SOBRECARGA DE CUIDADORES DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

BURDEN OF CAREGIVERS OF STROKE PATIENTS BURDEN OF STROKE PATIENTS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505231348


José Laidian de Sousa Silva
Ana Claudia Ramos Silveira
Orientadora: Samara Campos de Assis


Resumo

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo e no Brasil, gerando incapacidade em diferentes graus nos pacientes. Essa condição afeta principalmente idosos, mas também pode comprometer crianças e adultos jovens, tornando essencial o papel do cuidador para a realização de atividades básicas. No entanto, a sobrecarga enfrentada por esses cuidadores ainda precisa ser mais bem estudada. Este trabalho tem como objetivo avaliar essa sobrecarga em cuidadores de pacientes diagnosticados com AVC. Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, realizada em Patos-PB, entre abril e maio, utilizando um questionário estruturado. Os resultados indicam que 60% dos cuidadores são mulheres, entre 41 e 60 anos, casadas (50%) e com ensino médio completo (70%). A maioria relatou insegurança sobre o futuro (70%) e exaustão (90%) devido às demandas do cuidado. Conclui-se que o AVC não impacta apenas os pacientes, mas também seus cuidadores, evidenciando a necessidade de políticas públicas para oferecer suporte adequado.

Palavras chaves: Cuidador.insegurança.idosos.incapacidade.

1. INTRODUÇÃO

O AVC, conhecido por acidente vascular cerebral, é a terceira principal causa de morte no mundo, depois das doenças cardíacas e do câncer. Este evento é definido como uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em comprometimento da função neurológica. É uma das principais causas de incapacidade a longo prazo; os sobreviventes normalmente sobrevivem de um a oito anos após o AVC, e a maioria experimenta graus variados de incapacidade crónica que limitam as suas capacidades funcionais e cognitivas, afetando as atividades da vida diária (AVD), (Costa et al., 2016).

Dependendo do grau de dano causado pelas sequelas, os pacientes acometidos necessitarão de cuidados frequentes, e é aí que entram em cena os cuidadores, que podem ser profissionais ou familiares. Na maioria das vezes, a família do paciente altera suas rotinas diárias para acomodar as novas necessidades e, desta forma, envolve-se plenamente no cuidado do familiar doente. Prestar atendimento ao paciente é estressante e pode afetar a saúde física e também a psicologia do cuidador. Pesquisas mostram que cuidadores familiares correm risco de desenvolver sintomas depressivos, ansiedade e distúrbios do sono, resultando em redução da qualidade de vida. Todos esses aspectos podem acelerar o processo de deterioração da saúde do cuidador e causar danos, como o surgimento ou agravamento de doenças (Costa et al., 2019).

Os mecanismos fisiopatológicos da cascata de lesão isquêmica e determinação temporal da viabilidade da penumbra e evidência dos benefícios do uso do ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA) durante as primeiras três horas do infarto cerebral. à necessidade de uma nova estrutura no tratamento de pacientes com AVC. Nesse limite de tempo, tornou-se muito importante identificar precocemente o paciente ou seus familiares em caso de dano neurológico e transportá-los imediatamente ao local mais adequado para exame e tratamento. Portanto, o AVC é uma emergência médica e deve ser tratado prontamente por uma equipe médica coordenada por um neurologista clínico. As “unidades de AVC” são recomendadas em todos os centros hospitalares onde são tratados e internados pacientes com esta doença (Gagliardi et al., 2021).

A Organização Mundial da Saúde define deficiência como uma limitação, resultante da incapacidade ou incapacidade de realizar qualquer atividade considerada normal para humanos. Essas lesões são classificadas como motoras e movimento; comunicação, emocional, cognitiva, visual e auditiva. Os efeitos do AVC sugerem algum grau de dependência. Cerca de 30% no primeiro ano após um acidente vascular cerebral, os sobreviventes não podem regressar ao trabalho e precisam de ajuda com atividades diárias básicas. perda A autonomia dos adultos e a dependência resultante são outra forma de expressar a gravidade da incapacidade relacionada com o AVC. (Gagliardi et al., 2020).

