assim, como importante problema de saúde pública, na qual atinge indivíduos de diversos grupos populacionais, faixa etárias, sexo e religiões (Silva, et al., 2018).

A expressão “importante problema de saúde pública” indica que o suicídio não é apenas uma questão individual, mas uma preocupação que afeta a sociedade como um todo. Essa visão reconhece o impacto generalizado do suicídio e a necessidade de abordá-lo em nível coletivo, com políticas e intervenções voltadas para a prevenção e o suporte à saúde mental.

A marginalização social também emerge como um fator crítico. As comunidades indígenas frequentemente enfrentam desafios relacionados ao acesso a recursos básicos, educação e oportunidades econômicas. Essa marginalização pode contribuir para a sensação de desesperança, agravando a vulnerabilidade psicológica e aumentando as taxas de suicídio. A abordagem do suicídio indígena, portanto, deve transcender o âmbito individual, considerando as condições sociais que influenciam esse fenômeno.

Além disso, a perda de território e a luta pela preservação da identidade cultural são elementos cruciais na compreensão das dinâmicas sociais que permeiam o suicídio indígena. O impacto histórico da colonização, com suas implicações econômicas e políticas, deixou cicatrizes profundas que afetam a saúde mental das comunidades indígenas até os dias de hoje. Essa interconexão entre fatores culturais, sociais e históricos destaca a complexidade do suicídio indígena.

A resposta a essa complexidade exige uma abordagem integrada que respeite a diversidade cultural e considere as condições sociais únicas das comunidades indígenas. A promoção da saúde mental dentro dessas comunidades não pode ocorrer isoladamente; ela requer um entendimento profundo das tradições, uma abordagem livre de estigma e estratégias que abordem as disparidades sociais. 

A busca por soluções eficazes exige uma colaboração estreita entre profissionais de saúde mental, líderes comunitários e os próprios membros das comunidades indígenas, reconhecendo e valorizando a riqueza das experiências culturais.

Podemos prevenir o suicídio entre os povos indígenas, oferecendo apoio social e familiar, por meio, de programas voltados a escutar os adolescentes, jovens, adultos e idosos e desempenhar atividades da cultura indígena entre eles. Entretanto, é imprescindível e importante introduzir serviços médico e psicológico nessas comunidades, com profissionais que conheçam e respeitem a história, conhecimentos e costumes desse povo (Sousa, 2022).

Destaca-se a importância de programas específicos que envolvam a escuta atenta de adolescentes, jovens, adultos e idosos nas comunidades indígenas. Além disso, a promoção de atividades culturais é vista como uma maneira de fortalecer a identidade e o senso de pertencimento, elementos essenciais para a saúde mental.

2.3 Intervenções do Psicólogo sobre essa problemática em aldeias indígenas

O trabalho do psicólogo em aldeias indígenas desempenha um papel crucial na prevenção do suicídio, exigindo uma abordagem única e culturalmente sensível. A compreensão profunda das tradições, crenças e dinâmicas sociais específicas dessas comunidades é fundamental para estabelecer uma conexão eficaz e implementar intervenções que respeitem a diversidade cultural.

É impossível discutir a atuação do psicólogo(a) nas comunidades indígenas sem enfatizar o que o Código de Ética do Psicólogo estabelece como princípio fundamental II:

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (Conselho Federal de Psicologia, 2005, p. 7).

O Código de Ética destaca a dimensão ética e a responsabilidade social do psicólogo. Ao se comprometer com a promoção da saúde e a eliminação de diversas formas de prejuízo, o psicólogo é convocado a agir de maneira ética e a contribuir para uma sociedade mais justa e saudável.

A abordagem inicial do psicólogo deve ser marcada pela construção de relações de confiança. Isso implica em um envolvimento ativo na comunidade, participando de eventos culturais, interagindo com líderes e membros locais, e demonstrando um profundo respeito pelas práticas e saberes tradicionais. A confiança é a base sobre a qual qualquer intervenção bem-sucedida será construída.