Deficiências físicas comuns em sobreviventes de AVC, seja ao mesmo tempo ou secundário à doença, temporário ou permanente, causa distúrbios nas funções vitais rotinas diárias como comer, vestir-se, cuidar da higiene pessoal, usar ferramentas casa, uso de transporte, por exemplo A adaptação à incapacidade física após AVC é um processo colaborativo entre o paciente, familiares e profissionais de saúde. Esta colaboração não se limita a ambientes hospitalares e isto deve continuar durante o curso da doença. O AVC é, portanto, um desafio tanto em termos dos seus efeitos sociais como das consequências na vida das pessoas e de suas famílias. A presença de uma deficiência física ou deficiência põe em perigo o próprio indivíduo e as pessoas ao seu redor; especialmente a família (GAGLIARDI et al., 2021).

Diante dessa situação, o objetivo deste estudo foi avaliar a sobrecarga de cuidadores de pacientes com AVC.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

O acidente vascular cerebral, conhecido como AVC, é a terceira causa de morte no mundo e a primeira no Brasil. É definido como uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em comprometimento da função neurológica, é uma das principais causas de incapacidade a longo prazo; os sobreviventes de AVC normalmente vivem de um a oito anos, e a maioria experimenta graus variados de incapacidade crônica, que limitam as suas capacidades funcionais e cognitivas, afetando as atividades da vida diária (AVD). Dependendo do grau de dano residual, os pacientes afetados necessitam de cuidados. Na maioria das vezes, a família do paciente altera sua rotina diária para acomodar as novas necessidades e, desta forma, envolve-se plenamente no cuidado do familiar doente (Costa et al., 2016). 

O AVC é dividido em duas categorias principais: acidente vascular cerebral isquêmico (AVC isquêmico) e acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC hemorrágico). A condição mais comum é o AVC isquêmico, ocorrendo em aproximadamente 80%. É caracterizada pela interrupção do fluxo sanguíneo para uma área do cérebro (bloqueio de uma artéria causada por coágulo sanguíneo ou embolia). No Brasil, o AVC é responsável por 53% a 85% dos casos na população nacional, segundo diferentes estatísticas (Rolim et al., 2011).

No Brasil, 68 mil pessoas morrem de acidente vascular cerebral a cada ano. Até 70% dos pacientes com AVC recebem alta com problemas relacionados à comunicação verbal e comprometimento funcional residual que são fonte de dependência nas atividades da vida diária.  A fluência da fala em pacientes com AVC é causada por afasia e disartria, perda da capacidade de fala, ou da sua compreensão. (Goulart et al., 2016).

TIPOS DE AVC

AVC AGUDO SUBMÁXIMO

Tratamento AVCs menos graves, as preocupações são descritas diferentes, os tratamentos mudaram significativamente e seus objetivos. O primeiro é alcançar o diagnóstico dos subtipos de AVC. O segundo é a seleção dos estudos laboratoriais a serem realizados para complementar a avaliação clínica do AVC. Sendo que o objetivo do tratamento é tentar estabilizar a evolução do processo e, caso isso falhe, esses objetivos são prevenir recaídas ou progressão (J. P. Mohr et al.,1988)

AVC ISQUÊMICO

O AVCI ocorre quando uma placa de gordura se desenvolve em um dos vasos sanguíneos do cérebro ou quando um coágulo formado em outra parte do corpo consegue atingir os vasos sanguíneos do cérebro, impedindo que o sangue chegue a certas áreas do cérebro, a diferenças relacionadas ao AVCH são as causas e as formas de tratamento. Além disso, o AVCI tem melhor prognóstico do que o AVCH porque geralmente é mais fácil de tratar, o que reduz o tempo desde os primeiros sintomas até a estabilização do quadro do paciente e reduz o risco de sequelas (Lima, 2020).

AVC HEMORRÁGICO

Além do AVC isquêmico, responsável por 85% dos casos, há também o AVC hemorrágico, causado pela ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro, levando a sangramento intracraniano. Geralmente, os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos ocorrem devido ao enfraquecimento das paredes das artérias do cérebro. Um acidente vascular cerebral hemorrágico tende a ser mais grave do que um acidente vascular cerebral isquêmico porque quase sempre afeta uma área maior do cérebro. O crânio é uma caixa fechada e não pode ser expandida. Quando ocorre uma hemorragia grave, o sangue penetra no cérebro, forma um hematoma e começa a pressioná-lo contra o crânio. Essa compressão do cérebro leva ainda mais a danos neuronais e risco de morte (Pinheiro, 2023).

AIT

Um ataque isquêmico transitório (AIT) é uma alteração na função cerebral que geralmente dura menos de uma hora e é causada por uma obstrução temporária do suprimento de sangue ao cérebro, pode ser um sinal de alerta de que um AVC é iminente. As pessoas que tiveram um AIT têm maior probabilidade de sofrer um AVC do que as pessoas que não tiveram um AIT. O risco de AVC é maior dentro de 24 a 48 horas após um AIT. Reconhecer os AITs, que são mais comuns em adultos de meia-idade e mais velhos, e determinar e tratar as suas causas pode ajudar a prevenir acidentes vasculares cerebrais, que, ao contrário dos acidentes vasculares cerebrais, não parecem causar danos cerebrais permanentes. Em outras palavras, os sintomas desaparecem completa e rapidamente, e poucas (ou nenhuma) células cerebrais morrem, pelo menos não o suficiente para causar quaisquer alterações que possam ser detectadas por imagens cerebrais ou exames neurológicos (Alexandrov et al., 2023).

ESTADO NEUROLÓGICO E COGNIÇÃO DE PACIENTES PÓS-ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

O AVC é uma doença comum com grande impacto na saúde pública global, pois é uma das principais causas de disfunção neurológica e importante disfunção motora e cognitiva. Os sobreviventes de AVC muitas vezes enfrentam deficiências residuais, como paralisia muscular, rigidez na parte afetada do corpo, perda de mobilidade articular, dor difusa, problemas de memória, dificuldades de comunicação verbal e escrita e deficiências sensoriais. O crescimento da população idosa aumenta o risco de comprometimento cognitivo, assim como o risco de acidente vascular cerebral. Nos países industrializados, o comprometimento cognitivo é uma das principais causas de incapacidade em pessoas com mais de 65 anos. Este dado tem maior relevância considerando que o Brasil ainda é um país em desenvolvimento e os idosos são classificados em torno dos 60 (Costa et al., 2011).

A literatura sugere que os défices cognitivos em doentes com AVC dependem de uma combinação de três fatores. Primeiro, a localização da lesão. Em segundo lugar, a distribuição da disfunção neuronal determina a taxa de diminuição do processamento cognitivo, da memória e das funções executivas. Terceiro, o grau de comprometimento cognitivo depende de fatores como idade, sexo e comorbidades. Estima-se que 35% dos pacientes desenvolvam algum tipo de comprometimento cognitivo nos primeiros três meses após um acidente vascular cerebral, que persiste até três anos depois. Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem demência após um primeiro AVC e 30% após outro AVC. Estudos demonstraram que pacientes pós-AVC desenvolvem déficits cognitivos, como problemas de memória e retardo mental, e que durante a fase aguda, esses prejuízos podem passar despercebidos (Dantas et al., 2014).  

Quando uma veia ou artéria é bloqueada, o tecido privado de sangue como resultado do bloqueio sofre danos cerebrais. Como resultado desta lesão, existem consequências que podem ser físicas (dificuldades para caminhar, paralisia de um corpo etc.) ou cognitivas (dificuldades de memória, atenção, linguagem) dependendo da localização da lesão e do tamanho e função da lesão. corpo área afetada na área afetada. Devido às consequências cognitivas, muitos pacientes são considerados confusos, pouco cooperativos ou sem iniciativa. Essas características resultam de dificuldades de memória, atenção, pensamento, linguagem, percepção corporal e orientação espacial (Fernandes, 2009).  

O AVC é uma doença multifatorial com mais de 150 causas conhecidas. O diabetes é um fator de risco para acidente vascular cerebral através de mecanismos aterogênicos diretos e em interação com outros fatores de risco, como hipertensão e hiperlipidemia8. A aterosclerose do cérebro é a principal causa do acidente vascular cerebral isquêmico. Na década de 1930, um estudo de autópsia mostrou que mais de 70% dos AVC isquêmicos eram causados por aterosclerose e apenas 3% por embolia9. A hipertensão é um importante fator de risco para acidente vascular cerebral hemorrágico causado pela ruptura de um vaso sanguíneo no parênquima cerebral. Outras causas de acidente vascular cerebral que causam sangramento são, por ex. distúrbios de coagulação, hemorragias subaracnóideas devido a malformações arteriovenosas ou aneurismas rompidos (Mamed et al., 2019).