A escuta ativa é uma ferramenta poderosa na caixa de ferramentas do psicólogo em aldeias indígenas. Abrir espaços para que os indivíduos expressem suas preocupações, angústias e experiências é essencial para compreender as dinâmicas emocionais subjacentes. Isso pode ocorrer em sessões individuais, em grupos ou por meio de métodos tradicionais de comunicação, respeitando sempre as preferências culturais.

A implementação de programas de promoção da saúde mental é crucial. Esses programas devem ser adaptados para incorporar elementos da cultura indígena, incentivando a participação ativa da comunidade. Oficinas, atividades culturais e espaços de diálogo podem servir como plataformas eficazes para abordar temas relacionados à saúde mental, reduzir o estigma associado ao suicídio e promover a conscientização.

Desse modo, a saúde mental tem sido um campo desafiador para os profissionais da saúde que atuam com as populações indígenas. Além disso, é um campo dinâmico, baseado em diversos conhecimentos construídos a partir de articulações no limiar entre “científicos” e “tradicionais”, éticos, técnicos, políticos e culturais, buscando estratégias que possibilitem o diálogo entre os estruturantes das redes de atenção à saúde mental, como também, dos processos de trabalho nos serviços de saúde indígena (Matos Junior et al., 2006).

A introdução de serviços médicos e psicológicos na comunidade é um passo vital. No entanto, é imperativo que esses serviços sejam oferecidos por profissionais que compreendam a cultura específica da aldeia. O psicólogo deve adaptar suas práticas à cosmologia e às percepções de saúde e bem-estar da comunidade, assegurando uma abordagem respeitosa e eficaz.

Além disso, o psicólogo desempenha um papel significativo na capacitação da própria comunidade. Treinamentos para líderes comunitários, educadores e membros da família podem criar uma rede de apoio interna, capaz de identificar sinais precoces de sofrimento psicológico e fornecer suporte adequado.

No entanto as intervenções do psicólogo em aldeias indígenas para a prevenção do suicídio devem ser intrinsecamente enraizadas na compreensão e respeito pela cultura local. A eficácia dessas intervenções está na capacidade do psicólogo de se integrar à comunidade, ouvir com sensibilidade, adaptar estratégias de promoção da saúde mental e fornecer serviços especializados que respeitem e valorizem a riqueza da diversidade cultural indígena.

3. MÉTODO

3.1 Tipo de Estudo

A pesquisa em questão adota uma abordagem altamente bibliográfica, com ênfase no método narrativo/integrativo. O processo envolveu a análise de 14 artigos, utilizando critérios específicos de inclusão e exclusão. Dentre os artigos inicialmente pesquisados, seis foram selecionados para compor a pesquisa final.

A busca por literatura foi realizada em plataformas digitais amplamente reconhecidas, incluindo Scielo, PubMed e Google Acadêmico. Essas plataformas são conhecidas por disponibilizarem uma ampla gama de artigos acadêmicos, oferecendo assim uma base abrangente para a revisão bibliográfica.

Uma pesquisa realizada por Puccini, Giffoni, Silva e Utagawa (2015) mostrou que o Google Acadêmico vem sendo uma das principais ferramentas de pesquisas, principalmente no campo de ensino, ciências sociais e humanidades, visto que o resgate das publicações é realizado por toda a web, não possuindo limites ou restrições.

O estudo destacou que o Google Acadêmico é uma ferramenta de pesquisa acessível, fácil de usar e que fornece uma ampla gama de informações. Ele demonstra uma eficácia superior na localização de artigos e trabalhos acadêmicos em comparação com outras plataformas mais amplamente reconhecidas pela comunidade científica, como a Scielo e o PubMed.