A hipertensão sistêmica (HAS) é o fator de risco prognóstico mais importante para acidente vascular cerebral isquêmico, presente em aproximadamente 70,0% das doenças cardiovasculares. A doença cardíaca é considerada o segundo fator de risco mais importante para AVC, com uma incidência de acidente vascular cerebral isquêmico de 1,9% (em comparação com aproximadamente 2,0% para acidente vascular cerebral hemorrágico). A fibrilação atrial (FA) crônica é a cardiopatia mais frequentemente associada ao AVC, sendo responsável por aproximadamente 22,0% destes casos. O diabetes mellitus (DM) é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares porque acelera o processo de aterosclerose. Cerca de 23% das pessoas com AVC isquêmico são diabéticas (Pires et al., 2004)

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÙDE 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 15 milhões de pessoas sofrem um acidente vascular cerebral a cada ano, das quais cinco milhões morrem em decorrência do evento, e uma grande proporção dos sobreviventes apresenta sequelas físicas e/ou mentais. 37% dos pacientes apresentam alterações leves após o AVC, 16% apresentam incapacidade moderada e 32% apresentam alterações funcionais graves ou graves, sendo que alguns deles estão presos a cadeiras de rodas ou acamados. As consequências são financeiras, sociais e familiares, pois 15% dos pacientes não apresentam comprometimento funcional (Rangel et al., 2013).

O termo “qualidade de vida relacionada à saúde” é amplamente utilizado com propósitos semelhantes ao conceito mais geral de qualidade de vida. No entanto, a qualidade de vida tem uma definição mais ampla, influenciada pela investigação sociológica que não está relacionada com doenças e condições, enquanto a qualidade de vida relacionada com a saúde parece estar mais diretamente relacionada com doenças ou medidas relacionadas com a saúde. Estudos mostram que declínios na qualidade de vida diminuíram domínios de saúde e qualidade de vida após acidente vascular cerebral (Canuto et al., 2016).

Considerando as consequências de um AVC, é possível perceber que após o ataque ocorrem alterações físicas e o estado emocional dessas pessoas é o mais afetado, se não terminar em morte deixa a pessoa com certas deficiências, dependendo da gravidade e do nível da condição, sendo a qualidade de vida (QV) o determinante mais importante da saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2012) define QV como uma interpretação da autopercepção de um indivíduo, isto é, no seu contexto cultural em relação aos seus objetivos, expectativas, normas e preocupações (Conceição et al., 2021).

DEPENDÊNCIA APÓS O AVC 

Sentimentos de depressão e culpa aparecem em situações de crise causadas por acontecimentos. Nas crises causadas por aquisição ou lucro, os sentimentos são de insegurança, inferioridade e inadequação. Esses sentimentos podem ser expressos de diferentes maneiras, por exemplo: medo de não responder à situação, medo de não conseguir suportar a pressão e desistir, desmoronar etc. Nas crises causadas por grandes perdas, diante da depressão e da culpa, a pessoa corre o risco de aliviar-se com a automutilação, que pode ser uma mutilação pessoal, material ou situacional, ou mesmo o suicídio, ou mesmo projetar a culpa em outros menos resistentes (Yokoyama et al., 2006).

Cada cuidador assume esse papel quando o paciente precisa de alguém que cuide de sua responsabilidade após o AVC. A realização de tarefas importantes para o dia a dia do paciente (ex. alimentação, higiene pessoal, medicamentos apropriados, entre cômodos de casa e fora das atividades médicas etc.) atenta para a importância fundamental do enfermeiro para a preservação da vida. o paciente Além dos pacientes, os cuidadores de pacientes com AVC também vivenciam mudanças no estilo de vida e, na maioria das vezes, um cuidador imediato ou membro da família se vê em funções para as quais não estava preparado. Muitas vezes a própria saúde dos cuidadores fica comprometida pelo seu comprometimento com os pacientes, fazendo com que eles próprios adoeçam. Portanto, a atividade do cuidador familiar deve ser planejada em conjunto com os especialistas responsáveis pela reabilitação, para que as atividades possam garantir a qualidade de vida do paciente e da família (Morales et al., 2009).

A prevalência e as causas da fragilidade variam e ocorrem entre 5% a 58% dos idosos. Um fator que aumenta a fragilidade nos idosos é o mau estado nutricional indicador de expectativa de vida e qualidade de vida nesta fase, pois está associado a alterações fisiológicas como diminuição da função oral, que se reflete nas funções motoras orais como mastigação, deglutição, salivação e perda de partes do corpo, alteração ou prejuízo na capacidade de distinguir o sabor de alimentos e bebidas (geralmente relacionado ao consumo de determinados medicamentos, neuropatias, doenças gastrointestinais ou endócrinas, doenças inflamatórias, doenças crônicas, tumores, imobilidade, doenças sociais). doenças). doença). isolamento, restrições financeiras e má qualidade de vida), (Esteve-clavero et al., 2018).    

3. METODOLOGIA 

O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo, sendo um estudo descritivo com abordagem quantitativa a respeito da sobrecarga de cuidadores de pacientes com AVC  atendidos em uma clínica escola de Fisioterapia na Cidade de Patos, no estado da Paraíba.

Foi aplicado um questionário sociodemográfico contendo questões sobre idade, sexo, profissão, renda, ocupação, tipo do AVC, limitação do paciente e uma escala de sobrecarga do cuidador WHOQOL-Bref. 

A amostra foi constituída por dez cuidadores e familiares de pacientes com diagnóstico clínico de AVC, foi realizado um questionário sociodemográfico contendo 32 perguntas para avaliar o nível de sobrecarga dos cuidadores.

Como critérios de inclusão dos voluntários na pesquisa foi necessário ser cuidador direto (dispense mais de 50% do seu tempo) de pacientes com diagnóstico clínico de AVC, ter mais de dezoito anos de idade e aceitar fazer parte da pesquisa.

Os critérios de exclusão são: cuidadores de pacientes que tenham outras comorbidades e que não aceitaram fazer parte da pesquisa. 

Após aprovação deste estudo pelo comitê de ética em pesquisa, a coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de um questionário sociodemográfico contendo questões como idade, sexo, etnia, renda familiar, profissão. Tipo de AVC, entre outros e de uma escala de avaliação da sobrecarga do cuidador WHOQOL-Bref.

A realização deste estudo considerou a Resolução n° 510/16 do Conselho Nacional de Saúde que rege sobre a ética da pesquisa envolvendo seres humanos direta ou indiretamente, assegurando a garantia de que a privacidade do sujeito da pesquisa será preservada. Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Patos. Após a concessão de sua aprovação sobe número do parecer 7.495.388, todos os sujeitos envolvidos na pesquisa assinaram o TCLE, que foi impresso em duas vias, uma para o pesquisado e outra para o pesquisador ou todos sujeitos assinalarão o item aceito a participar da pesquisa para conseguir ter acesso ao questionário . A preservação da privacidade dos sujeitos será garantida por meio do Termo de Compromisso do Pesquisador

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Participaram da pesquisa 10 cuidadores de pacientes no pós AVC, com idade entre 28 e 60 anos, predominância da faixa etária de 41 a 60 anos (60%), a maioria do sexo feminino (60%), casados (50%), com grau de instrução sendo segundo grau completo (70%). No presente estudo, os dados encontrados em relação a idade, sexo, nível de escolaridade e estado civil, corroboram com o estudo de Roberta Amorim et al. (2019), com exceção da faixa etária onde no estudo comparado a predominância é entre 60 e 87 anos e média de 73%.

Os dados encontrados corroboram com o estudo de Elisete Coelho et al. (2022), onde a maioria tinha a média de idade de 59,5 ±15,91 anos, sendo ainda também a maioria das participantes mulheres (90%).

Tabela 1 – Perfil Sociodemográfico

Tabela 2 – Percepção da sobrecarga do cuidador

Fonte: Dados da pesquisa 2025

Tabela 3- Expressões emocionais dos cuidadores

Fonte: Dados da pesquisa 2025

A partir das respostas fornecidas nos 10 questionários de avaliação de sobrecarga do cuidador informal, nota-se que os desafios enfrentados vão além dos aspectos positivos relativos ao cuidado do familiar. Em todos os questionários é possível identificar uma sobrecarga psicológica e física relacionada ao papel de cuidado com o familiar recém recuperado de um AVC.