O critério de inclusão e exclusão foi aplicado rigorosamente para garantir a seleção de artigos que atendessem aos padrões estabelecidos para a pesquisa. Esse processo seletivo destaca a busca por qualidade e relevância na escolha dos materiais a serem analisados. Sendo (1) artigo sobre um possível olhar do comportamento suicida; (3) artigos abordando o suicídio indígena e (2) artigos tradando sobre as intervenções do psicólogo nesse processo de suicídio. Como critérios de exclusão (4) artigos foram excluídos devido fugir ao tema em questão; (3) artigos não são de psicologia e (2) livros e dissertação. 

Ao final, a pesquisa se apoia não apenas na quantidade, mas na qualidade e pertinência dos seis artigos escolhidos, refletindo uma abordagem criteriosa para a revisão bibliográfica. A utilização de plataformas digitais consolidadas contribui para a confiabilidade e abrangência dos dados coletados, fortalecendo a base da pesquisa e sustentando uma análise narrativa/integrativa do tema em questão.

Para coletar os dados deste estudo, foram exploradas as plataformas virtuais de acesso aberto mencionadas no artigo de revisão de Prieto e Tavares (2005), a saber: Scielo (scielo.org.br) e Biblioteca Virtual em Saúde Psicologia Brasil – BVS-Psi (bvs-psi.org.br). No entanto, não foram empregados todos os descritores utilizados na revisão de Prieto e Tavares (2005), pois estes eram considerados muito abrangentes. Portanto, optou-se por uma seleção mais específica dos descritores utilizados pelos autores da revisão mencionada anteriormente. Além disso, para aprofundar no tema, foi introduzida a categoria do Suicídio Indígena como uma nova abordagem.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa, conduzida mediante uma abordagem bibliográfica com foco nas plataformas mencionadas, resultou na identificação de 16 artigos relacionados ao tema central: suicídio entre os povos indígenas. Essa busca bibliográfica abrangente buscou aprofundar o entendimento sobre o fenômeno, explorando os conhecimentos disponíveis nas plataformas Scielo Brasil e Google acadêmico.

Durante o processo de seleção, foram aplicados critérios rigorosos de inclusão e exclusão para assegurar a relevância dos artigos escolhidos. Todos os artigos que não atendiam especificamente aos critérios relacionados aos povos indígenas e não abordavam diretamente a temática do suicídio foram criteriosamente descartados. Esse procedimento visou garantir a precisão e a pertinência dos resultados obtidos.

Ao realizar a triagem na plataforma Scielo Brasil, observou-se que somente seis artigos atenderam aos critérios estabelecidos para a pesquisa. Essa seletividade destaca a importância de uma análise criteriosa na identificação de fontes relevantes, direcionando o foco para a qualidade e pertinência das informações obtidas.

Os resultados indicam que, apesar da ampla disponibilidade de artigos relacionados à temática em questão, poucos deles atenderam aos critérios específicos desta pesquisa. Esse cenário ressalta a necessidade de abordagens seletivas ao conduzir pesquisas bibliográficas, especialmente quando o foco recai sobre temas sensíveis e específicos, como o suicídio entre os povos indígenas.

Ao avançar no processo de análise, a pesquisa agora se direciona para a revisão crítica dos seis artigos selecionados, buscando extrair resultados significativos, identificando lacunas de conhecimento e oferecer uma visão aprofundada sobre o impacto do suicídio nas comunidades indígenas. Essa etapa é essencial para contribuir de maneira significativa para a compreensão do fenômeno e, eventualmente, para o desenvolvimento de estratégias preventivas mais eficazes.

Segue o processo de seleção dos artigos selecionados para a pesquisa como mostra a figura 1 no fluxograma.

Figura 1: Processo de seleção

Fonte: Dados da pesquisa, 2023

A cuidadosa seleção de seis artigos, conforme delineado no processo apresentado na Figura 1, permitiu uma análise profunda do suicídio entre os povos indígenas, com foco sistemático na atuação do psicólogo nesse contexto específico.