Em ambos os questionários analisados foi identificado um sentimento de cansaço e esgotamento mental relacionado ao cotidiano, além da perda de controle da própria vida e frustração por mudar todo seu rumo para atender àquela pessoa.

Nos questionários, nota-se que a questão da sobrecarga impacta na sensação de estar preso àquela situação, com dificuldades de planejar o futuro e socializar como antes.

Por outro lado, a questão da solidão não parece ser algo que predomina na vida desses cuidadores, tendo em vista que ao analisar os questionários não há nenhum cuidador que se sinta isolado, porém, em algumas respostas é possível notar algum indício de solidão, no entanto, isso não reflete uma sensação de abandono por parte dos familiares.

Um outro aspecto relevante é a questão financeira, visto que a maioria dos participantes da pesquisa relataram dificuldades financeiras e incertezas quanto às contas do futuro. Em algumas respostas, foi possível analisar que essa incerteza diminui, o que proporcionou uma estabilização da situação financeira.

Para além disso, o reconhecimento e o apoio familiar é um dos fatores positivos em todos os questionários, o que reforça o quanto a rede de apoio causa a redução da sobrecarga. Existem certos fatores positivos que resultam em um certo equilíbrio na experiência de ser cuidador. O cuidador, quando se sente capaz de atuar nessa função, passa a ter o reconhecimento e experiência necessária para desempenhar esse papel.

Um dos pontos negativos relatados é a falta de gratidão pela parte do familiar que está sendo cuidado, o que desmotiva o cuidador a continuar seu trabalho. A partir do que foi relatado, mesmo com pontos negativos e positivos, a sensação de satisfação ao proporcionar a sensação de cuidado a esse familiar fortalece a autoestima e o cuidador passa a se sentir uma pessoa de valor ao desempenhar esse papel.

Por fim, a análise das respostas deste questionário aponta uma realidade complexa e, por muitas vezes, desconhecida, na qual o desgaste físico e emocional são um constante desafio, no entanto, o papel desempenhado é extremamente valorizado, além do reconhecimento familiar e pelo senso de capacidade de cuidar.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de mortalidade e incapacidade no mundo. Esta pode ser definida como a perda repentina da função neurológica causada pela interrupção ou redução do fluxo sanguíneo para o encéfalo que ultrapassa as 24 horas.

Após o AVC ocorrem diversas mudanças na vida do paciente, além disso, existe um longo período de recuperação, resultando em uma incapacidade física e déficit funcional para diversas tarefas do cotidiano. Uma das principais consequências são as deficiências motoras, cognitivas e sensoriais, o que acarreta na limitação do movimento e/ou mobilidade para andar e equilibrar-se.

Diante deste novo cenário de vida, surge a necessidade de um cuidador para acompanhar esse paciente, a fim de auxiliá-lo nas tarefas do dia a dia. Os cuidadores podem ser formais ou informais, sendo os formais pessoas externas à família, remunerada para executar as tarefas, possuindo ou não experiências e formação acadêmicas; por outro lado, os cuidadores informais são da família, cônjuge ou companheiro, membros da família ou cuidador familiar (Mendonça et al., 2023).

A sobrecarga mental dos cuidadores informais é uma realidade, tendo em vista que quando os pacientes saem das instituições hospitalares é necessário todo um cuidado especial. Os cuidadores informais surgem porque grande parte da população não dispõe de recursos financeiros que permitam acrescentar ao orçamento mensal o custo de um cuidador formal, com experiência e formação para atuar naquela função. Dessa forma, a necessidade de cuidar ocorre mais por imposição circunstancial do que por escolha (Morais, 2012).

De acordo com Menezes et al. (2010), avalia que existem diversas repercussões psicossociais do AVC no contexto familiar de baixa renda, visto que necessita de uma reorganização que passa por questões de ordem econômica e de cuidados que devem ser indispensáveis ao familiar acometido pelo AVC.