Os artigos examinados proporcionaram uma compreensão mais profunda da prevalência do suicídio nas comunidades indígenas, identificando fatores de risco específicos, como perda de território, impactos históricos e desafios socioeconômicos. A abordagem sistemática evidenciou o compromisso com intervenções culturalmente sensíveis, reconhecendo a importância de estratégias de prevenção alinhadas às tradições e crenças específicas dessas comunidades.

A atuação do psicólogo foi destacada como essencial, exigindo uma compreensão profunda da cultura e uma abordagem respeitosa. Além disso, a necessidade de uma abordagem comunitária na prevenção do suicídio foi enfatizada, envolvendo não apenas indivíduos, mas também líderes comunitários, famílias e jovens.

Os artigos possuíam um diálogo interdisciplinar, realçando a importância da colaboração entre profissionais de saúde mental, líderes comunitários e psicólogos para abordar as diversas dimensões do problema. A discussão sistêmica não apenas abordou os desafios enfrentados na prevenção do suicídio indígena, mas também identificou oportunidades para a construção de resiliência comunitária.

No entanto, a análise dos artigos selecionados revelou uma abordagem holística e aprofundada sobre o suicídio entre os povos indígenas. A atuação do psicólogo emergiu como um componente crucial nesse processo, destacando a necessidade de estratégias preventivas que integrem considerações culturais, sociais e individuais. O entendimento das complexidades inerentes ao suicídio indígena é vital para informar intervenções eficazes e contribuir para a promoção da saúde mental dentro dessas comunidades específicas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exame minucioso da pesquisa, centrada no suicídio entre os povos indígenas com uma abordagem sistemática e enfocando a atuação do psicólogo, revelou nuances complexas e necessidades urgentes de intervenção. À medida que mergulhamos nas considerações finais, alguns pontos cruciais emergem, delineando caminhos para uma compreensão mais profunda e estratégias mais eficazes.

A abordagem culturalmente sensível, permeada em cada aspecto dos artigos analisados, ressaltou a importância de estratégias de prevenção que se alinhem não apenas com as necessidades psicológicas, mas também com as tradições e crenças específicas das comunidades indígenas. Isso aponta para a imperatividade de uma prática psicológica que transcenda as fronteiras convencionais, incorporando respeito e compreensão genuína das dinâmicas culturais.

A atuação do psicólogo emerge como um elemento central na prevenção do suicídio, não apenas como um profissional de saúde mental, mas como um agente de mudança dentro da comunidade. O envolvimento ativo com líderes comunitários, famílias e jovens destaca a necessidade de uma abordagem abrangente e comunitária. Esse papel ampliado do psicólogo não apenas fortalece os laços sociais, mas também empodera a comunidade para se tornar um agente ativo na promoção da saúde mental.

A colaboração interdisciplinar, um tema recorrente nos artigos revisados, ressalta a complexidade intrínseca ao fenômeno do suicídio indígena. A integração de diferentes disciplinas, incluindo profissionais de saúde mental, líderes comunitários e psicólogos, é essencial para abordar as diversas dimensões do problema. Isso sublinha a importância de quebrar barreiras e promover uma abordagem holística.

Apesar da abrangência dos temas abordados, os desafios persistentes que as comunidades indígenas enfrentam na prevenção do suicídio são evidentes. No entanto, as oportunidades identificadas para construir resiliência comunitária oferecem um vislumbre de esperança. Capacitar as comunidades para serem agentes ativos na prevenção do suicídio é uma estratégia vital.

Nesse sentido, as considerações finais apontam para a necessidade contínua de pesquisas, intervenções e políticas que se baseiem em uma compreensão aprimorada do suicídio entre os povos indígenas. A atuação do psicólogo, ancorada na sensibilidade cultural, colaboração interdisciplinar e fortalecimento comunitário, torna-se uma bússola valiosa para guiar futuros esforços na promoção da saúde mental dessas comunidades. O caminho adiante exige uma abordagem integrada, centrada na resiliência e no respeito pela riqueza cultural dos povos indígenas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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