Além de todas as questões financeiras, o AVC traz como consequência aos cuidados informais o sentimento de medo, angústia e limitação. Na esfera da família, o desemprego, o isolamento social e a dependência física e financeira são elementos que evidenciam e demonstram a dificuldade e sobrecarga dos cuidadores (Alves e Monteiro, 2015).

Nesse sentido, fica claro que o cuidado informal ao paciente com AVC requer a participação ativa dos familiares no processo de recuperação, pois eles desempenham um papel muito importante na adesão ao tratamento e no apoio ao indivíduo. Ao mesmo tempo, esse cuidado prestado a uma pessoa também representa um fardo físico, financeiro, emocional e social significativo para a família (Alves e Monteiro, 2015).

Esta se manifesta, segundo Martins, Ribeiro e Garrett (2003), por sintomas como tensão, constrangimento, fadiga, depressão, frustração, redução da interação social, estresse e alterações na autoestima e é destacada em diversos estudos.

Diante dos resultados identificados, faz-se necessário um conhecimento mais aprofundado da complexidade dos cuidados que um cuidador informal deve prestar a um paciente pós-AVC no retorno ao domicílio. Portanto, diante da necessidade de disponibilizar materiais científicos educativos e informativos voltados a essa população, a Associação Brasil AVC (ABAVC) (2019) elaborou um folheto que explicita a necessidade dos cuidados de saúde que o paciente necessitará no ambiente domiciliar, dentre os diversos tipos de cuidados, destacando: atividades de autocuidado, que muitas vezes serão incapacitantes; portanto, é importante que o cuidador tenha orientação sobre como estimular esse autocuidado e promover cuidados de higiene até que o paciente alcance a independência.

Segundo Krieger et al. (2016), o apoio do cuidador deve abranger todo o cuidado para um paciente com AVC na fase de reabilitação. Portanto, é importante que esse cuidador seja bem orientado na alta hospitalar pelos profissionais de saúde e nesse aspecto o enfermeiro tem papel fundamental, pois exerce o papel de educador, orientando os cuidados visando a prevenção dos riscos de infecção, introduzindo com ênfase a eles a importância da higienização frequente das mãos e dos cuidados com dispositivos como sondas nasoenterais ou de gastrostomia.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, o ato de prestar cuidados a pacientes dependentes representa uma carga emocional, financeira, física, social e familiar significativa para os cuidadores informais, o que é difícil de superar. O objetivo deste estudo foi investigar a sobrecarga dos cuidadores e ou familiares de pacientes com AVC. Dessa forma, conclui-se que o benefício da pesquisa a partir das informações obtidas contribuiu para a compreensão de quem é um cuidador informal e os resultados do cuidado de pacientes com sequelas de AVC em um ambiente domiciliar. Isso nos faz pensar na possibilidade de planejar ações para reduzir o estresse e a sobrecarga excessiva com o objetivo de conhecer as situações que os cuidadores frequentemente enfrentam, a possível evolução da situação e a possibilidade de criar serviços de apoio disponíveis aos cuidadores no ambiente hospitalar.

Este estudo evidenciou a significativa sobrecarga enfrentada pelos cuidadores informais de pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os resultados demonstram que a maioria dos cuidadores vivencia altos níveis de exaustão física e emocional, refletindo na dificuldade de planejamento do futuro, na sensação de privação social e na alteração significativa da rotina. A exigência de esforço físico e psicológico para atender às necessidades do paciente, somada à falta de suporte adequado, contribui para o estresse e o desgaste desses indivíduos.

Além disso, os dados revelam que, embora alguns cuidadores se sintam valorizados e apoiados por seus familiares, a grande maioria relata sentimento de frustração, solidão e até mesmo impacto negativo na autoestima. A dependência do paciente e a imprevisibilidade das demandas do cuidado reforçam a necessidade de políticas públicas e programas de suporte que ofereçam assistência psicológica, financeira e educacional para os cuidadores informais.

Diante desse cenário, é fundamental reconhecer o papel indispensável dos cuidadores e criar estratégias para minimizar sua sobrecarga. O desenvolvimento de ações voltadas à capacitação, orientação profissional e acompanhamento emocional pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos, proporcionando um cuidado mais humanizado e eficaz aos pacientes pós-AVC.

REFERÊNCIAS

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